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O Eleito - Senador Kelly

Por Conrad Pichler

Sinais dos Tempos

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Meses antes da eleição. Nova York. Um carro de luxo pára perto de um beco escuro.

— Gotham City?

— Sim, Kelly chegou ao aeroporto de lá essa manhã. — diz um informante.

— Foi pedir para Bruce Wayne ser o vice dele, já que Lex Luthor está apoiando Bush... onde ele vai ficar hospedado? — pergunta um homem envolto em sombras.

— Acho que ele não vai passar a noite em Gotham, sr. Shell (*).

— Mas as noites de Gotham são inesquecíveis. Deixou alguém em seu encalço?

— Sim, a equipe que contratamos especialmente para o senhor. Acha que devíamos fazer com que ele ficasse lá?

— Claro.

— Já que eles não gostam de mutantes, que tal enviar uma equipe especial de boas-vindas?

No mesmo momento. Mansão Wayne. Gotham City.

— Não acredito que os mutantes sejam um problema. A menos que inflijam a lei.

— Mas eles são armas vivas, entram e saem de todos os departamentos do governo, dia e noite. Ninguém sabe o que eles podem fazer com esses poderes, senhor Wayne. — o senador Kelly (**) começa a suar, frente à discussão.

— O porte de armas é permitido na América. Não acha que o senado deveria ter feito algo a respeito dessas, ao invés de criar mais armas para caçar as bruxas?

— Não é do interesse da minha candidatura colocar milhões de americanos no olho da rua ao fechar essas fábricas que geram tantos empregos.

— Diretos e indiretos...

— O senhor está insinuando...?

— Eu não insinuo, senador Kelly... há muito tempo as empresas Wayne deixaram de produzir armas porque acreditamos que mais armas na ruas significa mais violência. Remanejamos todos os nossos funcionários para as fábricas de equipamentos médicos.

— O senhor não está agindo com boa vontade para com a América, senhor Wayne...

— Ou com a boa vontade de quem acredita que a violência gratuita contra pais de família portadores do fator-x pode ser considerado um mal necessário para manter o "emprego legítimo" de pais de família não portadores de fator-x... a América não precisa de armas, senador, precisa de tolerância.

— Então, me diga, por que com pensamento tão benevolente o senhor nunca se manifestou contra o Batman? Ele não gera violência? Não usa equipamentos de última geração pra marcar essa cidade com o terror?

— Batman... Batman apenas luta contra os criminosos a sua maneira... não contra pessoas inocentes.

— E as pessoas comuns? — Wayne olha friamente para o político — A América precisa do Ato de Registro Mutante, senhor Wayne.. é o único modo de sabermos a diferença entre quem luta contra o crime e quem pode gerá-lo. Há mutantes que, apenas por "existir", são perigosos para toda a humanidade! Contra genocídio em escala global, nem o Batman pode nos salvar!

— Senador, precisamos ir. — interrompe o assessor de Kelly — O prefeito está à nossa espera.

— Pense nisso, senhor Wayne... Lucius Fox está preparado pra enfrentar essa ameaça?

Senador Kelly e seu assessor saem da mansão, entram no carro e, ao cruzar os portões, têm novamente a sensação de que alguém os observa.

Ao virar uma esquina, um lagarto gigantesco cai sobre o capô do carro. Arrebentando o pára-brisas, a criatura joga o motorista longe. Sem controle, o carro bate violentamente numa árvore.

No interior, Kelly e seu assessor tentam entender o que acontece. Até que a porta se abre:

— Bem-vindo a Gotham City, senador!

— Quem são vocês?

— Nós somos mutantes, senador... os mutantes de Gotham.

— Não! Não!

Kelly é arrancado do carro e seu assessor, mutilado pela criatura chamada Crocodilo. Após ver tanto sangue, ele desmaia.

— Ele morreu? — pergunta o animalesco vilão.

— Não, Croc. O chefe vai querer ele bem vivo... tenho certeza... mas isso não significa necessariamente "são".

Semanas depois. Uma porta se abre na escuridão, diante de Kelly.

— Acabou, senador.

— Quem, quem é você? Cadê os mutantes? Eles... mutantes, eles...

— Eu sou Batman. Não há mutante algum aqui.

— Como você sabe... onde eles estão?

