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Homem-Aranha # 15

Por Conrad Pichler, sobre um plot de Eduardo Sales Filho

Nota do Editor: Prezados leitores, na atualização de julho pulamos uma edição do Homem-Aranha. Assim, em setembro publicamos as duas novas aventuras do amigão da vizinhança na ordem e na numeração correta: Homem-Aranha # 14 (inédita) e Homem-Aranha # 15 (publicada em julho). Desculpem a nossa falha.

O Escorpião e o Veneno das Ruas

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Saltar. Dar cambalhotas. Reviravoltas no ar. Grudar nas paredes e despencar num precipício de edifícios. Cair sobre um cadillac, pedir desculpas para o dono. Lançar teia, subir ao mais alto do céu com o vento batendo forte na cara e esfriando a pele por baixo do uniforme.

Essa é a rotina de Peter Parker desde que resolveu vestir o uniforme de Homem-Aranha e aceitar sua responsabilidade: Usar todos seus poderes para o bem!

Mas essa noite seu objetivo é chegar o mais rápido possível numa cantina, no outro lado do rio Hudson. Como em toda noite de sexta é quase impossível andar de táxi ou de metrô na cidade. Assim o nosso herói saltitante usa seus atributos para cumprir, ou tentar cumprir, a promessa que fez à sua bela esposa e estar às 8 horas na mesa de jantar. Ou seria às 7h?

Cantina Aquilla, Manhattan. 8h03min

Quando chega, MJ já está tomando seu refrigerante na mesa, ela não está tão preocupada com o atraso de seu marido, porque com anos de experiência em Peter Parker já está acostumada com esses pequenos deslizes do seu "gatão".

Peter, com um terno cinza claro, presente da esposa, aparece pelas costas de MJ lhe mostrando um buquê de flores. E engrossando a voz, diz:

— Um homem tremendamente apaixonado por você lhe mandou entregar essas flores... e te dizer que você é a melhor (e mais gostosa!) mulher do mundo!

— Peter! Finalmente. Tive de esperar menos de duas horas por você! Isso é um avanço...

— Humm, era para estar aqui às 7h, não é?

— Um-hum! Mas tudo bem, gatão, eu usei meu sentido de aranha e só cheguei dez pras oito. Deixa pra lá, vamos comemorar seu novo emprego!

— Isso é que uma super-heroína! — Peter beijou o rosto de sua mulher e depois levou a mão até a barriga dela, onde ele podia sentir seu filho se mexer.

Enquanto o casal se distraia, as pessoas levantavam e iam embora da cantina enquanto outras chegavam.

Na porta estavam cinco homens vestidos de preto e cinza e um elegante homem trajando um terno verde escuro, camisa um pouco mais clara e uma gravata em meio tom, uma elegância que ele mesmo nunca havia provado antes de ser contratado para fazer o serviço que vem realizando nos últimos meses e que o trouxe até esta cantina nesta noite.

Eles confabulavam à porta de uma van:

— É, sr. G, é esse mesmo o lugar, os Aquilla vieram do Brasil e abriram essa cantina, dizem que o forno é feito de pedra vulcânica... — disse o Magricela ajeitando a gravata que o desconfortava.

— E é aqui que se reúnem os Luppi e os D'Avilla, os mafiosos e traficantes que compõe o sindicato do crime... — disse o sr. G, que era o homem de terno verde escuro. — Octa, Ota e sr. Manda, pro fundo da cantina, Bob Boh, na porta!

— Falô! — disseram em coro Octa e Ota — Tô até me sentindo importante... que acha, sr. Manda?

— Bizarro!

— O chefe disse "já!", três patetas... — ordenou o Magricela.

Enquanto o Magricela falava, os três agiam. Eles abriram espaço pelas cadeiras do lado de fora, sem tentar incomodar muita gente, mas com certeza sendo percebidos por alguns, pois suas estaturas, idades e pesos variantes (e uma certa truculência), com certeza havia chamado a atenção de Peter Parker. Na verdade, esses seis estranhos ativaram seu sentido de Aranha.

