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Por
Dell Freire
Music
Non Stop
Parte I
A garçonete
não deixa de estranhar quando os dois homens entram na
lanchonete. Em comum, ambos ostentam um aparente desleixo pelas
roupas, a barba por fazer e porte físico preparados para
combates repentinos. "Militares... Aposto", pensa a
moça ao se aproximar dos dois novos fregueses.
Boa noite! Podem ficar à vontade. Aqui está
o menu diz ela, sorrindo.
Obrigado responde B. Burnside, do alto de seus quase
dois metros de altura. Estamos com um pouco de pressa.
Não se preocupem, temos um atendimento de primeira.
Já sabem o que vão querer? ela pega o lápis
de trás da orelha.
Eu digo? Nick Lowe, com seu bigodinho ralo, tem
um ar divertido, como se achasse graça em tudo.
Vá em frente, se isso te faz feliz! Burnside
parece aborrecido.
Queremos três dúzias de hambúrgueres.
Puxa, que fome a de vocês...
Não, meu amor diz Lowe. É que
vamos fazer uma festinha e ficamos responsáveis pela comida.
Nossos amigos são loucos por hambúrgueres e disseram
que vocês têm o melhor de toda América.
Burnside esconde o rosto atrás do menu, como se quisesse
ficar alheio a tudo.
Aquele ônibus é de vocês? pergunta
ela.
Isso... Acha que vai demorar?
Bem... Um pouquinho. Hoje o movimento tá pequeno,
talvez isso facilite. Deixa eu ver...
Mas capriche, meu amor Nick Lowe puxa a garota pelo
braço, impedindo que saia.
Antes de se desvencilhar dele, a garçonete consegue ver
uma pistola escondida sob o casaco do homem.
Nick, ainda acho que você vai ser o responsável
pelo desastre de nossa missão.
Calma, cara! Relaxa! ele ergue os braços
Ficar tenso não vai ajudar em nada.
Pare de se agitar. Você gosta mesmo de chamar a atenção!
Eu? Chamar a atenção? E o que me diz do gorila
lá dentro do ônibus e do nosso prisioneiro?
Diabos! Fale baixo!
Eu não escondo de você. Odeio o tal Hyde.
Não tenho paciência pra monstros psicopatas que podem
quebrar meu pescoço só por causa de uma noite mal
dormida e que devoram quase duas dúzias de hambúrgueres
sozinho. Isso é uma vergonha! Cara, eu fui um herói
em Angola! Não tinha que agüentar mais isso!
Eu vou ao banheiro irritado, Burnside se levanta.
Só faço isso pelo dinheiro Lowe resmunga
baixinho, para si mesmo, depois berra. Um herói
em Angola, tá me entendendo?
Cerca de uma hora e quinze minutos depois, os dois mercenários
saem com duas caixas de hambúrgueres e alguns litros de
cerveja. Fazem um sinal positivo para o motorista, que aciona
um botão, abrindo automaticamente a porta lateral do veículo.
Quando entram, a voz gutural de Mr. Hyde vocifera de uma das cadeiras
do fundo:
Porque demoraram tanto?
Não achamos o balde do ketchup... responde
Lowe cinicamente.
Como uma locomotiva desgovernada, Hyde parte pra cima do mercenário,
mas é contido pelas armas que são apontadas contra
ele. Cerca de uma dúzia de mercenários estão
a serviço de Hyde, mas têm ordens diretas de eliminá-lo
caso sua instabilidade coloque em risco o sucesso da missão.
Desculpe o meu amigo, ele é um idiota incorrigível
intervém Burnside. Aqui está sua comida.
A outra caixa a gente divide entre a gente, OK?
Arrrrrrrrrrrrrghhhhhhhhhhh o monstro pega
sua caixa com passos desajeitados, enquanto o ônibus volta
a se movimentar, e se afasta para comer.
Que mau humor... resmunga Lowe.
Tome! ordena Burnside, entregando um hambúrguer
para o amigo Dê isso ao nosso prisioneiro.
