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Justiceiro # 01

Por Dell Freire

Eu Sou Terrível

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A pressão sobre o pescoço do rapaz louro é tanta que sua língua salta imediatamente pra fora, deixando à mostra um piercing prateado. O cotovelo do agressor não faz menção de abrandar a força. Seus olhos miram o bandido de forma tediosa, quase bovina; o corpo, forte e frio como mármore, impede o assaltante de tentar qualquer movimento.

— Senhor? — o tom da voz às suas costas é quebradiço mas audível, em meio a soluços e à chuva fina — Obrigada, nem sei como agradecer. Estou tão nervosa...

Com um simples movimento, seguido de um clac, Frank Castle poderia matar o homem. Mas não o faz. Ele o liberta e, em poucos segundos, o sortudo batedor de carteiras desaparece em meio à escuridão da noite. A chuva fica mais forte, ensopando Frank e a senhora idosa à sua frente, protegida por um frágil guarda-chuva, que parece acompanhá-la desde o início da era Vitoriana. Há um silêncio constrangedor entre o vigilante e a mulher, que o olha com a ternura de uma avó.

Algo incomoda a mente do Justiceiro, mas ele se contém. Deixar aquele homem fugir é o mesmo que levar um chute bem dado nos testículos, mas a velha não parece ser durona, do tipo que assiste ilesa ou que sobrevive fácil à visão de um assassinato. Sua mente se desliga, esquecendo tudo ao seu redor, como se entrasse em um estado semi-meditativo. A voz em sua cabeça só lhe ordena que parta e prossiga em sua guerra.

Ele caminha em direção ao carro. Antes de abrir a porta, volta seus olhos involuntariamente para a velha senhora em meio à chuva, ligeiramente perdida. Ele se senta, liga o rádio do veículo e intercepta o sinal da polícia, ouvindo dezenas de ocorrências que infestam sua cidade e pedem uma ação urgente. Algumas lhe chamam a atenção: dois latinos assaltam uma loja 24 horas, um franco-atirador adolescente age em uma high scool e um pai de família está tendo sua noite de psicopata. Definitivamente, a velha não pode ir com ele. É um peso morto.

— ... mas pode me chamar de Tia May. E o senhor é? — May Parker se sente agradecida e serelepe com a carona que seu anjo da guarda está lhe dando.

— Doffer. John Doffer. — responde Frank, olhar fixo na estrada à sua frente.

— Um belo nome. Acho que conheço mais alguém da família Doffer... — ela põe uma das mãos sobre a cabeça, forçando a lembrança — Bem, infelizmente minha memória anda péssima, Sr. Doffer. Com certeza, tem família aqui?

— Não.

— Ah, um solitário... — ela respira fundo, como se sentisse saudade da mocidade e do frescor perdidos há tempos — Um cavalheiro solitário. Sabe, sr. Doffer, estamos em tempos difíceis. Não se fazem mais cavalheiros como antigamente. As ruas não são mais seguras pra ninguém, as mulheres são fáceis e os hambúrgueres contém mais hormônios de crescimento que um jogador de futebol. O nosso modo de vida está piorando. Não concorda?

— Sim.

O rosto de May Parker brilha por encontrar alguém que pensa igual a ela.

— E as músicas? Quando comecei a me acostumar com os Beatles, a coisa toda começou a piorar. Agora, ruído é música. Realmente, não consigo ligar um rádio hoje sem pensar que está quebrado. Não é assim, sr. Doffer?

— Sim.

— Fico feliz que ainda existam pessoas de bom gosto. Deixe-me ligar aqui pra... — rapidamente a mão esquelética de May Parker liga o rádio — Bzzz.... tumulto na 29 com a St. James. Repito... o filho da puta ainda não atirou, mas parece que a qualquer momento...

O Justiceiro imediatamente desliga o aparelho.

— Programa policial.

— Oh, fez bem em desligar. Também odeio sensacionalismo barato.

A loja 24 horas está perto e o Justiceiro estaciona o carro a alguns minutos a pé, não querendo May Parker muito próxima caso haja confusão. O maior problema é que Frank sabe que ou mata a velha de enfarte retirando seu arsenal do porta-malas, ou enfrenta os dois assaltantes de mãos limpas. A rigor, não há alternativas.

