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Fogo # 02

Por Lucio Luiz

Go To Work, Bum!

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O desemprego assola o país. Até para se conseguir uma vaga de gari, há filas com centenas de candidatos. Mesmo uma mulher bonita como Beatriz da Costa, a ex-heroína Fogo, encontra alguns obstáculos pelo caminho.

Após recusar um alto cargo na Asigob (Agência Secreta de Informações do Governo Brasileiro) (*), Fogo se vê às voltas com enormes problemas. Sua entrada nos Estados Unidos foi proibida (**) e todo seu dinheiro acabou (***).

Com ajuda de alguns amigos, Fogo conseguiu algumas "boquinhas", mas nada que garantisse carteira assinada e um salário certo no fim do mês. De qualquer forma, o jeito era tentar fazer o que aparecesse pela frente.

— Um Big Mac com Coca-Cola e McFritas, dois McLanche Feliz, um com guaraná e outro com Fanta, e três McTortas de maçã. — na fila da lanchonete (cujo nome não citaremos para não fazer propaganda gratuita), uma senhora de idade acompanhada por duas crianças remelentas solicita um lanche à atendente.

— Tá... um minuto que eu vou digitar... er, um BigMac? — Fogo responde. É seu primeiro dia como atendente da lanchonete e ela ainda não está familiarizada com o caixa.

— Minha filha, não dá pra ir mais rápido? Eu estou com pressa. Isso é que dá entrar na fila dos "em treinamento".

— Calma, minha senhora.

— Calma, nada! Cadê o gerente? Quero falar com o gerente!

— Pois não? — uma jovem vestida diferente dos demais atendentes e com um coque horrível no cabelo surge.

— Minha filha, essa moça aqui — a coroa aponta para Fogo — é uma incompetente. Faz um tempo enorme que eu pedi o lanche de meus netinhos e até agora nada!

Beatriz! — a gerente, cujo maior orgulho é estar na foto de "funcionário do mês", vira-se para Fogo — Assim não é possível! Você já está com uma longa carreira aqui...

— Mas eu entrei hoje...

— Entrou há três horas. Isso já é o equivalente a um quarto do período de avaliação para a gerência. Eu me tornei gerente ontem, depois de dois dias de trabalho e já me convidaram para visitar a presidência da empresa amanhã. Isso não é desculpa!

— Puxa, quando me falaram do plano de carreira daqui achei que estavam brincando...

— Sai do caixa. Eu mesma atenderei essa senhora. Fica lá na frente anotando os pedidos de quem está na fila.

Fogo sai de trás do balcão e assume o posto de uma mulher idosa, anotando os pedidos de quem ainda está na fila. Ela sabe que esse é o último passo antes da demissão, pois não há utilidade alguma nisso, já que todos fazem seus pedidos novamente quando chegam no caixa, ignorando o papelzinho.

— O senhor deseja o quê? — pergunta Fogo a um senhor de cerca de quarenta anos vestido de maneira formal.

— Desejo você.

— Desculpe... não entendi.

— Uma moça tão bonita como você aqui nessa lanchonete... sabia que poderia ganhar muito mais se viesse trabalhar comigo?

— Trabalhar com você? — Fogo, desconfiada, tenta entender o que acontece.

— Sim. — o homem estende um cartão no qual está escrito "Fabbulosy Girl's / as maiores gatas do Centro do Rio / atendimento completo 24 horas / precisa-se de garotas" — Por que não me procura depois do expediente?

Após ler o cartão, Fogo irrita-se profundamente e lança um raio de fogo verde exatamente no traseiro do homem. Todas crianças que estavam numa festinha na lanchonete começam a chorar ao ver uma pessoa pegando fogo e correndo de um lado para o outro.

Beatriz! Você está demitida! — grita a nova gerente da lanchonete (a anterior acabara de se aposentar por tempo de serviço).

— Todos vieram a essa reunião com o propósito de ganhar muito dinheiro. — começa a falar um rapaz muito simpático para uma platéia de interessados, entre os quais, Fogo — Todos vocês foram convidados por alguém para fazerem parte desse maravilhoso sistema de vendas de porta em porta em forma de pirâmide.

— Por favor... — Fogo levanta os braços pedindo a palavra.

— Perguntas só no final da palestra, tudo bem?

— OK, desculpe...

— Nesse slide, vocês vêem o senhor Conrado Picles tomando sol na piscina de sua mansão em Alphaville. Ele tornou-se milionário após conquistar muitos pontos em nosso incrível sistema de pirâmide. Nesse outro slide temos o famoso caçador Paulo, cuidando de seu rebanho de morsas selvagens lisboetas. Ele também tornou-se milionário graças...

— Peraí! — intervém novamente Fogo.

— Já vi que a senhorita é impaciente. Pode fazer sua pergunta, então.