Com o corpo ligeiramente desconfortável em sua cadeira,
suando bastante em sua roupa esportiva, o megaempresário
Lex Luthor solta um grunhido quando Nick Lowe violentamente retira
a fita adesiva de sua boca.
Retire as algemas. Como espera que eu coma? pede
Luthor.
Nah. Eu sou sua babá, carequinha. É só
abrir a boquinha e mastigar, vamos!
Tendo apenas como alternativa obedecer, o empresário seqüestrado
começa a comer, sob o olhar vigilante do outro homem.
Bom menino o mercenário dá três
tapinhas amistosos na careca de Luthor, que o olha com fúria
(*)

... e aí
ela cortou o papo dele: "Vai um refrigerante aí, vovô?!"
Eu não acredito... Steve deve ter ficado com a cara
no chão diz a Feiticeira Escarlate, observando distraidamente
as formas da fumaça enquanto toma um copo de chocolate
quente.
Eu juro. Buddy me contou. Mas Vanda, o que você queria?
a Supermoça não consegue conter um sorriso.
Ele ainda pensa e age como um homem de setenta anos.
Não sei. Eu o acho charmoso.
Vanda? a surpresa fica evidente no rosto
da Supermoça.
O que tem de mais? E você é a última
pessoa que devia me recriminar. Seu peixinho é mais velho
que o Capitão.
Namor? Não tem nada a ver. É só um...
novo amigo.
Bem, meus amigos não me olham como o Namor te olha.
Vocês viram o Visão? com um mini-vestido
justo e preto, surge a Viúva Negra, interrompendo a conversa
entre as duas na sala de monitores.
Ele... está no quarto dele, acho. responde
a Supermoça, meio hesitante em passar a informação
diante da Feiticeira
Obrigada tão rápido quanto entrou,
a bela espiã ruiva sai de cena.
Que estranho... Será que... Ah, Vanda, desculpe...
Eu não...
Não se preocupe. Eu e Visão estamos separados
há um bom tempo. Acho que estamos todas um pouco românticas
ultimamente... diz ela, meio sem graça e sintonizando
o monitor em um canal de TV. Ah, não! Esse cara
de novo, não!
A voz do repórter Jack Ryder parece soar cada vez mais
irritante. Ele olha para a câmera, sorrindo debochadamente,
enquanto às suas costas, em um vídeo, surge a imagem
da Baía de Manhattan. Ryder está de pé, apontando
para a imagem, que é enfocada até tomar toda a tela
e a voz do repórter ficar em off.
E em mais uma de suas patéticas operações,
os Vingadores caíram em plena Baía de Nova York
à bordo de uma nave espacial, provavelmente Skrull. Todos,
infelizmente, sobreviveram e passam bem. Em uma declaração
rápida e conturbada à imprensa, o diretor do Departamento
de Operações Extranormais, Henry Peter Gyrich, afirmou
que o recente desaparecimento da equipe ocorreu devido a uma "operação
alienígena bem orquestrada". Quanto à especulação
de que dois membros da família Imperial Skrull estão
vivos e aprisionados sob a custódia do governo norte-americano,
Gyrich foi enfático:
Isso é loucura! Geraria um conflito intergaláctico
e, convenhamos, isso é o que menos precisamos nesse momento!
Agora quer fazer o favor de tirar esse microfone do meu nariz?
com um gesto violento, o homem que faz a ponte entre o
presidente dos EUA e os Vingadores empurra um dos repórteres,
retirando-se. Não tenho mais nada a declarar.
A imagem volta para Ryder, de pé e conversando com o espectador.
Até quando vamos agüentar tanta perturbação
da ordem e da paz causada por esses fantasiados irresponsáveis?
Eles, definitivamente, não representam a vontade popular.
Muito pelo contrário: os meta-humanos nos oprimem, nos
humilham e interferem em nosso cotidiano sob um manto falso da
justiça. Não podemos agüentar isso por mais
tempo.
Ele balança a cabeça de modo teatral, lamentando,
respira fundo e prossegue.
