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Eras de Ouro - Lanterna Verde - Anos 40

Por Igor Appolinário

In The Brightest Day

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Abril de 1945 — Em algum lugar sobre o Atlântico

"Maldito Hitler!" — pensa Alan Scott, o Lanterna Verde — "Se não fosse esse encanto que impede a todos nós de entrar na Europa, essa guerra estaria acabada há muito tempo."

Dentro de uma grande bolha de energia, sobre o Oceano Atlântico, o Lanterna Verde observa o continente europeu ao longe. O rádio ao seu lado espera notícias dos acontecimentos que se desenrolam mais adiante. A última notícia que os aliados mandaram foi do cerco a Adolf Hitler e sua amante, Eva Braun, em um refúgio nas montanhas. A ansiedade começa a afetar a concentração do herói e seu inconsciente forra a bolha de formas, pontas e desenhos estranhos.

"Se eles não pegarem esse santarrão, eu acho que vou ficar louco..."

Final de agosto de 1945 — Washington, DC — EUA

— Meu Deus, Alan, é lindo!

— Sim, querida, é magnífico. Magnífico...

Alan Scott e sua bela acompanhante ficam extasiados com a suntuosidade do grande Salão de Baile em que acontece a comemoração pela vitória final contra o Eixo. A música suave tocada pela pequena orquestra enche o salão com seu doce murmúrio. Por todos os lados grandes mesas redondas ocupam quase todo o ambiente, exceto o espaço, igualmente redondo, em frente à orquestra, reservado para a dança. Centenas de pessoas se arrumam em torno das mesas para tomarem lugar próximo a amigos, parentes, companheiros de guerra ou qualquer outra pessoa querida e passarem uma noite agradável juntas.. As mulheres, em seus belos vestidos de noite, trocam confidências e histórias familiares. Os homens, em elegantes smokings, contam experiências de guerra e anedotas descontraídas. Essa será uma noite perfeita...

"...Uma noite para se lembrar." — pensa Alan Scott, dirigindo-se a uma das mesas.

Um homem sobe ao palco montado logo ao lado da orquestra e se dirige ao microfone apoiado em um pedestal bem no centro, um ponto a vista de todos no salão. Ele dá pequenas batidas no aparelho, causando uma leve microfonia, limpa a garganta e começa a falar. Prendendo a atenção de todos.

— Bem vindos a esta maravilhosa reunião. Estamos todos aqui esta noite para comemorar nossa grande vitória contra o inimigo, mas estamos aqui principalmente para honrar a memória de todos os grandes heróis que pereceram...

O discurso emocionado atinge a todos como uma grande onda de sentimentos, inflamando nos corações das pessoas fortes sensações, tais como saudade dos que se foram, orgulho das façanhas praticadas, ódio contra o cruel inimigo. Todos no salão se sentem tocados de um modo ou de outro. As mulheres choram copiosamente e os homens batem continência ao emissor de tão memoráveis palavras. O final do discurso é marcado por uma explosão de palmas. Todos aplaudem emocionados, ou melhor, quase todos...

Na cozinha...

Na grande cozinha, ricamente equipada com os melhores ingredientes e aparelhos da época, dezenas de cozinheiros terminam os últimos detalhes do jantar. Tudo deve estar perfeito, cada folha de salsinha em seu devido lugar. Enquanto alguns cozinheiros preparam os pratos principais, um pequeno grupo cuida de um majestoso bolo, a deliciosa sobremesa que encerrará a refeição. De repente, as portas dois fundos se abrem e dois homens mal-encarados, vestidos de ajudantes-de-cozinha, entram.

— Onde vocês estavam, seus idiotas?! A pausa terminou a mais de meia hora! Temos que terminar tudo isso agora mesmo, ou o presidente em pessoa vem nos demitir. Mexam-se!!!

Ja, mein Herr! — diz um deles.

— O que você disse?

— Ele disse: "Você está morto"! — diz o outro, revelando uma pistola e matando o cozinheiro-chefe.