— Esses engravatados parecem aqueles que eu quase peguei no beco na outra noite. Se não fossem aqueles malucos com metralhadoras... — pensou Peter, tentando ver pela vitrine quem era o homem de terno verde.

— Hummm, esse pedaço de lasanha tá uma delícia! Parece quatro queijos... ou é só cheddar? — disse MJ, revirando um dos quatro pratos em sua frente — Ei! Gatão, passa a mostarda, por favor... gatão?!... Peter!

— Oi-oi! Que foi? Que foi? — Peter assustou-se.

— O que te deixou assim?

— Acho melhor você... quer dizer... a gente sair, tô tendo uma sensação... — MJ viu no olhar de Peter que era um assunto para o Homem-Aranha.

— Tá, mas... deixa eu pegar mais um pedacinho dessa aqui, ó... — disse MJ, esticando o braço para pegar um pedaço de qualquer coisa no prato.

— Não! Vamos logo, MJ, acho que as coisas vão esquentar...

— Mas eu tô com fome!

Peter estava tão preocupado com MJ e sua gravidez de risco que não pensava em outra coisa a não ser pô-la para fora do restaurante.

— Depois eu te arrumo o que você quiser comer, mas agora é melhor sair.

Ao chegar perto da porta, ele viu Bob Boh, dois metros de gente vestido de preto, com um par de óculos escuros que quase sumiam no robusto rosto.

Caramba! É melhor você sair pela cozinha, Amorzão!

— Humm! Cozinha! Será que eles dão amostra grátis!?

Rapidamente, Peter colocou MJ na cozinha e foi para o banheiro vestir seu uniforme vermelho e azul de Homem-Aranha.

Logo, um forte estampido ecoa pelo salão da cantina. Em uma mesa onde estavam sentados oito homens italianos, que conversavam afoitos, todos levantaram e tiraram suas armas do coldre. Na cabeça do Aranha, o tilintar de seu alarme de perigo era quase insuportável, mas ele só conseguia pensar na segurança de MJ e do bebê.

No salão, uma figura assustadora destruía tudo que via pela frente, para chegar rapidamente aos italianos. Logo, o Aranha surge do nada e pousa no meio da mesa:

— Olá! Olá! Será que vocês fazem entrega em domicílio? — disse o Homem-Aranha, observado com espanto pelos senhores italianos.

Nah! Aranha, hoje só tem marmelada pra você! — disse a figura furiosa por debaixo das mesas que voavam para todos os lados.

— Epa! Mas vejam se não é o tio Escorpa?! Num sabia que hoje era o dia do "coma-o-quanto-puder-antes-de-voltar-pra-cadeia". — sem que o aracnídeo conseguisse chegar o final da frase, "tio Escorpa" usou seu apêndice tecno-mecânico para atingir o herói no meio do estômago...

— É Escorpião pra você, baixinho!

"Nossa! Antes eu podia sentir o movimento da cauda dele pelo sentido de Aranha a tempo de me safar, mas agora ele está mais rápido!" — pensa Peter, enquanto observa que o uniforme de Escorpião está modificado, tem apenas uma cor, um verde mais escuro que o anterior, sem aqueles gomos e tarjas amarelas habituais.

— Mas o que você pretende destruindo essa belíssima cantina, sem mais nem menos? — disse um dos italianos, o mais velho, para Escorpião.

— Meu chefe, o Shell, mandou um recado: ele quer toda a sua rede de contrabando e tráfico, quer que todos vendam a droga dele, a "pérola", e...

— E uma pizza pra viagem! — disse Aranha saltando sobre a cabeça de Escorpião — Ah! E com orégano e sem anchovas!

Nisso, um dos guarda-costas dos italianos atira no Escorpião e no Homem-Aranha...

Hahaha! Você é à prova de balas, baixinho? Pois meu exo-esqueleto é! — o vilão pega o aranha e o levanta para o alto, rindo...

— Droga! O Escorpa tem razão. Vou virar peneira... hummm! A menos que... — num segundo o Aranha lança teias em volta do vilão, o projetando contra suas costas para o fazer dele escudo — E não é que é invulnerável mesmo, Escorpa!? Que tal você me passar o número do alfaiate... ou, quem sabe o que o Clodovil pode fazer com um tecido desses?

