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Agendas Secretas - Super-Homem versus Fênix Negra

Por Rafael 'Lupo' Monteiro

O Som da Morte Ecoa no Vácuo Sideral

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"Viajo pelas estrelas, sem rumo, para expiar meus pecados. Assassinei à sangue frio três kryptonianos, dominado pela raiva por não ter conseguido impedir que eles matassem todo um planeta. Eles eram de um Krypton paralelo, eram mais fortes do que eu, e me vi na obrigação de cumprir a justiça de um mundo devastado, fazendo eles pagarem a pena capital."

"Uso um sistema de teleporte para viajar, percorrendo as grandes distâncias de nosso Universo gigantesco. Mas não importa a distância percorrida, pois a culpa dói em minha alma, e o auto-exílio que me impus na verdade é uma maneira de tentar fugir de mim mesmo. Para tornar essa viagem possível, uso um aparelho respirador, que me dá o oxigênio necessário para seguir em frente."

"Súbito, vejo no horizonte algo com forma humana, cujo corpo está em chamas em pleno vácuo. O rosto eu reconheço, é de Jean Grey, a Garota Marvel dos X-Men. Mas o olhar não se parece com nada que já tenha visto antes. Em seus olhos, vejo um mal puro, um reflexo da morte brilhando em íris pós-humanas. Todos os pêlos de meu corpo se arrepiam, e decido investigar o que está acontecendo. Ao chegar próximo, ela entra em contato telepático."

Jean Grey, o que faz sozinha neste canto do Universo? Precisa de ajuda? — "sinto que algo está muito errado com ela."

Jean Grey não existe mais. Eu agora sou a Fênix Negra, e devo me alimentar. Escolhi essa estrela, e sugiro que você não interfira.

— Debari? Você sabe que há uma civilização antiqüíssima nesta constelação! Como pode agir assim? Não foi isso que o professor Xavier a ensinou!

— Xavier é um tolo. E já disse para não me confundir com Jean Grey. Já o tolerei por tempo demais, e apenas porque isso me divertia. Suma daqui, ou irá encontrar a morte.

— Realmente, a Jean Grey que conheço é uma mulher nobre, não alguém com uma índole como a sua. Tente o que quiser, pois farei de tudo para impedí-la.


"Tudo a seguir acontece muito rápido. A Fênix Negra gargalha, e mergulha em direção ao coração da estrela, que é do tamanho do Sol terrestre. Eu a sigo, tentando impedí-la de obter êxito em seu plano. Abandono meus aparelhos de teleporte e respiração, e os deixo flutuando no espaço. Acelero meu vôo, entro dentro da estrela, e a seguro pelo braço. O calor penetrando nas células de meu corpo me torna ainda mais forte. Mesmo assim, ela apenas balança seu braço, e me lança em velocidade de escape, o que me coloca em órbita da estrela."

"Retorno para o combate no meu limite, em velocidade próxima à da luz. Com minha visão de raios-x, observo a constituição celular da Fênix Negra, e vejo que seu corpo não difere de um ser humano normal, exceto pelo fator-x mutante. Calculo rápido, a minha velocidade é de quase 300 000 quilômetros por segundo, e o tempo para um cérebro humano ordenar uma ação e o corpo responder — o caso de minha oponente — é de aproximadamente 250 milissegundos. Tenho uma boa vantagem para tentar algo, mas não posso me dar ao luxo de errar. Uma falha minha e muitos poderão morrer em instantes."

"Fico face a face com minha oponente, e disparo meus socos mais potentes (que se tornam mais fortes que o normal graças à minha presença no cerne estelar) contra ela. Uma risada sinistra é o que obtenho como resposta. Ela nem ao menos se move. Com um estalar de dedos, meu corpo fica paralisado. Sua voz penetra em minha mente:"

Tolo! Como todos seus amigos, você acha que com violência pode resolver seus problemas. Se desejasse, lhe mataria facilmente, mas prefiro que fique vivo e veja sua derrota. — "uma frase que já cansei de ouvir, mas que agora ganha contornos de dramaticidade por não ser apenas uma ameaça vazia. Não me restam esperanças."

"Fênix consome a estrela, que entra em supernova. Súbito, sinto que meu corpo não está mais sobre o controle dela. Então por que ela me olha com uma cara de satisfação?"

"É neste momento que volto a pensar na velocidade da luz. Ao entrar em supernova, a estrela Debari libera calor suficiente para destruir todos os planetas de seu sistema, inclusive o quarto planeta, habitado por cinco bilhões de seres vivos inteligentes, cujas vidas dependem apenas de mim agora. Parto em direção ao planeta imediatamente."

"Alcanço meu limite. As células de meu corpo parecem estar queimando, minhas sinapses nervosas parecem que vão entrar em curto-circuito. No entanto, isso não é o suficiente. Não sou mais rápido do que a luz."

"Ao entrar no planeta, minha audição consegue captar cinco bilhões de gritos de horror, de preces a deuses desconhecidos, de choro e confusão, de angústia, raiva, desespero, falta de esperança. Ouço cinco bilhões morrerem em um único instante."

"Meus olhos se enchem de lágrimas, mas elas se evaporam, pois minha revolta ativa a visão de calor de uma forma como nunca pensei que pudesse fazer. Procuro pela responsável, mas não consigo encontrá-la."

"Vago sem rumo pelo Universo. Destruo meteoros para tentar deter minha raiva. Mas isso não é o bastante. Hoje vivi um pesadelo, e sei que, de um jeito ou de outro, todos os gritos de morte que ouvi continuarão a ecoar em minha mente. Eternamente."


:: Notas do Autor

Na cronologia das revistas do Super, depois desses acontecimentos, ele viria a enfrentar Mongul e seu Mundo Bélico, e encontraria o Clérigo e seu Erradicador. Tudo isso antes de retornar ao nosso planeta. Essas histórias foram publicadas pela editora Abril em 1991 nas edições de números 80 a 88 da revista Super-Homem.



 
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