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Imagine Flash

Por Rafael 'Lupo' Monteiro

A Caminho do Paraíso

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"Eu sou um espectro perdido no tempo."

"Meu nome é Barry Allen, mas sou mais conhecido como Flash. Neste momento, estou correndo como nunca corri em minha vida. Tenho que destruir o canhão de antimatéria construído pelo Antimonitor, e impedir que a energia do aparelho se espalhe e acabe com todo o multiverso. O preço disto? A minha vida. Um preço pequeno se comparado à alternativa."

"A dor é imensa, mas tento ignorá-la. É como se cada sinapse nervosa minha estivesse sobrecarregada com suas transmissões, e eu acabasse não sentido nada. Pelo menos é o que digo a mim mesmo, como se tentasse me convencer que essa dor que sinto não existe."

"Estou perdido no fluxo do tempo. No início, volto ao passado, e encontro Wally, Batman e o Coringa. Todos eles parecem se assustar com a minha presença. Grito por socorro, mas parece que ninguém me ouve."

"Agora, as viagens pelo tempo estão sem ordem certa. Vou ao passado e ao futuro, sem ter como precisar onde será meu próximo passo."

"Eu me vejo fazendo amor com Íris. Meu Deus, como eu amava essa mulher. Ainda posso sentir seu cheiro, o toque em sua pele macia, meus dedos se enrolando em seus cabelos... Íris, só de conhecer você, minha vida já valeu a pena. Eu te amo!"

"Vejo meus pais... Como eles me amaram! O amor dos pais é o mais bonito que existe, não há nenhum interesse, nenhuma espécie de troca, eles nos amam só porque existimos. Pai, mãe, queria que vocês estivessem ao meu lado agora. Eu estou morrendo... Tenho medo! Mas não posso desistir. Não quando há tanta coisa em jogo."

"Jay... Por sua causa estou aqui. Você me inspirou, não por seus poderes, mas pelo exemplo de homem que sempre foi. Honesto, íntegro, sempre disposto a fazer o que é correto. Aposto que, se soubesse, você faria de tudo para estar no meu lugar. Mas estou vendo seu futuro, e ele será muito feliz ao lado de sua esposa. Ninguém mais do que você merece isto. Obrigado por tudo!"

"Continuo vendo o futuro, e o que vejo me deixa mais triste. Hal, meu amigo, o que aconteceu com você? De onde você tirou tanto ódio, tanto rancor? Eu vi Coast City sendo destruída, mas você não precisava ter se destruído também. Dói muito ver um amigo sofrer e não poder fazer nada. Perdoe-me por não estar ao seu lado nesse momento tão difícil."

"Será que nossas vidas de heroísmo valeram a pena? Tanto sacrifício, tanta incompreensão. Alguns adoram falar mal de heróis, mas eles não percebem que queremos o mesmo que todos... Construir um mundo melhor, mais justo e digno. Por que as pessoas não conseguem aceitar isso? Será que o nosso mundo é tão cínico, que a idéia de alguém que passe seu tempo defendendo os outros sem ganhar nada em troca é tão inverossímil?"

"Meu Deus, tudo aqui é tão rápido! Eu vejo um Flash, mas apesar do uniforme ser o mesmo, não sou eu que o está vestindo. É alguém muito melhor! Alguém que conseguiu me superar... Wally, meu sobrinho! Eu sempre soube que um dia você iria se tornar melhor do que eu. Estou muito orgulhoso de você! Pena que não posso te falar isso pessoalmente. Meu corpo não agüenta mais a pressão... Estou me desfazendo no fluxo do tempo. Esta é a minha última corrida! Mas posso morrer em paz, pois tive uma vida feliz, e sei que meus atos geraram boas conseqüências. Graças a você, Wally, eu posso morrer com a sensação de dever cumprido."

"Argh! A dor... É imensa! S-Socorro! Alguém... Me ajude... H-Há esperança... Sempre há... Tempo... Voltar no tempo... Nós temos... Que salvar o mundo..."

Central City, o presente.

Wally West adora ser o Flash. Ele sempre idolatrou seu tio Barry, desde criança, e quando ganhou seus poderes se tornou a pessoa mais feliz do mundo. Hoje, ele ocupa o lugar de seu tio, que morreu para salvar o universo na maior crise que já houve.

No momento ele acaba de impedir um assalto a um banco. E, depois de prender os criminosos, perde alguns segundos dando autógrafos para algumas crianças.

De repente, Wally tem a impressão de ver algo. É uma visão muita rápida, mas isso nunca foi problema para ele. Parece seu tio Barry. Ele tem uma expressão cansada, de alguém que sofreu muito. Isso angustia Wally. Mas ele percebe, que, mesmo com algum esforço, Barry acena, e lhe dá um pequeno sorriso.

— Tio Flash, o senhor está chorando? — pergunta uma das crianças — Por acaso o senhor está triste por nossa causa?

— Não! — responde Wally, enxugando os olhos — Eu estou muito feliz! Que motivo eu teria para estar triste?


:: Notas do Autor

A morte de Barry Allen foi um dos momentos mais marcantes na minha vida de leitor de quadrinhos. Eu ainda era um moleque que estava descobrindo a magia da nona arte, e ao ler a revista Super-Homem #36 (editora Abril), descobri o que era ser um herói de verdade.

Por isso, dedico essa história a todos vocês que ainda se emocionam ao ler uma história em quadrinhos. Pois, a cada vez que isso acontece, vocês sabem como eu me senti em uma certa tarde de um final de outono, há muitos anos atrás, quando era jovem e tinha um mundo todo a descobrir.

E antes que vocês me perguntem, eu não estou chorando. Qual motivo eu teria para estar triste?



 
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