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Liga da Justiça # 43

Por Robson Costa

Batalha pelo Cubo Cósmico
Parte III

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Os robôs trabalham freneticamente, preparando o novo prédio, enquanto os seus três prisioneiros apenas observam. De repente, um estrondo ensurdecedor pega a todos de surpresa. Os robôs tentam encontrar a origem de tal som, mas apenas correm de um lado para o outro como baratas tontas. Seus programas internos não encontram respostas. Novamente, o mesmo estrondo, mas agora com um resultado totalmente diferente: uma das paredes é arrombada e pelo buraco que surgiu, entra o Andróide Assombroso.

Enquanto alguns robôs investem contra o imenso ser cinza, outros tentam entrar em contato com os agentes de segurança, mas é tarde demais. O andróide, criado pelo Pensador Louco, destrói seus atacantes rapidamente e utiliza parte deles para acabar com os robôs restantes. A ação é rápida e, no final, apenas o Andróide Assombroso está de pé.

Ele caminha na direção de um painel e o arromba com apenas um soco. Faíscas surgem e uma explosão se segue. O vidro, que separava Pensador Louco, F.U. Turo e Arnim Zola, ergue-se. As algemas que os prendiam também são desativadas. Pensador Louco assume a liderança:

— Muito bem, senhores! O nosso plano transcorre como o combinado. Taxa de sucesso: 89%.

O andróide abre caminho, sendo seguido pelos três cientistas, até que somem na escuridão da noite.

Torre da Liga, lua

— Super-Homem, os seguintes membros já responderam ao seu chamado: Mulher-Maravilha, Lanterna Verde e Supermoça. — fala o Homem-Borracha — Em breve, eles estarão aqui.

— Ótimo. Depois do ataque do grupo do Exterminador, perdemos muito da nossa força de ataque. Acho que teremos de chamar alguns dos reservas, como Caçador de Marte, Capitão Marvel e outros.

Na sala do monitor, Arqueiro Verde, Caçadora e Anarquia acompanham as atividades do Super-Homem. Oliver Queen faz uma análise das flechas da sua aljava, relacionando as que faltam para substituir.

— Como você está? — pergunta Helena Bertinelli ao Anarquia.

— Já estou melhor. Nunca recebi um golpe tão forte de ninguém. Nem mesmo do Batman.

— A Lince é uma assassina cruel e sanguinária. Alegre-se que ela te considerou apenas um obstáculo menor e lhe aplicou um golpe de artes marciais. Se ela tivesse usado as unhas, seria bem diferente.

Lonnie Machin engole em seco, pois lembra do estado em que se encontra o Flash. O socorro foi rápido, mas nem o poder de recuperação acelerado de Wally West deu resultado até agora. Ele continua sedado na enfermaria da torre.

Em um dos aposentos da torre, Fóton e Aço conversam sobre o seu futuro.

— Aço acabou, Mônica. — fala John Henry Irons — O dispositivo utilizado pelo Chip provocou estragos tão grandes na minha armadura que nem sei por onde começar. Desta vez, estou fora de luta mesmo.

— Mas você pode construir uma outra e melhor. Bruce já falou que, neste assunto, você é tão bom quanto o Tony Stark.

— Obrigado, querida. — John beija sua companheira — Mas acho que vou encerrar a minha carreira de herói mesmo. A Liga precisa de alguém para fazer a manutenção da torre e aumentar as defesas. Serei muito mais útil nas trincheiras do que na frente de batalha.

— John, por favor, não se menospreze tanto.

— Não, Mônica, é apenas a constatação da realidade.

Os dois namorados se abraçam.

Batman percorre os corredores da torre, sem ser notado pelos namorados. Logo, ele chega na sala do monitor.

— Caçadora! Anarquia! Acompanhem-me! — e ele retorna pelo corredor.

Curiosos, a vigilante e o jovem vilão o seguem. O cavaleiro das trevas anda rápido e só é alcançado na sala de teletransporte.

— Iremos para o local onde tudo isso começou.

— Gotham City?! — pergunta surpreso o Anarquia.

— Não. Oregon.

O teletransportador é acionado e os três desaparecem.

Washington, D.C.

— Agradeço que tenha respondido tão prontamente ao meu convite, Capitão Átomo. — fala Lucius Fox, cumprimentando o herói prateado.

— O convite do presidente dos Estados Unidos é uma ordem, senhor. — fala Nathaniel Adam — Antes de ser um herói ou mesmo um ex-membro da Liga da Justiça, eu sou um militar.

— Eu sei. Conheço o seu histórico, Capitão. Sente-se.

Capitão Átomo senta na cadeira indicada por Fox.

— Mas sobre que o assunto o senhor deseja falar comigo? No convite, só mencionava que era confidencial...

— Exatamente. Capitão, o que você sabe sobre o Cubo Cósmico?

Oregon

Anarquia percorre com cuidado a sala destruída. Escombros e vidros quebrados ocupam quase todo chão do prédio. Ao lado, vários equipamentos eletrônicos totalmente destruídos, impedindo o reconhecimento do que originalmente eram. Machin retorna para a sala anterior, onde Batman e a Caçadora analisam a destruição generalizada e, principalmente, o enorme buraco em uma das paredes.