— Você está dizendo que vamos ficar milionários vendendo esses produtos, correto?

— Corretíssimo.

— Mas como? O preço desses produtos é gigantesco, o que afasta os consumidores, e, de qualquer forma, a comissão é de menos de 1%!

— É simples: após venderem 725 unidades de produtos, vocês ganham uma estrelinha dourada. Após cinco estrelinhas douradas, a pessoa que lhe indicou ganha uma estrelinha prateada. Após dez estrelinhas prateadas, a pessoa que indiciou a pessoa que lhe indicou ganha uma estrelinha adiamantada. Depois de sete estrelinhas adiamantadas, a pessoa que ganhou essa "constelação" começa a receber 5% de tudo que você vender. Depois de mais catorze estrelinhas adiamantadas, essa pessoa ganha uma estrelinha de bronze. Juntando vinte estrelinhas de bronze, ele começa a receber 10% de tudo que você e as pessoas que você convidou para o sistema venderem. Após um curto período de tempo, se você vender duas vezes elevado à sexagésima potência de produtos da classe A e 250 produtos da classe B, você ganha um diploma que lhe garante o recebimento de 15% de todos que você indicar após atingir as estrelinhas azul-cobalto, que vêm na seqüência das estrelinhas de bronz... ei, senhorita! Senhorita! Aonde você está indo tão irritada? Não vá! Volte! Volte!

— Tia, posso passar por baixo? — um rapaz muito magro, de cerca de 16 anos, tenta viajar no ônibus intermunicipal sem pagar.

— Desculpa, colega. — responde a nova cobradora, Beatriz da Costa — Comecei hoje no emprego e me falaram para não deixar ninguém passar sem pagar.

— Pô, tia, mó vacilona! Aí, vou passar e quero ver tu me impedir!

— Ai, ai... passa logo, moleque.

— Valeu, tia!

— E tia é a %$&# que te pariu!

— A senhorita tem troca pra cinqüenta? — fala num tom quase inaudível uma senhora grávida.

— Desculpa, amiga, mas não tenho troca pra cin... — antes que Fogo concluísse a frase, a mulher tapa sua boca.

— Tá maluca, garota? Fala baixo! Num ônibus só se entra com vale-transporte e olhe lá! Se eu estou com essa nota é porque não tive escolha!

— Desculpe... mas eu realmente não tenho troco.

— Então me deixa passar sem pagar.

— Mas aí sai do meu bolso...

— Obrigada!

— Minha filha... — um senhor de 80 anos se aproxima de Fogo antes que ela pudesse reclamar da mulher que acabara de passar sem pagar — Me ajuda a contar meu dinheiro, por favor.

— Mas, meu senhor, o senhor pode viajar de graça entrando pela porta da frente...

— É que eu esqueci meu cartão do idoso, minha filha...

— Mas logo se vê que o senhor tem mais de 65 anos. E, além disso, é só mostrar a identidade...

— O motorista não deixa, criança. Ele diz que vai perder o emprego se me deixar entrar.

— Oras! Um minutinho, meu senhor! Ô motorista! — Fogo sai de sua bancadinha e vai ate o motorista, que, distraído, dá a partida sem nem ver que ainda tem gente em pé e entrando.

Após se levantar, Fogo caminha entre os 72 passageiros que se acotovelam em pé no ônibus e se encaminha ao motorista.

— Ei, amigo!

— Pssssss! — o motorista pede silêncio e aponta para a placa "fale ao motorista somente o indispensável".

— Você não deixou aquele velho entrar! Isso é sacanagem!

— Pssssss!

— "Psssss" o cacete! — Fogo lança um raio flamejante no assento do motorista, que dá uma freiada brusca, fazendo mais pessoas caírem.

— Tá maluca? Tu quase queima meu rabo!

— Aquele senhor deveria entrar pela frente!

— Que senhor?

— Aquel... — Fogo olha pra trás a tempo de ver que todas as pessoas que esperavam para pagar passaram pela catraca de graça. Além disso, alguém roubou o dinheiro das passagens já pagas.

Nesse exato momento, o garoto que passou por baixo da roleta saca uma arma e grita:

Todo mundo passa a grana!

— Ei, garoto! — Fogo chama sua atenção — Pára com isso ou te mando pra cadeia!

— Qualé, tia? Sou de menor, valeu? O tio Siro Darlan não deixa ninguém me prender!

— Deixa o moleque trabalhar em paz! — comenta uma senhora nos últimos bancos.

— Ele é só uma vítima inocente da sociedade! — repreende uma jovem intelectual.

— Vamos dar logo o dinheiro antes que ele mate todo mundo! — complementa um policial à paisana que está rezando para que o garoto não descubra que ele é policial.

— Desisto...

— Quanto é o DVD do Garfield? — pergunta um adolescente que acabara de sair da faculdade de Direito e passa na frente de uma camelô.

