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Nuclear - Carga Nuclear Efetiva # 02

Por Wellington Alves

Olha Quem Está Voltando!

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Há cinco dias, Ronnie Raymond, o herói atômico Nuclear, está internado nos laboratórios STAR. Desde que seus poderes provocaram a destruição de sua casa e de quase ter assassinado o Homem de Cobalto. Por cinco dias, foi examinado de cima a baixo, de dentro para fora, enfiaram diversas agulhas em seu corpo e sondas onde ele não quer nem lembrar.

— Por isso tudo, Ray, você ainda me pergunta se estou bem? — diz um exaltado Ronnie para o seu tutor Ray Palmer, vulgo Eléktron, tentando responder ao questionamento dele.

— Calma, meu rapaz.

— Calma? Estou nesse quarto faz quase uma semana! Ainda tem essas drogas que vocês me dão para que eu não fique parecido com um quatro de julho ambulante. Professor, o senhor tem que me dizer o que eu tenho! Por favor!

— Eu não sei o que dizer, Ronald. Os testes deram inconclusivos. Todos eles.

— Mas...aqui é o ápice da tecnologia médica meta-humana do mundo. Como vocês podem não saber o que se passa comigo?

Palmer sente toda a dor do rapaz, o abraça demoradamente sem dizer uma palavra.

— Ray. Professor. Eu preciso saber. — reitera o rapaz, se afastando dele.

Após um longo suspiro, Palmer diz:

— Realmente, Ronnie. A única coisa que sabemos é que o seu corpo está em um processo gradual de deterioração e não é lento. Os seus pulmões e o coração já estão totalmente comprometidos. Esse é o motivo de você ter dificuldades de respiração. E não temos a menor idéia de parar com essa doença.

— Me desculpe, professor, mas é que... aaahhhh! — ele se contorce todo de dor.

Ronnie! Presta atenção, você não pode mais usar os seus poderes, não enquanto não descobrirmos o que está acontecendo. Por isso, deite-se e descanse. Vou para o laboratório.

Dizendo isso, Palmer sai do quarto, deixando Raymond sozinho no quarto, imerso em seus pensamentos: "Que droga! Desde que eu os recebi de volta do Stein-elemental, nunca tive nenhum problema, mas desde aquela explosão atômica na Rússia (*) eu vinha me sentido cansado. Será algum efeito colateral? Ou o meu corpo é realmente fraco para agüentar sozinho esse poder?"

Minutos depois, já no laboratório especialmente configurado as suas necessidades, Palmer revisa alguns dados no computador.

— Engraçado. Há outros meta-humanos sofrendo do mesmo tipo de doença do Ronald. O Homem-Radiativo foi encontrado boiando no Mediterrâneo e levado ao laboratório Delta, na Itália. Esmaga-Átomo quase matou metade da Sociedade da Justiça a menos de uma semana quando se descontrolou e destruiu metade do quartel general deles. Há um padrão aqui, mas como conectá-lo com Ronnie?

Enquanto divaga, ele liga a televisão, deixando-a na rede GBS de Notícias. Demora um pouco e uma manchete lhe prende a atenção: "...metade das usinas nucleares de Europa Oriental estão paradas, pois estão apresentando um super-aquecimento anormal nos seus reatores. Informes advindos da Ucrânia, Polônia e Pocolistão indicam que todas as suas usinas estão desligadas. A Rússia não desmente nem confirma a informação, mas Moscou enfrenta um grande blecaute que já dura seis horas..."

Palmer bate com a palma da mão na testa e diz, quase gritando: — É isso! Nuclear, usina, átomos! O problema não é apenas com Ronnie e sim com o planeta inteiro. é uma crise em nível atômico! Como irei lidar com isso?

— Ray Palmer. Acorde. Preciso de você.

O susto do herói encolhedor só não é maior do que a surpresa de ver a imagem espectral Doutor Estranho flutuando em seu quarto.

— Stephen?! Que diabos está fazendo aqui? E no meio da noite?

— Eu sei o que está ocorrendo e sei como resolver. Preciso que venha com o seu pupilo a minha morada em Nova Iorque, imediatamente, pois a cada segundo que passa a Terra está caminhando à perdição.

Ao acabar de dizer, a imagem some do quarto, que volta a ficar escuro, deixando o perplexo Palmer sentado na cama.

— Além de me dar o maior susto, ainda me tira o sono. Droga, Stephen. A Liga é pequena para você atormentar?

De manhã cedo, ele se encontra com Ronnie, no STAR.

— Ele falou que sabia o que estava acontecendo? Então, qual o problema, professor? Vamos até lá.

— Calma, Ronnie. O problema é que eu não confio em mágicos, prestidigitadores ou feiticeiros que vivem isolados numa casa ou numa torre. Não confio mesmo. Bem, talvez a Zatanna, pois ela já me salvou a vida uma pá de vezes, mas eu não confio nos outros. Eles tem um ar de superioridade total, falam empolado, com palavras onde sente-se o cheiro de mofo e bolor de longe. Eu só confio na ciência. Ela não me deixa na mão.

