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Por
Alexandre Mandarino
Ação
e Reação
12
Km a oeste de Bagdá, 07:15 AM
Caceta, esse calor tá insuportável. Por
isso esses caras são tão cretinos, qualquer um que
more num buraco desses fica maluco rosnou Guy gardner.
Cale-se, Guy advertiu Jimmy Woo.
Jimmy, o Gardner tem razão. Esses disfarces são
muito quentes concordou Katana.
Bom, acho que já podemos desligar os holos. Estamos
longe da área metropolitana.
Ou seja, no meio de um deserto nojento.
Cale-se, Guy.

Hank
McCoy e Ralph Dibny tentavam se manter em pé. Ainda atordoados,
analisavam cada canto da prisão de metal.
Pela careca de Xavier! Parece que não tem nenhuma
fresta nessa caixa de metal averiguou o peludo bioquímico.
É verdade. Já tentei passar meus dedos por
todos estes cantos e nada. Nem uma entradinha. Parece que... opa!
Olha só! Meu nariz está tremendo!
Nah, eu tenho mesmo que me virar pra ver isso? É
asqueroso.
Não, é sério, Hank, alguma coisa vai
acontecer. Acho melh...
Uma explosão ensurdecedora impediu que Ralph terminasse
a frase. Do lado de fora, militares iraquianos haviam encontrado
a estranha cela de metal escondida no interior de um casebre e
tentavam abri-la a força, utilizando explosivos.

O assassino
conhecido como Mercenário fumava um charuto em sua sala
na fortaleza da Hidra. Com a mão esquerda, brincava com
três cartas de baralho. Uma campainha extraiu o sorriso
de seu rosto.
Sim?
Mercenário, o Supremo Hidra quer vê-lo. Os
testes preliminares da Estrela Z foram realizados.
Já estou indo.
O bandido de aluguel arremessou as três cartas para o alto.
A dama de espadas cortou o valete de copas bem no meio, separando
as duas faces da figura. O rei de paus fez o mesmo com a dama
de espadas e, em seguida, flutuou até o chão de
madeira, onde caiu cravado como uma adaga.

OK, qual é o plano, Woo? perguntou o Cavaleiro Árabe.
Antes de tudo, Abdul, gostaria de agradecê-lo por
ter permanecido conosco. Você será de grande utilidade,
ainda mais agora que perdemos o sinal de Dibny e do Fera.
"De grande utilidade"? Esse Aladim com um tapete
voador? BWAH-HAH-HAH!
Cale-se, Guy. Respondendo à sua pergunta, Abdul,
o plano é o seguinte: primeiro, acho...
Woo foi interrompido por Paladino:
Ainda acho que deveríamos ter procurado Fera e o
Elástico.
Adoraria ter feito isso, Paladino, mas não há
tempo. Não sabemos o que é a Estrela Z, mas ela
será usada ainda hoje, se os testes da Hidra forem bem
sucedidos. Temos que invadir a base com ou sem os dois.
Eles não vão fazer falta nessa missão.
Isso vai ser moleza.
Cale-se, Guy. De qualquer forma, eles poderão nos
localizar depois pela nossa freqüência GPS privada.
Bem, o plano é o seguinte: Falcão vai na frente,
voando baixo e de forma extremamente discreta. Sam, caberá
a você verificar se existem defesas aéreas preliminares.
E se existirem?
Abdul irá com você e o ajudará a neutralizá-las.
BWAH-HAH, gostei disso. Ação padrão
do exército americano: mandar os negros na frente como
bucha de canhão.
Cale-se, Guy! disseram todos, quase em uníssono.
Gardner, você é um cão ainda mais asqueroso
do que eu imaginava. Mas não perde por esperar avisou
Woo. Bem, prosseguindo: nosso ridículo lanterna
amarela vai gerar um monstro de energia ou qualquer coisa similarmente
estúpida que seu cérebro de noz possa criar. Gardner,
você fará isso no portão norte, dez minutos
após a partida de Falcão e Cavaleiro Árabe.
O lado norte abriga a maioria dos batalhões defensivos
da Hidra. Com essa distração, eu, Katana e Paladino
conseguiremos entrar pelos portões leste, de acordo com
as plantas de nosso agente.
Legal, você, a japinha e o Palermino entram. E aí
não fazem nada lá dentro, né? Vão
fazer o quê? Nem poder vocês têm!
Pela última vez: cale-se, Gardner. Vamos sincronizar
nossos relógios. Depois de nossa entrada, Falcão
e Abdul poderão tentar entrar por esta pequena abertura
de ventilação no teto da base disse Woo,
apontando um detalhe da planta. Gardner, você entra
cinco minutos depois e segue até este galpão no
lado oeste da instalação. É lá que
estará maioria dos agentes da Hidra desta base. Vamos ver
se você é tão bom quanto arrota que é.
Isso vai ser mole.
Devem ser cerca de cinco mil agentes. Só um problema:
eles sabem como neutralizar sua energia amarela. Por isso, você
não pode aparecer. E será obrigado a criar construtos
de seres ou objetos que sejam originalmente amarelos no mundo
real, para não despertar suspeitas.
Que sejam amarelos? Posso criar cinco mil Jimmy Woos?