— Desculpe, amigo, mas ainda não saiu o DVD desse filme. Acabou de estreiar. — Fogo responde amigavelmente diante de sua barraquinha no meio da rua do Ouvidor — Na verdade, nem vendo DVD aqui, essas são fitas de vídeo.

— Vídeo? Credo... pelo menos tem aí o Shrek 2?

— O filme ainda está em cartaz. Não tem em vídeo.

— Mas na barraca ali atrás tem até filme que nem chegou no Brasil.

— É que é tudo pirata. Eu só vendo aqui fitas verdadeiras.

— Interessante... e quanto custa essa aqui da Central do Brasil?

— 30 reais.

— Pô! Eu compro um DVD ali por cinco!

— Mas é pirata!

— E daí?

— Daí que é ilegal!

— Ei, dona! — intervém o dono da barraca de DVDs piratas, que acabou ouvindo a conversa — É pirata, mas de alta qualidade. Tem até som histérico, aí.

— É estéreo. E claro que não tem. É só uma cópia vagabunda...

— Vagabunda é tu! Tá sacaneando minha mercadoria?

— Em primeiro lugar, vagabunda é a senhora sua mãe! Em segundo lugar, tua barraca nem é legalizada. Já eu, fiz um acordo com o dono dessa aqui, que é legalizada na prefeitura, para vender os produt...

O rapa! O rapa! — a discussão é interrompida por gritos que informam da presença da polícia.

— Tu não vai correr, dona? — pergunta o adolescente antes de sair correndo com medo da numerosa força policial.

— Mas essa barraca é legalizad...

Antes de terminar a frase, um policial usando um escudo protetor gigantesco e um cassetete também grande derruba as fitas de Fogo no chão.

— Ei, cara! Essa barraca é legalizada! — Fogo tenta argumentar com o policial.

— Tu me chamou de "cara", piranha? — responde de forma simpática o oficial da lei, que não deve ter mais do que vinte anos.

— Piranha é a mãe!

— Tu tá presa por desacato à otoridade!

Depois de passar a noite na delegacia, tentando se enturmar com as demais detentas, Bia é solta. A detenção está superlotada, com 30 presas por metro quadrado, mas ela consegue levar o delegado na conversa. Graças aos poucos reais que ainda restavam em seu bolso, é claro.

Sem dinheiro, sem destino e sem vontade de continuar trabalhando, Fogo senta-se num banco na praça mais próxima e observa as pessoas. Depois de algum tempo, um homem alto, vestido com terno e gravata, aproxima-se dela e diz:

— A senhorita conhece Jesus?

— Hã?

— Jesus lhe ama.

— Ah, tá, sei.

— Regozije-se da vontade de Jesus, que Ele tudo pode por vós.

— Amigo, não leva a mal, respeito tua crença, mas eu quero ficar sozinha.

— Mas Jesus nunca a deixará sozinha. Ele sempre caminha a seu lado. Venha, irmã...

— Não sou tua irmã. Nem te conheço!

— Somos todos irmãos perante Jesus. Pois conforme diz no Livro Sagrado — o irmão abre a esmo sua Bíblia — "Então sete trombetas soaram"... não era bem isso, mas....

— Amém.

— Isso, irmã! Dê graças aos céus! — o irmão começa a gritar e gesticular — Jesus é o nosso salvador! Nos momentos de maior desespero, ele não nos abandona! Nos momentos de martírio, ele está ao nosso lado! Nos momentos de desgr... — o jovem rapaz ladrão do ônibus passa correndo e pega a carteira do irmão, que estava no bolso de sua calça — Ei, volta aqui, pivete! Devolve minha carteira, seu filho de sat... — e vai embora correndo.

— Valeu, Jesus. Realmente tu não me abandonaste. — conclui Fogo.

Com um caderno de classificados do dia anterior que conseguiu ganhar em uma banca de jornal, Fogo entra na fila do restaurante popular de um real. É certamente o ponto mais baixo de sua carreira de heroína.

Assim que o restaurante abre as portas, as pessoas nos primeiros lugares da fila começam a colocar as mãos nos ouvidos. Fogo observa, uma a uma, as pessoas desmaiando. Correndo para o início da fila, sob protestos de ser "fura-fila", Fogo começa a ouvir uma voz conhecida.

— Aí, merrrmão. É isso mêrrrmu, valeu? Ach côisach num pódim piorar, aí.

Fogo sente suas pernas bambas e rapidamente tapa os ouvidos com as mãos. De joelhos, vê três pessoas mascaradas e com tampões de ouvido, mas que ela reconheceria de qualquer maneira: Zé Piolho, Maria Antonieta e Ghybsuino, os três paus-mandados do general Guilherme Kabikituz. Ela os reconhece porque Ghybsuin é um ET todo rosa mas usou uma máscara apenas para esconder os olhos.