Assim como não podemos agüentar mais a violência
urbana causada por um vigilante irresponsável que amedronta
as ruas de Nova York em investidas sanguinárias contra
inocentes. Há vários homens agredidos em hospitais.
Quem lhe deu esse direito? Eu? Você? Aguardem as novas investigações
que traremos amanhã em mais uma edição de
nosso telejornal ele olha para a câmera, apontando
um dedo inquisidor. Estamos atrás de você,
seu canalha. Eu sou Jack Ryder e essa foi mais uma edição
da Verdade Alerta. Boa noite!
A Feiticeira Escarlate e a Supermoça se entreolham, chocadas.
Eu não acredito que ouvi isso a loura murmura
baixinho.
Você ouviu essa história do vigilante que
está solto nas ruas? responde Vanda, preocupada
Vou falar com Steve. Precisamos tomar uma atitude à
respeito, antes que Ryder se aproveite da situação.

Mais vinho?
pergunta o mordomo, com preocupação na voz.
E ainda perguntas, gentil Jarvis? Hoje, a farra será
melhor do que a de ontem... Estou apenas a me aquecer um pouco!
Estamos animados ultimamente, não é mesmo?
Jarvis pára de servir Thor, olhando-o com estranheza.
A atmosfera do Mundo Skrull não deve ter feito bem
a ele resmunga Pietro, observando os maus modos de Thor
à mesa.
Nem a mim, de certa forma. Tenho tido muita dor de cabeça
ultimamente diz o Homem-Animal, sentado próximo
aos colegas na cozinha da Mansão dos Vingadores.
Tanto eu quanto Thor ficamos expostos a gases de umas plantas
alucinógenas na região e...
Deveriam ter procurado Hank Pym quando chegaram
lembra Jarvis.
Mas nós procuramos! Ele não detectou nada
de estranho em nossa constituição física
ou mental. Quanto à mim, ele acredita que o elo que tive
com o gorila ao me conectar com o campo morfogenético do
Mundo Skrull tenha aliviado os efeitos do gases alucinógenos.
Afinal, o animal estava acostumado àquele habitat.
E minha dor de cabeça seria apenas stress.
Nenhum dano? Mesmo? pergunta Jarvis, enquanto observa
o Deus do Trovão devorar um frango assado inteiro, sem
se preocupar em se lambuzar.
Saúdo meus amigos com um novo brinde à nossa
eterna amizade com as mãos oleosas, ele puxa Mercúrio
para seu lado e ergue uma taça de vinho. E que vossas
preocupações comigo se dissipem como o doce perfume
de uma mulher sob nossas narinas! Tem certeza que não me
acompanharão?
Não. Eu tenho... compromissos urgentes. E estou
sem dormir desde sábado responde Mercúrio,
tentando se desvencilhar do amigo.
Buddy? indaga Thor, esperançoso.
Não, Thor. Acho que vai ter que divertir sozinho
hoje. Nossa ida de ontem à boate Willian Blake já
foi uma grande aventura ele sorri. Espero que minha
esposa não fique sabendo... E Steve? Não vai?
Depois da vergonha pública que ele passou ao abordar
aquela bela jovem? responde o Deus Nórdico
E de agüentar nossas gozações? Jamais vi Pietro
rir tanto em minha vida...
Com licença em supervelocidade, Mercúrio
retira-se da Mansão em poucos segundos.
Ele é sempre assim?
Acostume-se, meu amigo com tapinhas lambuzados no
ombro de Buddy, Thor se levanta. Ele é um desse
heróis que usam spandex apertado.
Céus! O senhor tentou fazer uma piada? Jarvis
olha aterrorizado para Thor. Se os Vingadores continuarem
nesse ritmo, trabalhar aqui vai ser tão humilhante quanto
ser babá da Justiça Jovem...

A banheira do ônibus
particular está cheia de espuma, proporcionando ao mercenário
belga conhecido como Batroc total relaxamento. Desde que recebeu
uma alta quantia do misterioso Arjuna para planejar e liderar
o seqüestro de Lex Luthor, o mercenário só
tem preocupações quanto ao andamento da operação.
