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Por
Alexandre Mandarino
Assassinos
de Deus
Bagdá,
Iraque 5h15
Regra número um para quedas com espadas: arremesse a arma
fora antes que você chegue ao solo. É exatamente
isso que faz Katana. Sua espada samurai se crava no chão
de terra exatos três segundos antes que sua dona se estatele.
Mas isso não acontece: a guerreira de um metro e meio rodopia
seu corpo e alcança um toldo no primeiro andar do edifício.
Neste momento, dez quarteirões vão pelos ares. Katana
se assusta e, boquiaberta, pára por alguns segundos antes
de saltar até o chão e recuperar sua espada.
Belo salto.
Ela olha para trás e vê que seu interlocutor é
um estranho homem trajando um manto vermelho.

Minha Santa Aquerupita!
Um boquiaberto Fera observava, sem acreditar em seus próprios
olhos, a destruição que toma dez quadras da periferia
da capital iraquiana. Com o peito ainda dolorido pelo corte provocado
por uma shuriken, Hank McCoy olha para o chão do terraço,
à procura do Homem-Elástico, que se levanta, aturdido
pela explosão.
Aaahannnn...
Venha, Elástico, precisamos sair daqui. Isso logo
vai estar lotado de militares!
Carregando Ralph Dibny nos braços, Fera salta para o prédio
vizinho e desaparece na escuridão do que ainda resta da
madrugada.

A dois
quarteirões dali, Jimmy Woo, Paladino e o Cavaleiro Árabe
abatem a última nave da Hidra quando são surpreendidos
pela explosão.
Meu Deus! grita Woo Espero que os outros não
tenham sido os responsáveis por isso! Abdul! Paladino!
Precisamos sair daqui. Sam, você está bem?
Enquanto o falcão Asa Vermelha pousa sobre a sua mão
esquerda, um aturdido Sam Wilson balança a cabeça
afirmativamente:
Sim, Woo... Ainda meio grogue, mas posso carregar você,
que é o mais leve do grupo.
Ótimo! Abdul, coloque Gardner nesse seu tapete voador.
Paladino, use seu jato portátil para nos seguir. Precisamos
sair mesmo daqui. diz James Woo, nervoso.
Sigam-me! conclama o Cavaleiro Árabe.
Um de meus esconderijos fica em um prédio não muito
longe daqui. Estaremos seguros lá.

Em um
beco escuro, Benjamin Pondexter, o homem conhecido como Mercenário,
corre. Depois de aproveitar a explosão para saltar do edifício
e sumir da vista do CLASH, tudo o que o assassino de aluguel quer
é voltar para a base da Hidra. A esta altura, o agente
infiltrado já está morto pela ação
do veneno de efeito retardado presente no pequeno dardo que havia
jogado em sua nuca. De forma alguma a Hidra poderia sequer desconfiar
que ele havia mandado pelos ares vários quarteirões
de Bagdá. Sua reputação sem mencionar
sua própria vida não valeriam um níquel
se a organização descobrisse que ele era o responsável
por algo que, fatalmente, chamaria a atenção do
mundo todo para o Iraque. No fim de um beco sem saída,
ele tira do cinto um estranho mapa. No papel amassado, que retrata
as ruas e bairros de Bagdá, um círculo vermelho
marca os dez quarteirões que haviam explodido.
"Fiz bem em plantar aquelas cargas explosivas dias atrás.
Sabia que seriam úteis", tranqüiliza-se Pondexter.
"Consegui fugir daqueles idiotas e certamente pus abaixo
a sede dos malditos hashashins. Não consegui descobrir
a localização exata dos cretinos, mas certamente
estão todos mortos agora."
Mal conclui esses pensamentos, Mercenário ouve o perturbador
som de um sopro. Imediatamente, o assassino dá um salto
no ar. Na parede, um pequeno dardo de madeira se choca contra
as pedras. Atrás dele, na entrada do beco, quatro homens
com mantos vermelhos estão em pé. Um deles segura
uma zarabatana de encontro à boca.
Hashashins... a voz do Mercenário
demonstra desprezo Então vocês nos encontraram.
Encontramos qualquer um em Bagdá. responde
o que parece ser o líder. E agora você morrerá.

