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Por
Alexandre Mandarino
Stairway
to Heaven
Kundalini. A energia
Kundalini é a fonte da iluminação espiritual
e, nos seres humanos, está localizada no chamado chakra
básico. Ela também é o ar e o componente
essencial da dimensão onde habita/governa a Eternidade.
A Kundalini não é fogo. A Kundalini não é
vermelha. A Kundalini é branca. É a própria
energia do espírito, que banha e alimenta todo o universo,
a partir do próprio corpo da Eternidade.
Cale-se, Desaad. Não me importa o que é a Kundalini.
Lobo e os outros peões penetraram a Entrada, que leva para
a dimensão da Eternidade. Em exatos 47 minutos, será
chegada a hora da dama cósmica perecer pelas minhas mãos,
como previmos. Devo me preparar.
Com estas palavras, Darkseid saiu de seus aposentos enegrecidos
no que outrora se assemelhava a uma capital em Apokolips. Perdido
em pensamentos, Desaad temia pelo pior: "Mais uma vez, ele
não me dá ouvidos. Tremo só de pensar na
idéia de adverti-lo da falha maior em seus planos. Se um
outro ser penetrar neste momento na Entrada Kundalini, tudo estará
perdido e a história será reescrita, de forma desfavorável
a Darkseid. Para que isso aconteça, basta que este ser
seja um campeão do que chamam de 'luz' e 'vida' e seja
um iniciado nas artes mágicas do amor. Porém, não
mais me atreverei a tentar advertir o Lorde Negro".

Karnilla olhou com
tristeza para sua cama real e suspirou. Os aposentos tântricos
do reino das Nornes ficariam bem maiores esta noite.

Tudo o que o engenheiro-chefe
Zza podia enxergar era o brilho ofuscante de inúmeras luzes,
que rodopiavam ao seu redor. O chão lhe faltava e ele não
podia saber se isso significava que estava flutuando ou simplesmente
não possuía mais corpo. Finalmente, após
longos minutos, uma voz tomou-lhe o cérebro: "Você,
que se apelida Zza; escute. Há bilhões de anos nenhum
ser vivo penetrou na Entrada Kundalini. Eu sou a consciência
do Intermediário. Estou sendo reconstruído, desta
vez sem imperfeições ou artimanhas, pela dama cósmica.
Meu ego jaz no mar de energia que é a Kundalini e, dentro
de alguns ciclos, poderá se recompor novamente sob a forma
humanóide. Enquanto isso, você e todos os seus companheiros
involuntários de viagem devem se prevenir. Fui usado pelo
Lorde Negro para dar prosseguimento aos seus fins, contra a minha
vontade. Mas é óbvio que a dama sensorial já
está ciente disso. Todos vocês que aqui viajam, alerta!
Aqui, encontrarão o seu contrário".
Em seguida, Zza despertou do que parecia ser um transe. O cenário
aparentava ser o interior de uma sala de metal, limpa como a virgem.
Ao seu lado, estavam seus companheiros, os geneticistas do G.E.N.O.M.A.
Todos pareciam acordar ao mesmo tempo. "Ouviram essa voz?",
era a pergunta comum.
Fiquem calmos. Precisamos descobrir onde estamos e como sair
daqui. disse Zza. Ainda iremos achar uma forma de capturar
o repelente chamado Lobo. Ele deve estar por perto.
Mas que lugar é este? perguntou o engenheiro-assistente
número 17 Ali há uma porta. Vamos ver o que há
lá fora.
A porta de metal rodou sobre seu eixo, dando passagem a uma paisagem
assustadora. Em um planeta inteiramente feito de metal, os geneticistas
se depararam com cópias exatas de si mesmos, várias
delas.
Isso não é possível. Não faz sentido.
O Intermediário disse que encontraríamos nossos
opostos. disse um dos assistentes.
Faz todo o sentido. respondeu Zza. Afinal, somos caçadores
de alienígenas e geneticistas. Tudo aqui é metal,
nada possui células vivas, com exceção de
nossos iguais. Alguém se habilita a obsedar uma cópia
de si mesmo para exames?

O engenheiro-mago
Tarodequi cruzou os dedos em meio ao campo verdejante onde se
encontrava. Nada. Pela quinta vez, a conjuração
prometêica de seu próprio tufo de pêlos genitais
não funcionou. Ao seu redor, tudo o que se via era uma
imensa floresta, com ocasionais clareiras verdes.
"Tenho todos os elementos ao meu dispor, incluindo meus próprios
fluidos corporais. Mas a magia genética simplesmente não
funciona por aqui", pensou. "Que lugar é este?".