— O que aconteceu aqui? Um terremoto? Ataque terrorista? — pergunta o Anarquia.

— Uma missão de resgate. — responde Batman.

— Tá vendo o buraco na parede? — fala Caçadora, apontando — Algo criou uma passagem de fora para dentro.

— Mas o Cubo Cósmico estava aqui? — pergunta novamente Machin.

— Não, o Triunvirato estava. — responde Batman — Oráculo analisou o seu notebook, Anarquia, e rastreou a origem dos e-mails que lhe informaram sobre o Cubo. Havia três origens para os e-mails. Todas as três são prédios do governo dos Estados Unidos. Um era o laboratório de onde vocês roubaram o cubo. Outro, um prédio que foi desativado exatamente há dois dias atrás.

— Então, foi logo depois da nossa "missão"? — pergunta a Caçadora.

— Por fim, — continua Batman, ignorando a pergunta anterior — este era o terceiro lugar de envio dos e-mails.

— Então, quem estava me informando sobre o projeto do Cubo Cósmico era alguém de dentro do projeto. Ele nunca se identificou. Usava vários endereços de e-mail e nicks. Nunca consegui rastreá-lo... — fala Anarquia.

Caçadora dá um tapa na nuca de Machin.

— Tava na cara que o seu informante era de dentro.

— Mas por que ele fez isso?

— O Triunvirato o manipulou. — fala Batman, sem virar para o surpreso Anarquia — Você foi parte de um plano maior.

— Mas... como...

— Você é um hacker conhecido e vigiado pelas principais agências de combate ao crime e de espionagem: SHIELD, CIA, FBI, Interpol. — explica Batman — Eles jogaram a isca na internet porque sabiam que você morderia. Devido às suas crenças políticas, você seria perfeito. Não permitiria que o Cubo Cósmico fosse produzido por um único país. O Cubo é uma arma muito poderosa. Você os impediria. Não importa de qual forma: matando os cientistas que o estavam produzindo, destruindo o laboratório com uma bomba, simulando um ataque terrorista ou simplesmente roubando. Sim, isso passou pela sua mente, implantar em definitivo a sua visão anarquista por todo o planeta. Sem oposição. O mundo perfeito, segundo Lonnie Machin.

Anarquia recebe as palavras do homem-morcego como tapas na face. Ele se escora em uma das paredes destruídas. Sente o seu rosto se avermelhar e a humilhação de ser exposto e manipulado toma todo o seu corpo como uma praga medieval. Caçadora observa as reações do jovem vilão, enquanto Batman continua a explicação, o ignorando:

— O Xeque-Mate também o monitora e, por um golpe de sorte ou por ter softwares rastreadores melhores, descobriram a troca de e-mails e foram ao seu encalço para impedir o vazamento. O que eles não contaram foi com Oráculo e a Caçadora.

— Oráculo?!

— Sim. — responde a Caçadora — Oráculo também te monitorava e também havia descoberto a troca de e-mails com seu informante. Naquela noite, eu fui enviada para te encontrar, enquanto o morcegão era avisado também.

— Então, o nosso encontro foi arranjado por vocês?

— De uma certa forma, sim. — responde Helena Bertinelli — Quando eu cheguei, você já estava fugindo dos Cavalos. Fiquei do seu lado na luta porque não gosto de covardia. Afinal, eram três contra um. Depois da vitória, um pouco de teatrinho para ganhar a sua confiança e pronto. Apesar de que eu também havia me tornado uma peça para o seu plano.

— Quando o Triunvirato teletransportou você e o Dr. Silvana, — continua Batman — eles já contavam com a sua presença. Silvana foi o inesperado. Por isso, eles o despacharam logo que viram que você não era mais necessário e que aparentemente o Cubo estava perdido.

— Muito bem. — fala Anarquia, pondo-se de pé e aplaudindo — Fui uma marionete para o Triunvirato e para a Liga, enquanto achava que eu era o titeriteiro. E agora, o que faremos?

— Vamos para o segundo endereço. — responde Batman.

— Mas você não disse que ele tinha sido desativado? — pergunta Helena Bertinelli.

— É o único esconderijo viável para o Triunvirato. Deve estar equipado para terminarem o Cubo. A desativação é apenas uma camuflagem. Há alguém ligado ao governo que trabalha diretamente com os três. O informante do Anarquia. O responsável pela soltura do Exterminador e pela formação do grupo de vilões que atacou a Liga. O responsável pelo "sumiço" de todos os bandidos presos, desde o Dr. Silvana, utilizando a burocracia e trâmites oficiais.

— E como chegaremos lá? — pergunta o Anarquia — Usaremos o teletransportador da Liga?

— Não. Já consegui transporte.

Uma luz forte ilumina os três por uma das janelas do prédio destruído. Ao saírem, eles se deparam com o batmóvel.

— Entrem rápido. — ordena o cavaleiro das trevas — Nós estamos muito atrás do Triunvirato. Eles já devem ter estabilizado o Cubo.

