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Titãs # 03

Por JB Uchôa

Beba de Mim e Viva Para Sempre

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Duas horas atrás, Roy Harper estava colocando sua filha para dormir. Agora, ele está com ela dentro do quarto, onde fez uma barricada com alguns móveis e vários bichos de pelúcia. A Torre Titã está sob ataque. Os estrondos nos andares subterrâneos ecoam mais alto, fazendo com que Lian chore agarrada ao pai.

— Calma, filha, calma. Nada vai acontecer, papai está aqui. — diz Arsenal, abraçando forte a pequenina, tentando tranqüilizá-la.

— Não, pai! Não sai! Fica! Você vai se machucá! — Os apelos da menina o deixam assustado. Roy nunca sentiu medo da morte ou do modo como irá morrer, mas agora teme por seu tesouro mais precioso. Por isso montou a barricada. Se conseguirem entrar, terão que passar por ele para feri-la. Sua esperança é que os estrondos sejam tão altos lá fora quanto são no interior da torre. Talvez os outros Titãs saibam o que está acontecendo e estejam a caminho. Durante quinze minutos ele fica abraçado à filha, com sua besta armada e apontada para a porta, até que o som de tiros cessa.

— Eles entraram. — Imediatamente, Arsenal amarra a filha em suas costas e pede para que ela fique em silêncio. — Shhhhhh... Acho que o tio Asa chegou. Vamos dar um susto nele? — Com essas palavras, Roy consegue acalmar a garota.

— É parabéns do tio Asa, papai? — pergunta Lian, com a voz embargada, um sorriso despontando no rosto.

— É, filha. — responde Roy, enternecido com a ingenuidade da criança.

Com a filha presa ao corpo, Arsenal se põe a andar pelos corredores, tentando chegar até a sala de comunicações. Ele toma o cuidado de sempre deixar Lian contra a parede. Caso ele seja atingido de repente, ela sobreviveria.

"Somente as luzes de emergência estão acesas", pensa Roy. "Seja o que for que aconteceu lá fora, ou aqui dentro, ferrou grande parte da fiação elétrica."

A dupla continua a andar pelos corredores e não encontra ninguém. No hangar, todas as naves estão destruídas. Arsenal deixa rapidamente o local. Sua idéia é levar Lian para o mais longe possível, contatar os outros, voltar e investigar. Na verdade, seu desejo era dar uma surra nos filhos da puta que acabaram com sua noite! Sua raiva aumenta quando ele lembra do desespero da filha. Ao sair do elevador, uma loira vestida em um maiô verde, iluminada apenas pela luz da lua e pelas luzes que vêm da baía de Manhattan, o aguarda.

— Belo estrago, hein... Arsenal, não? — diz a moça de orelhas pontudas, com as mãos na cintura.

— Pois é... Você não é a ...

— Namorita Prentiss, prima do príncipe submarino. — responde a atlante com um sorriso, limpando as mãos. — Eu vi o ataque, você está bem? Quase derrubei uma nave, então eles fugiram.

Meia hora depois, apartamento de Donna Troy, na Quinta Avenida Penthouse

— Então o melhor é ficar aqui? — pergunta Arsenal, nervoso.

— Acalme-se, Roy! Não seria seguro ficarmos na Torre Titã. Cyborg está lá, verificando os estragos. — explica Jesse Quick, tomando as rédeas da situação. — Como o apartamento de Donna está vago* e é grande o bastante para ficarmos seguros, por enquanto ficamos por aqui.

— Jesse? — pergunta Victor Stone, através de um link direto da Torre Titã.

— Pode falar, Vic. Como estão as coisas?

— Calmas, na medida do possível. A fiação elétrica tá ferrada, mas dá pra salvar os backups do computador. A aeronave também foi avariada, mas tem conserto. Os quartos estão intactos, mas não é seguro ficar por aqui. Está muito ruim manter o link, já que tenho que puxar energia do gerador enquanto tento reativar os sistemas de segurança.

— Tudo bem, Vic, mas fique alerta. — ao mesmo tempo que a comunicação se encerra, Asa Noturna entra pela porta, encontrando os Titãs na sala de estar.

— Passei pela Torre e vi os estragos. Como está Lian, Roy? — pergunta Dick Grayson, com a mão no ombro do amigo.