— Foguinhúúú, quiridha. Num echtá güentandú minha vóchhhh?

Desesperada, Fogo lembra-se do poder mutante de Zé Piolho: derrotar seus adversários graças ao sotaque mortal proferido por suas cordas vocais mutantes e por muito treino para imitar Dado Dollabella e Paulinho Vilhena.

Maria Antonieta, a mutante cearense capaz de cortar cabeças usando a ponta dos dedos, se aproxima de Fogo e a ameaça:

— Môn cherrí... — força um sotaque francês misturado com seu sotaque nordestino — Tu pensou mêmu que a rênti ia te deixar viva depois de ameaçá le grrân general? Tu é uma ameaça.

— Eu?... — Fogo se esforça para falar — Tá doida? Eu nem lembrava... mais de vocês, pô... e não ameacei ninguém...

— Vixi... e não é que tu tá certa? Acho que a rênti se confundiu. Mas, quesquê lê fazê, num é? Vamos te matar assim mêmu pra não perder a viagem.

Fogo vê os dedos de Maria Antonieta se aproximarem de sua jugular e tenta uma medida desesperada. Com o pouco de força que lhe resta, lança um raio de fogo verde nas partes baixas de Zé Piolho, que de repente fica com a voz fina e não consegue mais afetar ninguém.

Jogando-se para o lado, Fogo escapa dos dedos de Maria, mas ainda está fraca e não consegue correr muito. Fugindo para dentro do restaurante de um real, onde as pessoas começam a se servir, pouco se importando com a confusão, Bia se apóia na bancada onde a comida é servida e sorri ao ler o cardápio do dia: como a governadora visitará o restaurante com a imprensa mais tarde, prepararam brioches para a sobremesa da peãozada.

Sabendo que o ponto fraco de Maria Antonieta é sua compulsão por brioches, Fogo pega um punhado deles e os joga em cima da mutante, que começa a chorar:

— Môn Diê! Não! Não consigo arresistir! Vou engordar!!! Nhac, nhac, nhac...

Fogo nem tem tempo de respirar quando olha para trás e vê Ghybsuin. O alienígena invade a mente da heroína com sua telepatia limitada e a ameaça:

— Não adianta lutar comigo. Suas chamas não fazem efeito contra mim e eu sei que essa é a única saída na qual você consegue pensar. Hahahahahaha!

— Ô, cara! A parada gay já passou! — grita do fundo do restaurante um caminhoneiro.

Como? — Ghybsuin pára de avançar contra Fogo e vira-se na direção dos insultos.

— É mermo! — complementa um adolescente — A bichinha aí toda rosa não errou de lugar? Tu tem é que ir lá pra perto da Cruz Vermelha bater ponto!

— Gente! — Fogo percebe uma chance de escapar e fala a todos — Meu amigo aqui não é gay. Não é porque ele é todo rosa que vai ser boiola, né? Coitado. Já não basta ele se chamar Gybsuin?

Todos no restaurante começam a gargalhar. Do meio da multidão, diversas vozes se levantam:

— "Gay e suíno"?

— Ih, a boneca vai chorar, gente!

— Que desperdício! Se não fosse todo rosa até que dava um caldo!

— Aí, "rosinha", tu é suíno de mãe ou de pai?

Ghybsuino fica extremamente irritado quando sacaneiam sua cor rosa e seu nome. Pego de surpresa, não consegue ter outra reação a não ser gritar para a multidão parar. Aproveitando a distração conseguida, Fogo pega um pedaço de paralelepípedo que servia de escora para uma coluna e, com a ajuda de duas outras pessoas, acerta a cabeça de Ghybsuin, que ouve passarinhos cantando e cai no chão.

Contudo, a coluna que estava escorada pelo paralelepípedo desmorona e, em poucos minutos, o restaurante vem ao chão. Todas as pessoas conseguem escapar a tempo de ver a governadora chegando com a imprensa e, desesperada, tentando explicar que o fato do restaurante ter tombado fora culpa da administração anterior e do governo federal.

Fogo, após ter certeza de que ninguém estava ferido (com exceção de seus inimigos, é claro), respira fundo e pensa:

— Agora eu faço questão absoluta de ferrar com o "esqueminha" desse general Kabiku-sei-lá-o-quê! Deixe-me ver por onde posso começar...


No próximo capítulo:

— Missão do FBI indica novos caminhos para a economia.

— Investigações no Congresso abalam interesses poderosos.

— Presidente garante que o Brasil "está indo muito bem, obrigado".


:: Notas do autor

(*) Na última edição. voltar ao texto

(**) Na última edição, também. voltar ao texto

(***) Acho melhor ler a última edição antes dessa, tudo bem? voltar ao texto



 
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