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Homem-Aranha # 47

Por Eduardo Regis, sobre um plot de Eduardo Regis e Conrad Pichler

O Homem-Aranha na Mansão Playboy (Mas, Hein?!)

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Você o conhece. Com certeza. Um senhor de idade simpático, que anda de roupão o dia inteiro, "mora" numa mansão cercada de mulheres lindas e eventualmente tem a chance de vê-las todas nuas.

A mansão da qual estamos falando não é a mansão Wayne, muito menos a mansão dos Vingadores, mas sim a Mansão Playboy. O homem em questão é Hugh Hefner, o idealizador, fundador e editor-chefe da revista.

Criticado por muitos, invejado por quase todos e principalmente cobiçado por qualquer aspirante a coelhinha do mês, não se pode dizer que Hugh tem uma vida entediante, de maneira nenhuma. Hoje, no entanto, as coisas vão ficar um pouquinho mais agitadas, graças ao nosso amigão da vizinhança e a um vilão bem conhecido de todos.

Sem mais, vamos à história!

Peter Parker nem acredita, mas é verdade. Está em Los Angeles e não a passeio, o que é ainda melhor (na cabeça dele). Peter vai apresentar uma conferência sobre os resultados do projeto da liga biometálica numa feira de exposições das empresas Stark. Um pequeno presente do seu chefe. (*)

É um grande reconhecimento, afinal Peter está ligado ao projeto há pouco tempo, mas decidiram mandá-lo, encorajando-o a se dedicar mais e tentando dar visibilidade ao jovem funcionário que já é considerado como um dos melhores do setor.

O táxi passeia pelas ruas da cidade, enquanto Parker admira o novo ambiente. Ao dobrar uma esquina recheada de casas exuberantes, porém, o trânsito para.

— Ué, o que é que está acontecendo? — Peter pergunta.

— Não sei. Por essa hora nunca tem engarrafamento! Ainda mais aqui! — responde um surpreso motorista.

— Liga o rádio aí pra gente descobrir.

Um pouco antes...

Em um pátio decorado com estátuas gregas de mulheres seminuas cercadas por um jardim exótico e por muitas espreguiçadeiras, o sr. Hefner curte um banho na piscina. Sua companhia é a playmate do mês, fazendo topless.

— Então, minha querida, gostando das delícias da mansão? — os olhos de Hugh acompanham o balançar dos cabelos molhados da garota.

— Ai, Hugh, sua mansão é enorme. — ela alisa o rosto do bom velhinho.

— É, dá trabalho mantê-la, mas vale a pena. — o sr. Hefner continua analisando o "material" à sua frente e bebe um gole de seu Martini.

— Me diz uma coisa, Hugh, quando você vai me mostrar o seu quarto, hein?

— Ora, minha querida, agora! — Hugh levanta-se tal qual um foguete.

Porém, os ânimos são destruídos quando um jato de água jorra da piscina e se molda na forma da cabeça, torso e braços de um homem: Morris Bench.

— Vocês não vão a lugar nenhum! Não sem antes eu ter uma conversinha com o Hugh aqui.

— Meu De... blurghgh! — a playmate grita e é instantaneamente calada por um jato de água na cara.

— Cala a boca, piranha! Minha conversa é com o titio Hefner. Não é, vovô?

Hugh Hefner acena que sim com a cabeça. Claramente desesperado. Sua taça de Martini escorrega da mão e afunda. Só a grande azeitona bóia.

— Muito bom. — Morris sorri — Agora, vamos aos negócios.

— Eu não tenho negócios com você! — Hugh esbraveja, num ímpeto de coragem que faz seu coração bater a mil por hora.

— Ah, mas agora tem, velhinho. Ou você aceita minha proposta ou eu coloco essa mansão inteira debaixo d'água. Com vocês dentro.

Hefner e a playmate engolem em seco.

— Minha mansão não! Pode falar, o que você quer, homem-água?

— É Homem-Hídrico!

— Sim, senhor, Homem-Hidrante. — retruca o nervoso anfitrião.

Hídrico! — repete o furioso vilão.

— Hídrico, isso. — Hefner acerta, finalmente.

— Eu quero a minha gata na capa da próxima edição!

— Ora, sim, claro... você teria umas fotos dela? — Hugh estranha. Estava esperando um pedido de resgate ou qualquer outra coisa parecida. Nunca poderia ter imaginado que se tratava de uma negociação de contrato, mesmo que bem esquisita.

— Fotos? Eu posso fazer melhor do que isso. Mô! — berra Morris.