Supremo Hidra, os corpos já foram tratados. Devemos prosseguir
com a operação?
Claro. Nada pode retardar a criação da Estrela
Z.
Os quatro skrulls já foram transformados em suco
genético.
Cuide para que tudo corra como o previsto, agente K. Amanhã
realizaremos o primeiro teste com a estrela.

Quem são vocês? questiona o misterioso homem
de manto vermelho.
Cai fora, cara. responde Katana. Não
tá vendo que metade do bairro foi pelos ares? Quem é
você?
Vocês não deveriam estar aqui. Não
sabem em que estão se metendo.
Tenho a impressão de que estamos falando de coisas
diferentes.
Não ousem atacar os hashashins, samurai.
As coisas ficarão feias para vocês, gringos. E em
nenhuma hipótese ajudem o Mercenário.
Estamos mesmo falando de coisas diferentes. Agora, tchau,
não quero encontrar o exército iraquiano por aqui
diz Katana, correndo na direção oposta.
Duas shurikens sibilam centímetros acima de sua cabeça.
Irritada, ela se vira arremessando uma estrela, mas seu alvo já
havia desaparecido.
"Hashashins... Pensei que estivessem extintos há séculos.
Melhor avisar o Woo", pensa a guerreira.

Morrerei? gargalha o Mercenário.
O homem com a zarabatana tenta arremessar um novo dardo, mas Pondexter
joga uma lata de lixo em seu estômago. O hashashin
cai no chão, tossindo e cuspindo sangue, após engolir
o próprio dardo venenoso. Em cinco segundos, o Mercenário
usa a tampa da lata, uma garrafa vazia de vinho e uma pedra solta
da parede para matar os outros três membros da mais assustadora
seita de assassinos profissionais do planeta.
"Então eles ainda se lembram de mim... De certa forma,
isso até me honra. Mas é hora de sair desta cidade.
Supremo Hidra, espero que sua conta bancária esteja em
dia."
Os pensamentos do Mercenário são interrompidos por
um grito.
Pare aí, assassino!
Fera e um ainda atordoado Homem-Elástico estão no
telhado de um dos prédios das laterais do beco.
Ora, se não são os incríveis membros
do CLASH? sorri o Mercenário. Mutante asqueroso,
você não sabe com quem está lidando.
Saltando sobre os corpos dos hashashins, o matador de aluguel
corre para fora do beco, na direção oposta à
da área destruída. Fera e Elástico saltam
para o chão, mas Pondexter já desapareceu.
Não tem ninguém na rua, Dibny. O cara não
pode ter sumido assim.
Tem algo estranho aí. Meu nariz está balançando.
Já vi, é asqueroso. Pára com isso!
Não posso, é involuntário.
Quer dizer que você tem uma espécie de intuição
nasal?
Não, Hank, só um faro muito bom. Lembre-se
de que não sou o maior detetive do mundo à toa.
Bem... Segundo maior detetive do mundo. Veja, a porta daquela
casa à direita está aberta.
Vamos com cuidado, ele pode ter feito reféns.
McCoy e Ralph entram na pequena casa de argamassa. A sala está
às escuras. Assim que Hank leva a mão ao cinto para
pegar sua lanterna portátil, sons de lâminas tomam
o ambiente. Espessas placas de metal descem do teto e lacram o
cômodo. Logo, o ambiente é preenchido com gás
sonífero. Por meio de um alto-falante oculto, a voz do
Mercenário se fez ouvir:
Parabéns, mutante e chiclete. Vocês acham
que eu me aventuraria por Bagdá sem antes ter usado o precioso
dinheiro da Hidra para montar algumas bases de emergência?
Você não vai... cof... longe, Mercenário
diz o Fera.
Jura? Should I Stay or Should I Go?