Não consigo
me levantar, senhor! gritou um dos soldados do Pelotão
de Ataque Thanagariano Número 14. Por Fetarr Lol!! Não
suportarei isso!
Os quatro soldados estavam deitados sobre a superfície
de um planeta inteiramente composto de terra e areia. A insuportável
gravidade do local os impedia de se levantar. Voar, nem pensar.
Meu dispositivo antigravitacional estão na potência
máxima e nada!
Melhor desligá-lo. disse o cabo thanagariano. Já
estou sentindo cheiro de queimado, não force demais.
Mas, se não podemos andar, voar, sequer ficar em pé,
o que iremos fazer? O que farei sem poder voar livremente?
Vamos observar o céu. Vejam as estrelas, uma delas deve
ser Thanagar. Observem.

Um labirinto de papel
envolvia Coprofax. Toda vez que o arauto de Galactus tentava usar
seu poder contra o onipresente campo de força de celulose,
era repelido. Pior: quando tentava golpeá-lo, sentia que
partes de seu corpo ficavam presas no campo.
Pela bosta! Como vô tê di fazê pra móde
conseguir sair daqui?
"Não há saída para você, ser infecto.
Você ficará para sempre aprisionado na dimensão
de Limpox© Ultra-Radium, aquele que desinfeta e alveja. Não
há espaço neste continuum para imperfeições
e vermes bacterianos como você. Após algumas horas
no nosso campo de força absorvente feito de papel higiênico
Cisne© seu putrefato arremedo de corpo se extinguirá".
Cumequié, seus limpinho? Tão dizeno aê que
tão a fim de me tirar? Cês vão vê só
com quantos tijôlo se enche uma privada!
"Isso, debata-se. Só irá apressar a ação
vermífuga e anti-bacteriana do nosso agente Clean©,
aquele que lava mais branco".

Acho que entrei
na porra Kundalini, mas cadê a piranha da Eternidade? E
que caralho foi esse que o Intermediário falou na minha
cabeça? Ele tava sendo usado? Por quem? Será que
foi armação do escroto do Darkseid? Bom, isso fica
pra depois, tenho um contrato pra terminar e o Maioral nunca foge
dos seus compromissos. Mas seria uma boa se eu soubesse como achar
a cadela.
Ao redor do nosso herói, um campo verde e ensolarado se
estendia. Sons agudos cada vez mais se aproximavam. Temendo pelo
pior, Lobo se preparou e desenrolou sua corrente-gancho.
Qualé? Quem tá aí? Podem vir, seus cuzões!
Os sons agudos se aproximavam cada vez mais, permitindo ao Maioral
identificar algumas frases desconexas: "zzzzbbzzzz nosso
novo amiguinho", "vamos adorar brincar com ele e zzzzzbbzzzz",
"de que historinha será que ele zzzzzzbbzzzzzz?".
Finalmente, dezenas de vultos podiam ser vislumbrados atrás
de moitas distantes, no que parecia ser a entrada de uma fazenda.
Lobo caminhou até o local e as vozes pararam.
Que porra é essa? Quem tá se mocozando aí
nas plantas? Vamo saindo daí! Já!
Claro...
... senhor...
... grandão!
Três pequenos patos vestidos de marinheiro se aproximaram,
dizendo:
De onde...
... você...
... veio, amiguinho?
Lobo levantou a sobrancelha esquerda: Amiguinho?
Sim, aqui...
... somos todos...
... amiguinhos!
Aqui, aonde? disse o czarniano. Que merda de lugar é
esse?
Xi, amiguinho...
... o senhor disse...
... nomes feios.
A Vovó Gansalda...
não vai gostar...
... nada disso!
Porra, parem de falar em estéreo! Que caralho de lugar
é esse? gritou nosso herói.
Ora, senhor...
...amiguinho...
o senhor está...
...nos arredores de...
Gansópolis! gritaram os três
patinhos em uníssono.
Ao ouvirem o nome de sua amada cidade natal, as outras figuras
saíram de trás das moitas. Cachorros falantes, patos
de cartola, coelhinhos batendo seus pés como tambores,
porquinhos de boné, anõezinhos barbudos, ratinhos
de olhos grandes, veadinhos fofinhos e ursinhos bem carinhosos.
Todos cercaram Lobo, gritando:
Viva! Bem-vindo a Gansópolis, a terra da fantasia
e da aventura! Hoje é quarta-feira, dia de brincadeira!

