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Homem-Aranha # 46

Por Eduardo Regis, sobre um plot de Eduardo Regis e Conrad Pichler

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— Então é isso, Felícia... ela foi embora e levou a Mayzinha. O que eu faço agora?

Felícia respira fundo enquanto tenta achar alguma palavra de conforto, mas após alguns segundos nada lhe vem à mente.

— Se fosse há algum tempo atrás, Peter, eu lhe diria para esquecer tudo isso e vir morar comigo, pra sairmos por aí como nos velhos tempos: parceiros nas ruas, amantes em casa.

Peter fica ruborizado.

— Mas, como você sabe, tenho o Kyle agora, então eu acho que eu deveria tentar bolar alguma coisa bacana pra te dizer. Algo sobre nossa amizade e respeito mútuo, mas... ah, que se dane, Peter, eu realmente não preciso, né? Quer dizer, você sabe, sou eu!

— Você é uma pessoa muito melhor do que imagina, srta. Hardy. — Peter a abraça.

— Virei uma molenga. Oh, Deus.

— Bem... acho que eu vou indo. Ainda tenho mais algumas lamentações pra cantar pelos ares e mais alguns espelhos pra quebrar no caminho, pra manter a tradição, a velha sorte dos Parker.

— Você já reparou que todas as vezes que vem aqui fica só cinco minutos?

— Não quero que o Kyle tenha a impressão errada. Além do mais, seria estranho explicar o que o Homem-Aranha está fazendo no seu teto. Enfim, não quero te causar problemas.

— Não se preocupe com isso. Coloque uma roupa normal e passe aqui no próximo sábado, faço questão que vocês se conheçam. Pode ser?

Peter sorri e beija a testa de Felícia.

— OK.

Ele veste a máscara e salta da varanda.

"Andar por aí vestindo um pijama de aranha e ter como uma de suas verdadeiras amigas uma ex-bandida que se veste de gato devem ser com certeza fatores de exclusão em qualquer teste psicotécnico. Bem, que eu sou maluco não é novidade. Sorte que tem malucas como ela por aí, que se dão bem comigo e servem como apoio nesses momentos. Depois de tudo que passamos criamos um elo forte. Coisa difícil de explicar."

O Aranha olha para o alto, atraído por um borrão verde passando veloz no céu.

"O Lanterna Verde! Lá vai ele, voando acima dos prédios, podendo alcançar as estrelas. O cara vai pra outros planetas como Donald Trump vai pro Caribe. Não pode ser uma vida ruim. Não mesmo. Nem deve dar tempo de arranjar mulher e filho. Nada com o que se preocupar aqui na Terra."

O aracnídeo gira pelo ar e lança outro fio de teia.

"Eu podia passar a vida viajando entre as estrelas, mas um anel verde não combinaria com meu uniforme e eu não faço o gênero militar. Provavelmente seria expulso da tropa em menos de trinta segundos. Falta de disciplina e péssimo gosto para roupas."

Outra acrobacia e uma série de ricochetes por entre prédios.

"Teias de energia verde viriam bem a calhar. Nada de acabar o fluido."

O herói corre pela lateral de um edifício, chega ao topo e salta para um próximo.

"Nem os Vingadores me aguentaram por mais de algumas horas. Belo super-herói. Provavelmente nem deve ter meu nome na lista oficial deles."

Ele mergulha por entre os arranha-céus e para sua queda com dois disparos de seus lançadores.

"Ainda por cima eu sou obrigado a encarar caras como o Besouro. Enquanto os Lanternas tão encarando gente séria tipo o... o... Senhor do Fogo! Ei, eu já encarei o Senhor do Fogo! E dei um pau nele! Talvez ainda haja esperança."

— Ei, seu Lanterna! Pra quem eu mando meu currículo?!

Mas é claro que o Lanterna já havia sumido de vista e as palavras do Aranha foram ouvidas apenas pelas paredes.

Longe dali...

O Homem-Hídrico acaricia os longos cabelos loiros de sua namorada, enquanto ela dorme ao seu lado.

"Dei muita sorte de faturar um avião desses."

A mulher se espreguiça e acorda.

— Bom dia, queridinho. — os olhos verdes se abrem.

— Bom dia, princesinha.

— Já pegou meu café? — a boca carnuda canta as palavras.

— Já tá na mesa, mô. Do jeitinho que você gosta.

— Tô com uma fominha, mas, pensando bem... acho que vou querer tomar um banho antes. — ela sorri maliciosamente.

De volta ao aracnídeo...

Peter mostra o crachá para o segurança da Stark. (*)

— Tão tarde, senhor Parker? — o homem alto e acima do peso dá uma boa olhada na foto e no nome enquanto coça o volumoso bigode.