— Mas, professor, se ele o incomodou de noite, acho que devemos dar um crédito a ele.

— Pode ser, Ronnie. Essa "crise do átomo" , como eu chamei, pode ter causa mística, pois não há explicação lógica e científica para isso. Mas só iremos a essa convocação se você assim quiser.

— Bem, professor, pode ser a oportunidade de cura para mim. Eu daria a minha al...

Palmer o corta rapidamente:

— Não completa a frase! Nunca diga isso, OK? Nunca se sabe quem pode escutar.

Ronald tapa a boca com as duas mãos e se desculpa.

— Mas você está certo. É uma oportunidade de cura. Então, faça as malas que iremos para Nova Iorque.

— Eu nasci lá, Ray, e conheço a cidade como a palma da minha mão. Mas antes de ir, me diz o que é um prestidigitador.

Três horas depois de deixarem Ivy City, eles pousam no aeroporto La Guardia em Nova Iorque e quase quatro horas depois de pousarem, chegam à porta do santuário do Dr. Estranho.

— Que trânsito horrível. — diz Palmer, irritado — E eu que achava as linhas telefônicas ruins, devido à internet, mas aqui é pior.

— Isso é a Big Apple, professor, e não a pequena cidade de Ivy. — diz, sarcástico, Ronnie.

— Onde é a campainha dessa coisa?

— Não precisa se preocupar com isso, honorável senhor. — o mordomo do Dr. Estranho abre a porta, dando um susto nos dois — Podem entrar, que o mestre os aguarda.

Wong os leva até o escritório, onde o mago supremo estava.

— Sejam bem-vindos a essa modesta morada, meus amigos.

— Não disse que ele fala empolado? — sussurra Palmer no ouvido de Ronnie.

— Ronald Raymond, portador do poder do Elemental-Fogo, também chamado de Nuclear, o herói atômico, venha até mim.

Ronnie se aproxima, lentamente, atravessando o pequeno cômodo.

— Me dê as suas mãos. — pede Stephen, que é prontamente atendido. Sim, você realmente é o ponto focal dessa crise. Ao receber os poderes do Elemental-fogo você mudou a tênue balança eco-mística desse planeta,

— Então o problema todo tem a ver com Ronnie e Stein? O Elemental Stein? Por isso não achei a cura, ela não estava nesse planeta.

— Sim, caro Palmer. A mãe-terra Maya está morrendo, pois lhe falta esse aspecto. Urge que precisamos trazê-lo de volta a essa esfera de vida.

— Não! — grita Ronald, dando passos para trás até encostar numa cadeira e sentar — Não! De novo, não! Você está me pedindo para trazê-lo de volta para cá? O professor Martin Stein dividiu o Nuclear comigo por anos e morreu por isso, renasceu e tornou-se o Elemental para sair desse planeta de ódio e destruição. Quando ele foi embora, me deixou o poder do Nuclear para mim, só para mim.

— Eu entendo o seu desespero, meu jovem. Você está com medo de perder os poderes de novo, mas não há outro jeito de salvar o planeta.

— Por que não juntam o Senhor Destino, ou o Espectro, ou sei lá, qualquer peso-pesado desses aí para salvar o planeta? Por que tem de ser eu a perder? Eu... não eu...

Palmer fica surpreso e assombrado com a reação do moço, pois não a esperava.

— Ronnie, o que há contigo?

— Vocês não entendem. Eu sempre fui muito confiante, desde antes da faculdade, desde antes do acidente que criou o Nuclear. Mas, esses anos de tortura e sofrimento, de fusões e perdas...não sei... Fizeram-me pensar, me mudaram. Depois que eu perdi o professor, o Mikhail, meu avô que mal conheci, eu queria ter a minha vida própria, sem depender de ninguém. Aí, depois de alguns meses de paz, veio o Elemental pedindo para voltar e eu...eu...recusei a fusão por...por medo. Medo de voltar a perder as coisas que amo.

— Mas você aceitou os poderes de volta.

— Sim, professor, porque eu os queria de volta. A sensação de poder, supremacia e tudo mais...é inebriante. Só que eu não consegui fazê-los funcionar corretamente...Além dos meus pesadelos...

O Doutor Estranho flutua em sua direção, abre o Olho de Agamoto, que se aninha em sua testa. Uma luz, proveniente do Olho, ilumina a fronte de Ronald.

— Meu jovem, eu sinto o seu medo e aflição, principalmente devido aos pesadelos recorrentes, mas não cabe mais a você decidir, pois a tomou meses atrás ao renegá-lo, então é sua obrigação realizar o que tem de ser feito. Eu os transportarei para onde se encontra o Elemental e, para o bem da Terra e todos que aqui vivem, traga-o de volta.

Ao acabar de falar, Stephen recita alguns versos e um clarão leva os dois heróis.

— Será que eles irão conseguir, mestre?

— Eu fui bem incisivo, Wong, para que eles entendessem a urgência da situação. Eles o trarão de volta, de um jeito ou outro.

— Eu detesto magia! Que lugar é esse para onde Estranho nos mandou? — pergunta Palmer, olhando ao redor e vendo um mundo totalmente rochoso e árido, com umas formações parecidas com árvores secas e sem folhas.

