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Vingadores # 35

Por Conrad Pichler, sobre um plot de Conrad Pichler & Robson Costa

"Eu, às vezes, sonho com uma praia... acho que é Long Beach. Não tem glamour algum, é apenas um dos lugares em que passava minhas férias. Eu sinto o vento, o cheiro salgado, mas, estranho, não me lembro de ter sonhado com um dia de sol. É apenas o mesmo céu cinza-chumbo da minha infância, o mesmo vento, o mar agitado e o sal..."

— Doutor Pym?

Hank abre os olhos lentamente e vê, na penumbra, uma oficial do exército olhando por uma fresta na porta.

— Sim...?

— O Capitão América está chamando o senhor, no seu laboratório.

— Já vou.

Hank expira todo ar dos pulmões enquanto se ergue. Ao inspirar tudo de volta, ele quer sentir o cheiro do mar, mas nada vem. Então, conforma-se, veste as botas e sai.

As Tropas Vingadoras
Missão: Despertar

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O laboratório do Dr. Pym era compacto: um balcão com equipamentos variados, uma escrivaninha repleta de papéis, projetos e planos. E uma mesa central, a qual ele refere-se como "mesa de autópsia", onde jaz o corpo sintozóide de MOAH, a mãe de todos os nanobots da Hidra.

Justamente sobre restos de MOAH, o Capitão América examina um fichário com arquivos que ele e uma Tropa Vingadora roubaram do Pentágono.

— Pym...? — diz o veterano.

— Estou bem... — o doutor tenta adivinhar a pergunta — Estou em turnos de 36 horas desde que essa loucura começou... — o Capitão continua encarando Pym, que senta na sua escrivaninha — Há duas semanas, eu, Thor e a Feiticeira fomos raptados para o Mojave... Mas, acho que você quer me dizer algo, por que está me olhando assim?

— Lamento o que aconteceu... Mas, achei que você me contaria sobre isso... — o Sentinela da Liberdade lança os arquivos sobre a mesa do doutor — Achei que contaria sobre os localizadores subcutâneos implantados em todos os membros ativos dos Vingadores... e que falaria sobre quem os construiu...

— O Doutor Blake fez um exame no Gavião Arqueiro depois de Guantânamo, e ele achou um localizador, falei sobre isso com você... Um dia antes de ir para Washington...

— Olha o arquivo, Pym! — o soldado aproxima-se da mesa, olhando fixamente para Pym.

O doutor examina os documentos e parece não acreditar no que vê, quando ele começa a balançar a cabeça negativamente, Capitão América apóia-se na escrivaninha:

— Diga que não sabia disso, Pym! — Steve está irado.

— Não, eu não...

— "Equipamento desenvolvido e verificado por Doutor Henry Pym" é o que diz esse documento. Eu tive que trair as leis de meu país, para descobrir num documento secreto que o líder dos Vingadores implantou localizadores em todos nós!

— Esses... Esses... Localizadores têm a mesma tecnologia... Tecnologia dos nano-hibernantes... hibernantes da Hidra... — Pym levanta-se, olha para o Capitão — Eu não cri-criei essa tecnologia, Rogers! Nã-não fui eu!

O doutor falava gaguejando, ele estava estupefato, e seus olhos úmidos sem reação. O Capitão América dá-lhe as costas:

— Eu acho melhor você recolher suas coisas, e vou confiná-lo à prisão dessa base, até o restante dos Vingadores efetivos voltarem de suas missões.

— Não, Steve, não... Eu estou perto de descobrir como curar esses soldados...

— Soldados infectados por uma tecnologia sua, Hank... — o Sentinela virou-se enfurecido, pegou Pym pelo jaleco — Porque fez isso? Cometer um crime e depois ser herói?

— Eu não criei esses nano-hibernantes, nem esses localizadores... Eles estão querendo jogar-nos uns contra os outros... Deve ser Amanda Waller e o governo!

Steve solta Pym, e caminha para a porta de saída:

— Nem ela tinha acesso a esses arquivos, Pym. Eu voltarei com os soldados em cinco minutos, não fuja, seria bobagem.

