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Birds of Prey # 26

Por Igor Appolinário

A Caçada
Parte II

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Torre do Relógio — Gotham City

Eu cansei dessa brincadeira! — digita Oráculo, furiosa, olhando a única tela ativa em seu sistema.

Há horas, ela vem "conversando" com um invasor que desativou seu sistema (*), impedindo-a de se comunicar com Canário Negro e Caçadora, que estão atrás de informações sobre estranhos assassinatos de meta-humanos e mutantes em Gotham City.

ISSO NÃO É UMA BRINCADEIRA OU UM JOGO, MINHA CARA... EU ESTOU AQUI PARA LHE AJUDAR...

— Como me ajudar, se você trava meus sistemas e impede que eu zele pela segurança de minhas parceiras...

O QUE ELAS ESTÃO FAZENDO AGORA NÃO PASSA DE UMA FRIVOLIDADE. EU ESTOU AQUI PARA DAR INFORMAÇÕES DE ALGUÉM MUITO PERIGOSO. UM INIMÍGO FORMIDÁVEL... RA'S AL GHUL... E SEU MAGNÍFICO POÇO DE LÁZARO...

Helena acorda zonza, tentando sentir o chão firme sobre seu corpo. Ela se levanta devagar, mas o peso das correntes presas em suas mãos e pernas fazem-na cair novamente. Sua visão vai desanuviando aos poucos, enquanto ela luta com seus sentidos para permanecer consciente.

Passos ecoam no salão de pedras escuras e Helena vê a sombra de um homem se aproximando. E, ao lado dela, Canário Negro, amarrada contra uma parede, completamente imobilizada.

— Não... — murmura Caçadora, suavemente, lembrando das histórias contadas por Oráculo.

— Nem tente se levantar, minha cara — diz o homem, se aproximando, revelando seus olhos frios e cinzentos para Helena — As correntes são feitas de uma liga de adamantium e prométium, os metais mais fortes do mundo. Perfeitas para prender aberrações como vocês...

O que vocês querem de nós?! — grita Caçadora, seus sentidos voltando ao normal e a raiva fluindo em suas veias.

— O que queremos? Hahahahaha! Minha cara, nós queremos a destruição de todas as aberrações, todos os monstros que vieram sujar a humanidade com suas perversões da natureza...

— Mais... um... fanático da Igreja da... Humanidade... (**) — balbucia Dinah, acordando aos poucos.

— Aqueles tolos?! Eles julgam que apenas os malditos mutantes são o mal que infecta a humanidade, mas todos vocês, mutantes, meta-humanos, aberrações e afins, são lixo genético!

— É por isso que você caça pessoas? Seu porco... — diz Caçadora, conseguindo ficar semi-ereta sob o peso das correntes.

— Pessoas não, monstros... feras! — diz o homem de olhos cinzentos, balançando um bastão de metal em frente a Dinah — Por isso, sempre tiramos nossos suvenires... eles são os brindes da nossa caçada.

— Mas dessa vez — diz Dinah, totalmente recuperada dos efeitos do gás — não haverão brindes a recolher. Skrrrriiiieeeee!!!!

O grito sônico de Canário Negro ecoa pelo salão, derrubando o homem com o bastão. Pequenas rachaduras aparecem nas paredes de pedra, e parte do revestimento do teto cai como neve sobre os ocupantes do recinto. O homem olha para Canário, não com ódio, mas sim com um sorriso no rosto.

— Então esse é o seu poder. — diz ele, se levantando e andando até Canário — Ainda não conseguimos nada da sua amiguinha, mas de você eu já sei o que quero... suas cordas vocais darão um belo enfeite.

— Eu acho que não!

O homem com o bastão se vira e depara-se com Caçadora em pé, balançando as pesadas correntes em sua direção. O baque o faz cair no chão. Ofegante, Helena se aproxima dele cautelosamente.

De repente ele se vira e ataca Caçadora com o bastão. Ela se defende com as algemas e parte pra cima dele. Os dois começam a lutar furiosamente. Dinah, presa em suas correntes, começa a forçar os fechos, trincados após o ataque de seu grito sônico, como os de Helena. Ela libera um braço e com pequenos pedaços de metal da própria corrente, abre os outros fechos, libertando-se.

Helena e o homem do bastão de ferro se digladiam ferozmente, mas ele é habilidoso e, devido ao gás atordoante, leva vantagem contra a vigilante. Mas, de repente, o homem cai com um baque no chão, inconsciente. Caçadora olha confusa para ele, mas nas sombras logo atrás vê Dinah, segurando um pedaço de madeira.

— E isso é pouco pra quem me atordoa e me amarra em uma parede! — diz Dinah, largando a arma.

— E como vamos sair daqui? — pergunta Helena, tirando as correntes dos punhos — Nem sabemos onde estamos...

Torre do Relógio

— Você não pode estar falando sério. — tecla Oráculo no único monitor ligado.

VOCÊ AINDA DESCONFIA DE MINHAS INFORMAÇÕES? POSSO LHE AFIRMAR QUE EU ESTOU PRÓXIMO O SUFICIENTE DE RA'S AL GHUL PARA QUE ESSAS INFORMAÇÕES SEJAM AS MAIS CORRETAS POSSÍVEIS...

— Mas se o que ele planeja der certo, mais da metade da população mundial pode morrer... seria uma catástrofe!

