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Vingadores # 42

Por Robson Costa

Sejam Bem-Vindos à Igreja de Thor!

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— Muito bem, senhora Lieber — fala o doutor Donald Blake, entregando os exames à paciente. — Está tudo certo com os seus exames. A sua saúde é de ferro.

— Oh, muito obrigada, Dr. Blake. Sabe? Fiquei muito feliz quando soube que voltou a clinicar. Não me dei bem com o seu substituto. Aí, quando fiquei sabendo que o senhor havia retornado à cidade... Nossa! Que alegria!

— Eu que agradeço a pacientes como a senhora. Fiquei muito tempo longe e estou tendo que retornar aos poucos...

— Ah, mas, logo, logo, todos os seus pacientes estarão de volta. E quanto à sua enfermeira, a senhorita Foster? Ela também vai voltar?

Um breve momento de silêncio interrompe a alegra conversa, mas logo Blake desconversa:

— Infelizmente, ela está casada e está trabalhando como médica em outra cidade.

— Ah, que pena! Ela era tão boazinha! Mas a substituta também é muito simpática.

Blake agradece a Odin o fim daquela conversa intrometida quando a senhora Lieber se despede e passa para ante-sala para marcar a próxima consulta. Após arrumar o seu consultório, Blake veste o seu paletó, pega a sua maleta e a sua bengala. Apaga as luzes e tranca o consultório.

— Não há mais pacientes por hoje, certo, senhorita Kirby? — pergunta o médico à sua assistente.

— Não, Doutor. A senhora Lieber foi a última de hoje. O senhor vai agora para a Mansão dos Vingadores?

— Sim. A chamada deles perdia certa urgência. Ainda bem que deu para atender a todos os pacientes antes.

— Então, até amanhã, Dr. Blake.

— Até amanhã.

No momento em que colocava a mão na maçaneta da porta de saída, uma notícia, que passava no aparelho de televisão da sala de espera, chama a atenção de Donald Blake:

— A polícia está tendo alguma dificuldade para conter os curiosos e também os fiéis da Igreja de Thor que se posicionaram na frente da Mansão dos Vingadores. Até o momento, nem o grupo nem Thor se manifestaram sobre este novo culto que...

"Igreja de Thor?! Como? O que significa isso?" — se pergunta Donald Blake, enquanto alcança o topo do prédio onde está o seu consultório, subindo a escadaria de incêndio a largas passadas. — "O que estariam pensando os Vingadores? E meu Pai?"

No telhado, Blake bate a sua bengala no piso e um relâmpago corta os céus e atinge o médico. No seu lugar, surge Thor, o Deus do Trovão, que lança o seu martelo mágico, o Mjolnir, e sai voando na direção da Mansão dos Vingadores.

Asgard

Loki toma um gole de vinho enquanto observa, interessado, a multidão de fiéis da Igreja de Thor por um espelho mágico. O Deus das Trapaças sabe que o seu meio-irmão nunca apoiaria tais manifestações, mas faz muito tempo que um mortal não canta e ora para os deuses de Asgard. Há quanto tempo Thor luta ao lado dos heróis de Midgard e nunca houve qualquer manifestação de fé, por parte dos humanos? E agora do nada, surge um culto novo para Thor. De repente, Loki fica curioso em saber o que Odin estaria achando de tudo isso.

— Gostaria de ser uma mosca para ter este conhecimento. Mas, por que não?

Loki recita palavras de um idioma morto e, no mesmo instante, se transforma em uma mosca. O inseto sai voando pelas janelas do castelo de Loki e parte na direção de Asgard. Apesar de pequeno, Loki voa mais rápido que qualquer inseto e logo, adentra o castelo de Odin. Despercebido por todos, ele chega ao salão do trono, onde Odin, Sif, Balder e o Vizir contemplam nas águas de uma fonte mística a multidão que se formou em torno da Mansão dos Vingadores.

— Senhor, — fala Sif — Thor nunca incentivaria tal blasfêmia.

— Thor é como um irmão para mim, Milorde, e tomo como minhas as palavras proferidas pela deusa Sif.

Odin nada fala. Deixa a beira da fonte mística e encaminha para o seu trono, onde senta. Os seus corvos Hugin e Munin pousam nos seus ombros e passam a informá-lo sobre tudo o que viram.

— Então, meu senhor, — pergunta o Vizir, se aproximando — qual é a sua decisão?