Homens uniformizados invadem a cozinha, carregando pistolas e revólveres, e portando a emblemática suástica no peito, rendem todos os cozinheiros e começam a trocar os uniformes militares pelas roupas brancas.

Alan Scott está adorando a noite. Agora ele está dançando com sua acompanhante (Mary, amiga de infância de Alan, filha de um general), mas algo o impede de aproveitar o momento completamente. A inquietante sensação de que alguma coisa está errada ocupa toda a sua atenção, seu corpo move-se ao som da música quase que automaticamente. No dedo médio de sua mão esquerda, o anel do Lanterna Verde brilha intensamente, como se tivesse acabado de ser polido.

"Algo de errado vem nessa direção..."

Jerome Aldreen acha que está é a melhor festa em que já esteve. Mesmo com a inconveniência de ter de acompanhar a filha do velho major Razor, primo em terceiro grau de sua mãe, ele pode dizer que está se divertindo. Janice, sua acompanhante, está ao lado de uma mesa com doces delicados e tem um olhar cobiçoso para eles, colocando três ou quatro de uma vez na boca. Jerry ainda está na mesa, sentado ao lado do velho Major, apenas apreciando a orquestra e desejando que não tenha que dançar. Não que ele dance mal, pelo contrário é excelente, mas ele quer manter a integridade física de seus pés não dançando com a "pequena" Jan. Mas o que Jerry não imaginou é que sua noite perfeita fosse ser estragada por eventos tão inesperados...

— Veja, meu jovem, acho que vão começar o serviço de jantar. — diz o velho major, apontando para os homens de branco saindo da cozinha.

Gunther e Willhem são os chefes desta operação e seguem no meio do grupo disfarçado que adentra o salão. Eles são filhos de alemães que vieram para a "Terra das Oportunidades" durante o entre-guerras e que se estabeleceram como uma minoria desprezada. Depois da derrota Nazista, um sentimento 'patriota' emergiu dentro deles, o que os encorajou a formar a milícia que hoje planeja acabar com todos os lideres intelectuais e políticos dos Estados Unidos, reunidos no grande Baile.

— Certo, agora todos esperem o sinal. — diz Gunther, em meio ao grupo — Lembrem-se, no vermelho atacamos...

Do lado de fora, estridentes explosões fazem-se ouvir. Muitos dos convidados ficam assustados e chegam até a se proteger sobre as mesas, mas os clarões que acompanham o barulho fazem todos olharem pelas grandes janelas e verem dezenas de fogos de artifício explodindo no céu noturno. Alan viu que todos os desenhos eram produzidos por luzes brancas e também percebeu que os organizadores do baile pareciam satisfeitos com o resultado.

"Parece que eles conseguiram seu 'branco da paz'..." — pensa Alan. O resto dos fogos explode em seu branco virginal, mas de repente uma única luz vermelha brilhou no céu e uma seqüência de acontecimentos ocorreu na mesma fração de tempo. Os falsos garçons tiram as armas de dentro dos disfarces e rendem as pessoas próximas. Jerry Aldreen, alheio aos acontecimentos, interpela um dos soldados disfarçados, que dispara sua arma e atinge o velho major. O som do disparo chama a atenção de todos no salão, até então com o pensamento voltado para os fogos, que se deparam com os soldados. E Alan Scott, que não presta atenção aos fogos, mas sim às reações das pessoas e na entrada dos garçons, é o primeiro a perceber a confusão eminente, antes do primeiro tiro ser disparado. E aproveita a balbúrdia subseqüente, mesmo se culpando por não ter evitado o ferimento do Major, e se coloca de lado, longe das vistas dos outros convidados. Alan invoca seu traje de Lanterna Verde e está pronto para resolver "o problema".

— Bem, eu estava louco para acabar com alguns nazistas...

O Lanterna Verde sai de trás de uma coluna e cria uma grande luva de boxe, que derruba os soldados mais próximos. Outro grupo vê o herói e começa atirar em sua direção, mas Alan cria um escudo, muito semelhante ao escudo da Sociedade da Justiça, que o protege, e as pessoas as suas costas, dos disparos.

