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Liga da Justiça # 08

Por Fernando Lopes

O Gosto Amargo da Vitória

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— Está melhor, Oráculo?

Eléktron olha com preocupação para a moça na cadeira de rodas, mas não se deixa enganar pela falsa imagem de fragilidade que um observador desavisado poderia fazer de Bárbara Gordon à primeira vista. Ainda que não seja mais a Batgirl, à sua frente está uma heroína, na acepção mais pura da palavra. E ele sabe disso.

— Sim, claro. — responde a jovem, terminando de beber um copo d'água — Só fiquei surpresa com sua chegada. Não é toda hora que se vê alguém saindo de um fone de ouvido. Por Deus, Eléktron, o que aconteceu na Rússia? Onde estão os outros? Como você sobreviveu?

— Reflexo. E um pouco de sorte, acho. — os eventos dos últimos minutos voltam à mente de Ray Palmer como um turbilhão — Mas não posso dizer com certeza o que aconteceu com os demais, nem se tiveram a mesma sorte. Foi tudo muito rápido. Num instante estávamos trazendo a Mir de volta do espaço tranqüilamente; no outro, estávamos no meio do inferno. Quando percebi que não conseguiríamos escapar dos mísseis a tempo, encolhi para tamanho subatômico e peguei uma carona em nossa conexão de rádio. Quem quer que tenha nos atacado, o fez com incrível precisão. Kal e J'onn não tiveram chance, e não faço a menor idéia do que aconteceu com o Capitão Marvel e o Homem-Borracha.*

— Precisamos reunir os outros.

Bárbara aciona uma linha protegida. Em segundos, a imagem sombria de Batman preenche um dos monitores.

— Fale.

— Problemas com a equipe de resgate da Mir. Coisa séria. Eléktron está aqui.

— O que houve, Ray?

— Um ataque surpresa. Não tivemos tempo de reagir. A Mir foi destruída, Kal e J'onn foram abatidos, Marvel e Borracha provavelmente também. Escapei por pouco.

— Alguma idéia do responsável?

— Nenhuma.

— Aproveite a conexão e venha para cá. Oráculo, emita um alerta geral. Quero todos os membros disponíveis na Torre o mais rápido possível.

Torre de Vigilância, duas horas depois

— O que estamos esperando? Santo Deus, Savage explodiu uma bomba atômica na Rússia e nós estamos aqui de braços cruzados!

Wally West — mais conhecido como Flash — é a própria imagem do desespero. Para o homem mais rápido do mundo, ficar parado é um verdadeiro castigo. Ainda mais agora, que sua vida pessoal parece vazia e sem sentido. Desde que rompeu com Linda Park, West tem dedicado todo o seu tempo a agir como Flash, impedindo tragédias e enfrentando criminosos.** Mesmo assim, não foi capaz de salvar da morte mais de um milhão de habitantes da cidade russa de Ninji-Novgorod. Embora ninguém pudesse prever a tragédia, sua mente perturbada o culpa por não ter detido a insanidade de Savage.

— Calma, garoto. Guarde a raiva para a hora em que pusermos as mãos naquele puto. — as palavras tranqüilizadoras de Oliver Queen mascaram uma ira profunda, contida. — Ele não vai se safar tão fácil.

— Mas por que não atacamos de uma vez?

— Pergunte ao Morcego. — diz o Arqueiro Verde, apontando com o queixo coberto pelo cavanhaque louro para a sala adjacente, onde a mente dedutiva do maior detetive do mundo tenta compreender a ameaça que sua equipe enfrenta.

Num dos monitores, o vídeo com as exigências de Savage é repassado pela 6ª vez.

— Você diz que J'onn leu a mente dos pilotos russos pouco antes da colisão dos caças, certo? E que eles ficaram surpresos? — as perguntas de Batman soam retóricas para Ray Palmer, que ainda assim responde novamente.

— Exato. Pouco depois ele começou a gritar como se estivesse sendo queimado vivo, mas as câmeras não registravam absolutamente nada. A mesma coisa com o Super-Homem.

— Tudo indica que alguma força externa fez os caças se chocarem... Provavelmente com telecinésia ou manipulação magnética. Algum dos nomes que citei anteriormente conferem, Oráculo?

— Comparei os uniformes de criminosos conhecidos com o trecho do vídeo onde as botas dos outros membros da Legião aparecem. Doutor Polaris tem 93,4% de chance.