NÃO PARA RA'S. LIMPEZA MUNDIAL É EXATAMENTE O QUE ELE DESEJA, UMA NOVA OPORTUNIDADE PARA QUE A NATUREZA IMPERE SOBRE A TERRA E O QUE RESTAR DA HUMANIDADE VIVA SOBRE O SEU COMANDO...

— Então você quer minha ajuda para impedi-lo? Isso com certeza é arriscado...

SIM, EU SEI. MAS É ALGO QUE DEVE SER FEITO...

Canário Negro e Caçadora correm por um corredor escuro, feito de pedra bruta como a sala em que estavam. Logo atrás delas, diversos homens vêm em sua direção, disparando uma grande número de armas pesadas contra as duas.

— Ótimo, canarinho, você tinha que entrar na sala errada!

— Cala a boca, eu estou meio desorientada ainda! Como vamos nos livrar desses caras sem virar queijo suíço?

— Eu tenho uma idéia...

As duas vigilantes fazem a curva dentro do corredor e somem do campo visual dos seus perseguidores. Eles continuam o caminho e chegam ao entorno, mas encontram o local vazio. Eles se dividem em dois grupos e vasculham o corredor.

O primeiro grupo entra em uma sala com a porta entreaberta, chegando a um quarto vazio. Eles acionam os óculos infravermelhos e vasculham a penumbra esverdeada. Um vulto verde corta o campo visual deles e eles começam a atirar desordenadamente, alguns atingindo os próprios colegas com os disparos. A sombra esverdeada se aproxima dos remanescentes, ainda atordoados pelos tiros ao léu, e vai derrubando um a um. Um minuto depois, Caçadora sai da sala, triunfante.

O segundo grupo continua pelo corredor, observando as sombras que se acumulam no final. Aos poucos uma figura vestida em preto e azul vai surgindo no campo visual. Os homens param a poucos metros da mulher loira no final do corredor e a encaram, preparados para qualquer ataque. Canário Negro observa as paredes do corredor onde se encontra e enche os pulmões ao limite, liberando um dos mais potentes gritos sônicos já realizados.

Skrrrrriiiiiiiieeeeeeee!!!!!!!!

As paredes do corredor começam a tremer. As lentes dos óculos dos caçadores começam a trincar e seus tímpanos lutam para não sucumbir ao grito terrivelmente poderoso. Um a um os caçadores vão caindo, todos aos pés de Canário Negro.

— Hunf... câmara de eco, um lugar perfeito para um canário que gosta de cantar.

Dinah e Helena abrem uma pesada porta de madeira e vêem a luz do dia que vai nascendo. Do lado de fora da inacreditável mansão em que estavam presas, as duas vêem uma placa de metal fundido, identificando seus donos: "Clube de Caça de Gotham City".

Minutos depois, as sirenes da polícia ecoam pelos pastos que cercam a propriedade e os oficiais encontram, atônitos, vários homens amarrados e levemente feridos. Um deles, amarrado junto a um grande bastão de metal.

Museu William Finger — Gotham City

Então, agente Taylor, o que tem para mim? — diz o agente Jordan, do outro lado da linha, visivelmente irritado.

— Infelizmente não muita coisa, Jordan. — diz Taylor, parado ao lado do pedestal que guardava a Pedra Macedônica (***) — A invasão física foi limpa e rápida, as câmeras foram bloqueadas e os alarmes desarmados por meio eletrônico...

É exatamente isso que me interessa. Foi Oráculo?

— Não tenho como saber... foi tudo muito rápido, os sistemas mal guardaram registro das ações.

Você é um desastre, Taylor! Eu quero que você encontre Oráculo! — grita Jordan, desligando.

— Claro, Oliver, como se fosse tão fácil. — diz Taylor, desanimado, guardando o celular e observando a trava do pedestal.

Torre do Relógio

— Se você quer realmente derrubar Ra's, vai ter que me dar muito mais informações. É uma operação complicada...

VOCÊ É SEDENTA POR INFORMAÇÃO, ORÁCULO, MAS NÃO SE PREOCUPE. NO MOMENTO CERTO, EU ENTRAREI EM CONTATO COM VOCÊ... AGUARDE.

— Espere...! — começa a digitar Oráculo, mas o monitor se apaga. Bárbara olha para o seus sistemas completamente desligados e não sabe o que fazer. Mas, como num passe de mágica, todas as máquinas se acendem, como se nada tivesse acontecido — Sim, eu vou aguardar... Tália. Canário Negro e Caçadora, aqui é Oráculo, estou de volta. Vocês estão bem?

Câmbio, Oráculo. Inacreditavelmente, estamos ótimas e pegamos os responsáveis pelos assassinatos... nada mais do que ricos desocupados e eugenistas...


Nas próximas edições: Não percam o arco final de Birds of Prey, "O Demônio da Perdição"! O destino da Pedra Macedônica! Novas integrantes! Uma traidora no grupo! Uma descoberta que pode abalar o mundo... definitivamente!


:: Notas do Autor

(*) Na edição anterior. voltar ao texto

(**) A Igreja da Humanidade é uma organização antimutante que atua principalmente nos Estados Unidos. Entre seus líderes já figurou Graydon Creed, filho dos famigerados mutantes Dente-de-Sabre e Mística. voltar ao texto

(***) Veja Birds of Prey # 23. voltar ao texto




 
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