Jimmy
Woo levanta vôo, carregado por Sam Wilson. Do alto, a destruição
é ainda mais espantosa. Impressionado, o agente é
surpreendido pela visão de uma pequena mulher correndo
pelas sombras.
Lá embaixo, vejam. É Katana. Paladino, desça
e pegue a garota.
Saco, Woo, já estou me sentindo um taxista.
O mercenário desce até a rua com seu jato portátil
e recolhe a samurai. Em seguida, o grupo continua o estranho vôo
noturno em direção ao esconderijo de Abdul Qamar.
É ali, naquele sobrado do meio diz o Cavaleiro
Árabe. Pousem no terraço, há uma escada
que leva para dentro.
No interior do pequeno abrigo, Woo se volta para a samurai:
Onde estão Fera e Dibny?
Perdi-os de vista. Fui arremessada pelo Mercenário
do alto de um prédio. Eles permaneceram no terraço,
mas não os vi mais.
Ótimo. Já começamos a nos separar.
Era só o que faltava... Não quero me arriscar a
usar o rádio por aqui, nem mesmo na nossa freqüência
especial.
E não é só isso, Woo. Encontrei um
homem muito estranho, que me disse para ficarmos longe e não
ajudarmos o Mercenário.
Como era ele?
Trajava um manto vermelho com capuz, que lhe cobria todo
o rosto, menos os olhos. Estes eram cobertos por uma espécie
de óculos de alpinismo. Ele me disse que era um hashashin.
Hashashin? espanta-se o Cavaleiro Árabe.
Então minhas suspeitas eram corretas. Eles ainda
existem.
Pensei que fossem apenas uma lenda. surpreende-se
o Falcão.
Não, eles existem. responde Abdul.
A seita foi criada no século XI por um persa chamado Hasan
bin Sabbah. Sua história é uma mistura de sexo,
drogas, mitos e assassinatos. Aliás, o próprio nome
da seita deu origem à palavra "assassino".
Estranho um deles aparecer agora... intriga-se Woo.
Quem era esse Sabbah?
Um negociante, místico, revolucionário político,
assassino e asceta. Nasceu na Pérsia, o atual Irã,
no ano de 1034, se estou bem lembrado. Em sua infância,
foi um diligente estudante de teologia. Quando adulto, afirmou
várias vezes ser a encarnação de Deus na
Terra. Supostamente, Hasan bin Sabbah foi amigo e colega de escola
de Nizamul Mulk, que viria a se tornar o vizir do sultão
da Pérsia, e Omar Khayyam, o grande poeta, astrônomo
e matemático. Abdul é interrompido por Woo:
Cavaleiro, este lugar é seguro?
Completamente, Woo. Ninguém irá nos encontrar
aqui.
Continue.
Bem, diz a história que os três amigos fizeram
um pacto: quando um deles atingisse uma posição
de poder e influência, deveria ajudar os outros dois. Quando
jovem, Hasan viajou para o Egito, onde permaneceu por um ano e
meio. Lá, estudou com os xiitas. Essa seita o ensinou a
questionar o próprio dogma islâmico da época.
Os estudantes xiitas eram levados a crer que a única fonte
de verdade estava nos seus instrutores. Cada aluno, para prosseguir,
precisava passar por nove degraus, até finalmente ter acesso
à Verdade Definitiva.
E que verdade era essa? pergunta o Paladino.
Que o mundo é criado através de ações
e que as crenças são apenas distrações
para manter as massas escravizadas.
Faz sentido diz Katana.
Bem, este sistema acadêmico xiita impressionou Hasan
e serviu mais tarde como modelo organizacional que estruturou
os hashashins.
Agora entendo porque William Burroughs, o escritor beat,
disse uma vez que Hasan havia sido "o único líder
espiritual com algo a dizer para a era espacial".
observa Sam Wilson.
Como você sabe disso, Sam? pergunta Woo, intrigado.
Bem, passei a adolescência no Harlem, lendo todos
os rebeldes que podia encontrar.
Bom saber disso. diz Woo. Continue, Abdul.
Não é de se estranhar que Burroughs
que passou alguns anos no Marrocos tenha dito isso
complementa Abdul. Afinal, uma das máximas de Hasan
era: "Nada é verdade, tudo é permitido".
Bem, encurtando a história: Hasan encontrou problemas no
Egito. Houve uma controvérsia sobre quem deveria ser o
sucessor do califa fatímida. Os fatímidas, que governavam
o Egito na época, eram os cabeças dos Ismaelitas,
um setor do Islâ que havia se separado dos xiitas. O filho
mais velho do califa, que deveria ser o sucessor natural, havia
morrido antes de seu pai. A maioria queria como novo califa o
filho mais novo, mas Hasan achava que o direito deveria ser do
descendente do filho mais velho, um certo Nizar. Hasan foi preso
por apoiar Nizar. Mas, em um episódio muito estranho, os
muros de sua prisão ruíram e ele escapou, fugindo
para a Pérsia.
Bizarro. comenta o Paladino.
A parte bizarra começa agora. Em sua procura por
uma base de operações permanente, Hasan encontrou
uma antiga fortaleza no alto das montanhas de Qazwin. Este castelo,
chamado Alamut (na língua de vocês, "o ninho
da águia"), terminou sendo a sede de uma nova seita
fundada por Hasan, os Ismaelitas Nizaritas. O castelo não
estava abandonado: para ganhá-lo, Hasan fez uma curiosa
barganha com o seu antigo dono. Ele pediu ao ancião que
cedesse a ele um pedaço de sua terra de um tamanho que
"pudesse ser coberto pelo couro de uma vaca". O dono
concordou. Em seguida, Hasan cortou a pele de uma vaca em uma
tira tão fina que pôde cobrir a superfície
inteira do terreno da fortaleza. Contrariado, o ancião
cedeu e foi embora.
Putz! Paladino acompanha a narrativa com interesse.
Hasan começou a usar a seita para fazer propaganda
ismaelita e logo começou a exercer notável influência
entre parte da população do Oriente Médio.
Quando Nizamul Mulk, seu amigo de infância, que a essa altura
já era vizir, soube de seu novo castelo, ficou com tanta
raiva e inveja que mandou um exército para invadir a fortaleza
e dizimar a seita. Falhou miseravelmente. Hasan então matou
Mulk, cravando uma adaga em seu coração.
Belo final para o pacto, hein? diz Katana.
Pois é. Bem, Hasan mandou construir no interior
de Alamut um imenso e lendário "Jardim das Delícias
Terrenas". Localizado em um vale entre duas altas montanhas,
o jardim contava com exóticas plantas importadas, pássaros
e animais de todo o planeta. Luxuosos palacetes de mármore
e ouro foram erigidos ao longo do jardim e decorados com belas
pinturas e cortinas de pura seda. Córregos de leite, vinho
e mel foram criados para adornar o jardim e algumas fontes artificiais