— Só preciso pegar umas coisas no computador.

— O senhor tem acesso liberado, então... boa sorte.

O segurança abre a porta, permitindo a entrada de Peter no prédio de laboratórios.

"Eu estou com o trabalho todo atrasado por conta da confusão com o Duende. Já que eu não consigo pregar o olho, nem parar de pensar nas meninas, melhor eu afundar a cabeça no laboratório e tentar adiantar minha vida."

Peter veste o jaleco e começa uma maratona de experimentos científicos. Quando Parker finalmente fica satisfeito, o sol já está para nascer. Ele se encosta a uma cadeira e fecha os olhos só um pouquinho...

— Parker? Parker!

Um dos colegas de Peter cutuca o dorminhoco.

— Você dormiu aqui, cara? Tá todo de mau jeito aí.

— Putz. Dormi mesmo! Eu vim bem tarde pegar umas coisas pra ler, acabei colocando umas análises pra correr e peguei no sono!

— Vai tomar um banho em casa, come alguma coisa e volta aí depois! Eu limpo sua barra. Ah, e volta rápido, o chefe tá querendo te dar uma boa notícia.

— Brigadão! — Peter pega suas coisas e se dirige aos elevadores.

Bar Sem Nome, em algum lugar de Nova York.

Morris Bench afaga os próprios cabelos enquanto bebe uma dose tripla de bourbon.

— Este é o problema de ser o Homem-Hídrico, Moe. — o vilão encara o balconista e vira tudo de uma só vez — Por melhor que seja encher a cara, eu nunca, nunca, fico bêbado.

— Nem nunca vai ter cirrose, mesmo enchendo a cara às nove e meia da manhã! — Moe palita os dentes.

— É verdade, nunca tinha pensado nisso. Pra ser sincero contigo, nem sei se eu tenho fígado.

— Sempre há um lado positivo nas coisas, cara. Sempre há.

— Deve haver. Eu nem sei, eu tô afogado em dívidas... eh, eh... afogado. Fui tentar roubar um banco e o palhaço do Tocha Humana me evaporou...

— Sério? — Moe gargalha.

— O lance é que arrumei uma namorada metida a chique, e ela gasta demais, mas a danada é gostosa. Pra completar, ela anda me enchendo com uma idéia maluca... putz, Moe, acho que eu vou ter que fazer um serviço estranho pra ela parar de me atazanar!

— Mulheres, cara. São muito mais prejudiciais à saúde do que essas porcarias que você bebe.

— Mas ela é gostosa.

Moe pisca.

Casa dos Parkers.

Peter pisa em casa e se dirige direto para o banheiro, já tirando os sapatos e a camisa. Precisa despertar rápido e voltar para a Stark.

Porém, sua corrida ao chuveiro é interrompida pela campainha do telefone.

— Alô! — ele atende, esbaforido.

— Peter? — uma voz familiar dispara seu coração.

— M.J.? Pelo amor de Deus, você tá bem? E a Mayzinha? Onde vocês estão?

— Você não parecia muito preocupado na hora de se despedir, Pete.

Ele fica quieto por alguns instantes.

— Eu não iria aguentar. Desculpe. Pisei na bola.

— Deixa isso pra lá. Não é fácil. — ela respira pesado.

— Não. Não é mesmo.

— Peter, estou ligando pra dizer que estamos bem.

— Graças a Deus.

— Escuta, eu pensei melhor na viagem e acho que talvez seja uma boa idéia você vir visitar a gente de vez em quando...

— M.J., é melhor você não falar onde está, nem ficar ligando muito pra cá. Eu tenho medo.

— Medo, Pete?

— Não sei se aqueles malucos grampearam a linha.

— Mas como vou falar com você?! Eu queria distância dele, mas não de você... se é que dá pra entender.

— Dá. Olha só. Quando você chegar ao fim da viagem eu vou saber onde você tá. Não se preocupe. Eu tenho como saber. Aí eu dou um pulo aí pra gente ter mais uma conversa. Pode ser?

— Tá certo, Pete. Tá certo. Acho que precisamos acertar algumas coisas. — ela fala, chorosa.

— Isso. Agora faz o seguinte. Desliga e dá um beijo na coisinha por mim. Por favor.

— Tá bom, Pete. Manda um beijo pra Tia May. — M.J. funga, como quem segura o choro mais pesado.

— Beijos, gatona. Eu te amo.

— Eu também.

Peter desliga o telefone, senta no sofá, tapa o rosto com as mãos e não resiste.


:: Notas do Autor

(*) Atualmente Peter Parker trabalha na Stark Biotecnologia, vocês lembram, né? voltar ao texto




 
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