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Por
Matheus Pacheco
So
take me home, don´t leave me alone
I´m not that good but I´m not that bad
No psycho killer, hooligan guerilla
I dream to riot, oh you should try it
I´ll eat parole, get cold card soul
Your joy of life is on a roll
And we´ll all be the same in the end
`Cause then you´re on your own
(On Your Own Blur)
Picos e Vales
Vários são
os poderes do alienígena azulado chamado Mikaal Thomas.
Tais características únicas lhe valeram a designação
de Starman pelo período em que foi o defensor da cidade
de Opal. Muito tempo depois, nem mesmo ele sabe as exatas medidas
que tais habilidades podem ter. Vitimado pela amnésia,
só agora começou a recuperar plena noção
das suas mais básicas características individuais.
Mas nada como uma prova de fogo para determinar a extensão
de tais habilidades. E é isso o que acontece quando ele
descobre não ser invulnerável a uma rajada de disparos
de uma submetralhadora...
Jennie Lynn-Hayden, voando pouco atrás de seu amigo, só
sai de seu transe de autopiedade quando um bolsão de uma
secreção de tons róseos atinge bruscamente
sua face, ao mesmo tempo em que um grito que cobre praticamente
todo o espectro da audição humana (talvez mais,
a julgar pelo desespero de todos os animais das imediações)
a deixa completamente desorientada por alguns segundos.
Pior para o agressor, que cai já morto ao chão com
sangue escorrendo de seus ouvidos.
"Não
faço idéia de local ou tempo. Não sei onde
ou quando estou. Sei apenas que me sinto estranhamente bem e calmo.
Mesmo sem tomar água há muito tempo (eu acho), não
sinto sede. Há dias (penso eu) que não como, mas
não tenho fome. Não durmo mais, mas estou em forma.
Tudo me parece perfeitamente óbvio, mas ao mesmo tempo
me sinto mais confuso que em toda a minha vida. Fisicamente minha
vida é uma incógnita, mas espiritualmente tudo é
perfeito. O que há aqui?
Já não é mais um coiote que me acompanha,
são dezenas. Todos ao horizonte, me observando calmamente
enquanto seguem meus passos. Acima de mim, um abutre solitário
vem junto nesta travessia.
Travessia? Mas o que diabos estou atravessando?"
Ao cair no chão,
Jennie já não pensa mais em sua dor tanto física
quanto psicológica mas apenas em encontrar e avaliar
o estado de saúde de seu companheiro.
Mikaal? Aonde você está?
Mikaal?
J.. Jen..?
Mikaal, como você está?
D.. dói.. Mas eu consigo... lut... lutar ainda.
De jeito nenhum. Por favor, junte
todas as suas forçar e voe para a cidade. Fale com Jim
e procurem um hospital não sei até onde pode
ajudar, mas...
Você t... tem certeza que ag... UNGH... agüenta?
Súbito, um enorme guerreiro Mech esmeralda forma-se em
volta de Jade, que não se priva de exibir um sorriso furtivo.
Deixe comigo. Mas por favor, mantenha-se
em segurança.
C... certo, Jennie. Cuide-se...
Deixe comigo, querido. Agora vá!
O ser azulado nem olha para trás, sabe que ficar apenas
traria mais peso ao já difícil trabalho da amiga.
Faz parte do conhecimento de um guerreiro saber a hora de avançar
e a hora de recuar.
"Muito... tempo...
caminhando.
Já não ag... agüento mais, pre... preciso descansar.
Pai... Mãe... Dave... Jennie... Eu... eu os amo... Desculpem
minha fraq... fraq..."
"Muito me preocupa
toda esta confusão. O futuro de Opal... da minha
Opal não pode ser comprometido por um acesso de raiva de
uma vagabunda esverdeada qualquer. Não, eu não deixarei
que meu futuro aliado suma sem mesmo ter aparecido.
Mas como impedi-la? Como frear o rompante de raiva de uma poderosíssima
meta-humana?
Somente seu amado, Jack Knight, poderia impedi-la. Mas já
há dias não consigo detectá-lo em parte alguma,
como se sua assinatura energética tivesse sido varrida
da face da terra. Será que morreu? Seria uma pena perdê-lo
sem que tenha tido oportunidade de avaliar todo o seu potencial.
Nem toda a minha concentração nas técnicas
que o velho Kame me ensinou tem me auxiliado a encontrar o rapaz.
Só pode ter morr... Knight?"
"Abro os olhos
novamente.
Apenas pisquei, mas acordo em outro lugar. Verde. Tudo é
verde à minha volta. Ao fundo ouço uma música.
Algo sobre guerras mundiais e airbags. Ao fundo ouço
uma música, que acaba por ser a trilha sonora do meu despertar."
In the next world war
in a jack knifed juggernaut,
I am born again.
In the neon sign,
scrolling up and down,
I am born again.
In an interstellar burst,
I am back to save the universe.
In a deep deep sleep,
of the innocent,
I am born again.
In a fast German car,
I'm amazed that I survived,
an airbag saved my life.
"Um airbag salvou minha vida. E eu nasci de novo...
À minha direita... Um vulto conhecido. Quem...?"
Shade?
Terra arrasada.
Essa é a única definição para o rastro
de destruição que o enorme construto esverdeado
deixa para trás em seu rompante de raiva.
Jennie Lynn-Hayden, heroína, filha do Lanterna Verde original,
esquece-se de todas as responsabilidades e implicações
que seus poderes trazem. Esquece-se de todas as regras do bom
senso que aprendera até agora. Esquece-se se é
que chegou a enxergar dos dois cadáveres que já
deixa para trás.
Seu objetivo está próximo, e à medida que
avança mais e mais obstáculos letais surgem em seu
caminho.
:: Notas do Autor
No início do texto, me apropriei das letras de On Your
Own, da banda britânica Blur, e no meio acabei usando algo
de Airbag, do Radiohead. Ambas são músicas que cabem
na minha mais alta recomendação.
Este texto foi escrito ao som do REM acústico deste ano
e é dedicado à memória de Christian Baarnard,
John Lee Hooker e aos mortos no estúpido ato de arrogância
acontecido no dia 11 em Manhattan.
Morte à intolerância e aos intolerantes, vida aos
inocentes que não devem pagar pela estupidez humana.
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