— Sinto que este culto é uma cilada armada contra o meu filho.

— Mas quem será o autor de tal infâmia? — pergunta Balder, desembainhando sua espada — Será Loki, o Trapaceiro?

— Não. Desta vez, não sinto o dedo do meu filho adotivo neste engodo. Balder, vós descerás a Midgard, disfarçado, e investigais o responsável por tal perfídia. Este culto poderá abalar a paz entre os reinos sagrados e muitos panteões concluirão que Asgard deseja conquistar a Terra.

— Sim, Milorde. Partirei imediatamente — Balder inclina-se e sai rapidamente em busca do seu cavalo.

Munin olha para uma das paredes e fica encarando Loki, ainda na sua forma de mosca. Antes que o corvo fizesse qualquer alarido, Loki parte e logo retorna ao seu castelo.

— Esta situação tornar-se-á muito lucrativa para mim. — e, a um gesto das suas mãos, ele desaparece.

Mansão dos Vingadores

Thor observa tudo do alto, escondido entre as nuvens. Ele acha que, ao vê-lo, a multidão poderia se descontrolar, após os esforços da polícia. Thor gira o Mjolnir e mais nuvens vão surgindo, permitindo que, por fim, ele possa entrar por uma das janelas do andar superior da mansão.

Dentro da Mansão, porém a situação também não está calma. Gavião Arqueiro e Vespa olham pela janela a multidão. Capitão América e Homem de Ferro esperam ansiosamente a chegada de Thor, em busca de explicações. A Feiticeira Escarlate surge na sala.

— Alguma notícia do Dr. Blake? Já faz muito tempo que o chamei.

— Estou aqui, senhorita Maximoff — fala Donald Blake. — Desculpe-me se a fiz esperar, mas tive que entrar escondido da multidão. E, — apontando para Steve Rogers e Tony Stark — darei as explicações que vocês desejam, mas primeiro, tenho que atender a minha paciente.

— Por aqui, Doutor — e Wanda Maximoff e Donald Blake deixam a sala, em direção da enfermaria onde está Agatha Harkness.

— O que você acha, Homem de Ferro? — pergunta Clint Barton.

— Não sei, Gavião. Thor explicará tudo para nós.

— Mais uma caneca da sua melhor cerveja, meu bom homem — pede Hércules, enquanto disputa um braço de ferro com cinco marinheiros ao mesmo tempo. — Esta disputa me deixou sedento, mas nem como exercício está servindo.

O dono do bar deixa a maior jarra do seu estabelecimento cheia de cerveja na mesa ocupada pelo deus grego da força. Hércules pega a jarra com a mão esquerda e, enquanto bebe, encerra o braço de ferro, fazendo um movimento que lança os seus competidores em cima de uma mesa de sinuca.

— E aí, Hércules? — pergunta um homem, que se aproxima da mesa do deus — O que você está achando desta confusão lá na Mansão? — e aponta para a televisão do bar que noticia sobre a Igreja de Thor.

— São seres de pouca inteligência. Meu amigo Thor, o Príncipe de Asgard, não aprovaria tal manifestação. Esta semana, adoram Thor. Em outra, dançam nus para Hécate. São seres desesperados e fracos, que trocam de deuses, como a minha amiga Vespa troca de uniforme.

— Será, Hércules? Não é o que andei escutando por aí...

Hércules levanta-se abruptamente e agarra o seu interlocutor pela gola da camisa.

— E o que escutais por aí?

— Bom... Eu ouvi que escolheram Thor por suas atitudes, seus exemplos, e que, ele nunca ficaria em um bar de quinta categoria, bebendo uma cerveja que mais parece um mijo e...

Hércules solta um berro e lança o estranho longe.

— Eu sou o Leão do Olimpo! O Deus da Força! Filho de Zeus! Mereço respeito e consideração como Thor. Não posso ser comparado a entidades, como Pan. Estes mortais necessitam de uma lição de respeito e eu a ministrarei agora.

Tomado pela fúria, Hércules sai do bar, destruindo a porta no caminho. Os demais presentes olham boquiabertos o rastro de destruição. O interlocutor aproveita a confusão e sai por uma porta lateral que dá para um beco. Lá, ele gargalha e, aos poucos, vai assumindo o semblante de Loki.