jorravam vinho e água das chuvas primaveris.
Que viadagem...
Bom saber que acordou, Gardner. Bom, como eu dizia, o jardim
foi criado para ser um ponto importante nos rituais da seita.
Os iniciados eram dopados com uma poderosa poção
à base de haxixe e levados para o centro do jardim. Lá,
eram recebidos por lindas garotas, chamadas houris, que
cantavam, dançavam e tocavam instrumentos exóticos
para eles. Enquanto o iniciado se embebia em êxtase, as
garotas trabalhavam nele, realizando uma massagem com as línguas
por todo o seu corpo, enquanto uma delas lhe praticava sexo oral.
Não admira que Hasan exigisse total lealdade de seus seguidores,
que não deveriam fazer nenhuma pergunta.
Mas ainda não entendi este sistema. diz Katana.
Isso era apenas uma pequena parte do método doutrinário
de Hasan, que era composto de sete degraus. Os Ismaelitas Nirzanitas,
que mais tarde passaram a se chamar simplesmente de hashashins
(comedores de haxixe), mesclavam os lados exotérico (o
que pode ser comunicado, a "lei de Deus") e esotérico
(místico, subjetivo) do Islã. Hasan era um notório
alquimista e um estudante do sufismo. Por isso, os futuros hashashins
também eram ensinados a se tornar mestres em métodos
ocultos para atingir níveis mais altos de consciência.
Claro, também aprendiam inúmeras maneiras de matar
um homem utilizando veneno ou uma adaga. Os iniciados eram treinados
para aprender várias línguas, bem como a se vestir
e comportar como mercadores, monges e soldados. Eram ensinados
até mesmo a fingir crença e devoção
às principais religiões daquela época. Assim,
podiam se passar perfeitamente por um mercador, um místico
Sufi, um cristão ou um soldado comum.
Chega, caralho! berra Guy Gardner.
Se não me engano, eles travaram várias batalhas
com os soldados cristãos europeus na época das Cruzadas.
lembra Katana.
É verdade. Eles foram encontrados pelos cruzados
no século XI. Os europeus ficaram aterrorizados com os
hashashins. Mas os maiores inimigos da seita foram mesmo
os "pobres soldados de Jesus Cristo", os chamados cavaleiros
Templários.
Os monges guerreiros. observa Woo.
Exato. Bem, boa parte da motivação e fanatismo
de um hashashin vinha daquele período mágico
no Jardim. Hasan os convencia de que os prazeres que haviam sentido
e presenciado no Jardim só retornariam após a sua
morte. E, mesmo assim, se morressem como hashashins.
Os caras ficavam desesperados querendo aquilo tudo de volta...
calcula Falcão.
Justo. O crescente poder da seita logo perturbou o sultão
da Pérsia, que enviou tropas para dizimá-la. Mas
este esforço também falhou. Hasan mandou que envenenassem
o sultão em retaliação. Após sua morte,
a região foi dividida entre diversos grupos guerreiros
rivais, o que fez com que os hashashins fossem a facção
mais poderosa da Pérsia durante vários anos, bem
como uma das seitas mais influentes do Oriente Médio. E
agora você me diz que encontrou um deles, Katana.
Bem, ele batia com esse perfil insano que você relatou.
Os mantos vermelhos são os mesmos. E os óculos
modernos de alpinista podem ser uma proteção.
teoriza Abdul.
Ou algo pra não dar bandeira. Os caras devem viver
de olhos vermelhos. graceja Paladino.
E que fim levou Hasan?
Ora, interessado, Guy? Bom, a vida de Hasan é, em
grande parte, um mistério. Diz-se que, após a fortificação
de Alamut, ele saiu de seu interior somente duas vezes. Provavelmente,
morreu bastante velho em sua fortaleza. Escreveu diversos tratados
alquímicos e teológicos. O mais curioso é
que não havia fundado a seita por ambição
ou poder, mas por fé legítima. Os próprios
hashashins não eram assassinos descerebrados, mas,
muitas vezes, intelectuais. Tentavam vencer pela propaganda, ganhando
a confiança de mulheres e crianças de famílias
importantes, através de presentes como vestidos, jóias
e brinquedos. Raptavam pensadores da época para dar aulas
em Alamut. Claro que, quando necessário, uma adaga embebida
em veneno entrava em ação o que não
era raro.
Tá, mas o que tem a ver essa porra? Isso é
problema do Mercenário. A gente tá aqui pra detonar
é com a Hidra, caceta! proclama Gardner.
Tem muito mais a ver do que pensa, seu cretino americano.
diz uma voz vinda da porta.
Parado na soleira, um homem de manto vermelho olha para o grupo.
Gardner e Katana se levantam, mas Woo faz um sinal para que parem.
Você é sábio, chinês. Não
somos inimigos... por ora. Na verdade, somente aparecemos para
a samurai porque temos um inimigo em comum.
O Mercenário. completa Woo.
Claro. Sei que vão querer saber por quê. Para
evitar que investiguem, adianto-me em informá-los de que
o Mercenário foi um iniciado em nossa ordem. Assim como
fez com os Thugs, Phansigars, Templários e alguns grupos
de Ninjutsu, ele aprendeu o necessário e foi embora, roubando
vários de nossos tesouros. Iremos matá-lo e vocês
não se intrometerão.
Quem você pensa que é, sua bichinha maconheira?
berra Gardner.
Cale a boca, Gardner. diz Woo, firme. Não
nos intrometeremos em sua luta. Mas, se encontrarmos o Mercenário,
o levaremos preso.
Pouco importa. Na verdade, vim aqui lhes passar uma informação.
Vocês procuram a base dos idiotas que se chamam Hidra, certo?
A serpente continua mordendo a própria cauda.
O que disse? espanta-se Woo.
Esqueça. Vocês já têm a localização
da base da Hidra. Vim lhes dizer o que eles pretendem. Recentemente,
em seu país, eles tiveram acesso aos corpos de quatro alienígenas
mortos em combate na Terra. O DNA destes seres será utilizado
para gerar um padrão de energia mutacional. Esta energia
será emanada por um novo satélite da organização,
que eles chamam de Estrela Z. Ele será posto em órbita
amanhã, ao meio-dia.
Meio-dia? Então... assombra-se Jimmy.
Não queremos estes cretinos por aqui. Com
essa frase, o hashashin rapidamente some em uma cortina
de fumaça.
Fascinante. Jimmy Woo está impressionado
E terrível. Tomara que nunca voltem suas atenções
para o ocidente. Mas o que ele disse é alarmante. Pensei
que tivéssemos mais tempo. Bem, temos que invadir a base
da Hidra agora mesmo. Preparados?