— O caso do Caçador de Marte é claramente de manipulação mental. — continua Batman, tentando manter uma linha de raciocínio — Grodd fez parte da última Legião do Mal, mas não parece coisa dele. J'onn provavelmente conseguiria resistir a um ataque telepático. Apelar para o trauma que o Caçador tem do fogo parece mais específico... Como se o responsável pudesse manipular o medo. O Espantalho está no Arkham... Oráculo, alguma informação sobre Phobia?

— Um momento... Negativo. Paradeiro desconhecido.

— Quem é Phobia? — o nome soou totalmente desconhecido a Eléktron.

— Ex-membro da Irmandade Negra, um grupo de criminosos que atacou os Novos Titãs no passado. Ela foi membro do bando na mesma época de Houngan, um tecno-sacerdote vodu que também fez parte da última Legião do Mal. Talvez tenha aceitado a oferta de Savage.

— O uniforme de Houngan aparece com 99,3% de probabilidade na simulação do computador.

— Se ele é um sacerdote vodu, poderia ter ferido o Super-Homem. Vocês sabem como ele é suscetível a ataques místicos.

— É uma hipótese plausível... — concorda o Homem-Morcego, dando seqüência à idéia de Eléktron — A presença desses dois também torna possível explicar parte do que aconteceu mais tarde. Segundo o relatório das autoridades russas, os pilotos dos caças que tentaram interceptar o míssil disparados por Savage juram que ele simplesmente "desapareceu no ar", como que por encanto, reaparecendo em seguida nas imediações de Ninji-Novgorod. Só há duas formas de algo assim ocorrer: magia e teleporte. O que nos leva a outro membro da Irmandade Negra, Emil LaSalle, mais conhecido como Pórtex. Ele pode criar portais dimensionais capazes de teleportar qualquer coisa entre longas distâncias.

— E também está solto. — completa Oráculo.

— Isso teoricamente nos deixa com Savage, Polaris, Phobia, Houngan e Pórtex, correto? — Aquaman fala pela primeira vez — Suspeita de mais alguém?

— Não descarto a possibilidade de Grodd estar envolvido... — responde Batman — Não se entra numa base militar e dispara um míssil nuclear sem chamar atenção. Um ataque frontal teria alertado as autoridades, mas os russos ficaram tão surpresos quanto nós com o que aconteceu. Se Grodd dominasse a mente do pessoal da base, entretanto, não haveria resistência ou desconfiança. E Savage ainda teria acesso aos sistemas de defesa e lançamento dos mísseis.

— Faz sentido... — responde o rei de Poseidoinis — Bem, o que estamos esperando?

— Uma confirmação.

— Confirmação? — Eléktron demonstra surpresa — De quem?

— Do além...

Na penumbra da sala silenciosa, no setor de alojamentos da Torre de Vigilância, Stephen Strange permanece imóvel, sentado na posição do lótus. Suas costas estão eretas, mas seus músculos, relaxados. Sua mente flutua na imensidão branca e plácida do plano etéreo. Livre das amarras impostas pela carne mortal, o corpo astral do Mago Supremo da Terra viaja através do espaço com a velocidade do pensamento, cruzando a distância que separa a Lua da base militar ocupada pela Legião do Mal numa fração de segundo. A pedido de Batman, o Doutor Estranho tenta obter mais informações sobre os inimigos que a Liga da Justiça está prestes a enfrentar.

Ignorando muralhas e sistemas de segurança, sentinelas e armas, o ego espiritual de Strange chega ao local onde Savage e seus asseclas se concentram. Alheios à presença incorpórea de seu inimigo, o terrorista traça planos:

— Como estão os prisioneiros?

— Sob controle. — responde Adão Negro. — Mas ainda não vejo motivo para não matá-los agora mesmo.

— Eles são mais valiosos vivos.

— E mais perigosos também. — atalha Grodd. — Você corre riscos desnecessários.

— Mortos, eles só serviriam para tornar seus companheiros mais perigosos e incansáveis em nos pegar. — explica Savage, incomodado com os questionamentos. — Vivos, são nossa apólice de seguros.

— Você realmente acredita que eles trarão o dinheiro? — como sempre, a pergunta do Garra Sônica busca seus interesses materiais.

— Acho pouco provável... — Savage sorri do olhar atravessado do homem transformado num ser de som sólido — ... mas não é impossível. De qualquer modo, esse seria apenas um bônus relativamente útil. Se tudo correr conforme o planejado, em breve...

— Espere! — Houngan interrompe o monólogo de Savage com um gesto brusco — Não estamos sós!

