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Agendas Secretas - Esquadrão Atari

Por Lucio Luiz

Cogito Ergo Sum

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"Não entendo... tudo está diferente... meus poderes não funcionam... chego a duvidar que eu exista... minha memória parece estar misturando realidades... como foi mesmo que tudo começou?"

"Estava em fuga com meu pai, Dart, Hukka e mais algumas pessoas... quem eram mesmo? Morféa... aquele bebê gigante... briguei com meu pai e me transportei para o universo em que sempre me 'isolei' do mundo, mas... cheguei aqui..."

"Depois, tentei acessar novamente o multiverso para voltar para minha realidade... é isso... foi nesse momento que tudo ficou realmente estranho. Minha capacidade de 'viajar' pelo multiverso desapareceu sem motivo... como se o próprio multiverso tivesse desaparecido..."

"Depois foi a vez daquela projeção estranha... um homem com um "S" estampado na camisa falando aquelas coisas confusas. 'Um homem chamado Metron está guiando minha imagem até cada um de vocês através de sua poltrona sei-lá-o-quê'... ele falou que o universo estava morrendo... uma ameaça... estou realmente confuso..."

"Esse é o tal lugar para o qual aquele homem falou para todos irem. Minhas idéias já estão um pouco mais claras. Ainda estou um pouco tonto, mas minha cabeça já está funcionando melhor. Quanta gente estranha... lá está aquele homem com o 'S' no peito, parece que o chamam de Super-Homem."

"Todos estão comentando sobre diversas realidades. Será que falam do multiverso? Será que o multiverso não existe mais? Meu pai! Dart..."

"Morféa?!"

— Morféa! Como...

— Champion, este ser se descobriu neste estranho planeta. Parece sua Terra do passado.

— Onde estão os outros?

— O bebê... ele... foi tragado por uma... anomalia... uma luz que chamam de "fissura de entropia"... sumiu...

— Calma, Morféa! Você está muito abatida!

— Este ser é uma empata... Todo esse sofrimento... sem forças...

— Por favor! Meu pai! Dart! Onde eles estão?

— Eles... não conseguiram escapar na brecha temporal... que surgiu depois que você usou seu poder...

— Então...

— Sinto muito...

— Você... tem certeza?

— O que... O que está acontecendo com este ser?

— Uma luz...

— Cuidado, Champion!

"Morféa me empurra para longe daquela luz... deve ser a tal anomalia que ela disse que pegou o bebê... confuso... meu pai... Dart... todos... mortos... por que eu estou vivo? O que está acontecendo?"

"Sonhando... com certeza! Um sonho... confusão... minha cabeça... talvez as experiências que meu pai fazia quando minha mãe estava grávida... modificaram meus genes para eu viajar pelo multiverso... e isso tudo afetou minha mente de alguma forma..."

"Nós roubamos uma nave... precisávamos salvar o universo... o multiverso... agora isso... a 'força malévola' que meu pai acusava de ter matado minha mãe... e que fez com que ele me ignorasse por toda minha vida... ele finalmente descobriu... será que é essa força que está destruindo tudo?"

"Estávamos a caminho do universo daquele que poderia destruir toda a realidade... alguns universos realmente foram destruídos... será que há relação? Será que esse foi o único universo que sobrou?"

"Éramos o 'Esquadrão Atari'... A.T.A.R.I.: Associação de Tecnologia Avançada e Reconhecimento Interdimensional. Nunca imaginei tudo que isso significava para meu pai... eu era apenas um 'rato de laboratório'... experiências... só servia para isso... meu apelido no Atari era Tormenta... por causa de minha personalidade... agora nada disso faz mais sentido..."

"Minha cabeça... estou me confundindo... várias imagens... Dart... Dart... praticamente minha irmã, minha melhor amiga desde que seus pais começaram a cuidar de mim... quando meu pai me abandonou de vez... ainda era pequeno quando ele se isolou..."

"Confuso... melhor focar meu pensamento... Dart fugiu com a gente... sempre junto de mim... nunca consegui imaginar se o que sentia por ela era um pouco mais do que amizade... estou tonto... preciso... preciso continuar... continuar pensando... se não..."

"Lembranças confusas... o que está acontecendo? Estou ficando novamente confuso... minhas mãos... o que está acontecendo com minhas mãos??? Estão formigando..."

"Minha cabeça parou de doer de novo! O céu está escuro e as luzes, as tais 'fissuras de entropia' — acho que é isso — estão aparecendo em todos os lugares. Um homem com uma estranha roupa de morcego acaba de ser tragado por uma dessas anomalias. Um estranho homem de verde derruba aquele tal Super-Homem. O que ele está falando?"