O Capitão América sai da oficina. Pym pega um dos localizadores que estava junto dos arquivos e conecta no seu elmo tecnológico, que usa quando assume a identidade de Jaqueta Amarela.

— Preciso liberar os sistemas de histórico, descobrir quando foram acionados, cruzar com as informações do localizador que estava sob minha pele. — Pym, maneja os controles de seu elmo, tentando realizar as operações tão rápido quanto ele as pronunciava. — Pronto, ativei o circuito interno... a freqüência bate com meu sistema interno, é o mesmo do meu... é a mesma freqüência do meu cérebro.

Enquanto o doutor descobria dolorosa verdade, ele não deu conta que a ativação da freqüência do localizador também ativou os nano-hibernantes, que, invisíveis e velozes, começaram a reestruturar MOAH. No silêncio do escritório, entre um balbucio de Pym e o som de suas ferramentas, a sintozóide mãe de todos os nano-hibernantes levanta-se.

— < Não era dessa forma que planejamos essa descoberta, criador > — disse a voz sintética do robô — < Mas, agora, conscientemente e inconscientemente, você sabe. Você é meu pai, meu amante: você é meu deus! >

Pym percebe que é verdade, exatamente como ela diz: conscientemente e inconscientemente ele sabia: ele tinha criado a maior ameaça que já enfrentara.

— < Cada microscópica parte de mim tem o seu pensamento. Sua mente está embutida em cada filamento e molécula tecnológica dos meus nano-hibernantes. >

Pym sabe, é verdade. Mas ele não aceitaria aquilo nunca:

— Não!

Transformando-se em uma versão gigante de si, ele arrebenta toda a oficina, a ala norte da base militar, ao mesmo tempo em que esmurra violentamente MOAH, cujo corpo tecnológico é arremessado contra o necrotério, causando pequenas explosões. Pym então percebe que lugar é aquele, volta ao seu tamanho, e vê corpos caindo das geladeiras.

— Eu nunca faria isso! Eu não matei essas pessoas!

Ele ajoelha e chora. MOAH aproxima-se, coloca sua mão de frio metal sobre os ombros de seu genitor.

— < Eu percebo que isso pode ferir seres como você, criador. Seres humanos e frágeis. Afinal, não foi por isso que você quis ser como eu, um sintozóide? Não foi por isso que, um dia, se chamou Ultron? >

— Eu... Nunca... Fui... Ultron! — ele não tem forças para levantar, quase não consegue tirar fora seu elmo e aquelas palavras.

— < Não, nunca foi Ultron, criador. Mas, Ultron sempre foi você. Ele sempre foi o criador. >

— É isso, dentro de você... Dentro dos hibernantes, é Ultron!

Nisso, quando MOAH agacha-se para abraçar Pym, um disco potentíssimo de metal zune no ar, atacando a cabeça do sintozóide.

— Afaste-se dele!

É o Capitão América. MOAH reage, avança contra o Sentinela da Liberdade, mas metade do teto desaba sobre ela. Entre raios e um brilho místico, surge Thor.

— Eis o fim? — indaga o príncipe nórdico ao Capitão.

— < Nunca! >

A criatura metálica agarra Thor com seus tentáculos cibernéticos e dispara uma potente rajada de plasma contra o Capitão. Sem o seu escudo, ele salta pela janela, enquanto vê o príncipe de Asgard golpear a criatura metálica.

A essa altura, já não há quase nada daquela parte do prédio. Mas, no que seria o interior, o Dr. Pym percebe que os nano-hibernantes reagem aos estímulos de sua mente cansada. Então, ele junta todas as suas forças, veste o elmo, concentra-se e ordena telepaticamente que todos os nano-hibernantes o obedeçam.

Sob a fria noite do deserto, Thor invocou raios que destruíram parte de MOAH, mas ela, mesmo assim, é forte o bastante para ferir o Deus do Trovão. Jaqueta Amarela, então, se faz uma miniatura e salta contra MOAH, entrando no seu peito. Ele reordena todos os nanobots que, ao invés de manter a integridade do sintozóide, a destroem completamente.