Senhor, o Mercenário retornou de Bagdá.
Finalmente. diz o Supremo Hidra. Mande-o
entrar.
O matador entra no luxuoso estúdio do líder da maior
organização terrorista do mundo.
Fala, Supremo cumprimenta o Mercenário, com
calculada arrogância.
Mercenário. Passou mais tempo fora do que o previsto.
O agente infiltrado foi eliminado?
Sim... Mas, infelizmente, ele teve tempo de passar a localização
da base.
Para quem, afinal?
Para um grupelho chamado CLASH. Não sei a quem eles
servem.
Ah, o tal CLASH, aquele da nave abatida... Então,
querem nos invadir? Quem são eles?
Bem, eu pude ver entre seus membros a samurai Katana, o
mutante conhecido como Fera, o Homem-Elástico e mais três
manés, um deles provavelmente um lanterna verde.
Hum... este pode ser problemático.
Estavam sendo liderados por um china, aparentemente sem
poderes. Ah, sim, conseguiram a ajuda daquele herói local,
o palhaço que anda em um tapete.
O Cavaleiro Árabe? Curioso... Ele os está
ajudando? Ah, Mercenário... espero realmente espero
que você não tenha relação alguma
com a explosão que destruiu parte do casbah esta madrugada.
Claro que não, senhor.
Muito bem, aceitarei suas palavras por ora. Uma estranha
coincidência... Nossa força meta-humana também
conta exatamente com seis membros. Pena que o Homem-Absorvente
tenha partido, ele nos seria bastante útil contra o lanterna
verde. Mas temos substitutos à altura. Mercenário,
coordene sua equipe de segurança e mereça seu salário.
Descreva os poderes desse CLASH e... bem... não preciso
dizer-lhe o que fazer, certo?
Certamente não, Supremo disse um Mercenário
um tanto mais contido.
O assassino se prepara para sair da sala, mas pára no meio
do caminho, volta-se e diz:
Supremo, posso utilizar nesta operação o
nosso prisioneiro da cela 12?
... se achar necessário.

