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Por
Igor Appolinário
Um Caso do Passado Parte IV Pax Armada
Torre do Relógio Gotham City
Então foi ela que destruiu aquela cidade! (*) diz Cassandra, espantada Me lembro do meu... dele lendo o jornal.
Pois é, Garra é uma mulher muito perigosa. diz Babs, séria Ela não tem limites...

Bayandzurh
Phillip Lecroix observa o cadáver de seu adversário. O filete de sangue que sai da boca mancha o comunicador que repousa sobre a mão esquerda.
Ele conseguiu disparar o maldito míssil...
Lecroix corre para dentro do galpão, pulando por sobre os terroristas mortos e ignorando aqueles que correm na direção contrária. Ele chega até perto das bombas remanescentes e pega a grande maleta com os cartões eletrônicos. Depois, pega o jipe e parte para a direção oposta a que veio, seguindo para a capital.

O sol bate contra as areias do deserto. Sua luminosidade se espalha, como se refletida em um espelho. O calor se dispersa no ar, fazendo os pulmões arderem e a boca ficar seca. Dinah caminha pela estrada aplainada em meio a esse inferno na Terra, seu corpo em confronto contra o calor.
Os cortes causados na luta contra Garra Vermelha ardem e se enchem de areia. Os ventos atingem a vigilante sem dó, uivando em seus ouvidos como fantasmas raivosos. Lentamente, um ronco sincronizado e constante vai crescendo às costas de Dinah. Ela continua sua caminhada inexorável, ignorando mais uma ilusão de sua mente ressequida pelo calor.
O ronco continua crescendo e se aproximando, acompanhado de um som rouco, como um grito masculino.
Canário Negro! Canário! grita Lecroix, se aproximando com o jipe.

Ulan Bator Capital da Mongólia
O jipe empoeirado de Lecroix e Canário Negro pára em frente ao palácio do governo da Mongólia. Alguns poucos soldados, desorientados e aparentemente sem comando, mal tentam impedir a passagem dos dois.
Isso está muito estranho... sussurra Lecroix, desconfiado.
Canário Negro sobe decidida as escadarias. O vislumbre da revanche enchendo todos os seus pensamentos. Ao final do corredor principal, uma secretária assustada não oferece qualquer resistência a sua passagem. Na sala, um choque tira os dois da realidade da cena.
Entrem, entrem. diz Garra Vermelha, sentada na cadeira do presidente. O corpo dele e do primeiro-ministro jazem ensangüentados sobre a mesa Já não podem fazer mais nada por esses dois, ou para me impedir...
Dinah dá um passo para frente, seus olhos queimando de fúria.
Se eu fosse você, não faria nada imprudente.
E por quê? Eu conheço seus truques agora, poderia quebrá-la em um segundo.
Bem, isso pode ser verdade, mas também seria um grande empecilho para as relações entre os nossos países. Eu governo a Mongólia agora...
Garra estende o documento assinado para Canário Negro. A vigilante lê o papel, enojada. Oráculo fica intrigada com o silêncio no comunicador.
O que o documento diz, Canário?
Ele... diz que ela é a nova "imperatriz" da Mongólia, com sua ascensão ao novo trono mongol garantida pelas assinaturas dos chefes do governo e do Estado... ela é "dona" deste país agora, Oráculo... meu Deus!
Por que você fez isso? grita Lecroix Você destruiu uma cidade inteira por isso?! Você é louca!
Louca? Não, eu sou uma visionária! Eu descendo diretamente de Gengis Khan, o maior líder que esse país já teve! Sob meu comando, a Mongólia voltará a ser grande, como no tempo de meu antepassado. Minhas terras se estenderão do oriente próximo ao leste distante e todos em meu caminho sucumbirão... um a um.
Você não vai conseguir isso! Não vai destruir a soberania de todos esses países, não sem que antes os Estados Unidos da América defendam essas nações!!
Pois bem. Vamos evitar que um "acidente diplomático" ocorra aqui então. Saiam, deixem este país imediatamente. Não quero ter que destruí-los para ver meus objetivos cumpridos.

Espaço Aéreo Russo
Um grande avião militar, coberto de insígnias mongóis, cruza o ar russo em meio a uma grande tempestade elétrica. Dentro do imenso compartimento de carga, Lecroix e Dinah dividem um pequeno cobertor de viagem, evitando congelar no frio metal.
Eu falhei... diz Canário, desconsolada.
Não diga isso...
Como não? Ivana conseguiu o que queria! Ela agora comanda um país inteiro! Um país com armas nucleares!
Bem... diz Lecroix, puxando uma sacola para si e abrindo-a Quanto a isso não precisamos nos preocupar... por enquanto.
Ah, os cartões de acionamento! Você é maravilhoso! Mas... ela ainda tem o material, pode aprender muito com as bombas...
Dinah admira os cartões magnéticos. Ela apoia a cabeça no ombro de Lecroix e suspira, fechando os olhos

Torre do Relógio Presente
Então foi assim... termina Babs.
Uau!! Vocês realmente se metem em cada intriga, mas...
Com um forte zumbido, a luz retorna ao prédio (**) e a televisão começa a funcionar. Cass, Dinah e Babs olham para a tela, que mostra o noticiário, e para os DVDs sobre a mesa. Elas voltam a conversar, desinteressadas nos filmes.
Babs, por que esse caso em especial? pergunta Cassandra, curiosa Parece que faz tanto tempo...
...e agora, notícias do mundo. Na Mongólia, hoje foi comemorado o aniversário da posse da atual governante do, agora, trono mongol, Ivana Pagamaldin. Mais conhecida por seu povo como Garra Vermelha, ela...
Instantaneamente, as três mulheres voltam-se para o televisor, a tempo de ver uma grande parada militar, liderada por membros da milícia vermelha, com Garra Vermelha no comando, no centro das homenagens, cercada por dezenas de bombas nucleares.
Por que essa história em particular, Cass? diz Oráculo, sombria Por que parece que ela ainda não teve fim...
:: Notas do Autor
(*) Na edição anterior. 
(**) Você leu o primeiro capítulo, certo? 
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