— Professor, olhe ali, sentado naquelas pedras — aponta Ronald — É o Stein! Ei! Professor Stein!

O Elemental não responde ao chamado, porém, se levanta, ergue a pedra onde estava sentado e a atira em direção aos dois.

— O que vocês querem aqui?! — grita, totalmente alterado, enquanto que Ronald e Palmer se desviam do projétil.

— Ronald, fique abaixado atrás dessa pedra que eu irei conversar com ele e, em hipótese alguma, use o poder do Nuclear.

Palmer, já devidamente uniformizado, se aproxima dele e diz:

— Calma, Stein. Você tem que voltar conosco por... — mas, tomado de raiva, Stein desfere uma rajada de fogo nele, não o deixando acabar de explicar.

Professor! — exclama Ronald, que ao ver seu tutor caído desacordado, desobedece-o e transforma-se no Nuclear. Reconhecendo o uniforme amarelo e vermelho do herói atômico, sua ex-contraparte dá uma gargalhada:

— Acha que pode me enfrentar, garoto? Eu lhe dei esses poderes. Eu sou seu criador!

— Então, chegou a hora da criatura ser maior que o criador. Sinta a fúria do Nuclear!

Rápido como um raio, Nuclear se lança em direção ao elemental e desfere um soco no estômago, que o lança ao chão.

— É, parece que a ovelha quer virar lobo, mas tem muito ainda a aprender. — diz, sarcasticamente, ao mesmo tempo em que, com uma rajada, envolve Nuclear com uma camada de chumbo líquido, fazendo-o sufocar — Quer lutar? Então saia dessa!

Juntando as suas forças, Ronald destrói a prisão de chumbo. "Não vou agüentar muito tempo. Não consigo respirar" — pensa ele

— Pare, Professor. Você precisa vir conosco. Está fazendo muito mal a Maya a sua partida. Ela está...morrendo e levando...com ela todo o... Planeta!

— Não me interessa! Você me negou a possibilidade de ficar lá ao não aceitar a nossa fusão! Cala a boca e morra!

Stein reúne a sua energia nas mãos para desferir uma rajada, porém, antes que ele faça o disparo, Nuclear grita de dor, se contorce, caí como uma folha seca no inverno e reverte a forma de Ronald Raymond. Ao ver a cena, a face do elemental muda de raiva para espanto e em seguida para uma expressão de preocupação.

— Ronald? Pare de brincar e me enfrente!

— Ele não pode, Stein. — diz Palmer, se levantando, com o braço esquerdo coberto de sangue devido ao golpe que sofrera. O que ele disse é verdade. O planeta está morrendo e o primeiro sintoma a aparecer foi a decadência dos átomos radiativos. Ronnie está sofrendo com isso. Esse por o motivo pelo qual viemos te procurar para salvar-nos. O mundo depende de você, Stein.

Parado de pé, olhando direto para o caído Nuclear, o elemental nada fala, apenas cerra os punhos.

— Escutou, Stein? Você tem de salvá-lo. Por Deus, ele foi seu aluno, seu amigo por muito tempo. Fale algo!

— Você gosta de falar, não? Eu não posso voltar a Terra assim, apenas como elemental. Não pode haver dois Nucleares. Ao menos que...

— Ao menos que o quê? Não me diga que está pensando em fundir-se com ele?

— Sim, Eléktron. Eu aceitei, mesmo a contra-gosto, a decisão dele de me rejeitar, o que me levou a esse exílio. Não achava que Maya fosse sentir algo, pois eu deixei os poderes de transmutação com ele. A única forma de voltar é a fusão.

— Esse era o maior medo dele, Stein. Após passar anos convivendo com outra pessoa na sua mente, finalmente ele se sentia livre, com uma vida própria, será que tem o direito de tirar isso dele de novo?

Silencioso, o elemental se abaixa, levanta Ronald, tira a poeira dele e o escora numa pedra. Ele suspira, ele diz:

— Eu sinto muito, mas não tem outro jeito. Por favor, se afaste — e, tomando as mãos do jovem, lentamente começa a se fundir com ele. Nesse momento, Raymond acorda e grita:

Não! Me solta! Eu não quero! — porém, as súplicas do jovem desaparecem com a enorme explosão que se sucede. Uma nuvem de fumaça branca se eleva.

— Ronald? — chama Palmer. Onde está você? Não vejo nada devido a fumaça!

— Calma, professor. Estou aqui. — e do meio da nuvem, emerge a magnífica figura do Nuclear.

Estou de volta e bem. Certo, professor Stein?

"Concordo, Ronald" diz, dentro da mente do herói, o professor Martin Stein.

Entrementes, na Terra, o Doutor Estranho visualiza tudo por intermédio do Olho de Agamoto.

— Bem, parece que tudo ocorreu como o planejado, não, Maya?

A imagem da mãe-natureza aparece no globo: — Sim, Strange meu filho, tudo como planejado. Tudo como planejado.

O re-começo.


:: Notas do Autor

(*) Veja Liga da Justiça # 12 e # 13. voltar ao texto




 
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