Ah, entre Mercenário. Nosso departamento científico
acaba de me mandar as fotos do nosso último teste com a
Estrela Z. Quer vê-las? disse um sorridente Supremo
Hidra.
Tá.
O DNA Skrull foi transformado com êxito em uma forma
de energia radioativa. O agente geneticamente transformador na
cadeia cromossômica desses seres permitiu que...
Tô vendo. Que um monte de neguinho virasse monstro.
Isso quer dizer que foi um sucesso?
Absoluto. Estes pobres seres disformes que você vê
nestas fotos são os nossos cinco agentes renegados. Eles
foram bombardeados com os raios da Estrela Z e o resultado foi
isto.
Quatro monstros. Sobreviveram?
Sim. Mas foram sacrificados em seguida.
E o quinto agente?
Vê a televisão atrás dos outros quatro?
Sim.
É ele. Também foi destruído em seguida.
Isso é tão... Hidra da parte de vocês.
Obrigado. E ainda é uma doce vingança contra
aquele Skrull que ousou nos enganar, o "Hidra Sensacional".
Quer dizer que...
Quer dizer que hoje à tarde a Estrela Z estará
em órbita. Quer dizer que hoje à noite metade da
população de Nova York estará grunhindo e
rastejando, em novíssimas formas esverdeadas. Quer dizer
que temos maior poder de chantagem. E, principalmente, quer dizer
que se você deixar alguém invadir nossa base nas
próximas horas será um homem morto.

Minha Santa Aquerupita! Ralph, estão tentando explodir
a cela gritou o Fera.
E pior: conseguindo. Olha só aquela rachadura.
Com toda a destruição a quarteirões
daqui, só podem ser militares iraquianos tentando entrar.
Precisamos nos disfarçar. Ligue seu holoprojetor.
Para simular o quê?
Hum... acho que a melhor opção é essa,
veja: a 42.
Ah, não, Hank. Isso é ridículo.
Não é?
Do lado de fora, uma nova carga de explosivos era colocada ao
lado da cela de metal. A explosão desta vez abriu uma enorme
fenda na cela metálica. Os militares olhavam com expectativa
para o interior do cubo, aguardando a fumaça esvanecer.
Assim que isso aconteceu, dois vultos negros saíram pela
fenda. Eram duas mulheres desesperadas, trajando indefectíveis
trajes muçulmanos completos, incluindo o jihab, que cobria
seus rostos. Em um árabe perfeito e histérico, uma
delas, espantosamente gorda, gritava.
Graças a Alá! Aqueles homens loucos nos prenderam
ali dentro há horas. Ainda bem que vocês chegaram,
bravos soldados do Islã!
Sem saber o que fazer, os soldados chamaram os paramédicos.
Não, não é necessário. Estamos
bem! Minha querida mãezinha! A pobre não tem notícias
minhas há horas. Devo ir para casa confortá-la!
Assim que dobraram o quarteirão, a mulher mais magra disse
para a outra:
"Bravos soldados do Islã". E você
ainda acha o meu nariz asqueroso?
Cale-se, Dibny. O que você queria que eu dissesse?
Sabe que seu falsete em árabe é uma gracinha?
Se eu já não fosse casado com a Sue...