— Você acha que eu apenas mudei as cores de meu traje, Aranha? Acredite, ele está cheio de novas opções de uso... — nisso, a calda de Escorpião desacopla de suas costas e dos antebraços saltam duas pinças cortantes que rasgam a teia. O Escorpião se agacha e a cauda volta a crescer, e mais veloz que a agilidade do seu adversário, ela arremessa o herói contra a parede lateral. Da ponta da cauda, dezenas de pequenos ferrões são expelidos contra o peito do Aranha, mas desta vez seu sentido de aranha funciona a tempo, podendo lançar uma teia que o poupou da maioria dos ferrões...

— Agora, srs. Luppi e D'Avilla, chegou sua vez... — continua o Escorpião...

— Não seria "suas vezes", Escorpa? — Aranha usa sua teia contra a máscara, também modificada do Escorpião. Aproveitando o tempo, ele põe para fora os italianos. Mas quando olha em volta, vê como estão assustados os outros fregueses, que ficaram presos, apenas observando espantados a luta.

"Que droga! Me concentrei tanto em MJ e no Escorpião, que deixei de dar atenção aos outros, eles estão em choque!"

Quando o Aranha vai tirar uma mesa sobre um rapaz, vê que a multidão não está muito satisfeita em vê-lo por perto e se arma para atacá-lo, caso ele chegue mais perto, então o Aranha fica paralisado.

Neste momento, o Escorpião tenta fugir, mas o aracnídeo, querendo por um ponto final na história, salta para trás e atinge com um feroz soco a cara do vilão, que cambaleia e cai.

— Acho que tá na hora de ir pro ninho das aranhas, gente! Bom... bom jantar... — o herói coça a cabeça e rapidamente foge pela porta.

Enquanto isso, a polícia chega e faz um cerco na cantina, mantendo Bob Boh sob a mira de suas armas, bem como para o Escorpião caído.

Pelos fundos, o trio Octa, Ota e sr. Manda escapavam em um fusquinha roubado...

— ... bizarro!

— É, Manda, o sr. G era o Escorpião!!!

— Será que ele vai ficar muito irado da gente ter deixado ele pra trás?

— Nah, Ota! Mas o Magricela, ele não vai perdoar... o cara deu no pé quando viu o Aranha...

— Vamo embora, Octa! Põe essa máquina pra funcionar... e rápido!

Assim eles desaparecem em meio a uma cortina de fumaça produzida pelo motor do carro.

Mais tarde, na delegacia.

— Desculpe ter segurando a sra. Parker, até tão tarde, sr. Parker. Sorte sua ter saído para comprar jornal na hora que o Escorpião entrou...

— E não é, tenente; ele deve ter sexto sentido. — disse MJ, fazendo caretas para Peter, enquanto dava as costas para o policial rechonchudo.

— Com licença, senhores... saiam da frente... — disse um dos Sentinelas da Gruta, com sua tradicional armadura verde, carregando MacDonald Gargan, o Escorpião.

— Vocês não vão me segurar por muito tempo, bonequinhas. Meu chefe vai me tirar da Gruta! Eu sou seu braço direito, o braço direito do Shell!!! Guardem o nome: "Shell"! Ele sempre cuida bem de seus funcionários; nós somos sua família! Ele sempre pensa no melhor para nós!

Enquanto o criminoso era retirado, Peter apenas olha para MJ. Ele estava preocupado com esse novo chefe do crime, pela segunda noite, em menos de uma semana, ele foi atacado por criminosos ligados ao Shell, que parecia despontar como um novo Rei do Crime. Agora, para piorar a situação, ele parece estar usando supercriminosos para realizar seus serviços.

— Já tô vendo que vou ter que me meter nessa confusão, também. Essa é minha responsabilidade, a minha sina. E que diabos é essa pérola? — Peter se pergunta em pensamento, ao se lembrar da palavra mencionada anteriormente pelo Escorpião.


Na próxima edição: O Homem-Absorvente ataca Chinatown! Os amigos do Aranha, Homem de Gelo e Flama, aparecem para dar uma força para o cabeça-de-teia. Mas quem está por trás de mais esse crime?



 
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