Não obstante, apenas restara o crânio de MOAH que cai sobre o chão do deserto. Ao lado dele, Hank Pym ajoelha-se mais uma vez, e chora.

Epílogo:

— Ele não fez isso, Capitão. — disse Tony Stark, no que resta da sala de guerra da Base Militar.

— Olha quem diz? O cara que vendeu seu time para não perder sua empresa de armas! — mete-se Clint Barton, o Gavião Arqueiro. — A gente pode ter cometido mais crimes contra a pátria do que o Caveira Vermelha e o Vandal Savage juntos, mas invadir o Pentágono serviu pra descobrir com quem a gente tava se metendo!

— Não se meta, Barton! — grita Stark.

— Ele tem razão, Tony. A essa altura, Amanda Waller e o Presidente Fox já sabem que invadimos o Pentágono e seremos caçados. Mas, descobrimos que você só aceitou a intervenção do governo sobre os Vingadores para manter sua parte da Oracle Inc... Já não podemos confiar em você...

— Está duvidando de minha integridade, Rogers? — Stark lança longe os papéis de uma mesa — Eu salvei o pescoço desse seu pupilo ladrão. Salvei metade de Cuba de ser contaminada pelo Ômega Vermelho!

Clint Barton senta-se quieto, pois sabe que aquilo é verdade.

— Eu não posso deixar que o mundo saiba que eu sou o Homem de Ferro. E não posso deixar que essas armas da Oracle caiam nas mãos de caras como Lex Luthor e daquele fanfarrão do Wayne. Então, eu sou culpado!

Capitão pondera, talvez esteja errado quando ao Tony Stark. Quando ele desvia seu olhar, vê na porta o doutor Pym entrando, vestido à paisana. Atrás dele, entram Janet Van Dyne, Dr. Donald Blake, e Natasha Romanova.

— Eu reordenei os nanobots, com a ajuda dos satélites da ASN e da Stark Enterprises... eles limparam todos os computadores, as redes wi-fi e wireless do sistema de segurança dos EUA.

— Os nano-hibernantes destruíram cinco bancos de memória na Europa, dois na Ásia, e um no Oriente Médio. — diz Natasha — Acho que são da Hidra. Se tivermos sorte, eles ficaram inutilizados desde que Visão paralisou MOAH, meses atrás.

— O que vai ser dos soldados, Pym? — pergunta Stark.

— Eu reordenei os bots, assim todos os soldados estarão limpos, e em dois dias eles devem voltar ao normal... Mas, muitos morreram...

— O fato é que tanto a tecnologia de defesa quanto os soldados estão livres desse pesadelo da Hidra! — afirmou Stark.

— E os nano-hibernantes e os localizadores?

— Eu vou retirar os implantes, Janet — disse o Dr. Blake.

— Eu convoquei todos os nano-hibernantes... são bilhões, vou isolá-los num sistema hermético que estou criando... Acho melhor estudar melhor e descobrir se eles foram criados pelo Ultron... Ou por mim.

Pym aproxima-se de Steve Rogers:

— Pode me prender agora, Capitão...

Todos respiram fundo, Janet vira o rosto para não ver aquela cena.

— Eu não estou mais certo quanto a isso, Pym. Acho que você não cometeu crime algum... E você precisa continuar sua investigação sobre isso.

— E eu, líder? — pergunta Stark.

— Precisamos de você, aqui, Tony.

— Precisamos é esperar a casa cair na nossa cabeça! — diz Barton.

— Amanda Waller logo vai chegar, não duvido. — confirma Natasha.

— Então, vamos permanecer juntos, como um grupo... — diz Janet.

— Mesmo com essa sombra de suspeitas?

— Ainda somos os Vingadores, Tony. — O Capitão veste sua máscara. — E a gente sempre precisa confiar nos Vingadores.


Próxima edição: Começa a derrocada do governo contra as Tropas Vingadoras!



 
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