Breidablick, palácio
de ouro onde somente os virtuosos eram admitidos, reluzia em meio
à conurbação urbana de Asgard. Em seu interior,
seu senhor, Balder, o deus da Vida e da Luz, vasculhava sua fonte
mística em busca da origem de seus temores. Perdido em
pensamentos, o Bravo foi interrompido pela chegada de Iggeirrogga,
sua fiel ama e governanta:
Perdoai minha intromissão, senhor. Mas a biga sagrada
está pronta e os cães, a ela atrelados.
Preparastes tudo em boa hora, doce senhora. Descobri a fonte
dos possíveis infortúnios e trata-se da própria
Entrada Kundalini, residência da senhora Eternidade.
Mas, meu senhor...
Eu sei. Mas sabes que é meu dever. Minha partida será
imediata. Em instantes, estarei à beirada da Kundalini.

Em seu canto que
a tudo ocupa, a Eternidade piscou os dois olhos. "É
chegada a hora de me revelar".

O tubo de explosão
levou Darkseid instantaneamente de seu palácio em Apokolips
à fronteira da Entrada Kundalini. "Daqui a exatos
11 minutos, Lobo estará golpeando mortalmente a Eternidade.
Mas o golpe final será dado por mim. Devo estar presente
para coletar a equação anti-vida". E o Lorde
Negro se posicionou, aguardando.

As pequenas criaturas
carregavam Lobo em seus ombros, em direção ao portão
de entrada de Gansópolis.
Viva! disse um pato que vestia um roto suéter
amarelado e um gorro vermelho. Trickey, você poderia
pedir ao Coronel Mintra para dar a chave da cidade ao nosso novo
amigo!
É verdade! disse um camundongo com grandes
olhos.
Podem parar com essa porra! gritou nosso
herói. Me ponham no chão, já!
As criaturas, curiosas, deixaram o czarniano descer e se puseram
à sua volta, como que esperando um discurso de um messias.
Um esquilo de nariz vermelho se aproximou e disse:
Ei, você vai adorar Gansópolis! Eu e meu irmão
Mico sempre encontramos muitas avelãs nos parques de lá
e sempre conseguimos nos divertir um pouco na casa do nosso amigo
Ronald!
Quac! ouviu-se ao longe, na multidão.
Calem a porra da boca! Todos vocês, calados!
berrou Lobo, já adquirindo uma cor arroxeada de
tanto ódio. Vocês não sabem quem
eu sou! Eu não sou nenhuma caralha de 'amiguinho'!
Um pato de cartola e polainas perguntou:
Não é amiguinho? Então... você
veio em busca do dólar sagrado?
Isso mesmo, Traquinhas, acho que estou entendendo, disse
o camundongo. Nosso 'amigo' deve ser companheiro do Capitão
Arpão, dos Irmãos Bazuca ou até mesmo da
Bruxa Gansolójika! Diga, amigo, qual é o seu nome?
Lobo.
E você é mau? perguntou um cachorro
que retirava amendoins de dentro de seu próprio chapéu.
'Mau'? Como assim 'mau'? Bom, aquele superpateta de azul
uma vez disse que eu era 'mau'.
Superpateta? disse o cachorro, pensativo, com um
amendoim entre os dedos. Um porquinho se aproximou e disse:
Ora, e daí? Nós somos milhares e temos as graças
do Deus Congelado ao nosso favor. Qual é o problema? Quem
tem medo de um Lobo mau?
Aaaaaarrrrggggggggghhhhhhhhh! berrou o czarniano,
azul de ódio. Seus filhos da puta! Eu mandei calarem
a boca e sumir! Agora vocês todos vão morrer!
A corrente rodopiava e, em sua ponta, um enorme gancho arrancava
cabeças e chapéus. Na outra extremidade, um Lobo
em frenesi gargalhava. Porcos, esquilos, gansos, ratos, anões,
todos eram ceifados sem piedade pelas mãos do alienígena.
O campo verde era aos poucos tingido de vermelho, à medida
em que Lobo caminhava para dentro de Gansópolis e começava
a destruir toda a cidade. Um cachorro voador de suéter
vermelha e um ganso que pulava sobre botas de molas, vestido de
preto, tentaram impedi-lo, mas não tiveram chance. Em menos
de cinco minutos, todos estavam mortos.
Eh, eh, é o inferno dos bichos falantes! Vou detonar
a porra toda! gritou Lobo. A cada novo golpe de sua corrente,
um prédio caía. Um minuto a mais e toda a cidade
estava em ruínas. Em meio à poeira, uma voz se fez
ouvir: Pare!
Lobo se virou. À sua frente, estava em pé uma gansa,
com um laço colorido na cabeça e um pau de macarrão
nas mãos.
O que você acha que está fazendo? Onde está
Ronald? Por que você destruiu minha cidade e matou meus
amigos? Eu, Rosa, vou lhe mostrar só disse a charmosa
gansa, antes de arremessar o utensílio culinário
no czarniano.
Essa é demais! Tchau, galinha! disse Lobo,
cravando o gancho no crânio da pobre gansa.
Imediatamente, tudo se desfez. Do interior da pequena e frágil
ave, uma fumaça pouco a pouco tomou a forma da dama cósmica,
a Eternidade.
Você teve sua chance, mercenário. Eu/Nós
lhe demos a opção da redenção. Ainda
que o Intermediário tenha sido usado para outros fins,
ele tinha razão em um ponto: suas matanças sem fim
colocam em risco o frágil equilíbrio cósmico.
Isso deve parar, disse a dama galáctica.
É? E quem vai me parar, ô baranga?
gritou Lobo, atacando com as próprias mãos a entidade.

