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Homem-Aranha # 26

Por Eduardo Regis, sobre um plot de Eduardo Regis e Conrad Pichler

A Face da Derrota

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GrantFarma, 8:30 da manhã...

— Já viu o Clarim hoje, Parker? — Hector Jones pergunta enquanto se senta na copa, ao lado de Peter.

— Não. Eu estava trabalhando. — Peter dá uma golada no energético.

— Uau! Parker, você é uma máquina! Chegou aqui que horas? — Jones se espanta e deixa o jornal em cima da mesa.

— Desde as 5 da manhã. Longo experimento. — Parker pega o jornal e lê a manchete "Aracnídeo maligno espanca cidadãos indiscriminadamente". — O Jameson é ridículo.

— Que Jameson? Do clarim? — Jones serve os dois de mais energético.

— É. Eu conheço o traste, trabalhei com ele, tirava fotos do aranha.— Peter amassa o jornal e o arremessa no lixo.

— Sério? Parker, você tem várias faces que não conhecemos. — Jones se espreguiça.

— É. Levanta, Jones, vamos sintetizar aquele composto. Aposto que ele é capaz de inibir a ação da óxido nítrico sintase. Vamos logo que estou sem paciência. — Parker se levanta.

9:55 da noite...

"Só eu continuo trabalhando nesse lugar. Esses cientistas estão todos de moleza. Como eles acham que vão conseguir alguma coisa que preste? Grant tem razão, eu vou fazer por merecer o cargo de gerência. Ninguém aqui chega aos meus pés em genialidade. Eles vão ter que assumir que eu sou o melhor desse lugar. Lamber o chão aos meus pés."

Porém, mesmo para o aracnídeo o cansaço chega em algum momento. Peter se dirige em direção à copa para sentar um pouco e beber energético.

Entre uma golada e outra da bebida, ele se abaixa e pega o jornal amassado.

"Nem a limpeza faz o serviço direito aqui nessa empresa. Porcaria de lugar mesmo, tinha que ser no antigo prédio da Oscorp."

Folheando a edição do Clarim, Peter para em uma reportagem que chama sua atenção. A matéria trata sobre uma série de assassinatos que estão ocorrendo numa área dominada pela Máfia Russa.

"Humm. Acho que eu já sei aonde eu posso aliviar um pouco do meu estresse. Nada como dar uns sopapos bem dados na cara de uns mafiosos. Já que o velho Jameson gosta tanto dessas notícias, vamos dar mais algumas para ele. Hoje o Homem-Aranha vai ser o dono das ruas novamente!"

10:34 da noite, nos arredores de um bairro controlado pela Máfia Russa...

O Homem-Aranha se balança e pára no teto de um prédio antigo. Como uma verdadeira aranha, ele se esgueira até a marquise.

— Droga, isso está calmo demais! Eu to precisando descarregar minhas energias. Tudo que eu queria era um ladrãozinho meia-boca para encher de teia. Só um!

Ele lança sua teia e se balança por mais alguns minutos, até que uma intensa movimentação perto de um galpão chama sua atenção. Vários carros estão estacionando próximo à construção e ele consegue ver uma quantidade generosa de pessoas descendo dos veículos.

Com um salto preciso, o Homem-Aranha fica próximo a uma das janelas do galpão. Utilizando-se de sua agilidade fantástica, e da incrível capacidade de se aderir às paredes, ele sorrateiramente entra.

O aracnídeo, já dentro do galpão, se acomoda entre algumas vigas. Do alto, pode ver uma grande mesa colocada no centro, entre caixas e carros. Vários homens e mulheres estão sentados, conversando. Alguns homens permanecem de pé e o aracnídeo assume que sejam seguranças.

"Definitivamente isso é coisa da Máfia. Gente bem arrumada, uma mesa e uns seguranças." O aracnídeo pensa. "Tem gente aí pra me render um bom exercício."

O Homem-Aranha se prepara para saltar em cima da mesa e distribuir socos e pontapés em todas as direções quando um dos homens bate palmas e pede a atenção dos demais. Isso retarda a ação do herói, que fica curioso. O homem se apresenta como Dimitri, e após um pequeno discurso sobre união familiar, pede licença para chamar um convidado.