A porta dupla de vidro que dá para uma das salas da mansão se abre e a namorada do Homem-Hídrico surge, só de biquíni. Embora bonita e certamente muita areia pro caminhão de Bench, a mulher não é exatamente o que se costuma ver nas capas de revistas masculinas. Faltam a ela atributos chamativos, digamos assim.

— Ora, meu amigo... veja bem... sua menina é linda! Linda de morrer, ela pode fazer um ensaio secundário, que tal? — Hugh Hefner fica mais nervoso.

Capa! E eu quero uma comissão de um milhão de dólares para mim! Ou me paga e bota ela estampada na capa ou você vai aprender a respirar que nem peixe! Qual vai ser, vovô?

A playmate do mês salta da piscina e corre em desespero para dentro da mansão. O criminoso a ignora enquanto volta à forma humana e abraça sua namorada.

— Temos um acordo agora? — Bench sorri.

— Claro, claro. Um milhão de dólares para você e ela na capa! Sem nenhuma comissão para ela, eu imagino. — Hugh, sempre o negociador.

— O quê? Eu vou posar de graça? — a mulher se zanga.

— Nada disso, velhinho. Um milhão pra mim, 50% dos lucros da venda pra ela.

— Meu Deus, isso é um assalto! E ela nem é assim tudo...

Os pés e pernas de Morris Bench transformam-se em água e ele começa a escorrer para a piscina. O nível de água aumenta rapidamente e Hefner fica na ponta dos pés para não ser submerso.

— OK, OK, eu já entendi! Deixe-me vestir meu roupão e vamos assinar esse contrato! Já estou até imaginando a chamada: "Um banho de mulher".

O rádio do táxi começa a transmitir uma bizarra notícia:

"Temos confirmação de que um criminoso invadiu a Mansão da Playboy e parece estar fazendo Hugh Hefner de refém. De acordo com uma mulher que saiu há pouco da mansão, trata-se de um homem feito de água. A polícia tenta chegar ao local, mas o número de curiosos e repórteres é tamanho que impede o deslocamento das viaturas..."

— Não acredito! — Peter esbraveja.

— Nem eu. — responde o taxista.

— Pode me deixar aqui mesmo, amigo. Com esse trânsito, acho que vou andando. — Peter joga vinte dólares para o homem e sai do táxi apressado.

— Ei, mas você nem conhece nada da cidade...

A multidão está tão enlouquecida tentando ver algo dentro da mansão que nem percebe quando o Homem-Aranha desce por um fio de teia para dentro de um dos pátios internos.

"Achar isso aqui foi moleza. Todos os carros de L.A. estavam vindo para cá. Difícil vai ser convencer o idiota do Bench a se entregar. Já vi que vou pegar um resfriado."

A voz de Bench gritando para que alguém se apresse chama a atenção do aracnídeo e o diz exatamente para onde ir. Saltando para o telhado, ele atinge um ponto de visão privilegiado e enxerga o Homem-Hídrico, uma mulher loura e Hugh Hefner ao redor de uma mesa próxima à piscina. Os três parecem estar discutindo enquanto examinam alguns papéis.

— OK. Eu realmente estou muito confuso! Meu Deus, aquela é a Pamela Anderson??! — o aracnídeo grita, apontando para trás de Bench e chamando a atenção de todos.

— Desgraçado! Safado! — Morris grita e lança um poderoso jato d'água na direção do herói, que salta do telhado girando o corpo, desviando-se e caindo na parede oposta do pátio.

— Ei, Bench, que coincidência, hein? Vai dizer que você também está aqui pra convenção anual dos meteorologistas? Bem que o papo lá hoje era que ia cair muita água nas nossas cabeças!

Bench atira uma sequência de jatos d'água. O Aranha se desvia de quase todos, mas é atingido no pulso pelo último. A força da água é tanta que quebra o lançador de teias.

— É muito azar! Como você sabia que eu vinha pra cá? — o Homem-Hídrico borbulha de raiva.

— Você acha mesmo que eu me daria o trabalho de pegar um avião pra dar cabo de um criminoso de terceira como você? Não, eu vim pra discutir com o sr. Hefner um possível desconto na minha assinatura. Ei, sr.Hefner, eu já assino a Playboy há quinze anos!

O Aranha salta pelo entorno da piscina, procurando algo que possa usar contra Bench.

— Eu te mato dessa vez!

— Uma pequena sugestão para os que não estão lutando: corram daqui! — o Aranha fisga um dos bancos com sua teia e o arremessa na direção do Homem-Hídrico. Dois jatos d'água, no entanto, desviam a trajetória do banco.

Hugh Hefner corre como um velocista para dentro da mansão. A namorada de Bench se esconde atrás de estátuas das deusas gregas e observa o embate, torcendo pelo seu namorado.