No porta-aviões
aéreo, o Departamento Clash estava silencioso. Agentes
de segurança observavam à distância a movimentação
de Sidney Levine, o gênio conhecido como Gaffer, e Sue Dibny
em frente ao painel de metrocomunicações.
Fique calma, Sue. A ausência de comunicações
recentes não configura necessariamente nenhum tipo de problema.
Eu estou calma, Gaffer. Você é que não
pára de andar pra lá e pra cá.
É... bem, vou ver se está tudo OK com minhas
pesquisas de telepresença.
Após a saída de Gaffer, Sue olhou por alguns minutos
para o monitor enegrecido. Ela não estava preocupada com
Ralph, sabia que ele se safaria fácil do que quer que encontrassem
no Iraque. Era o tédio que a cansava. Subitamente, levantou-se
e andou em direção ao seu dormitório. Seria
bom se descansasse um pouco. Estava acordada há quanto
tempo? Dezesseis horas? Mais? No corredor, Sue teve um sobressalto.
Um ruído. Algo que parecia ser um uivo ou lamento. Sua
nuca se arrepiou. Olhou em volta: o som vinha do laboratório
de criogenia.
Abrindo a porta, Sue entrou com cuidado no estranho ambiente.
O chão de azulejos, as paredes, as pias, tudo gritava estridentemente
a palavra "limpeza". Em um canto, três tubos de
metal e vidro deixavam vislumbrar por suas curvas translúcidas
o que pareciam ser três pessoas congeladas. O primeiro deles
estava escrito somente: "Cuidado". Sue olhou um pouco
mais de perto. Nada. Parecia ser uma pessoa, mas não tinha
certeza. No pé do segundo vidro estavam as letras "JM".
Em seu interior, Sue conseguiu enxergar somente a cor azul. Súbito,
o ruído de novo, mais alto do que nunca. Vinha, com certeza,
do terceiro recipiente. Com os cabelos de seus braços protestando
de pé, Sue aproximou o rosto do último invólucro.
E teve finalmente duas certezas: algo se movia lá dentro.
E esse algo não era humano.

O sol
do deserto queimava o rosto de Sam Wilson. Impressionado pelo
calor, ele não conseguia deixar de pensar na lenda de Ícaro
à medida em que subia aos céus. Logo atrás
dele, o Cavaleiro Árabe brandia sua cimitarra mística,
voando de pé sobre seu tapete. À frente de Sam,
seguia o amigo que mais vezes havia salvo sua vida ao longo dos
anos: Asa Vermelha, o falcão que possuía há
longos anos e com o qual de acordo com o Professor Xavier,
líder dos X-Men mantinha um formidável elo
mental.
Wilson olhou para baixo. Asa Vermelha estava nervosa. Apertando
um botão em seu visor cibernético, ele ampliou o
zoom eletrônico sobre o teto da base da Hidra. Alguma coisa
levantava vôo em sua direção. Pareciam...
esporos. Maldição. Eram pequenos esporos eletromecânicos,
mostrando que a Hidra havia comprado novidades nanotecnológicas
da sua antiga corporação irmã, a IMA. Asa
Vermelha não teria nenhuma chance contra aqueles minúsculos
robôs. Falcão chamou a ave mentalmente e, logo em
seguida, visualizou inimigos mais ao seu alcance: três naves,
cada uma delas tripulada por dois agentes da organização.
No interior do prédio, o Supremo Hidra vociferava:
Maldição. Mercenário, seu cretino!
É aquela merda que se chama Clash!
Ah, sim. The Magnificent Seven. Eh. Eles não perdem
por esperar. Relaxe, Supremo.
Com essas palavras, Mercenário caminhou até a cela
12. "Vamos ver o que podem fazer contra a baleia".

Cavaleiro, esporos minúsculos avançam em sua direção.
Você não pode vê-los, mas eu posso enxergá-los
através das lentes cibernéticas de meu visor
disse Falcão. Não posso fazer nada contra
eles, mas seus poderes místicos podem destruí-los.
Espero.
O que está me dizendo? Esporos nanotectrônicos?
Pensei que somente a Shield tivesse essas coisas.
Pois é. Vou observar a luta a distância, essas
coisas podem me matar em menos de um segundo. Mas você terá
que agir exatamente como eu mandar. E rapidamente.
Vou tentar.
Abra bem seus ouvidos e preste atenção nos
comunicadores. A primeira leva está se aproximando a três
horas de você.
Quantos são?
Sei lá, mas cobrem uma área de três
metros. Cavaleiro, você já jogou Descent?
Não.
Uma pena.
Falcão, e as naves com os agentes?
Asa Vermelha cuidará deles disse Sam, rezando
para que estas palavras fossem capazes de se tornar realidade.