Nada pode falhar. Neste exato momento, porém, tudo o que
ele quer é alguns minutos de sossego que julga mais do
que merecidos. Ele deixa o corpo todo mergulhar por baixo da espuma,
ficando apenas com a cabeça de fora e seus pés que,
ritmicamente, começam a bater uns nos outros enquanto ele
solta a voz:
Ne me quitte pas il faut oublier
Tout peut s'oublier
qui s'enfuit déjà
Oublier le temps des malentendus
Enquanto canta, tenta ignorar o toque do celular, que toca insistentemente
ao seu lado, esfregando as costas com a escova.
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me
quit
Merde! ele resolve atender o telefone
O que é?
A equipe Quéfren acaba de chegar, senhor. Podemos
prosseguir sozinhos ou gostaria de estar presente?
Vermes! Façam tudo sozinhos. Não deve ser
tão difícil transportar o homem com certa discrição!
Desligando na cara de um de seus soldados, Batroc começa
a cofiar o longo bigode. Uma de suas maiores preocupações
quanto ao andamento do seqüestro fora em relação
ao cativeiro do megaempresário e, no seu ponto de vista,
a saída encontrada é perfeita. Dividindo sua equipe
de mercenários em três ônibus especiais e,
a cada 6 horas, mudando a vítima de veículo
criando uma espécie de cativeiro móvel que circula
por todo o Estado, até o resgate ser pago todos
se livram do inconveniente que seria ficar plantado em um mesmo
lugar com uma equipe tão grande e um convidado tão
ilustre.
O ônibus Quéops é comandado por Batroc; o
Quéfren por Mister Hyde e o Mikerinos possui uma dupla
de mutantes como líderes. Ninguém, dentro dos três
cativeiros móveis, sai do seu posto até o encerramento
do seqüestro.
Neste momento, Lowe e Burnside correm no meio da noite, em uma
rua deserta, lado a lado com um Lex Luthor algemado e emudecido
por uma fita adesiva, transportando-o do Quéfren para o
Quéops.
Batroc, ainda em seu banho, acredita que o governador de Nova
York cumprirá suas ordens e manterá sigilo sobre
a questão. Afinal, o empresário foi seqüestrado
visitando o Estado a negócios, o que prejudicaria a imagem
de seu governante. Voltando a cantarolar, ele não tem dúvidas
de que obterá o que quer para soltar Luthor: dois bilhões
de dólares e a cabeça do Capitão América
em uma bandeja.

O terno e a gravata
dificilmente deixam o Príncipe Submarino à vontade.
Ao menos, nessa cerimônia informal com empresários
japoneses, ele pode se dar ao luxo de ficar descalço enquanto
todos dialogam sobre um maior intercâmbio entre suas empresas.
Ao contrário de Aquaman, dentre todos os povos da superfície,
os japoneses são os que Namor consegue nutrir mais simpatia
e afinidade. A união da tradição cultural
com as inovações tecnológicas; a compreensão
do imperador como um filho de uma divindade; a paciência
no planejar e a rapidez no executar; a capacidade de se reconstruir
mesmo quando tudo parece perdido e, principalmente, a percepção
de que o coletivo vem acima do indivíduo, parecem unir
japoneses e atlantes. Com um aceno de cabeça e um discreto
aperto de mão, os empresários se despedem do Príncipe
Submarino com a certeza de um grande negócio fechado.
Satisfeito, Namor fecha as portas de sua casa com a certeza de
que quanto mais os negócios de sua empresa, a Oracle Inc.,
crescem, mais a Atlântida cresce com ela. Ele respira fundo,
demonstrando um certo cansaço; o retorno como membro titular
dos Vingadores é algo exaustivo, mas necessário.
Alguns acusaram sua volta à equipe como sendo uma estratégia
de marketing para trazer maiores benefícios para seu povo,
estreitando ligações com a Terra. "Seria pedir
demais que todos compreendessem os meus gestos", reflete
Namor, observando as horas em seu relógio de pulso "Meus
compromissos e responsabilidades são apenas com meu Pai
e meus filhos: Poseidon e os atlantes."