— Crocodilo o seqüestrou. Ele agora está no chão. Até a polícia chegar.

— M-mas porque esse mutante... ele me...?

— Ele não é mutante, senador. É um dos "Amigos da Humanidade". Ele não deve estar muito contente com o senhor.

— Não, não, eles querem que eu me esconda... eles querem que eu entre em pânico... esses mutantes, eles, eles... podem matar a gente... eu tenho que...

Ao sair do cativeiro, Kelly vê o corpo do vilão caído. Na parede, um pôster de sua candidatura.

Semana de eleição.

— Foi por isso que você aceitou minha ajuda na sua campanha?

— Sim, dr. Grant (***). Eu percebi que preciso cumprir com minha palavra, é preciso controlar os mutantes. E Wayne nunca aceitaria o que eu quero propor.

— E Batman?

— Batman me ensinou que é preciso saber parar esses monstros, como ele parou o Crocodilo.

— Espero que o seqüestro não tenha sido tão traumático. Afinal, de certa forma, ele foi bom para nossa campanha.

— Não, não foi.

— Sabe, senador. Fico pensando... quando os Sentinelas estiverem nas ruas e todos os mutantes forem conhecidos pelo registro de mutantes, de que lado esses ditos heróis ficarão? Já pensou nisso?

— Sim, penso nisso todo dia.

— Super-Homem... essa Liga da Justiça, o Homem-Aranha!

— Sim, claro. Todos de Nova York, Gotham, Metrópolis e da Costa Oeste, todos. Eles terão que dar conta de seus passos. Caso contrário, deverão enfrentar o poder do governo americano!

— Você não acha que o público poderá ser contra essa idéia, Kelly?

— Sim, claro... mas eles vão adorar ver, ao vivo, na TV, os seus heróis prediletos lutando com os poderosos Sentinelas enquanto a cidade é limpa desses mutantes.

Alguém bate à porta:

— Senador, os prospectos dos novos Sentinelas chegaram, o senhor quer dar uma olhada?

— Sim, Raven, coloque para que a gente veja. — a mesa holográfica começa a projetar os esquemas das novas armas.

— São bem diferentes, tem vários modelos. — percebe Paul Grant.

— São para os novos desafios. Contratei alguns engenheiros da LexCorp. — diz Kelly.

— Elas estão equipados com um pequeno reator de kryptonita sintética.

— Sim, veio dos estudo sobre Metallo... mas você acha que isso dá conta desses heróis, Grant?

— Sim, apesar da quantidade do mineral ser pequena, o poder que ele pode proporcionar é enorme.

— Além disso... são tantos e tão variados os equipamentos. Eu diria que, se derrubarem o Super-Homem, derrubam a todos. — Kelly pára e vislumbra seu futuro — Acho que se nos elegermos teremos muitas aventuras, não é?

— Heheh, claro, senhor presidente, as maiores aventuras da terra.

Na TV.

— A campanha presidencial começou. As ameaças nos rondam! — os X-Men são mostrados enfrentando a Irmandade de Mutantes em plena Nova York — Eles não são capazes de nos proteger! — em rápidos flashes, Super-Homem e outros heróis são mostrados cumprimentando mutantes — Ele te protegerá! — Sentinelas são vistos sobrevoando uma linda e verde planície — Vote em Kelly para Presidente!

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:: Notas do Autor

(*) Shell é um dos mais promissores traficantes de Nova York. Seus mercenários enfrentam o Homem-Aranha há meses em seu título no Hyperfan. Confira em Homem-Aranha. voltar ao texto

(**) Você certamente já conhece o senador Robert Kelly das muitas aparições do personagem nos quadrinhos. voltar ao texto

(***) Dr. Paul Grant é um velho amigo de Peter Parker dos tempos de escola. Ele cresceu pobre até que, com uma bolsa de estudos na Califórnia, tornou-se um influente farmacêutico. Com tino para negócios, criou seu próprio laboratório e se tornou um dos maiores empresários do ramo. Ele foi um dos primeiros empresários a abrir mão dos direitos sobre algumas de sua patentes para criação e doação de remédios genéricos para África e Ásia. O senador Kelly acredita que o dr. Grant é um dos poucos empresários que pode ajudá-lo a fazer um governo digno e justo. voltar ao texto




 
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