Fedeu, gente. Falcão e Cavaleiro foram vistos. Já
sabem que estamos tentando invadir reconheceu Paladino.
Com o rosto franzido pela tensão, Woo disse: Não
adianta mais disfarçar. Gardner, voe já até
o portão norte e brinque de Godzilla com aqueles sujeitos.
É pra já.
Katana, Paladino, ativem seus mantos-camaleão. É
só apertar o botão mais inferior do holo. Imediatamente,
o trio se tornou quase invisível. Em seu lugar, a areia
do deserto, que ficava turva à medida em que andavam.
Morda-se de inveja, Predador... disse Paladino.
Saquem suas armas disse Woo. Assim que Gardner
atrair a multidão de paspalhos para o portão norte,
nós entraremos pelo leste.
Minha katana já está em minhas mãos.
Essa missão está me cansando. Tomara que os agentes
dessa Hidra tenham bastante sangue para embeber as lâminas
de minha amiga.

Vem pro pau, Hidra de merda!
Aos berros, Gardner gritava para os primeiros pelotões
de segurança do perímetro da base. Um gigantesco
Megalon amarelo, de mais de quarenta metros de altura, esmagava
os agentes da organização. Gardner aproveitava para
berrar, já que sua atuação nos postos de
segurança internos teria que ser às escondidas.
Ao menos os agentes externos não eram capazes de anular
seus construtos de energia amarela.
Atirem! Não podemos deixar que essa coisa entre
na base! disse um dos soldados rasos da Hidra.
Olhem! O monstro parece crescer ainda mais. Que sinistro!
Sinistro, não. Sinestro disse Gardner.

É o Clash, Supremo. Olhe pelos monitores. Nos céus,
localizamos o atleta alado conhecido como Falcão e a ajuda
local do grupo, o Cavaleiro Árabe.
Uma ameaça insípida. Nossos nanorrobôs
aniquilarão os dois em segundos.
No portão oeste, um lanterna verde ou algo assim
parece ter criado um monstro.
Já vi. Não é "um monstro",
seu ignorante. É Megalon. Você não tem videocassete
no seu quarto? disse o Supremo.
Senhor, devo lembrar que as possibilidades de encontrar
uma locadora de vídeo neste deserto são...
Cale-se. Os agentes do oeste não têm como
anular a energia de um lanterna verde. Devo reconhecer que este
ataque me surpreendeu. Agente 312, aja rápido: informe
ao Mercenário para abrir a cela 12. E diga a ele para liderar
pessoalmente seu esquadrão de supercretinos. Nekra já
retornou?
Sim, Supremo.
Ótimo. Por fim, avise ao cientista-chefe que a Operação
Tetris foi antecipada. Faça com que lançem a Estrela
Z em órbita imediatamente. Estarei no meu bunker, controlando
toda a operação.

EEEEEEAAARRRRRRRARARARRRRRRRRR!
Pare de berrar desse jeito insuportável ou eu não
o tiro desta cela disse o Mercenário para a criatura
da cela 12. Você quer matar, não quer?
Matarmatarmatarmatarmatarmatarmatarmatarmatarmatarmatarmatar
Tem certeza de que consegue controlar este trambolho, Tubarão-Tigre?
Perguntou o Mercenário.
Claro. Este monstro foi criado pelo mesmo cientista que
me deu estes poderes. Graças a este interfaseador de córtex
criado pelo Dr. Dorcas, eu conseguirei guiar nosso monstrengo
favorito até os invasores.
Ótimo. Conto com você para controlar este
bicho.
Relaxa, Mercenário. Esse cara mal tem cérebro.
É mole controlar o Orca.
EEEARAARRRRRARAARRRRRRRRmatarmatarmatarRRRRRAAREEEEAAAARRRRRRRR

AAAAAAAHHHHH!
Com um grito, Sue Dibny desmaiou. À sua frente, uma cápsula
criogênica de aço e plexiglass começava a
rachar.
E existiam tantos cantos e pequenos esconderijos no porta-aviões
da Shield...
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