— Sra. Parker, pode aguardar um instante?

— Vai às compras?

— Vou. — ele começa a se retirar do carro, quando é interrompido.

— O senhor se importaria em me trazer um saco de rosquinhas? E um pouco de leite quente? Não, não... Leite puro me dá gases... — ela solta um risinho tímido — Não gostaríamos que isso acontecesse, não é, sr. Doffer?

— Definitivamente não.

— Traga um cafezinho.

Cappuccino?

— Sim, por favor.

— Aguarde aqui, sra. Parker. Eu volto logo.

O cenário da loja é padronizado, comum a todas as franquias da rede de Lojas 24 horas McAbu, com alguns tapetes típicos da Índia na porta de entrada e alguns arabescos espalhados pela parede. Apesar dos detalhes regionais, os clientes encontram toda sorte de produtos na loja e são atendidos por solícitos funcionários que imigraram da Índia, possuidores do green card e totalmente legalizados no país. Mas a legalização não os tornam imunes à violência e ao preconceito.

Quando Frank Castle abre a porta da loja, é imediatamente rendido por dois jovens de sotaque espanhol que lhe apontam as armas, ambos com máscaras de borracha de ex-presidentes americanos, Abraham Lincoln e John F. Kennedy. Frank levanta as mãos, em sinal de que não opõe resistência.

Hijo de um perro! Não lhe disse para deixar trancada a porta?

— Desculpa, Pablo.

Abe! Abe! Meu nombre é Abe! — Frank observa a Ingram MAC-10 que "Abe" segura na mão esquerda, apontada em direção aos funcionários da loja e dois clientes. A arma, de pequeno porte como uma mini-Uzi, tem um poder de fogo considerável dentro de um ambiente pequeno como este. "Abe" a deixa apontada, ora olhando para os reféns, ora revirando o caixa da loja.

— E o meu é Johnny. Si, si, não esquecerei.

— Reviste-o. Rápido! — ordena Abe

"Kennedy" dá um meio sorriso e, com os pés, busca separar as pernas do Justiceiro, apontando para ele uma pistola automática Desert Eagle. Com cuidado, vai revistando as calças e o casaco jeans de Frank.

— Abra as pernas, corazón. Hora da revista.

— Você é homossexual. — afirma o Justiceiro.

Quê?

— Pistolas automáticas cromadas e niqueladas, como essa aí, são coisa de viado.

Com um movimento rápido e mecânico, Frank atinge um potente soco no meio do nariz de "Kennedy", quebrando-o. Grande quantidade de sangue se esvai, escorrendo por debaixo da máscara de borracha. Tonto, o criminoso recebe um segundo golpe do Justiceiro novamente no nariz, agora de baixo pra cima. Propositadamente fatal, o golpe empurra a cartilagem do nariz para dentro do cérebro de "John F. Kennedy", tendo o mesmo efeito que uma lâmina afiada se espatifando em mil pedaços em meio a uma refrescante gelatina de morango.

"Abe Lincoln", apanhado de surpresa enquanto revira a caixa, só percebe o movimento do Justiceiro tarde demais, deixando cair a ponta de cigarro que fuma. Frank, entediado, observa o cigarro cair, as mãos de Abe erguendo sua submetralhadora, o dedo indicador prestes a acionar o gatilho, o suor por debaixo da máscara, o cheiro do sangue de "Kennedy" incomodando. Com um movimento mais rápido, o Justiceiro reage.

A MAC-10 cai ao chão, sem disparar um tiro. O corpo de "Lincoln" está colado à parede, deslizando preguiçosamente para baixo com um espeto de churrasco trespassando seu pescoço ensangüentado. Frank se aproxima do balcão. Olha para os funcionários, enfileirados ainda em estado de choque.

— Um cappuccino e um saco de rosquinhas. Pra viagem.

— Obrigada, sr. Doffer. Realmente, foi muita gentileza de sua parte — May Parker mastiga as rosquinhas ruidosamente — Aceita?

— Não.