— Vamos lá, rapazes, vocês têm que fazer melhor do que isso pra me pegar!

— Que tal assim? — diz Willhem, as costas do Lanterna.

Alan se vira e encara o líder dos soldados apontando uma arma para a cabeça de Mary, sua acompanhante. O Lanterna Verde começa a observar o seu redor: Willhem tem Mary como refém, Gunther reagrupa os soldados e o Major Razor sangrando, socorrido por Jerry e Janice. Alan não tem muitas possibilidades...

— Então, como vai ser? Vai se render? Esse seu brinquedinho pode ser muito útil para o novo führer. — diz Gunther, à frente de um grupo de homens armados.

— Seu maldito führer nunca vai ter meu anel!!! — grita Alan, que imediatamente cria bolhas de energia verde em volta dele e de Mary (que faz Willhem cair no chão). Os homens de Gunther atiram, mas Lanterna cria pinças gigantes, que retiram as armas das mãos deles.

Agora desarmados, os soldados nazistas são atacados pelos homens que foram feitos de refém no baile. Até o velho major Razor, mesmo com a perna sangrando muito, dá algumas bengaladas nos mais próximos. Willhem, Gunther e um pequeno grupo de soldados conseguem escapar da baderna e correm para a cozinha. O Lanterna Verde vai atrás deles e os persegue até um grande beco, logo atrás do salão.

— Vocês acham que vão fugir fácil assim? — diz o Lanterna, fechando o beco com uma parede verde-esmeralda.

— Coma chumbo, maldito amerikaner!!! — diz um dos soldados tirando uma pequena pistola escondida no uniforme e atirando contra o Lanterna Verde.

Alan cria uma tubulação que faz diversas voltas dentro do beco, se entrelaçando e prendendo todos, fazendo a bala percorrer um grande caminho e cair inerte aos pés do atirador.

— Alguém mais tem alguma idéia brilhante? — diz Alan, irônico. Ele transforma os canos em volta dos soldados em correntes e algemas, prendendo-os as paredes.

— Você não pode parar o avanço ariano! — grita Gunther, enfurecido. — O grande führer chegará algum dia e o reich supremo será instaurado sobre toda a Terra. Todas as raças impuras serão exterminadas e somente os grandes descendentes da raça pura viveram sobre a terra sagrada!!!

— Você realmente já me encheu o saco. — diz Alan, calando o nazista com uma mordaça verde — Com licença, mas eu tenho uma festa me esperando.

O Lanterna Verde volta para a cozinha e lá troca o uniforme pelo smoking que estava usando anteriormente. Ele volta ao salão do baile e vê, satisfeito, que todos os soldados estão desmaiados e amarrados em um canto. Ele vai até Mary, que limpa um pouco de sangue da barra da saia, e pergunta como ela está.

— Eu estaria melhor se você estivesse comigo quando o nazista desgraçado me fez de refém!

— Mas eu estava cumprindo o meu dever cívico. — diz Alan, não muito longe da verdade — Eu espanquei um deles quando estava saindo do banheiro!

— Bom, vou acreditar em você... desta vez. — diz ela, dando um beijo no rosto de Alan.

Alan olha para o lado e vê o velho major sendo socorrido por um médico, Jerry e Janice se beijando apaixonadamente. Do outro lado, ele vê o presidente Roosevelt cercado de seguranças, aos pés deles uma quantidade considerável de soldados. O senhor presidente se desvencilha dos seus defensores e sobe no palco ao lado da pequena orquestra, que já se preparava para retornar a tocar. O homem que anteriormente estava ao microfone o religa e chama a atenção de todos. Alan e Mary vêem o Presidente no palco e imediatamente imaginam que ele vai falar, eles se abraçam, esperando o discurso.

— Atenção, todos, por favor. Para aqueles que não o conhecem, eu lhes apresento o presidente dos Estados Unidos da América: Franklin Delano Roosevelt!

— Boa noite. Hoje venho à frente dos senhores e senhoras para declarar que nos encontramos no dia mais claro de toda a história. O dia em que a liberdade e a igualdade obtiveram vitória sob os males do mundo...



 
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