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Por
Rafael Borges
América Parte III Born in the USA
Sem coragem de fitar a colega, o Capitão América abaixa o olhar e afirma em tom funesto:
Não seria a primeira vez que Tchalla coloca seus interesses em primeiro lugar.
Eu não acredito que estou ouvindo isso! retruca a sempre impetuosa Sharon Carter Você não pode estar me dizendo que acredita realmente que o Pantera Negra compactuou com Ra's Al Ghul e foi o responsável por todas aquelas mortes em Wall Street.
Ela se levanta bruscamente e começa a andar em círculos por sua apertada cabine do porta-aviões aéreo da SHIELD. A Agente 13 conhece Steve Rogers há muitos anos e confia nele. Mas simplesmente não pode aceitar o que ele está pedindo.
Se eu e você invadirmos sorrateiramente e depusermos o governo do país em um só ataque, estaremos salvando muitas vidas que seriam perdidas em um possível bombardeio à Wakanda.
Não me importa como você explique, eu não vou topar! a mulher aponta para a porta de saída Agora, por favor, me deixe sozinha e só se preocupe em voltar quando tiver colocado algum juízo nessa cabeça!

O Capitão não sabe o que pensar.
Todas as coisas aconteceram muito rápido nas últimas semanas. Os ataques da Hidra ao presidente eleito Lucius Fox. O atentado na bolsa de valores de Nova York, que deixou seu colega Sam Wilson em coma. A bem-sucedida invasão da Latvéria.
Agora, o general Ryker afirma que há provas de que o governo de Wakanda está acobertando o terrorista Ra's Al Ghul. Se isto for verdade, as melhores chances estão em um ataque tático à sede do governo.
Talvez sejam as inquietações do sentinela da liberdade que o deixam distraído enquanto caminha pelos corredores do porta-aviões. Ou talvez sejam as incríveis capacidades furtivas do Pantera Negra que o permitam chegar sorrateiramente por trás e pegar o Capitão desprevenido.
Eu já ouvi mais do que poderia agüentar! diz o monarca de Wakanda, que surge das sombras e, da mesma maneira que o animal que lhe cede o nome, parte rapidamente para o combate.
Steve Rogers se indaga como o Pantera Negra conseguiu se infiltrar em uma das instalações militares mais seguras do mundo. Desde quando Tchalla o estava espionando? O quanto ele sabe sobre os planos do exército americano de invasão?
Eu posso tolerar muitas coisas, Capitão. prossegue o monarca de Wakanda, enquanto desfere violentos golpes com suas botas revestidas de vibranium Mas o ataque ao meu povo não é uma delas!
Os combatentes de digladiam com tamanho fervor que atravessam, uma a uma, as paredes do porta-aviões como se fossem feitas de papel. Depois de pouco tempo, eles ultrapassam a barreira que os separa da queda-livre.
O Pantera parece estar preparado para isso e, por debaixo de sua capa, surge um pequeno pára-quedas para desacelerar sua velocidade. Steve Rogers, por outro lado, é forçado a utilizar uma manobra que nunca ousou testar.
Moldado em uma liga única de adamantium e vibranium, o escudo do Capitão deveria ser capaz de absorver qualquer impacto. Mas será que isso inclui uma queda desse porte?
É o que ele vai descobrir.

Alguns minutos depois, o Capitão América desperta. Aparentemente, o escudo foi capaz de absorver o impacto, mas seu corpo não deve ter sido capaz de suportar tamanha desaceleração, fazendo-o perder os sentidos.
Levante-se! diz o Pantera Negra, estendendo a mão ao soldado caído.
O herói aceita o auxílio de seu adversário para se erguer e constata que eles se encontram em uma enorme área desolada. Nada ao alcance de seus olhos sugere a existência de vida. Enquanto recupera seus sentidos, Steve Rogers chega a supor que se trate de uma paisagem alienígena, mas logo se recorda que o porta-aviões estava a caminho de Wakanda, vindo da Latvéria. Eles devem ter aterrissado sobre o Saara.
O que estamos fazendo aqui? indaga o Capitão, tirando a areia de seu uniforme de cota de malha.
Eu estou lhe oferecendo a oportunidade que você queria. Ao invés de um ataque em grande escala, pode derrubar o governo de meu país com apenas um combate. Tire minha vida e a vitória está garantida.
A mera insinuação de que ele poderia matar um ex-colega Vingador enoja o Capitão. Sua mente é logo invadida pelas imagens da grande guerra. Imagens de um tempo de exceção, onde ele tomou atitudes de exceção. Um tempo que ele espera ficou para trás.
Depois da Guerra, eu prometi a mim mesmo que nunca mais faria isso. afirma.
Muito engraçado. ironiza Tchalla Você pretendia trazer a guerra ao meu povo, mas hesita em trazê-la para sua própria alma. Não percebe a hipocrisia em tudo isso? Já parou para pensar no assunto ou apenas seguiu as ordens que lhe foram dadas?
Eu estou defendendo o meu país. Da mesma forma que você defende o seu. A única diferença entre nós é que eu jamais acobertaria um terrorista.
Isso não seria preciso. O seu presidente já legalizou o terrorismo há muito tempo. retruca o Pantera Suponho que você ficaria surpreso em saber que seu país usou dinheiro latveriano na sua última invasão ao Iraque.
O americano cerra seus olhos, por um instante. Quando se eles abrem, há um fogo em sua voz:
Isso não pode ser verdade!
Pode sim, Steve! Pode e é! a voz metálica vem do comunicador que o sentinela carrega sempre consigo. É Sharon Carter Depois das insinuações que Destino fez, eu andei verificando. Acabei de conseguir invadir os registros da SHIELD.
Por um instante, o silêncio se torna quase palpável.
Você veio até mim buscando Ra's Al Ghul. Um homem honrado, que acabou se perdendo por causa de uma existência longa demais. Eu o conheci certa vez, mas ele nunca pisou no solo sagrado de minha nação. diz o herói africano, colocando sua mão sobre o ombro do colega Parta, Capitão. Leve a verdade ao seu povo. Defenda seu país da mesma forma que eu faria.
Ditas essas palavras, o Pantera Negra começa a se afastar lentamente, deixando para trás o Capitão América e seu sonho.
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