— Do que você está falando, Jean-Louis? — pergunta Phobia, que durante os tempos da Irmandade Negra aprendeu a respeitar o talento místico do mestre vodu.

— Sinto uma... presença. Há alguém aqui.

— Bem que eu senti uma brisa gelada aqui... Mas pensei que era coisa da Nevasca — ironiza o Doutor Polaris, apontando para a mulher de pele branca próxima a ele.

— Fique com gracinhas e eu congelo suas bolas, seu lunático magnético! — responde a dama gélida, famosa por seu mau-humor.

— Deixem de bobagens! — Pórtex também se mostra preocupado com o aviso de Houngan — O que há, Droo?

— Não tenho certeza. Mas acho que devemos tomar cuidado. Há forças maiores em ação aqui.

— Por via das dúvidas, reforcem a vigilância sobre os prisioneiros. — ordena Savage — Se bem conheço os auto-proclamados "heróis", eles em breve estarão aqui para "salvar o dia".

O Doutor Estranho aproveita a deixa e segue os inimigos com seu corpo astral até o local onde se encontram os prisioneiros. Horrorizado, ele vê o Super-Homem e o Capitão Marvel catatônicos, sob o domínio mental do Gorila Grodd. Encolhido num canto, em posição fetal, o Caçador de Marte olha fixamente para lugar nenhum, com a mente afetada pelo poder de Phobia. A alguns metros de distância, o corpo do Homem-Borracha permanece congelado num enorme bloco de gelo. "É melhor trazer os outros aqui", pensa o mago. "As coisas estão piores do que pensávamos".

— Então, você acha que o pedido de resgate é só um chamariz?

— Sim, Fóton. Savage está se arriscando muito nessa jogada para querer apenas dinheiro. — explica Batman — Suas aspirações são mais... amplas. Ele não encara o dinheiro como um fim em si, mas como forma de obter poder. Sua meta é deixar o mundo de joelhos, nem que para isso precise matar milhões de pessoas.

— E quando vamos fazer alguma coisa para impedi-lo de matar de novo?

— Tão logo tenhamos certeza do que estamos enfrentando. — o Homem-Morcego começa a ficar impaciente com a ansiedade do Flash — Não antes disso.

— Pois eu acho que nós devíamos descer lá e...

— Morrer? — interrompe Aquaman, com sua sutileza habitual — Quem quer que esteja com Savage, abateu Super-Homem, Capitão Marvel, Caçador de Marte, Homem-Borracha e Eléktron em menos de cinco minutos. Atacar às cegas é como pintar um alvo na testa.

— Exato. — emenda Batman, retomando o diálogo — A Legião do Mal sabia exatamente o que íamos fazer, como e quando. Foi fácil para eles emboscar o grupo de resgate.

— Está sugerindo que há um espião entre nós?

— Nada tão dramático, Zauriel. Fomos vítimas de nossa própria superexposição. A operação de resgate da Mir teve ampla divulgação na imprensa, com detalhes. Savage não teve nenhum trabalho para planejar seu ataque. Tudo o que ele precisava saber estava nos jornais.

— E como vamos detê-lo? — questiona Fóton.

— Em primeiro lugar, temos de saber com certeza quem está com Savage.

— E como faremos isso?

— Se me permitem... — diz Stephen Strange entra na sala de reunião. — Fiz o que me pediu, Batman. Savage está com uma equipe grande. Não conheço todos pelo nome, mas reconheci o Gorila Grodd, Adão Negro, Doutor Polaris e Houngan. Há duas mulheres: uma eles chamaram de Nevasca; a outra eu não conheço.

— Pode descrevê-la? — pergunta Batman.

— Alta, usava um uniforme verde e preto... Tinha forte sotaque britânico. Parecia conhecer Houngan, pois o chamou pelo nome.

— É Phobia. — confirma o Flash — Ela já encheu muito o saco quando eu estava com os Titãs.

— Havia também outros dois, um com a pele totalmente vermelha e uma espécie de... dispositivo no lugar da mão direita, e outro de cavanhaque, com um uniforme amarelo e sotaque francês.

— Garra Sônica e Pórtex. — Batman pensa por alguns segundos antes de prosseguir — E os reféns?

— Super-Homem e Capitão Marvel estão aparentemente bem, mas sob controle de Grodd. Não posso dizer o mesmo de J'onn... Ele parecia em choque, e seu corpo estava... diferente. O caso do Homem-Borracha parece ainda mais grave. Ele está preso num grande bloco de gelo. Duvido que esteja vivo.