— Oh, claro. Tem que manter a forma. O senhor lembra o meu sobrinho Peter, às vezes. É um bom garoto, tem sorte de ter uma mulher tão carinhosa ao seu lado. Mas às vezes o acho tão solitário, tão perdido em seu mundinho... O senhor não sente vontade de se casar, ter filhos?

— Não.

— Ah, faz mesmo o gênero independente, não é? Sabe, hoje a nação americana precisa de mais gente constituindo família, mais gente de bem como o senhor... — de boca cheia, com alguns farelos caindo pela beirada dos lábios, ela ergue uma das mãos para o céu, em tom de discurso — Não há nada mais sagrado em nossa nação do que o amor entre os da nossa família. Nada mais puro, sagrado e forte. É uma benção e o único sustentáculo desse país abençoado por Deus. Não concorda, sr. Doffer?

— Sim.

— Que bom! — os olhos dela brilham — Acho que posso arranjar um encontro para o senhor. Na minha vizinhança, há umas mocinhas que dariam ótimas esposas. Se o senhor não se opuser, é claro...

— Não.

— Ótimo! É isso que farei! Preciso ligar pra Anne, a Bernadeth, talvez a Vivian... Não, ela não... É de temperamento forte, meio violenta; não seria um bom par pra um doce de gente como o senhor, sr. Doffer.

O carro de Frank Castle se aproxima do quarteirão onde um pai de família está tendo um acesso psicótico e barbarizando a própria família. O último informe dizia que a casa está cercada por viaturas policiais, mas provavelmente nenhum deles tomou uma atitude. Novamente, não tinha como pegar as armas na frente da sra. Parker.

— Puxa, quantos carros da polícia! — observa ela.

— É uma... convenção, sra. Parker.

— Uma festinha?

— Sim, exatamente. Um senhor está tendo problemas com a família, parece que perdeu o emprego e os policiais da região resolveram fazer essa festinha pra ver se ele... se anima.

— Puxa, ele deve ser muito querido, mesmo... Tem até gente do lado de fora, esperando pra entrar na festa. O senhor vai?

— Só vou ficar uns minutos. Vou dar uns conselhos de amigo.

— Que maravilha! O senhor é a figura adequada. Mande um beijo pra ele, sr. Doffer!

O Justiceiro caminha em direção às viaturas policiais, traçando um plano que depende basicamente de entrar na casa o mais rápido possível. Ele levanta a corda que isola o local, indo em direção à casa.

— Ei, ei, ei! Parado aí! — ameaça um dos policiais, apontando a arma.

Frank lentamente retira sua carteira do bolso, mostrando sua identidade. O policial a lê em voz alta:

— John Doffer. Psicólogo do FBI. Meio rápido, hein, sr. Doffer?

— Infelizmente, a situação é delicada. Preciso entrar na casa e conversar com o homem. Imediatamente. Quem está no comando?

— Eu. Estávamos mesmo esperando que os federais mandassem alguém. Quando fomos chamados, o cenário já estava todo armado, com a esposa morta e a filha pequena nas mãos do maluco. Não invadimos para não perder a menina. Esperamos resolver isso sem mais sangue, senhor Doffer.

— Eu partilho desse pensamento. Deixa isso nas minhas mãos?

— À vontade! É bom ter ajuda de um profissional num caso desses! — o policial levanta as mãos pro céu, como se retirasse um grande peso das costas.

Frank segue em direção à casa, quando o policial o chama:

— Ei, eu já não vi o senhor antes?

— Caso Walton, 1999. — o Justiceiro não se vira enquanto fala com o policial — Um jovem mata o avô e tenta executar a própria família, em seguida. Eu o impedi, apenas dialogando com ele. Fui destaque na imprensa por um bom tempo.

— Ah, claro. Bem que eu sabia que o seu rosto é conhecido.

A porta da casa está destrancada, facilitando a entrada de Frank. Os móveis da sala estão todos revirados, indicando muita luta e confusão. Um pequeno quadro com a família reunida está quebrado, ao lado de outros com o pai da família comemorando vitórias e recebendo vários troféus ganhos em campeonatos de luta. Há um rastro de sangue que vai da sala, passa pela cozinha e termina no quarto do casal, de onde vem grunhidos e gemidos primitivos e o som da cama rangendo, prestes a quebrar.

