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Por
Robson Costa
Batalha pelo Cubo Cósmico — Parte IV
O Limbo
Batman abre os olhos pouco a pouco. A luz emanada pelo cubo cósmico tinha sido tão forte, que era impossível manter os olhos abertos. Bruce Wayne sente que a paralisia havia passado e que podia se movimentar. Por fim, com os olhos abertos, ele se prepara para o que surgir. Porém, Batman não vê nada ao seu redor. A não ser branco. Anarquia, Caçadora, Pensador Louco, F.U. Turo, Arnim Zola e o andróide haviam desaparecido, bem como o prédio. Não havia nada ao seu redor. Apenas branco.
A idéia de ter morrido passou pela mente analítica do Cavaleiro das Trevas, mas logo foi descartada, quando ele conseguiu sentir o seu pulso. Batman pegou um binóculo do seu cinto e começou a procurar por algo naquele imenso e aparentemente interminável deserto branco.
"Não se preocupe, Bruce. Siga em frente", disse uma voz, que Batman não conseguiu localizar a origem. Ao mesmo tempo em que parecia tê-la ouvido dentro da sua mente, ela parecia ecoar por todo aquele espaço branco. A voz lhe tranqüilizou e, indo mesmo contra seus instintos, decidiu ir em frente. Para onde? Não sabia. Ele olhou para o alto, mas não havia céu, Sol ou estrelas. Ele não saberia dizer se ainda era noite ou se já era dia. O seu relógio havia parado misteriosamente.
Batman andou muito, mas sem referências, não sabia quantos quilômetros havia percorrido ou quanto tempo tinha gasto. Não sentia cansaço nem mesmo fome ou sede. De repente, ele percebe algo vindo na sua direção. Não conseguia distinguir o que era, mas após anos de luta e experiência, ele já estava em posição de ataque. Foi então que ele reconheceu uma voz:
— Morcegão! Você sobreviveu também!
Era a voz do Homem-Borracha e era a cabeça do justiceiro que estava se aproximando. Batman se desarmou. Então havia outros também ali. Um fio de esperança surgiu. A cabeça de Eel O’Brian parou a alguns centímetros a sua frente.
— Agarre no meu pescoço, que te levo onde estão os outros.
Batman segue a ordem dada e abraça o longo pescoço do Homem-Borracha, que passa a recolhê-lo com grande velocidade. A distância percorrida pela cabeça do Homem-Borracha parecia imensurável. Somente O’Brain faria isso, sem pensar muito nas conseqüências, do possível limite dos seus poderes, mas provava-se mais uma vez a teoria de Batman de que os poderes do Homem-Borracha eram bem maiores do que qualquer outro membro da Liga poderia supor. Para Batman, Eel O’Brian era, com certeza, o mais poderoso deles.
Batman avistou um grupo ao redor do corpo do Homem-Borracha e, quando viu que estava bem perto, soltou-se. Os outros correram na sua direção. Ele logo reconheceu todos os presentes: Super-Homem, Donna Troy, Flash, Kyle Rayner e Arqueiro Verde.
— Onde estão Aço e Fóton? — perguntou
— Não sei dizer — responde Clark Kent — Estávamos todos reunidos discutindo estratégias para seguir Lince e Slade Wilson, quando uma luz branca vindo da Terra surgiu e engoliu a Torre e a Lua. Quando abrimos os olhos, restava apenas este grupo. Passei a rastrear com a minha visão telescópica por outras pessoas, foi quando o avistei e o Homem-Borracha foi resgatá-lo.
— Onde estão o Anarquia e a Caçadora? — pergunta Oliver Queen.
— Sumiram, como Aço e Fóton. Havíamos descoberto o esconderijo do Triunvirato. Mas, antes que pudéssemos fazer algo, o Pensador Louco nos paralisou usando o cubo. Depois, surgiu esta luz e, quando dei por mim, estava aqui, como vocês.
— Já utilizei o meu anel para rastrear — fala Kyle. — Mas não encontrei nada e não obtive pista nenhuma.
— O Super achou melhor que eu não fizesse uma busca, pois eu poderia me perder nesta branquidão toda — fala Wally West.
— Então, Bruce, — pergunta Super-Homem — O que você acha?
— Não tenho idéia. Mas me parece que fomos selecionados.