— O Caçador deve ter revertido à sua verdadeira forma. — explica Batman, que conhece o marciano há mais tempo — Quanto a O'Brien, não temos como saber, já que sua fisiologia quimicamente alterada é tão incomum que foge completamente ao que conhecemos. Melhor presumirmos que não poderemos contar com ele.

— Se é assim que você reage à morte de um companheiro, lembre-me de não convidá-lo para o meu funeral. — diz o Arqueiro Verde, irritado com o comentário frio do Morcego ao destino do Homem-Borracha.

— Histeria não vai nos ajudar em nada. — retruca Batman, com frieza — Deixarei para lamentar a morte de O'Brien quando e se ela se confirmar. No momento, nossa prioridade é deter Savage e seus associados.

— E como fazemos isso?

— Usando o conhecimento de Savage contra ele. — explica o Homem-Morcego — A Legião espera um ataque frontal. Savage pensa que conhece nossas fraquezas e deve ter preparado uma estratégia baseado nisso. Ele provavelmente também usará nossos companheiros dominados por Grodd contra nós. Mas ele não conta com a presença de Stephen, pois a entrada dele no grupo não foi divulgada. — Batman aponta para o Doutor Estranho — Ele é nosso trunfo. Eis o que vamos fazer...

— Eles estão demorando, non?

— Devem estar chegando. — Savage responde a Pórtex com sua arrogante calma habitual — Há um certo... timing a ser respeitado.

— Você encara isso como um jogo. — observa Grodd, ligeiramente irritado com a postura do companheiro imortal — Pode colocar tudo a perder com sua empáfia.

— Aconteça o que acontecer, a vitória está assegurada. — rebate Savage, olhando de modo enigmático para Pórtex, que disfarça — Não seremos detidos.

— Acho bom. — diz o Garra Sônica — Você pegou pesado ao disparar aquele míssil. Eles devem estar putos.

— Tanto melhor. A raiva costuma toldar o julgamento e comprometer a capacidade de luta.

— Mas também redobra a vontade. — retruca o símio telepata.

— Você tem algo em particular contra meu plano, Grodd? — diz Savage, partindo para o confronto verbal com segurança. Seu tom revela uma ameaça implícita, mas não chega a ser ofensivo — Podemos discutir o assunto.

— Não. Façamos do seu jeito. "Por enquanto", pensa Grodd consigo mesmo.

— Ótimo. Como estão nossos amigos russos?

— À distância. — diz o Doutor Polaris — A Guarda Invernal*** está com eles, mas evita se aproximar.

— Um sábia decisão. — Savage demonstra frieza — Detestaria ter de desperdiçar outro míssil tão cedo.

Do lado de fora, no pátio da base russa, Adão Negro e Nevasca montam guarda. Subitamente, o próprio tecido da realidade parece se fender à sua frente quando o portal místico conjurado pelo Doutor Estranho se abre, trazendo consigo a Liga da Justiça.

Eles chegaram! Soe o alarme! — grita Adão Negro, lançando-se ao ataque. Um possante grito sônico o detém.

— É hora de pagar por seus crimes, maldito! — sentencia Zauriel, brandindo sua espada flamejante.

Alertados por Nevasca, os membros da Legião do Mal deixam o prédio principal da base e partem para a luta em campo aberto. Com eles, Super-Homem e Capitão Marvel, dominados mentalmente por Grodd, que mantém distância e evita o confronto físico para manter seu controle sobre os heróis.

Acabem com eles! — Savage berra como um possuído — Ajam conforme o planejado!

O líder da Legião do Mal sabe que deve tentar neutralizar primeiro os membros mais poderosos da Liga, Zauriel, Fóton, Flash, e Batman, o cérebro por trás de tudo. Por isso, os vilões concentram seus ataques neles, deixando Arqueiro Verde, Eléktron e Aquaman em segundo plano.

Incapazes de controlarem a si mesmos, Super-Homem e Capitão Marvel investem contra Batman, que se mantém imóvel.

Agora, Estranho! — ordena o Homem-Morcego.

O mestre das artes místicas recita palavras ininteligíveis numa língua morta. No mesmo instante, o Homem de Aço e o Mortal Mais Poderoso da Terra são envolvidos por um feixe de energia vermelha que os joga no solo.

— As Faixas de Cittorak irão detê-los até que possamos eliminar a influência de Grodd. — diz o Doutor Estranho, esforçando-se para manter seu domínio sobre os dois poderosos superseres — Mas sua força de vontade é enorme. Não poderei segurá-los por muito tempo.