Ralph
Dibny e Fera acordam de um sono sem sonhos. Ainda estão
presos no interior do casebre revestido de metal.
Ai... Nem mesmo aquela noitada com a Mary e a Lou Ann me
deram uma rebordosa dessas... diz o mutante. Tem
um Engov aí, Elástico?
Não é hora pra brincadeiras, Fera. Já
estou acordado há alguns minutos e surpresa!
o metal que reveste as paredes não apresenta nenhuma fenda
ou passagem. Outra surpresa: ele está se aproximando, formando
uma caixa de dimensões cada vez menores.
Isso quer dizer que...
Hum-hum. Suco de CLASH.

Em um
dos inúmeros túneis subterrâneos que ligam
os bairros de Bagdá, dois homens de manto vermelho se encontram.
Um deles, usando um óculos amarelo, pergunta:
E então? Encontrou-se com os americanos?
Sim.
Ótimo. A base em Bagdá está destruída.
Nosso mestre ordenou que voltássemos para o castelo oculto
nas montanhas. O ninho da águia tem alguns presentes. Adereços
mortais que levaremos para Nova Iorque.
E o Mercenário?
Desapareceu. Provavelmente, voltou para a Hidra.
Menos mal. Pelas graças de Hasan, ele, os terroristas
e os americanos se matarão.

