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Por
Dell Freire
O
Prisioneiro da Figueira
Parte III - No Inferno
"Meu corpo está
completamente ensopado; tiro o maço molhado de cigarro
e inutilmente solto um palavrão, fitando-o. Em seguida,
olho para a direita: vejo Goddfrey tremendo, não de frio,
mas de medo. Me pergunto se Patrick Leight sabia o que estava
fazendo quando o chamou. Eu estendo a mão e tento segurar
infantilmente as gotas. Eu provo o que vem da chuva e faço
uma careta. É mijo. Realmente acho que cheguei aonde queria...
"À minha esquerda está o Deus do Trovão...
Isso mesmo... Thor, o filho todo-poderoso de Odin, dando uma mãozinha
ao filho mais podre da senhora Constantine..."
Senhores,
sabeis que passos estão prestes a dar? Sabeis que entrada
é esta? ele aponta com seu martelo encantado em direção
a um portão gigantesco, enferrujado e com algumas gárgulas
sobrevoando o ambiente. Estive aqui mais vezes do que o necessário
e conheço sua geografia com lamentável familiaridade...
Esse local macabro é formado de platôs circulares
concêntricos, chamados de círculos.
Ele caminha
em meio à vegetação espessa e a torrencial
chuva de urina, seguido por John Constantine e Goddfrey.
Existem muros
fortificados que dividem a cavidade em duas regiões bem
delimitadas. A cidade de Dite, dentro dos muros, é formada
por quatro círculos inferiores. Fora de Dite está
o Anteinferno e os primeiros cinco círculos que estão
prestes a conhecer. Os círculos externos à cidade
são simples; os internos são complexos, subdivididos
em outros círculos. Os seus rios infernais correm dois
dentro e dois fora dos muros.
Não era assim da última vez que vim aqui... observa Constantine.
Thor pára,
encarando Constantine.
Mago, se
preza essa denominação que os mortais te deram,
bem sabes que a chama mágica que forja essa cidade é
maleável de acordo com o desejo de seu soberano e que,
mesmo o demônio que vemos, é apenas uma pequena manifestação
de nossos medos mais íntimos. A minha dor não é
igual a sua dor, mago. Portanto, o meu Inferno não é
igual ao seu Inferno. Mas agora vão... Assim que passarem
pelo portal, estarão à mercê das tramas de
Mefisto. E cabe a mim apenas retornar no ato final.
A despedida
é breve, com apenas tempo de trocarem palavras mágicas
que servirão como uma senha para Thor voltar e levá-los
de volta à Terra. No meio da vegetação o
Deus Nórdico desaparece e surge em seu lugar a figura de
um homem grisalho, tocando uma música bem antiga em seu
violão. Ele canta, sua poesia falando de viajantes que
imigram para uma terra desconhecida; sem saber se voltarão,
eles têm apenas a chama da dúvida em seu peito. Quando
a música acaba, Constantine olha para o violeiro e pergunta
seu nome. O velho violeiro abandona as cordas e sorri:
Meu nome
é Roy Harper, viajante.
Constantine
retribui o sorriso com uma pitada de deboche.
Conheço
alguém com esse nome... Um desses pervertidos fantasiados.
Ele usa arco e flecha e algumas vezes o chamam de Ricardito ou
de Arsenal.
Mera coincidência, viajante. Minhas armas são o
folk e o blues, minha defesa é a poesia ácida. Sou
um músico que tocou lado a lado com Jimmy Page e já
fui homenageado por gente do porte de Pink Floyd e Led Zeppelin.
Não me conhece?
Não, não...
Já tive como morada um manicômio judiciário...
Já tivemos a mesma morada, então... relembra
Constantine, um pouco melancólico. Gosto de sua música...
Espero revê-lo em breve.