— Não vai ser preciso. — responde Batman — O controle de Grodd não vai durar muito. Vou atrás de Savage.

Longe dali, Aquaman enfrenta o pânico do sufocamento provocado por Phobia.

— Como é sentir-se incapaz de respirar, rei dos mares?

Concentrando-se ao máximo, o regente de Poseidonis dispara o gancho metálico ciberneticamente controlado que substitui sua mão esquerda na direção da adversária, envolvendo o pescoço da criminosa com o longo e resistente cabo metálico que prende a prótese. Incapaz de se concentrar, ela fica impotente diante do herói marinho, que aperta seu pescoço até deixá-la inconsciente.

— Que tal me dizer você mesma, bruxa?

Num ponto dentro da base, o Caçador de Marte desperta.

Enquanto isso, Flash enfrenta problemas com Houngan, que usa um de seus bonecos vodu eletrônicos para infligir dor ao velocista, impedindo-o de correr.

— Faz muito tempo, Flash, mas ainda não me esqueci de você. — diz o tecno-sacerdote — Quero vê-lo sofrer.

— No dia em que eu for derrotado por um refugo do Village People — responde o homem mais rápido do mundo — Neron vai chupar picolé no Inferno.

Girando seu braço em supervelocidade, ele cria um vórtice de vento que arremessa seu adversário contra o muro, deixando-o desacordado.

A alguns metros dali, Nevasca congela o ar em torno de Eléktron, a exemplo do que tinha feito com o Homem-Borracha.

— Hora de morrer, tampinha!

— Você vai entender se eu recusar, não? — responde Eléktron, reduzindo seu corpo a tamanho subatômico e escapando do túmulo de gelo. Voltando repentinamente ao seu tamanho normal, Ray Palmer usa o impulso para atingir a adversária com um soco, encerrando o combate.

Acima da base, o Doutor Polaris enfrenta Fóton.

— Desista, mulher! Posso manipular o ferro em seu sangue e explodir uma artéria em seu cérebro, se quiser. E meu campo magnético me protege de qualquer ataque.

— Você pode ter sido um bom médico, Polaris, mas não entende nada de Física. — em sua forma energética, Mônica Rambeau fica imune às ameaças dos poderes magnéticos do criminoso. Uma rajada laser atinge o vilão em cheio, derrubando-o — Do contrário, saberia que seu escudo magnético não pode protegê-lo contra a luz.

Num ponto isolado, Grodd se esforça para libertar o Super-Homem e o Capitão Marvel das amarras místicas conjuradas pelo Doutor Estranho.

— Quantas vezes teremos de derrotá-lo, Grodd? — pergunta o Caçador de Marte, materializando-se diante do vilão símio.

— Ora, ora, se não é o marciano... Sabia que aquela mulher arrogante não poderia contê-lo para sempre. Vamos ver se você é tão bom quanto pensa ser.

Para um observador qualquer, os dois seres apenas se encaram por eternos 65 segundos. O suor começa a brotar na testa do Caçador de Marte, enquanto o cenho de Grodd se contrai. Súbito, o gorila emite um urro bestial e cai. A batalha mental entre os dois telepatas termina.

— Não, Grodd. Sou melhor.

Do outro lado da base, Super-Homem e Capitão Marvel despertam de um longo pesadelo.

Enquanto a batalha corre solta do lado de fora, Batman entra no prédio principal da base, seguindo as orientações do Doutor Estranho. O Garra Sônica segue em seu encalço, destruindo tudo em seu caminho com poderosas rajadas de som puro.

— Pára de pular, desgraçado! Me enfrente como homem!

O Homem-Morcego permanece calado, correndo determinadamente para o ponto onde o Homem-Borracha se encontra aprisionado. Repentinamente, se vira para confrontar o adversário.

— Muito bem, Klaw. Vejamos do que você é capaz.

— Agora você morre!

O terrorista dispara uma rajada sônica na direção de Batman, que salta antes de ser atingido. Ele só percebe a intenção do herói quando o bloco de gelo que prende o Homem-Borracha se despedaça em milhões de fragmentos, libertando o prisioneiro. Eel O'Brien despenca no chão.

— Filho da puta! Era isso que você queria! — esbraveja o Garra Sônica. — É hora de acabar com isso!

— Tem razão. Arqueiro?

— Arqueiro?