Uma menina, com cerca de quatro anos, sai cambaleante, com uma pequena boneca debaixo do braço, o rosto limpo e os cabelos arrumados em contraste com o péssimo estado do resto do corpo. Ela está nua, cheia de hematomas e sangrando.

— Papai... está doente...

O Justiceiro se aproxima dela com cuidado, ajoelhando-se. Faz um pequeno afago em seu rosto e segura sua mão. Em seguida, levanta-se e a conduz até o banheiro. Ele pede, com palavras cuidadosas e voz calma, que ela fique tranqüila e, sob nenhuma hipótese saia do banheiro. Frank fecha a porta.
Quando finalmente entra no quarto de casal, vê uma cena grotesca. O homem está nu, movimentando-se violentamente sobre o corpo sem vida da esposa, a cabeça dela ligeiramente pendente para a esquerda, presa ao corpo apenas por um filete de carne depois de vários golpes de um objeto cortante. O cutelo está ao lado da cama, ao lado de dois mamilos decepados. O cheiro de sangue e podridão excita cada vez mais o louco, sem querer se desgrudar dela nem perceber a presença do Justiceiro.

Qual o meu nome? — ele grita, para si mesmo — Buceta!

Com um grunhido, o homem sai de cima dela, o sangue grosso de sua companheira morta se misturando ao pêlo do seu corpo nu, e fica olhando para o vazio. Ele tem a mesma altura de Frank, além de uma formação física invejável, resultado de anos de treino de artes marciais.

— De onde eu vim? Buceta!

Ele pega o cutelo na cama e avança para o Justiceiro como um trator. Frank fica de prontidão, aprontando uma defesa externa. Quando o alucinado se aproxima o suficiente, é recebido com um chute giratório de costas, seguido de um outro golpe, mais embaixo, na região genital. O homem cai no chão, dá um grito de dor e se levanta em seguida, dando um passo, esticando o braço e jogando todo seu peso para a frente.

— O que eu quero? Buceta!

Com os nós dos dedos indicador e médio, ele atinge o queixo do Justiceiro, que fica cambaleante e recebe um gancho curto. Ligeiramente desequilibrado, Frank vê uma estante com armas. Pega um nunchaku e levanta-se, fazendo uma melhor defesa dos novos golpes que seu oponente realiza com a faca.

O Justiceiro, com sua arma, enlaça o punho armado com a faca e chuta o joelho do adversário, quebrando-o. Rapidamente, posiciona-se atrás do inimigo e, com as correntes do nunchaku, começa a sufocar o homem alucinado que só consegue pronunciar uma última palavra:

— Bu-ce-ta!

O corpo sem vida tomba diante de Frank Castle.

— Festinha boa, sr. Doffer. Seu rosto está tão radiante. Pena que não pôde ficar lá muito tempo, não é mesmo? — sentada ao lado de Frank, em seu carro, May Parker parece penalizada.

— Sim.

— Desculpe, acho que estou sendo um incômodo.

— Não.

— Obrigada, é mesmo muito gentil. Bem, felizmente estamos chegando.

— Ainda tenho uma última parada antes de deixá-la em sua casa.

— Onde?

— Uma escola.

— É professor, sr. Doffer?

— Sou. Um de meus alunos está tendo problemas.

— Sempre atencioso, sr. Doffer. Mesmo às altas horas da noite, não esquece os seus pupilos. Ah, mas a educação nesse país...

— Sim, sra. Parker. Concordo totalmente.

— Mas..

— Sem dúvida. Sem dúvida. Me dê esse álbum no porta-luvas.

— Esse? O que é?

— Meu currículo. Acho que ele precisa dar uma olhadinha nele.

Após o carro estacionar na parte de trás do colégio, Frank Castle se dirige até o telhado, subindo pela escada de incêndio, com os papéis debaixo do braço.

— Não há motivos para isso. — um negociador, do alto da escada, tenta conter as ações do rapaz.

Agarrando o oficial da policial pela perna, Frank dá um violento puxão, fazendo-o cair com a cabeça no chão, desmaiando.

Com uma lata de coca-cola, um litro de vodka, revistas da Image e um punhado de espinhas no rosto, um jovem segura um rifle de precisão, mirando alguns poucos transeuntes que se arriscam a passear por ali.