Na câmara inicial
da Entrada Kundalini, Darkseid avançou. "É
chegado o momento, finalmente".

A cada golpe de Lobo,
o mundo ilusório se deteriorava, até desvanecer-se
por completo. Estavam agora em pleno espaço, apoiados sobre
pedaços enegrecidos de matéria especular. Os engenheiros,
Tarodequi, Corpofax e os thanagarianos, vindos de seus mundos
ilusórios, perceberam o que estava acontecendo e correram
em direção à Eternidade, para impedir uma
catástrofe cósmica sem proporções.
Não seja estúpido, Lobo. Se matar a Eternidade,
tudo deixará de existir! apelou Tarodequi, assustado.
É? Beleza, zilhões pelo preço de um!
Imediatamente, todos tentaram afastar Lobo da entidade, que misteriosamente
não reagia. O esforço conjunto não parecia
surtir efeito e o mercenário continuava a espancar o ser
cósmico. Repentinamente, Darkseid chegou ao local. "É
agora", pensou o Lorde Negro. "É o fim da Eternidade".
Ao ver que Lobo estava sendo refreado pelos outros seres, Darkseid
emitiu dois feixes de raios ômega. Um dos raios desintegrou
instantaneamente o engenheiro-chefe Zza e três dos thanagarianos,
enquanto o feixe vizinho deu cabo do quarto soldado thanagariano
e dos geneticistas-assistentes. Somente Tarodequi e Coprofax escaparam
da carnificina instantânea. O engenheiro-mago se virou:
Que loucura é esta? Quem exterminou meus homens como
se fossem moscas?
Eram moscas, disse o lorde negro.
Tomado pela raiva, Tarodequi avançou contra Darkseid, conjurando
diversos encantos a partir de sua saliva. Com um golpe, o ditador
de Apokolips o jogou para o lado. Coprofax, que continuava tentando
afastar Lobo e a Eternidade, foi pego pelas costas com um feixe
de raios ômega. Caiu em chamas, se contorcendo, invocando
os poderes curativos do esterco.
Lobo, que mal havia registrado as mortes ao seu redor, se preparava
para o golpe de misericórdia contra a dama cósmica.
O universo já começava a rodopiar. Na Terra, Stephen
Strange foi subitamente acometido de uma intensa dor de cabeça.
Os sentidos de Peter Parker apitaram como nunca. Os instrumentos
do Edifício Baxter começaram bipar e seu genial
criador não entendia o porquê. Nas mentes de todos
os seres vivos do cosmos, durante um milissegundo, surgiram as
faces duplas de yin e yang, em uma comunhão instantânea
gerada pelo armagedom definitivo.
Basta. Afaste-se, mercenário. O golpe fatal será
meu. disse Darkseid.
Hã? Ué, tu tá aí, é? Nada
disso, carranca, tu me pagou pra matar essa dona e sou que tenho
que fazer isso.
No chão, semi-inconscientes, Tarodequi e Coprofax tentavam
se levantar.

Neste momento, na
entrada da Kundalini, o Deus da Luz rezava: "Odin, deus dos
deuses, dai-me forças nesta hora. A visão dupla
que sofri há pouco só pode ser o prenúncio
do Ragnarok".
Atrelando sua biga de cães, Balder deu o primeiro passo
para o interior da Entrada Kundalini.