Mas é claro que verá, viajante. Tenha sempre em
mente que a força de um demônio reside na mesma morada
que a do homem. Boa viagem. Harper os abandona, cantando sua
música para os viajantes e tocando seu violão com
velhos dedos ágeis. Um talento que era um dom divino em
profundo contraste com o Inferno.

"... e é
claro, a cabeça. Mas de forma alguma devem escolher alguém
que tenha morrido assassinado. Qualquer tipo de dano físico
é inaceitável, compreenderam bem? Inaceitável!"
Como um eco,
as últimas palavras de Patrick Leight ressoam na cabeça
de Chas, enquanto ele dirige o furgão em que irá
transportar o cadáver. Bobby, quieta ao seu lado, olhando
para fora da janela, também está perdida em seus
pensamentos. Estão a alguns minutos do cemitério
mais próximo.
Bobby...
ei, garota, não fique assim. Ele acaricia gentilmente
os cabelos louros dela, que encolhe o corpo um pouquinho. Está
tudo bem?
Ela vira-se
com violência para ele, soltando os olhos faiscando de uma
raiva profunda.
Oh, Chas...
Estou humilhada, sendo manipulada, fiz parte de uma orgia sem
saber se era eu quem estava no controle de meu corpo... Vamos
roubar um cadáver... E você ainda me pergunta se
estou bem? Vá à merda!
Chas pisa no
freio.
Escute aqui,
garota. Não pense que estou me divertindo. Se estou nessa
é para tentar tirar um velho amigo de uma enrascada, entendeu.
Apenas isso. Agora, por favor, acalme-se ou você vai por
tudo a perder.
Que coragem a sua chamar John de amigo Não sei se ele
faria o mesmo por mim ou por você, a quem conhece há
mais tempo. Já imaginou isso, Chas? Já imaginou
se esse seu "amigo" só esteve te manipulando
esse tempo todo, da mesma forma que fomos manipulados em Black
Mountain? Será que isso é amizade?
As mãos
de Chas começam a apertar o volante de forma violenta,
cerrando ligeiramente os dentes. Ele volta a dirigir, sem querer
responder a mulher ao seu lado.

Tem medo de cães,
God?
O jovem Goddfrey
ainda está tremendo, enquanto ambos estão à
beira de um rio. Ele não responde a Constantine. A área
em que estão agora, depois de passarem pela selva escura
e adentrarem o portão, se chama Anteinferno, uma espécie
de sala de espera. Lá estão as almas que desejam
atravessar o rio Aqueronte, que dá acesso aos nove círculos
inferiores. É a terra dos espíritos mornos, aqueles
que não fizeram nem bem nem mal e passaram pela terra sem
deixar nenhuma marca negativa ou positiva.
Demônios
são iguais a cães, God. Se perceberem o mínimo
de medo de sua parte, o atacam.
Alguns espíritos
correm enquanto Constantine conversa com Goddfrey. Esses espíritos
são atormentados por demônios em forma de vespas
e moscas; outros estão grudados neles, com a aparência
de vermes.
Não
olhe para trás. avisa Constantine. Não se importe
com os gritos e com o som de correria. Não se importe,
garoto. Senão eles virão atrás de nós.
Deixe-os fazer seus serviços. Pois é apenas isso
para eles. Como os cães, os demônios atacam para
satisfazer sua natureza, seu instinto.
O barqueiro
de nome Caronte surge, deslizando delicadamente pelas águas
com sua embarcação. Caronte usa um capuz que deixa
apenas ver suas velhas barbas brancas e seus olhos em brasa.
Por favor,
senhores... queiram embarcar. Mefisto os espera ansioso para ser
o melhor dos anfitriões. Hoje é um dia de celebração
nesta casa.
As águas
do Inferno se mostram calmas e levam os aventureiros para o outro
lado do rio. Caronte em pé, Constantine e Goddfrey sentados.
Atrás deles, os demônios continuam os ataques aos
mornos de coração que nada trouxeram ao mundo terreno.