— Hércules, tu és uma besta tão grande, que não precisei utilizar muito do meu feitiço para enfurecê-lo. Agora, continuaremos com a segunda parte do meu plano — e o Loki transforma em um besouro e parte na direção da Mansão dos Vingadores.

— Agora eu posso esclarecer as suas dúvidas, meus amigos — fala Donald Blake, retornando à sala onde se encontram os vingadores.

Blake bate a sua bengala e Thor surge no seu lugar.

— Ao assistir o noticiário, antes de vir para cá, sabia que deveria esclarecê-los, meus amigos. Porém, como vós, não sei nada sobre este culto em meu nome. Fui tomado pela surpresa tanto quanto vós.

— Então, ficamos na mesma situação — fala o Gavião Arqueiro.

— Sim, mas, agora, com a presença de Thor, podemos acabar com toda esta confusão em nossas portas — fala o Homem de Ferro. — Tenho certeza que você não apóia nem incentiva tal culto.

— Estás certo, companheiro de batalhas. Thor é um guerreiro e, não um objeto de culto. Além do mais, a existência de tal Igreja pode causar graves distensões entre Asgard e os outros panteões de divindades.

— Jarvis, — fala Tony Stark — prepare tudo para o pronunciamento de Thor.

— Sim, senhor Homem de Ferro.

— E como está a senhora Harkness? — pergunta Capitão América.

— Está bem. Foi mais um susto. Blake fez os curativos. Logo, logo, ela despertará. A Feiticeira Escarlate está mais tranqüila e resolveu ficar ao lado da sua tutora, até ela acordar.

— É melhor. Não precisaremos da presença dela. Agora vamos encerrar esta história, amigo.

Capitão toca amigavelmente o braço de Thor que responde da mesma forma. Os dois então se encaminham para a porta da frente da mansão, sendo seguidos pelos outros vingadores. Quando a porta se abre, uma seqüência de flashes estoura de todos os lados. O Homem de Ferro toma a frente do grupo e dirige-se ao púlpito preparado por Jarvis.

— Boa tarde, senhores. Os Vingadores estão aqui para esclarecer sobre tudo que está ocorrendo. Conosco está Thor, o Deus do Trovão. Por favor, Thor.

Uma nova seqüência de flashes acontece, enquanto Thor toma o lugar do púlpito. Ele ergue a sua mão direita e os flashes cessam. Os repórteres esticam os seus microfones, gravadores e celulares na direção do deus nórdico.

— Nós, deuses nórdicos, já tivemos nossos adoradores mortais em Midgard há muito tempo — discursa Thor. — Mas, agora sabemos que, o maior benefício que podemos conceder a todos os homens, não é impor-lhes um culto e, sim, o livre arbítrio. Vós sois capazes de guiar vossas existências em Midgard, sem que um deus exija ou imponha algo. Falando sobre minha pessoa, não incentivo nem apóio a criação de qualquer culto ou igreja, idolatrando-me. Sou apenas...

— Thor! — grita Hércules, abrindo caminho entre a imprensa e a multidão — Precisamos conversar!

— Essa não! — fala Homem de Ferro para Capitão América. Steve Rogers levanta e vai em direção do enfurecido deus.

— Então, resolvestes aceitar a adoração destes ignóbeis mortais! Custei acreditar no que vi e no que me disseram.

— Hércules, — fala Capitão América, segurando o braço do amigo — venha comigo e tudo será esclarecido.

— Então, não é apenas Thor que está envolvido nesta infâmia, mas todos os Vingadores também.

Hércules lança Capitão América longe, com o movimento do seu braço. Tocha Humana voa e apara a queda de Steve Rogers. As pessoas fogem apavoradas com a violência e a fúria que tomam conta de Hércules. Thor toma a frente e ergue o Mjolnir.

— Não sei o que aconteceu contigo, Hércules, para agir desta forma contra um dos seus amigos. Não sei a que mentiras escutastes, nem que ilusões vistes, para chegares a esta conclusão. Mas, tenhas certeza em um ponto: colocarei juízo em tua cabeça, nem que para isso tenha que abri-la com o Mjolnir. — e Thor salta em cima do deus grego.

Em uma árvore, Loki, na forma de um gato, observa a luta entre os dois deuses.

— Tudo está transcorrendo como eu planejei.


Na próxima edição: Thor versus Hércules! Loki! Balder! E a descoberta de quem está por trás da Igreja de Thor.




 
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