Inesperadamente,
a Eternidade se tornou forte e mais uma vez una com o cosmos.
Ela flutuou sobre todos, dizendo:
Você, que se julga o Lorde Negro, achou mesmo que obteria
sucesso? Você é uma criança ingênua.
Todos os seus atos foram utilizados por mim para rejuvenescer
a mim mesma e ao universo. O que sentiram um minuto atrás
foi a recriação instantânea do cosmos. Toda
recriação exige sofrimento e tragédia. Obrigada(o)
por ter proporcionado estes dois elementos, ser de Apokolips.
Graças a você e aos seus planos pueris, o cosmos
está renascido e cada vez mais distante da equação
antivida. Também sou-lhe grata(o) por ter possibilitado
a reorganização do Intermediário, um de meus
agentes mais importantes. Como se sente sendo o pai de um universo
mais novo e saudável, déspota? E você, patético
mercenário: seus atos de carnificina já se prolongaram
por tempo demasiado. Ao contrário do Devorador de Planetas,
que possui uma função clara no desenrolar das cortinas
do cosmos, você não é importante. Seus atos
extremos têm provocado desequilíbrio e posso (e devo)
puní-lo. Se voltar a matar qualquer ser vivo, será
imediatamente envolto por uma parte da energia Kundalini e teleportado
aleatoriamente pelo espaço-tempo. Você, mago genético,
será enviado de volta para seu planeta-natal, que vocês
chamam de Uk. Elemental da podridão, seu lugar é
ao lado se seu mestre, de quem é arauto. Agora, partam
todos.
Assim que avistou a Eternidade e alguns vultos ao seu lado, Balder
caiu inconsciente. Todos sentiram somente o vazio.
Algum tempo depois, Lobo acordava em um local escuro e cheio de
crateras. "Ai, meus córneos. Essa foi foda. Onde é
que eu tô? Peraí, acho que é a Lua da Terra.
Que bela caca".
Lobo se levantou, cambaleante. Não sabia se havia cumprido
ou não seu objetivo. Depois de caminhar alguns metros,
dolorido, ouviu uma voz:
Quem és tu, ser alvo? Também estavas na Kundalini?
Cuméquié, baitola? Fala língua de homem
aí.
Não te entendo. Meu nome é Balder e sou chamado
de o Bravo. Vim de Asgard para evitar um cataclisma na Kundalini.
Mas cá estamos nós, na Lua que orbita Midgard.
Mid-o-quê? Tu é estranho, cabeça de balde.
Que porra é essa de Asgard?
Não profanes o nome do local sagrado, criatura. Devo
avisar-te que não faça isso. Mas... espere. Que
é aquilo ao longe?
Os dois olharam para o horizonte. Um canyon se abria mais adiante,
abrigando o que parecia ser uma cidade em ruínas.
É para lá que vocês devem ir, ecoou uma
voz atrás da estranha dupla.
Lobo e Balder se voltaram e viram uma figura de quase três
metros, calva, vestindo uma toga azulada.
Eu sou o Vigia e...
Foda-se. disse o czarniano.
Acalme-se, ser. O que vêem adiante é a cidadela
perdida dos krees. Aquele povo construiu este povoado eons atrás,
como oferta de uma disputa. A cidadela têm estado em ruínas,
desabitada, há eras incontáveis. É um tesouro
sagrado, parte de uma face da cultura kree que já não
existe mais.
Caguei. Tá me achando com cara de museu, careca?
Hoje, porém, há mais de um invasor aqui na Área
Azul da Lua. Vocês dois não voltaram sós da
Entrada Kundalini.
Como é que tu sabe dessa parada da Kundalini, careca?
Como eu disse, eu sou o Vigia. Minha função é
observar, sem jamais interagir, os inúmeros acontecimentos
do cosmos.
Resumindo, tu é um punheteiro espacial. E daí?
Darkseid também foi teleportado para a Área Azul.
Me pergunto por que a Eternidade teria feito isso. O lorde de
Apokolips tem conhecimentos esquecidos e arcanos. Ele já
sabe onde está e a esta altura se encontra lá embaixo,
nas ruínas, em busca de uma arma mortalmente poderosa que
pode pôr fim a todos os reinos.
Incluindo Asgard, calvo ser? perguntou Balder.
Temo que sim, deus da luz.
Se assim é, devemos partir no encalço deste Darkseid
o quanto antes.
Falou tudo, boiola, aquele puto me deve um pagamento. Vamo lá
embaixo.

Não perca,
no dia 14 de maio, a continuação desta história,
em Dark Side of the Moon.
:: Notas
do Autor
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