Entre estes está um alucinado Pilatos, que tenta a todo
custo se livrar das vespas, moscas e vermes inutilmente; seu espírito,
em agonia eterna, revira-se e começa a estapear os insetos
inutilmente.

As mãos de
Chas estapeiam os mosquitos que estão lhe perseguindo.
Enquanto caminha dentro do cemitério segurando uma lanterna
com uma mão, com a outra continua a estapear os mosquitos
que estão incomodando. Enquanto ele solta um palavrão,
a moça pára um instante, escorando-se em um túmulo.
Não se conforma em ter se envolvido nesta loucura. Apenas
a presença de Chas a conforta. Um homem que a acolheu,
uma americana do interior, uma caipira, recém-chegada em
Londres. Naquele momento de solidão, ele foi como um pai
para ela e entre os dois criou-se um clima de amizade e dentro
do coração de Bobby algo mais forte parecia querer
surgir. Ela escorrega devagarzinho pro chão, chamando-o
com a mão. Chas obedece, ficando ao seu lado.
Eu estou
aqui apenas por sua causa, entendeu, Chas? Por sua causa...
Por mais ninguém.
Ela encolhe
o corpo, fazendo apoiando o queixo sobre os joelhos, igual a uma
menininha.
Desculpe
o descontrole no furgão. Mas isso tudo me assusta.
A mim também, garota...
Ela não
chora, o aperta forte, ele se tornando o que sempre foi: seu anjo
da guarda. As mãos estão unidas, os rostos um pouco
afastados, querendo e não querendo se aproximar em um beijo
que os tornaria diferentes, os tornaria amantes.
Há
muito tempo venho amando você, Chas. O beijo é
inevitável, unindo-os. Ambos não percebem a sutil
abertura de alguns túmulos. As tampas deslizam sem que
nenhuma mão humana contribua para isso. Enquanto o casal
adormece no sono perigoso da paixão, os mortos despertam
com destreza e um silêncio premeditado.

Não se encontram
chamas ou pequenos demônios amarelo-vômito dentro
do Primeiro Círculo, também conhecido como Limbo.
Nele reina a mais demoníaca paz; uma paz que causa melancolia
e sofrimento aos que estão lá dentro, como estão
Constantine e Goddfrey em sua travessia. A paz e a melancolia
são a condenação dos não batizados.
No meio da estrada infernal, já se retirando do Limbo,
encaminham-se para o Segundo Círculo, em que estão
os luxuriosos. Um dos maiores demônios que Constantine já
viu, vigia o local. Seu nome é Minos e sua cauda descreve
tantos giros quantos se tornam necessários para perfazer
o número de Círculos do Inferno. Em seu ambiente,
estão casais apaixonados em tórridas cenas de romance,
súcubos e íncubos que apaixonadamente torturam e
seduzem os que foram condenados a essa região. Constantine
se senta em uma pedra, seguido por Goddfrey.
Você não me disse que teríamos que andar
tanto até acharmos o espírito de Amadeus Carpenter.
Estou começando a me arrepender por ter vindo.
Ah, não... Não diga isso, caro Constantine. Você
é uma peça fundamental para os planos que estão
em jogo.
E você, Goddfrey? Qual o seu papel nisso tudo?
Quer mesmo saber, John? Sua voz soa mais áspera e firme,
sua respiração mais compassada e os olhos ligeiramente
faiscantes. Goddfrey, que parece ter unhas mais compridas do que
Constantine reparara antes, as usa para cortar a pele bem ao centro
de sua cabeça. Ele mantém os olhos fixo em John,
que não se intimida. Goddfrey vai recortadando sua pele
exatamente ao meio, enquanto, dentro dela vai surgindo outra figura;
o gesto assemelha-se a um coelho saindo de uma cartola. Cabeleira
imensa, os olhos faiscantes e o sorriso maléfico não
deixam dúvidas.