— Está dormindo, Asa. O pior já passou. — responde Arsenal, ainda irritado.

— Temos de fazer alguma coisa! — a voz de Asa Noturna tem um tom ressentido.

— Bem, fiz uma tabela de escala, garantindo que sempre fique algum membro superpoderoso na torre. — diz Jesse, com uma tabela impressa na mão, que Dick olha atentamente. — Sei que devia ter esperado por você, mas...

— ...você não consegue ficar parada. Tudo bem, Jesse.

— Mesmo? — pergunta a velocista, apreensiva.

— Mesmo. Alguém conseguiu saber o motivo do ataque ou identificar de quem? A Colméia?

— A loira pernuda derrubou uma, Dick. Ela deve estar na banheira. — responde Mutano, meio impaciente, sentado no sofá.

— Loira? — questiona Asa Noturna, intrigado, enquanto a prima do príncipe submarino chega à sala.

— Namorita. É um prazer, Asa Noturna. Esperava que a situação fosse melhor. — responde a atlante, tomando a frente e enrolando-se em um roupão. — Parece que Nova Iorque é imensa, abrigando tantos grupos de super-heróis.

— Agradeço a ajuda, mas você não está com os Novos Guerreiros? O que estava fazendo na Torre?

— Deixei os Guerreiros. Estava na Torre porque queria me unir aos Titãs. Não sabia como fazer, então fui atrás, acho que meus poderes e experiência poderiam ser de grande valia. Estava chegando na base de vocês quando vi o ataque. Consegui impedir, mas não sem deles fazerem aquele estrago.

— Eles?

— Eram três naves vermelhas, na verdade um vermelho bem escuro, quase vinho.

— Sangue. — conclui Dick, pronunciando o nome baixinho.

— Por Xhal! Mas o Irmão Sangue não tinha morrido, ou algo assim? — pergunta Estelar.

— A seita pode ter continuado. — opina Garth, tentando chegar a uma conclusão. Antes que algum Titã diga mais alguma coisa, o telefone toca. Jesse Quick atende rápido. Do outro lado da linha está Tróia.

— Oi, Jesse, falei com Vic. Como estão todos?

— Está tudo bem, Donna. E Gateway? Tenho acompanhado pela televisão o retorno dos deuses e constantemente pelo site do Vic Sage.

— Está tranqüilo... ou quase isso. Só estou ligando para avisar que alguns deuses podem aparecer, eles não são perigosos, mas parecem crianças mimadas num parque de diversões.

— Donna? — Asa Noturna pega o telefone. — Precisa de apoio? O que exatamente os deuses podem fazer?

— Tá tudo bem, Dick! Diana e eu estamos cuidando de tudo. Liga a TV, pelo que estou vendo parece que vocês tem visita.

Ao ligar a televisão os Titãs se deparam com Apolo criando uma onda gigantesca próximo à Estátua da Liberdade. Apesar do clima frio dessa época do ano, alguns turistas aplaudem o deus grego e se aventuram com pranchas.

— Sem querer alarmar, gente... mas acho que as proporções só tendem a aumentar. — fala Mutano, mostrando uma capa da Seventeen, onde aparece Apolo de torso nu e com uma prancha de surf.

— Bem, já que você já tomou a frente, Jesse, vá com Mutano e Estelar dar um freio nesse deus, ou pode haver alguma histeria. O resto volta comigo pra Torre. Vamos ajudar Cyborg com os destroços.

— Eu vou depois, Dick. Estou esperando Chanda chegar. — diz Arsenal, abrindo uma cerveja.

— Tudo bem, Roy. Namorita, venha com a gente. Apesar de não ser a melhor hora, a gente tem muito o que conversar.

Broadway, quase meia-noite

— A gente tá seguindo esses dois faz tempo, Jesse! — resmunga Mutano.

— Você ainda não fez nenhuma piada, Gar, tá tudo bem? — pergunta Kory, preocupada.

— Hã... nada, não. Fiquei puto por causa da Torre. Roy e Lian correram muitos riscos e não tinha ninguém lá! Mas você falando assim... nada que uns beijinhos, um jantarzinho e um cineminha não resolvam.