O batmóvel parte rapidamente e some na escuridão com os seus três ocupantes.

Torre da Liga, lua

— Algum sinal do Batman? — pergunta o Super-Homem.

— Nada, Super. — responde Kyle Rayner — Ele desligou o comunicador e não responde.

— Droga, Bruce! Não é hora para outro dos seus sumiços.

— Calma, Super-Homem. — fala Donna Troy, dando uma caneca de chá ao colega de grupo — Diana sempre falou que ele é muito independente.

— Eu sei. Mas neste momento a Liga precisa de todos os seus membros.

— Se você quer a minha opinião, — fala Oliver Queen — com o grupo que temos aqui, já podemos sair atrás da Lince e do Exterminador e descobrir quem os contratou.

— Você está certo, Arqueiro. Kyle, convoque todos para a sala de reunião.

O prédio era longe de qualquer centro urbano. Tinha a fama de mal-assombrado. Depois de muito tempo desativado, as luzes voltaram a ser acesas, porém ninguém via um único trabalhador sair ou entrar. Ninguém das redondezas havia sido contratado. Muitas histórias corriam sobre o estranho prédio. Às vezes, enormes carros pretos entravam nele, mas os vidros fumês impediam de olhar o seu interior. No prédio, as janelas ficavam na parte superior e não havia escadas na parte exterior. Depois de muito tempo, o prédio voltou a ficar escuro. Os carros pretos entraram e saíram a toda velocidade. Dois dias depois, as luzes acenderam novamente.

Com um binóculo, Batman não vê nenhuma pessoa do lado de fora. Apertando um botão, o binóculo muda para infravermelho e Bruce Wayne conta quatro pessoas no interior. Ele desce da árvore. Lá embaixo, Caçadora e Anarquia o esperam. Os três entram no batmóvel, que parte rapidamente. Batman analisa a situação. Não é mais o momento para subterfúgios.

— Preparem-se para o impacto! — ordena aos seus dois passageiros.

Batman aciona um botão do painel do carro e uma estrutura metálica cobre todo o automóvel. Como um aríete, o batmóvel arromba o portão principal do prédio, o derrubando. As pessoas no interior do prédio assustam-se com o arrombamento. Logo, os passageiros saltam do batmóvel. Batman reconhece de imediato os ocupantes do prédio: são o Triunvirato e o agente Gyrich.

— Ora, ora... — fala o Pensador Louco — Como havia calculado, eu sabia que Batman seria a única pessoa a nos encontrar. Taxa de acerto: 34%.

— Batman, — fala um desesperado Gyrich — eu posso explicar...

Anarquia pula na frente e aplica um violento golpe no agente, que desmaia.

— Traidor.

Um grunhido chama a atenção do jovem vilão. Antes que possa ver o que é, o Andróide Assombroso surge e joga o Anarquia longe. Caçadora dispara as flechas da sua besta, mas elas são totalmente ignoradas pelo andróide, apesar de o acertarem. Surge um buraco na cabeça do robô, que toma a forma de uma boca. Uma intensa ventania joga a Caçadora longe. Batman joga um batarangue explosivo no andróide, chamando a sua atenção. O cavaleiro das trevas esquiva-se de todos os ataques do ser artificial. Anarquia surge por detrás do andróide.

— Fui usado como um joguete por todos aqui e cansei disto. Prove dos meus tasers em força total!

Lonnie Machin enterra os tasers nas costas do Andróide. A descarga elétrica é muito forte e aparentemente ele parece sentir dor. Batman percebe que, novamente, a boca surge na cabeça do robô. Rapidamente, ele pega duas pequenas esferas do seu cinto e joga-as dentro da boca.

— Protejam-se!

Batman salta para trás de umas caixas, sendo imitado pelo Anarquia e pela Caçadora em outro lado da sala. As esferas explodem dentro do Andróide. A explosão abala o prédio, mas produz um som abafado. O Andróide cambaleia e por fim cai.

— Acabou, Pensador Louco! — fala Batman.

— Acabou para você e os seus amigos! — responde o vilão, empunhando o Cubo.

No mesmo momento, Batman, Anarquia e Caçadora sentem seus músculos ficarem paralisados, impedindo-os de se mexerem.

— O Cubo está completo. — continua o Pensador Louco — Senhores, por favor.

Os três vilões põem as suas mãos sobre o Cubo e falam ao mesmo tempo:

— O que era uno, torna-se três.

Uma luz imensa parte do Cubo e envolve a todos no prédio. Ela continua a crescer e engolfa a tudo pelo caminho: cidades, estados, países, continentes. Em segundos, a Terra se torna um imenso globo de luz.

Da lua, os justiceiros contemplam horrorizados a expansão da luz. Super-Homem só tem tempo de dizer uma frase:

— Perdemos. — e a luz engole o satélite natural da Terra.

No final, fica apenas a luz e o silêncio.


Próxima edição: O Limbo.


:: Notas do Autor

Agradeço o auxílio do Leonardo Araújo (nosso bat-escritor) e do Igor Appolinário (autor de Birds of Prey).




 
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