Muito prazer, eu sou Mefisto. Ele abre a capa esvoaçante
com exagero e soberba.
Constantine não contém a gargalhada, ri alto, quase
se dobrando. A reação de Mefisto é de surpresa.
Mas o que é isso? ele põe a mão no queixo.
Ah, já começo a entender. É o medo, a loucura
chegando dentro do corpo deste pobre mortal. Eu bem sabia que
o peso de ver a minha forma seria um choque.
Não é nada disso. John Constantine se recompõe
e, sem se levantar, ainda rindo um pouco. Acho isso tudo muito
divertido, o fogo, as encenações, as almas torturadas...
E agora, aparece você, do nada, despindo-se da pele de um
mortal; surgindo como uma drag-queen fracassada e velha...
Mefisto, a Rainha do Inferno.
Os olhos de Mefisto literalmente faíscam; suas mãos
voam o mais rápido possível no pescoço de
Constantine. A pressão é grande, quase sufocando-o.
Não ouse debochar de mim, mortal. Já enfrentei
deuses e seres mais poderosos e honrados que você, cuja
alma já fiz o impossível para obter. A sua não
vale um grama se comparada a elas.
Ele solta o homem, afastando-se e encarando-o. Constantine massageia
o pescoço. "Filho da puta. Você vai ter o troco
por esta, seu desgraçado."
Saiba que é o mais bem vindo dos mortais que já
pisaram neste reino com vida. Sua falta de educação
e impertinência são conhecidos por mim. Não
me ofendem. Mas não posso deixar passar em branco.
Com um estalo surge um trono, ele senta-se, quase que entediado.
Vamos aos negócios... Com uma mão no queixo,
a outra começa a fazer movimentos circulares, trazendo
uma nuvem em que surgem imagens. Aí está sua querida
Anne... E, como vê, está bem e ainda grávida.
Percebo que chegou a imaginar que aquele feto que encontrou na
sua mesa de jantar era de seu filho... Não, não
era. Eles pegaram algum bem novinho em uma clínica de aborto.
Eficiente? Sim. Deselegante? Com certeza... As imagens começam
a girar, partindo para outro território.
Vê? Aí estão seus amigos, Chas e Bobby.
Um beijo apaixonado. Quão óbvio... A cena me remete
a folhetins de quinta categoria. Mas, assim é a realidade.
Nada de dúvidas humanas existenciais, como Sartre gostaria;
mas muito sexo, sangue e suor derramados, como em um pulp fiction
erótico. um desperdício inútil de fluídos.
Ele sorri. As tumbas estão se mexendo... Acho que o
local está infestado de zumbis. O que será que vai
acontecer, John?
Constantine balança os ombros, indiferente.
Vamos aguardar os próximos capítulos desse folhetim,
não é mesmo? Nada de ansiedade antes do tempo.
Novamente as imagens vão se alterando, mudando continuamente.
Veja, o nosso amigo Thor. Descansando sobre uma figueira com
os frutos mais doces já existentes na Terra. Ele se farta...
Delicia-se mais do que quando está com os seios da bela
Sif nos lábios. Mefisto quase delira, imaginando a amada
do Thor em sua nudez.
Constantine faz um gesto com as mãos pedindo para que o
demônio se apresse.
Desculpe, meu futuro general, desculpe. Mas voltemos a esta
cena repleta de grande ironia! Thor, descansando e se fartando
do fruto que é o mais delicioso para os Iluminados. Aguardando
o seu chamado, a sua senha para leva-lo de volta à Terra.
Hmm...
Mefisto. Você sabe que vim libertar Amadeus Carpenter.
Sabe o que eu vim fazer aqui. Sabia todo o tempo, infiltrado naquela
seita.
Sim, é verdade. Não podia ficar parado, vendo
um mortal idiota estragar os meus planos de conquista. Patrick
Leight e seu grupo de bruxos são inúteis para mim;
mas Amadeus Carpenter não. Ele é poderoso. Forte.