— Mas por quem? — pergunta Donna Troy
— É o que nós gostaríamos de descobrir também.
Os heróis olharam para o alto e, logo, reconheceram o dono da voz. Era J’onn J’onz, o Caçador de Marte, trazendo consigo Tempest. O marciano pousou e foi cercado pelos outros justiceiros.
— Como nos encontrou? — perguntou o Arqueiro
— Usei da minha telepatia. Estava em meio a um salvamento quando uma luz branca envolveu a todos. Quando ela passou, estava aqui, com o Tempest ao meu lado. Passei a rastrear por mentes conhecidas até que os detectei.
— E você, Garth? — perguntou Donna.
— Estava nadando tranqüilamente no meio do Oceano Atlântico quando a luz surgiu. Depois, estava junto com o J’onn.
— Morcegão, — fala o Homem-Borracha — tenho que concordar com você. Alguém nos selecionou e nos resgatou. Mas quem? E por que?
— Para que vocês possam salvar o mundo.
"A voz", lembra Batman. Mas desta vez, ele a reconheceu, como todos os outros. De repente, surge a imagem do Eléktron.
— Ray, — fala Oliver Queen — você está vivo! Mas onde você está e por que parece um fantasma?
— Arqueiro, tenho pouco tempo. Devo explicar tudo o que aconteceu e por que vocês estão aqui.
— Continue — fala Super-Homem.
— Eu estava examinando o cubo cósmico e lacrando as frestas da sua superfície, que aparentemente, eram as causas da sua instabilidade. Neste momento, começou uma luta entre a Caçadora, Flash e Lince. O cubo cósmico se ativou, talvez reagindo à luta, que estava ocorrendo. Ele começou a brilhar. De repente, transformei-me em pura energia e fui sugado para dentro dele. Meu corpo de energia se desfez, mas a minha mente se manteve, entre as forças do interior do cubo. Como o cubo manipula a realidade, conforme as vontades de quem o segura, tentei usar esta possibilidade a meu favor para me reconstituir. Foi mais difícil que pensei, mas consegui. Porém, havia levado muito tempo. O Triunvirato havia estabilizado o cubo. Através das paredes, vi a luta do Batman e dos outros contra o Andróide do Pensador. O Triunvirato fez então o pedido e, devido ao meu contato com as forças do cubo, descobri o que os vilões queriam.
— E o que eles pediram? — pergunta Tempest.
— O Pensador Louco traçou o seguinte plano: como ele precisava de Turo e de Zola, para conseguir o cubo e poder consertá-lo, ele propôs dividir o cubo cósmico em três e, cada um com o seu cubo, conquistar o seu mundo. Desta forma, ninguém trairia os outros e todos obtinham o seu intento.
— Então, — fala Clark Kent — neste momento, há três Terras e três cubos cósmicos? Como isso é possível?
— Eles usaram o cubo com todo o seu potencial. Para tentar impedi-los, eu tive que ser rápido. Assim escolhi vocês e os movi para este limbo, entre as três Terras, para protegê-los dos efeitos do cubo. Porém, não conseguirei manter este limbo por mais tempo. Em breve, ele irá sumir, como eu também.
— E o que temos que fazer? — pergunta Super-Homem.
Ray Palmer faz um gesto e surgem imagens de três mundos diferentes.
— Cada membro do Triunvirato criou a sua Terra conforme o seu desejo e imagem. Esta é a Terra dominada por Arnim Zola — fala Palmer, apontando para uma das imagens. — Nela, Zola tornou-se um herói da 2ª Guerra Mundial, após tirar Hitler do poder e matá-lo. Após isso, ele fez acordo com os Aliados. Ajudou-os a derrotar os outros membros do Eixo. O Japão foi destruído por uma série de ataques nucleares e a Itália foi anexada a Alemanha, como a Áustria e a Polônia. Mais tarde, Zola uniu-se aos Estados Unidos, Inglaterra e França, e derrubaram Stalin do poder, acabando com a União Soviética.
— Que horror! — fala Donna Troy — E ninguém fez nada? Onde estavam os Invasores? E a Sociedade da Justiça?