Ulysses Klaw olha para trás e vê o homem vestido de verde, apontando com um arco e flecha em sua direção. Oliver Queen dispara e uma rede envolve o Garra Sônica. O vilão fica surpreso por um momento, e então começa a rir.

— Uma rede? Você espera me deter com isso? Só pode estar brincando!

O Arqueiro Verde apóia o queixo no arco e fala, em tom jocoso.

— Não é com isso que a gente pega peixe pequeno?

— Eu vou te matar, seu... Aaaaaaaaaaargh!

— Deixa eu te falar uma coisa ou duas sobre o Vibranium, cara... — Oliver Queen demonstra estar realmente se divertindo com a situação — A primeira é que sua principal característica é absorver som; a segunda é que essa rede é feita desse metal. E já que você é feito de som... No seu lugar, eu não me mexeria muito. A menos que você queira perder uns quilinhos.

Batman, que até então vinha examinando o estado do Homem-Borracha, segue em direção à porta.

— Bom trabalho. Cuide de O'Brien. Não me pergunte como, mas ele está vivo.

— Como?

— Eu lhe disse para não perguntar. — diz o Homem-Morcego, com um meio sorriso — Vou atrás de Savage.

— Tudo bem.

— Ah, Ollie, só uma coisa... Flecha-rede?

— Ando me sentindo nostálgico. — responde o Arqueiro Verde, o sorriso cínico iluminando seu rosto.

Do último andar da base, Vandal Savage observa os rumos da batalha que se desenrola do lado de fora e vê seus aliados caindo um a um. "Bando de inúteis", pensa o imortal. Ao seu lado, Emil LaSalle o apressa.

— Acho que é melhor partirmos.

— Creio que você está certo. Tomou as precauções que pedi?

— Sim, há cerca de uma hora.

Savage olha uma vez mais para o monitor, em tempo de ver Grodd ser abatido pelo Caçador de Marte. "Patético", pensa, com desdém. Pórtex abre o portal que levará os dois terroristas para a liberdade no mesmo instante em que a porta é arrombada com estrépito.

— Acabou, Savage! — grita o Homem-Morcego, lançando um batarangue contra o criminoso.

— Errado, Batman. — retruca o imortal, esquivando-se da arma — Está só começando.

Antes que o Cavaleiro das Trevas possa fazer qualquer outra coisa, Vandal Savage e Pórtex já deixaram a base.

Do lado de fora da base, os demais membros da Legião do Mal estão dominados. Batman deixa o prédio principal e segue para junto dos companheiros.

— Onde está Savage? — pergunta o Super-Homem, já recuperado.

— Escapou com a ajuda de Pórtex. — responde o Homem-Morcego, furioso consigo mesmo.

— Nós o pegaremos. — contemporiza o Caçador de Marte — Mais cedo ou mais tarde.

— Antes ou depois dele massacrar mais inocentes? — a amargura de Batman é quase palpável.

— Bem, pelo menos esses aí nós pegamos. — diz o Flash, apontando para os criminosos sob custódia. — Nós vencemos, eu acho.

— Talvez... Mas eu tenho um mau pressentimento.

Um dia depois, na Batcaverna

— Bruce, você está aí?

— Pode falar, Bárbara.

— Os russos enviaram o relatório sobre a invasão da Legião do Mal. — Oráculo escolhe cuidadosamente as palavras ao falar no comunicador.

— E?

— Bem... Estão faltando dez mísseis nucleares.

Batman permanece em silêncio por alguns segundos. Quando fala, sua voz tem um tom agourento.

— Ele tem razão. Ainda não acabou.

:: Notas do Autor

* Última edição;

** Saiba mais sobre isso lendo Flash;

*** Equipe oficial de super-heróis russos;

A Legião do Mal (Legion of Doom) foi originalmente criada para o desenho animado Superamigos (Superfriends, 1977). O grupo, liderado por Lex Luthor, era composto ainda por Brainiac, Cheetah, Solomon Grundy, Espantalho, Homem dos Brinquedos, Bizarro, Manta Negra, Giganta e Sinestro. Nos quadrinhos pós-Crise, uma nova versão da Legião enfrentou a Justiça Extrema — grupo dissidente da Liga da Justiça liderado pelo Capitão Átomo e composto por Máxima, Besouro Azul, Gladiador Dourado, Admirável Man, Nuclear, Zan e Jayna (isso mesmo, os Super-Gêmeos em uma nova versão). Essa versão era formada por
Onda Mental II, Gorilla Grodd, Houngan, Nevasca, Major Força e the Madmen.



 
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