Um dos espíritos mais malignos que tenho em mãos.
Será meu general; por isso, aprisionei o espírito
dele naquela figueira. O sorriso de Mefisto fica enorme, seu
dedo apontando com firmeza para Constantine.
E você também, John Constantine. Preciso de uma
centena de magos da melhor estirpe para governar minha legião
de demônios. Quero você como meu general. Por isso
não interrompi os planos de Leight para salvar Carpenter.
Eles me trariam a você!
Ele se levanta do trono, aproximando-se de Constantine com extrema
gentileza. Põe a mão no ombro dele, sussurrando
em seus ouvidos as mais doces promessas, diz tudo o que John Constantine
sempre desejou possuir, indo buscar fundo nele velhos sonhos apagados
de sua infância até os mais recentes. Rigorosamente
todos os seus anseios e expectativas são prometidas por
Mefisto; com um estalo de dedos, ele teria tudo que quisesse.
E quem quisesse.
Não seria delicioso? O braço de Mefisto envolve
a cintura de Constantine, em um gesto rápido, puxando-o
para si. O corpo de Mefisto toma a forma de Kit, sua paixão
perdida.
John, por favor, aceite. Diz a voz de Kit. Por nós
dois.
Surpreso e deliciado, Constantine abraça a figura com força.
Começa a fazer uma pequena carícia em seu rosto.
Kit... Eu... não sei o que...
Aceite Johnny. Aceite. Sinta meu corpo.
As mãos de Constantine ficam entre a excitação
e a hesitação. Seu toque desce do rosto, passando
pelo contorno de seu corpo, sua cintura, chegando até as
pernas que tanto o receberam bem. Ele fica meio que hipnotizado.
Segura com força a perna de Kit, erguendo seu vestido branco.
De repente, surge uma voz em sua cabeça.
"Tenha
sempre em mente que a força de um demônio reside
na mesma morada que a do homem..."
Constantine
coloca mão por debaixo do vestido de Kit. Pressiona com
extrema força, mais do que ele imaginava poder ter. Kit
dá um berro; Mefisto perde o controle da metamorfose, seu
corpo oscilando entre as três formas que adotara (a sua,
Goddfrey e Kit) devido a dor que sente. Constantine pressiona
ainda mais os testículos de Mefisto, que berra em agonia.
Agora é
a sua vez de ouvir, filho da puta. Imagine a cena, sem nenhuma
nuvenzinha idiota. Eu, nu, estirado em uma cama, olhando pro teto,
a TV já fora dor ar, totalmente chapado de cerveja, duas
mulheres completamente nuas e tão chapadas quanto eu na
mesma cama. Sexo. Amor. Foda. Relaxamento. Coisa que eu não
estou conseguindo por sua causa e uma dezena de bichas que te
adoram lá na Terra. Está me ouvindo?
Ele aperta
ainda mais; Mefisto balança a cabeça afirmativamente,
humilhado.
Uma última
coisa... Eu vou revirar esse local, vou botar de cabeça
pra baixo, vou pegar qualquer arma sua e vou botar aquela porra
da figueira abaixo e libertar Carpenter. Ponto final.
Ele solta o
demônio que cai de lado, ainda gemendo. Constantine começa
a correr, encaminhando-se para outro Círculo. Esbarra em
um homem e seu violão. Ambos se reconhecem. Como agradecimento,
Constantine faz uma reverência, como se tirasse um chapéu
imaginário para Roy Harper. Harper sorri, observando John
Constantine correr.
Corra, Johhny.
Corra. Você tem um Satanás furioso em seu calcanhar.
A boca seca, a pele
em brasa, as mãos furiosas agarram o monte de areia do
chão; nunca ele sofrera tamanha humilhação.
Mefisto se levanta, berrando. Nesse momento, as hordas do Inferno
só têm uma missão: ir atrás de John
Constantine.
:: Notas do Autor
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