"(...)
ele, os terroristas e os americanos se matarão."
A estática é grande, mas Benjamin Pondexter pode
ouvir a conversa dos hashashins em seu fone de ouvido.
Os microfones ocultos que havia espalhado pelos túneis
do haxixe quando plantou os explosivos ainda estão funcionando.
Com pensamentos ainda mais distorcidos, o Mercenário faz
uma mudança de planos.
Não iria mais caçar os hashashins. Não
por um tempo.
Nova Iorque.
Um certo demônio iria ter muito, muito trabalho.
Divertido.

No porta-aviões
aéreo da SHIELD, Sidney Levine fala no comunicador, na
freqüência especial.
Sim, agente Fox?
Sr. Levine, chegou a encomenda que o sr. Woo havia requisitado.
Qual delas, Fox?
A fria.
Já? Tão cedo? Que surpresa!
Se me permite dizer, senhor, me espantei que o governo
tenha liberado essa encomenda. Pensei que isso fosse impossível.
Eu também, Fox. Ah, e dispense o "senhor".
OK.
Pode mandar entregarem aqui embaixo, Fox. Muito obrigado.
OK, senh - err, Levine.
Gaffer.
Sorrindo, Gaffer senta-se pensativo em frente ao comunicador.
Sue Dibny se aproxima.
Oi, Gaffer. Pode deixar que eu fico no comunicador agora.
Vá descansar um pouco. Nada ainda?
Nada. Mas não se preocupe, já esperávamos
poucas mensagens por rádio. Iraque, você sabe.
Sim... Normalmente não ligo. Ralph sabe se cuidar.
É que não estamos acostumados com este tipo de missão.
Imagino, sra. Dibny.
Sim, nós semp...
Sue é interrompida por dois agentes do corpo de segurança,
que abrem a porta de entrada da ala do CLASH no porta-aviões.
Atrás deles, oito carregadores empurram três enormes
caixas de metal e vidro.
Gaffer, taí a encomenda diz um dos agentes.
Olha só, fala pro Woo ficar ligado. Se esses caras
aí perderem o controle, até os faxineiros da ONU
vão querer tirar satisfação.
Sim, claro. Podem levar o trio para a décima-terceira
sala à direita, é o nosso laboratório de
criogenia.
Um pensativo Levine olha o grupo partir com os três cilindros
metálicos. "Woo, espero mesmo que saiba com quem está
lidando."

Mercenário
abre as portas de adamantium da cela 12. O prisioneiro está
algemado à parede. O assassino de aluguel sorri.
Oi. Hoje é seu dia de sorte. Temos uma missão
pra você, mas vai ter que cooperar.
Vou poder matar?
Sim, vai.
Matar, matar muito? Muito? Matar muito?
Talvez.
Eeeeeeeaaaaaaaaaaarrrrrrrrrrrrrhhhhhhhhhhhh!
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