— Lanterna Verde, não, Arqueiro. Não mais! Assumi o nome de Parallax! Eu vi o universo de muitas direções diferentes e sei como corrigi-lo... mesmo que isso signifique sua destruição!

"Parallax... deve ser ele o responsável por tudo isso que está acontecendo! Talvez possa me ajudar a recuperar meu mundo! Vou até ele... espera... um outro homem de verde... todos sumiram!"

"Tudo acontece cada vez mais rápido. Vou morrer. As fissuras de entropia continuam 'devorando' as pessoas. Vou morrer. Nada mais importa, vou morrer hoje. Nunca terei existido. Minha vida foi nada. Nunca fiz nada realmente útil. Nunca tentei conversar com meu pai. Sempre o culpei por ter me abandonado, mas eu mesmo sempre abandonei as pessoas."

"O que eu fiz de importante? Vou morrer. Realmente não mereço ter uma vida. Queria morrer. Por que não sou logo tragado por essas anomalias? Quero morrer! Quero deixar de existir! Todos morreram! Todos que eram importantes para mim! Nada resta! Preciso morrer! Quero morrer! Quero..."

"Aquela criança... dentro do prédio em chamas! Todos vão morrer; por que deveria me preocupar? Todos estamos condenados... mas... o prédio está ameaçando desabar! Não posso deixar a criança morrer agora! Todos merecem uma chance!"

"Corro até o prédio, fugindo das anomalias! Quero morrer, mas não posso... não agora. É um menino... não deve ter mais do que oito anos."

Garoto!

— Snif... alguém me ajude...

— Aqui embaixo!

— Moço... meus pais... snif... sumiram...

— Fique parado! Não se mexa! Cuidado com o fogo!

— Me salva, por favor...

"Me defendo das chamas como posso e corro até aquele menino. Uma vida inocente... eu já fui inocente um dia. Logo vou morrer. Mas não agora. Agora tenho uma vida para salvar. Uma única vida para compensar todas as que nunca poderei salvar. Todas que já poderia ter salvo. Uma vida que em breve também irá desaparecer."

"Será que é justo salvar o menino sabendo que ele morrerá como todos nesse universo? Será que é justo salvá-lo só para chorar por seus pais por mais algumas horas... talvez minutos? Chorar pelos seus pais como choro pelo meu? Pai... tanto tempo perdido... tanta coisa que nunca mais será dita... tanta coisa que poderia ter acontecido, mas nunca acontecerá. Coisas que nunca sequer aconteceram!"

— Menino, pegue a minha mão!

— Moço, estou com medo...

— Prenda a respiração! Qual seu nome?

— Paul... Paul Hudson...

— Fique calmo, Paul. Vou correr com você no meio da fumaça. Não respire até eu mandar...

— Snif... estou com medo... papai... mamãe...

— Eles vão voltar. Pode ficar tranqüilo. Enquanto você viver, eles sempre vão existir. Eles sempre vão voltar para você.

— O senhor jura?

— Juro.

"Na hora, o que falei para o menino parecia uma cruel mentira, algo que só um adulto insensível poderia dizer para uma criança assustada. Tenho poucas lembranças do que aconteceu depois que tentei acalmar o menino no meio do prédio em chamas. Acredito que corri para fora do prédio e o larguei na rua. Nesse momento, deixei de existir."

"Não entendo até agora como mantive minha consciência após ser tragado por uma forte luz branca. Por um instante que pareceu infinito, vi meu pai, Dart, Hukka, Morféa, o bebê... vi todos do Atari... todos aqueles com quem convivi."

"Nesse instante eterno, um momento de verdadeira abstração, vi pessoas estranhas, animais, seres poderosos que nunca existiram, outros que ainda virão a existir, mundos de todas as formas e idades..."

"Ainda lembro a conversa que tive com o garoto. 'Enquanto você viver, seus pais sempre vão existir.' Nunca imaginei que essa seria a mais simples verdade que poderia ter dito para ele. Meu pai... minha mãe... todos que eu sempre amei ou que poderia ter amado, se tivesse descoberto antes esse sentimento em mim."

"Apesar de parecer infinito, foi apenas um instante. Eu nunca existi. Toda minha história nunca existiu. Todos com quem convivi nunca existiram. Tudo o que vejo nunca existiu. Apesar de parecer infinito, tudo em minha vida foi apenas um instante. Um instante que nunca soube aproveitar. Mas, acima de tudo, um instante que serviu para salvar uma vida. Uma vida que existe. Uma única vida em nome de todas que eu poderia ter salvo."

"Em um instante, deixei de existir. Mas não levo mágoa dessa vida que nunca tive."



 
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