Seguindo sua prescrição religiosa naquele horário
em especial, Namor começa a retirar suas roupas e caminha
nu em direção ao pequeno altar que armou em sua
residência para orar a Poseidon. Assim que entra em solo
sagrado, um embevecimento toma conta do Príncipe Submarino,
sua respiração fica mais serena e suas pálpebras
começam a se movimentar quase em transe. O ambiente é
semi-iluminado apenas por castiçais em forma de tridentes
e velas amarelas. Alguns jarros de água ficam espalhados
pelos quatro cantos da sala. No chão, ao redor de um tapete,
há inscrições de alguns símbolos e
sinais característicos ao povo atlante.
Namor se ajoelha sobre um tapete em que vários peixes estão
desenhados com a figura de Poseidon a capturá-los com seu
tridente e sua rede. A ilustração dos peixes e seu
pescador, dentro de sua cultura mística, ganham contornos
semelhantes à compreensão cristã das mesmas
representações. Ele põe as mãos para
o alto e ora.
Poseidon mihi omnia! (**) Que sua inteligência
ilumine meu caminho, que não é o caminho deste mundo.
Que sua inteligência, que é estranha à substância
deste mundo e deriva do destino atlante, seja superior à
minha vontade e à vontade dos homens. Poseidon, sua imagem
ressurge íntegra em minha mente em um mar de possibilidades
infinitas do que você pode fazer. Se eu ponho meu coração
sobre este mundo, é apenas para sua redenção!
Por dentro estou quebrado, aberto, para receber sua água
viva, que é sua maior benção, em meu peito!
Poseidon Rex Imortalitatis! (***)
Um vento repentino apaga quase todas as velas, deixando apenas
uma acesa; em seu íntimo, Namor saber que a chama que existe
em seu peito é a mesma que balança na vela bruxuleante
diante de seus olhos, agora úmidos. Em silêncio,
ele agradece à mais essa resposta.

Precedido por uma
batidinha na porta, o rosto de Natasha Romanoff surge diante de
Visão.
Posso entrar? diz ela, com quase meio corpo no quarto
do sintozóide.
Claro. Algum problema?
Não, nenhum... Por que acha que eu te procuraria
apenas se tivesse um problema?
Desculpe. Fique à vontade com um gesto largo
com as mãos, Visão permite que ela entre e se sinta
à vontade. É que não sou exatamente
acostumado à visitas sociais entre Vingadores.
Você ultimamente tem estado tão introspectivo
ela se aproxima com cuidado. Como vice-líder
dos Vingadores, é meu dever cuidar da saúde espiritual
de todos.
Saúde espiritual? A minha? a voz sintetizada
é tomada de surpresa. Natasha, minha querida, vou
encarar como um elogio esse seu esquecimento do que sou de fato.
Um pouco tímida, ela desvia o olhar do outro Vingador.
Desculpe. Acho que minha preocupação com
os outros não rende bons resultados. No novo planeta Skrull,
Pietro também não me entendeu bem.
Pietro não entende a si mesmo ainda, o que é
uma pena.
O comentário de Visão a faz sorrir.
O que faz tanto tempo em seu quarto?
Leio, ouço música...
Gosta de música? Que tipo? pergunta ela,
curiosa
Música eletrônica.
Ela solta uma risadinha diante de algo que pensa ser uma piada
de seu amigo.
Ah, sim... ele finalmente compreende. Realmente
deve ser curioso um 'robô' gostar de música eletrônica.
Desculpe, não sabia de seu gosto. Pensei que gostasse
de música erudita.
De certa forma, as duas não são tão
distintas como parecem.
Como?
Apertando um botão em seu pulso, Visão começa
a emitir uma música.
Ouça.
Natasha Romanoff se surpreende com a construção
melódica suave presente na música gerada eletronicamente,
bastante diferente do que habitualmente pensa encontrar nesse
ritmo.
Como se chama essa música? pergunta ela,
sentando-se em uma cadeira e prestando atenção,
enquanto cruzas as belas pernas à mostra no vestido curto.