— Nada do que está aqui é capaz de me parar!

— Eu pensei em roubar umas fraldas geriátricas do sr.Hefner, mas só achei a gaveta da coleção de calcinhas dele! Aliás, acho que tinha até uma da Madame Máscara!

Morris Bench transforma todo o seu corpo em água e como uma onda vai para cima do Aranha. Com um salto espantoso, no entanto, o aracnídeo se desvia e cai atrás do vilão.

— Bench, que tal dessa vez você facilitar e desistir? — o Aranha mira em uma estátua com o lançador de teias, mas ele pressiona o lançador quebrado. Nada acontece.

"Droga! Não posso mais dar essa bobeira!"

A cabeça de Bench volta para a forma humana.

— Eu não posso, seu idiota. Minha garota quer muito ser capa da revista. Ela já está me deixando maluco, só fala disso o dia todo. — Morris fala sem perceber que a mulher continua próxima — É Playboy do café da manhã até a hora de dormir!

— Ah não, estamos quebrando o maior pau por causa disso? Agora eu realmente já posso me aposentar. Os birutas também amam. Bwa-hahahaha!

— Nunca fez nenhuma loucura por amor, seu babaca? — Bench se une à água da piscina e aumenta seu volume.

— Ah, claro, uma vez eu pedi ao Galactus pra pendurar uma faixa com uma declaração de amor na cabeçona dele! Ele ficou tão fulo que quis comer a Terra toda... você acha que algum dia o Sr. Fantástico vai me perdoar por isso?

O corpo do Homem-Hídrico continua a aumentar de volume. Sua cabeça, ainda humana, está roxa de raiva.

— Mas eu devo dizer que estou surpreso, Bench. Sempre achei que teu caso era mesmo com o Homem-Areia, aquela coisa de lama nunca me enganou...

O vilão começa a se concentrar em um jato d'água estupidamente grande contra o aracnídeo. Percebendo que um salto não resolveria, o herói se prepara para receber o impacto em cheio. Em um último movimento de defesa, ele pressiona os dois lançadores de teia, tentando construir um escudo para absorver parte do impacto. Porém, com somente um dos lançadores funcionando, o plano não funciona como deveria e ele é jogado para dentro da mansão, estilhaçando as portas de vidro.

Bench se aproxima do corpo inerte do Homem-Aranha. Envolvê-lo agora em água seria simples, ele morreria em questão de minutos... Morris Bench, porém, pensa mais alto, ele não se interessa pela morte do aracnídeo, não quando outra coisa pode render muito mais dinheiro. Seu corpo de água é totalmente convertido em carne. Ele agarra o aracnídeo e o levanta.

— Agora é tirar essa sua máscara e ver quem é você de verdade, seu palhaço. , pega seu celular pra gente tirar uma foto de recordação!

O "meio-escudo", no entanto, teve alguma eficácia e o aracnídeo desperta de sua tontura quando escuta o grito rouco de Morris Bench. Como um raio, ele reage e dá um "telefone" no vilão. Desnorteado, o Homem-Hídrico o solta e leva as mãos à cabeça num grito. O Aranha acerta um gancho, levando-o ao chão. O vilão cai quase desfalecido, mas se transforma em água, encharcando o carpete da sala.

— Ui, ai, ui. Essa doeu muito. Em mim. Acho que fraturei uns sessenta e sete ossos.

O aracnídeo rasga o carpete com as mãos e o enrola. Quando termina, ele envolve tudo com uma tripla camada de sua teia.

"Agora ele tá bem preso, eu acho."

O sr. Hefner aparece no canto da sala, cauteloso e com o roupão todo bagunçado.

— Ele já foi embora? — pergunta Hefner, ofegante.

— Mais ou menos, mas tá tudo calmo agora. — o Aranha responde — Agora é só a polícia dar conta da amiguinha dele, eu passar umas cinco horas dentro de um secador e tomar uns trezentos e oitenta e cinco analgésicos!

— Ajudaria se eu te emprestasse um dos meus roupões e lhe oferecesse uns aperitivos, meu rapaz?

Peter sorri por debaixo da máscara.

— Claro! Mas só se o senhor concordar em posar pra uma foto comigo.

— Posso colocar a foto na revista?

— Claro! E que tal uma dedicatória? — o aracnídeo segue Hefner, enquanto os dois se dirigem ao quarto do anfitrião.

— Seria para uma mulher? — Hefner se mostra curioso.

— Não, não... é pra um certo amigo meu que usa um bigodinho ridículo.


:: Notas do Autor


(*) Lembram disso na última edição? Não?? Leiam com mais calma! :-)voltar ao texto




 
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