— Engraçadinho... Aproveite que você está na Broadway comigo, viu? É minha boa ação do mês!

— Mas a trabalho não conta...

— Shhhhhhhh! Vocês não param de falar um minuto! Prestem atenção! — reclama Jesse, colocando a mão na boca de Mutano.

— Ah, Jesse! Afrodite e Apolo só estão zoando por aí! O cara virou ídolo da meninada! Daqui a pouco vai ser chamado para ser um Backstreet Boy!

— Por mais ridículo que possa parecer... eu devo estar ficando louca pra concordar com você... mas tem sentido! De todas as divindades gregas, Apolo é o mais popular! — pondera Kory, enquanto caminha na rua, sempre de olho nos deuses — Afrodite é tão bonita, a beleza dela lembra a de Xhal.

— Ei, eles estão brilhando! — grita Mutano, apontando para o estranho brilho que emana dos deuses. — Corre, Jesse!

Antes que Jesse Quick possa pronunciar a fórmula de seu pai, os deuses desaparecem. Algumas fãs ficam olhando embasbacadas para o nada, tentando entender o que aconteceu.

— Por Xhal, será que eles foram capturados?

— Acho que eles apenas foram embora, Kory. — deduz Jesse. O trio passa a caminhar de volta para o apartamento de Donna Troy, onde Asa Noturna deve estar esperando um relatório.

No apartamento de Donna, Dick Grayson conversa por telefone com Tróia, falando sobre os deuses e como ficou intimidado com o ataque.

— Acho que você está mais incomodado com o desempenho de Jesse, Dick.

— Fiquei, não vou mentir. Mas depois analisei bem, Donna. Jesse é tão viciada em trabalho que é uma líder nata. Eu também tenho outras coisas para cuidar, responsabilidades em Blüdhaven e às vezes em Gotham. Comandar os Titãs sem você fica meio estressante.

— Ei, eu vou voltar, viu? Mas sério, e quanto à Namorita?

— Não pensei e nem discuti isso. Ela foi de grande valia. Sem ela, talvez Roy e Lian estivessem mortos. A gente discute isso depois. Por enquanto ela vai ficando. Afinal, foi ela que enfrentou as naves de Sangue.

— Acho tão estranho esse reaparecimento! Se bem que coisas estranhas não deveriam surpreender alguém como eu... como nós, não é?

Dick Grayson se despede e desliga o telefone. Ele pensa em Bárbara Gordon, em Kory... como pode estar atraído pelas duas? Tão distintas? Quando viu, horas antes, a onda que Apolo criou, perguntou a si mesmo por que ele, um cara sem poderes, está metido nessa loucura! Às vezes, ele acha que pode acabar como Babs, que um louco como o Coringa ou o Duas-Caras pode matá-lo, ou coisa pior... Harvey Dent sempre gelou sua espinha. Nesse meio-tempo, Jesse, Gar e Kory estão nas margens do rio Leste, olhando para o holograma da Torre Titã.

— Por causa desse holograma, nem parece que os dois primeiros andares estão um bagaço.

— Amanhã vai ser dia de trabalho pesado, hein? — com essa pergunta, Kory tenta animar no amigo esverdeado, ainda triste com a destruição da Torre. — Sorria, Gar! Quantas vezes essa torre foi destruída e se reergueu?

Antes que possa dizer mais alguma coisa, Estelar vê Jesse cair no chão, desacordada. Mutano se transforma em um elefante esmeralda e tenta pisar nos homens de preto com tiras escarlates na cintura, mas é derrubado por dardos tranqüilizantes. Apesar de suas rajadas estelares, a princesa de Tamaran é facilmente alvejada e cai no chão, inconsciente.

— Levem a alienígena, rápido! Vamos embora antes que o efeito da droga passe. Não sei se o metabolismo de Jesse Quick aceleraria sua recuperação. — a mulher que veste um hábito preto e escarlate dá as ordens e caminha em direção a Mutano.

— Você... — pergunta Gar, em um estado de sonolência, entorpecido pela droga.

— Comece a rezar, titã. A Matriarca do Caos quer seu sangue!

Na próxima edição: Os Titãs vão até Zândia resgatar Estelar!

:: Notas do Autor

Tróia está em Gateway, ver os titulos da Mulher-Maravilha.



 
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