— Mundo fodido esse, né, guri?

A frase assusta o garoto, pego de surpresa pela repentina aparição do homem ao seu lado, sentado tranqüilamente, abrindo a lata de coca.

— Espero que não seja a última. — ele a vira, bebendo.

— Saia daqui, senão eu atiro neles! Eu tô avisando!

— Calma, guri. Só vim papear, relaxa! — Frank observa com cuidado a arma do garoto — Rifle de precisão Robar SR60.308. Projetado para atingir alvos a uma distância de 550m. Equipamento preferido pelos franco-atiradores da SWAT. Deve ter sido difícil conseguir um desses.

— F-f-oi...

— Imagino. Qual seu nome?

— Fred.

— Bem, Fred, deve ter acontecido algo muito ruim a você hoje pra pensar numa coisa dessas. Talvez um pouco de fama não viria mal, não é mesmo? Um pouco de diversão ousada pra provar aos filhos da puta que você ainda está vivo, não é verdade?

— Isso! — Fred aperta os olhos, prestando atenção no outro.

— Mas eu tenho uma surpresa pra você, guri. Não importa o que faça, não importa como faça, ninguém se importa com você. Ninguém.

— Eu vou provar a eles...

— ... que é um idiota. Apenas mais um. Ouça, guri. Quando mataram minha família, ninguém fez nada. Ninguém moveu um único dedo. Os amigos sumiram, com medo de serem atingidos. A vizinhança se calou. Os policiais foram comprados. Eu fiquei sozinho. Iniciei uma guerra. A minha guerra, entendeu bem? Ela é minha e de mais ninguém. Não sou idiota de achar que isso trará os meus de volta, nem de que estou fazendo o mundo melhor. Não me importo com o que pensem de mim, se me odeiam ou se me idolatram. Eu só faço o que eu tenho de fazer. — ele olha o guri bem nos olhos — O segredo é seguir o seu próprio caminho e foda-se o mundo.

O garoto baixa a arma lentamente.

— E, definitivamente, você não está seguindo o seu verdadeiro caminho.

— Quem é você?

— O Justiceiro.

Um frio percorre toda o corpo de Fred.

— Tenho algo pra você. — ele passa um pequeno álbum para o garoto — Dê uma olhada. São recortes de alguns serviços meus.

O garoto vai virando as páginas do álbum de recortes, as matérias passando diante de seus olhos, as fotos mostrando vários cadáveres mutilados, carbonizados, eviscerados, perfurados, esquartejados e atropelados.

— Pra cada um, eu uso um método. Que método quer que eu use em você?

— Co-como assim? — o garoto balbucia.

— Como quer morrer?

— Vo-você...

— Indolor ou dolorosamente?

— Mas...

— Quer ficar reconhecível para a família ou não?

— E-eu...

— O que quero dizer é o seguinte: ou você retira essa sua bunda mole daí agora e se entrega à policia ou eu vou matá-lo.

Após alguns minutos parado em seu carro, ao lado da sra. May Parker, Frank Castle vê satisfeito o garoto se entregar ao pequeno grupo de policiais que cercam a área. Satisfeito, ele dirige por mais alguns quarteirões, até deixar a sra. Parker em casa.

— Não sei como agradecer. Não sei mesmo. — visivelmente emocionada com a despedida, May Parker não sabe o que dizer — Mas eu acho que tenho algo para o senhor, sr. Doffer.

— Sim?

Ela retira de sua bolsa um pequeno gorro de lã, o coloca gentilmente na cabeça de Frank e, em seguida, beija-o no rosto.

— Vai protegê-lo do frio.

Agradecido, Frank se despede meio sem jeito e, em poucos segundos, o carro se distancia, deixando para trás uma senhora comovida.

— Ah, se todos fossem iguais a você, senhor Doffer...

Próxima edição: Ao desbaratar uma zona de prostituição, Frank Castle se vê seduzido por uma piranha de alta categoria. O que ele fará? Dará umazinha depois de anos de secura? Ou controlará seus hormônios e manterá a arma no coldre? Não perca, em Doce, doce amor.



 
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