— Infelizmente, todos estavam ao lado de Zola. Inclusive sua mãe, Donna, que casou com ele. Themiscyra tornou-se o seu reino de onde ele governa o mundo. A Sociedade e os Invasores são o seu exército particular. A ONU tornou-se um veículo pelo qual Zola espalhou o seu poder pelo mundo. Para todos, ele é o herói que acabou com a Segunda Guerra.
Kyle abraça a horrorizada Donna, que está espantada com o que Eléktron contou. Como Hipólita tornar-se-ia esposa de um ser tão vil como Arnim Zola? Só poderia estar controlada pelo cubo. Eléktron aponta para a segunda imagem.
— F. U. Turo comanda esta Terra futurista. Ele aboliu todos os seres vivos. Há apenas robôs, autômatos, andróides e computadores. Ele mesmo tornou-se uma forma de vida artificial.
— E o Pensador Louco? — pergunta Batman
— Pensador Louco uniu-se a sua Terra para controlá-la de tal forma, que nada escapa da sua percepção. Não ocorrem atrasos. Não há doenças. Não ocorrem crimes. Não há fome nem guerras. Não há desequilíbrio ecológico. Não há nenhum sinal de caos, como ele estabeleceu. Um "paraíso".
— Paraíso? Você acha boa esta Terra? — pergunta o Homem-Borracha.
— Não, O’Brian. Porque ele também acabou com todo o livre arbítrio. Acabou com a liberdade de expressão. Acabou com vários direitos humanos. Tudo acontece conforme a vontade dele. Quem desobedece, simplesmente desaparece desta realidade.
— Então, provavelmente não deve haver super-heróis nesta Terra? — pergunta o Arqueiro Verde
— Não, como não há presídios, bandidos, supervilões ou mesmo polícia. Por isso, após verem tudo que o Triunvirato fez, tenho certeza que posso contar com a ajuda de vocês para terminar com isso. Pensei em separá-los em três grupos. Cada grupo deve localizar o cubo cósmico de cada vilão e pedir para que a realidade retorne ao que era antes. Infelizmente, não poderei auxiliá-los em suas missões. O limbo, que criei, já está se desfazendo — Palmer aponta para um ponto, onde o imenso deserto branco começa a desaparecer. — Poderei transportá-los para cada um dos mundos. Mas, lembrem-se: se um dos grupos falhar, isto causará um desequilíbrio de forças cósmicas, que causará o fim do nosso Sistema Solar.
— Só uma pergunta, Eléktron: por que você me escolheu? — fala Tempest — Não sou nem fui membro da Liga.
— Você foi escolhido porque as relações entre Arthur e a Liga ainda estão estremecidas. Achei que você o substituiria à altura.
— Muito bem — fala Super-Homem — Como podemos nos dividir?
— Super, — fala Donna — eu gostaria de comandar o grupo que vai para a Terra de Zola.
— Donna, você tem certeza que suas emoções não atrapalharão o resultado da missão?
— Eu sou uma amazona, Super-Homem. Uma guerreira treinada. Sei controlar o que estou sentindo.
Clark Kent olha na direção de Batman e se surpreende com a concordância do Cavaleiro das Trevas.
— Então, ficará assim: Donna lidera o grupo que vai para a Terra de Zola, eu fico com o grupo que vai para o mundo de Turo e Batman, com o mundo do Pensador Louco. Garth e Wally acompanham Donna.
— Super, eu gostaria de ir com a Donna — fala Kyle Rayner.
— Não, Kyle — responde Batman — É melhor que você acompanhe Kal-El e o Caçador de Marte.
Contrariado, Kyle aceita.
— Então, nós dois vamos com você, Morcegão, atrás do Pensador Louco — fala Oliver Queen. — Você não acha que somos o grupo mais fraco?
— A batalha será travada em outro nível do que o físico, Queen.
O Arqueiro Verde fica sem entender, mas acompanha Batman junto com o Homem-Borracha.
— Obrigado, meus amigos — diz Eléktron.
Ele abre três portais, por onde cada grupo entra. Logo que o último justiceiro atravessa, os portais se fecham. O limbo aos poucos vai sumindo. Ray Palmer sente novamente o seu corpo se desfazer.
— Boa sorte. Que a Força esteja com vocês.
Palmer se permite esta última piada. E desaparece.
Próxima edição: A Terra do Passado.
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