The Model. Da banda Kraftwerk. É sobre
uma linda mulher que encanta a todos que a vêem; ela sorri
o tempo todo se mostrando sedutora. Ela joga com eles, pois sabe
que é realmente linda.
Como? Natasha fica surpresa.
Perdoe-me, mas não gostaria de viver isso novamente
ele passa sua mão gélida sobre o rosto da
bela espiã. Em outro momento, talvez tivesse dado
certo.
Visão observa a mulher levantar-se apressada e se retirar
sem dizer uma palavra. No silêncio da noite, o sintozóide
sente-se lisonjeado com a aproximação da Viúva
Negra, mas sabe que há um preço a pagar por enxergar
as coisas sob a perspectiva da realidade. Ele fecha os olhos,
tentando novamente se inserir em várias correntes do ciberespaço,
onde tem sido o seu verdadeiro lar e sentindo-se inserido em um
contexto que lhe permite enxergar o mundo por completo, sentindo
o universo inteiro em um piscar de olhos.
Music... Non Stop! Music... Non Stop! diz a voz
sintetizada, pouco antes de ser perder no ciberespaço.

Vai um refrigerante
aí, Capitão? Gyrich entra na sala de ginástica
com um refrigerante nas mãos, fazendo a gozação
que persegue Rogers há um bom tempo
Meus Deus, todo mundo já sabe dessa história?
Steve Rogers, em sua roupa de Capitão América,
se exercita nas argolas olímpicas. Desapareça,
Gyrich!
Ei, a culpa não é minha se o Vovô América
tenta corromper menores! Quem diria? O símbolo vivo da
América abordando garotinhas indefesas...Tsc, tsc, tsc.
Além do mais, você me deve um favor por "hospedar"
aqueles dois membros da família Skrull em completo sigilo.
Algum motivo em especial o trouxe aqui? Além de
me infernizar a vida, é claro?
Sabe quem está visitando Nova Iorque esta semana?
Gisele Bündchen?
Lex Luthor. A negócios.
Bem, e daí? Rogers se desprende das argolas,
iniciando um salto triplo.
Ele foi seqüestrado. Pedimos que a mídia mantenha
segredo até resolvermos o caso. Os seqüestradores
querem dois bilhões de dólares entregues por você.
Para matá-lo, em seguida.
O Capitão América, ao ouvi-lo, aterrissa de mau
jeito, causando uma pequena luxação no pé
esquerdo. Seus problemas estão apenas começando.

Obrigado.
agradece um dos mercenários do Mikerinos ao sair
da lanchonete.
O soldado, sob ordens dos dois mutantes seqüestradores que
comandam o terceiro ônibus, caminha segurando a caixa.
Caramba, mas que fome esse cara tem...
Muito estranho pondera um policial, ao lado da garçonete.
Vou anotar a placa desse ônibus.
Discretamente, ele se aproxima da janela, tentando anotar o número
mas não o faz por inteiro. O ônibus parte em uma
velocidade razoável.
Merda! Não consegui...
Ei, policial! com uma das mãos, a garçonete
entrega a carteira esquecida pelo mercenário enquanto aguardava
em uma das mesas. Talvez isso ajude!
No próximo número: Muita pancadaria e confrontos
violentos acontecem quando os Vingadores se enfrentam com os seqüestradores
de Lex Luthor.
:: Notas
do Autor
* A história sobre o seqüestro do empresário
Lex Luthor estava planejada há mais de seis meses; qualquer
semelhança com a realidade é mera coincidência.
** Tradução do latim: "Poseidon é tudo
para mim!"
*** Tradução do latim: "Poseidon, Rei da Imortalidade"
**** Kraftwerk significa Usina de Força em alemão.
A banda, comandada por Ralf Hunter e Florian Schneider, popularizou
a música eletrônica na década de 70 aproveitando-se
dos conceitos de música clássica, das experimentações
do Estúdio de Colônia e acrescentando baterias eletrônicas
e solos de teclados há vários outros recursos.
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