— ...então, meus irmãos e irmãs, gostaria de convidar um homem que certamente irá adicionar talentos a nossa família nesses dias difíceis. Foi muito complicado e dispendioso trazê-lo para cá, tão longe de sua casa, mas eu consegui uma boa negociação. Gostaria de apresentá-los à nossa mais nova força contra as outras famílias, e o que mais vier, o Sr. Frio!

As portas do galpão se abrem e a figura bizarra do Sr. Frio entra.

"Sr. Frio? O que esse maluco tá fazendo longe de Gotham? Ah, para de reclamar, Parker, é mais um pra apanhar. Melhor." O aracnídeo se agita e estala os dedos.

O Sr. Frio entra no galpão com sua arma abaixada, mas assim que dá os primeiros passos ele a levanta e começa a congelar os Russos. Os seguranças revidam com tiros, mas o raio de gelo é muito poderoso, pára as balas e começa a congelar a todos.

"Esse pinel vai transformar isso aqui na Sibéria!" — o Homem-Aranha ainda fica observando a cena por alguns instantes antes de saltar para umas caixas atrás do Sr. Frio.

— Ei, seu louco! Não gostei nada de você ter congelado esses caras! Eu tava doido pra dar umas pancadas neles! — o aranha fala, chamando a atenção do vilão.

— Eu não esperava encontrá-lo por aqui, Homem-Aranha. Porém, será um prazer congelá-lo e quebrá-lo em mil pedaços. — o Sr. Frio aponta sua arma para o aracnídeo e dispara.

O Homem-Aranha quase não consegue saltar a tempo de se desviar do raio congelante. Ele gira no ar e acerta um chute na redoma que envolve a cabeça do Sr. Frio.

"Esse cara é rápido, quase me pega." O herói pensa.

— Não pense que vai escapar assim tão fácil, seu aracnídeo ignóbil. — o Sr. Frio aponta a arma mais uma vez na direção do herói.

Os Russos que podem aproveitam a confusão para fugir.

O Aranha desvia de mais uma rajada do Sr. Frio.

"Isso está passando perto demais, que droga!"

— Dizem por aí que você faz muitas piadinhas, Aranha. Será que está congelado de medo? — o Sr. Frio solta uma risada.

— Quando eu tiver medo de um palhaço que precisa usar um aquário na cabeça pra ganhar a vida, eu mando te avisar. O Mysterio já tentou essa. — O aranha salta e acerta um soco no estômago do vilão, que gira para trás com o impacto. O aracnídeo aproveita esse momento e planta um rastreador-aranha na armadura do Sr. Frio. Ele, então, lança um fio de teia na arma do Sr. Frio e puxa, mas a arma fica presa em um aparato que o vilão carrega na armadura, e ele não consegue desarmá-lo.

— Você bate mais forte do que o Batman, mas perde na engenhosidade! E essa falha irá condená-lo! — o Sr. Frio atira no aracnídeo e a rajada acerta em cheio o braço esquerdo do herói.

É uma dor indescritível. Primeiro uma pontada, depois o frio profundo e a total falta das outras sensações. Só a dor permanece. Absoluta, soberana. Peter olha para o seu braço transformado num grande bloco de gelo e grita. O grito é tão longo e intenso que seu hálito embaça os visores da máscara. Por instinto, o aracnídeo pula pela janela, quebrando-a e deixando para trás um Sr. Frio vitorioso.

O Sr. Frio olha em volta, procurando os russos, mas todos que não estavam congelados já fugiram. Ele caminha em direção às estátuas de gelo.

— Tudo por você, minha querida. — Victor Fries começa a quebrá-las, uma a uma.

Caído no beco ao lado do galpão, o Homem-Aranha chora e geme. O frio começa a se espalhar por todo o seu corpo, a dor o enlouquece. Ele começa a sentir estranhos formigamentos no peito. É muito estranho.

— Arf... arf... o que aconteceu? Ele me pegou!! Ninguém me pega. Meu sentido de aranha... meu sentido de aranha... falhou... sentido de aranha... falhou!

Peter se levanta tonto, quase cai, mas se põe de pé.

— Maldito... meu braço... parece que eu não tenho mais braço. Preciso quebrar o gelo... preciso me livrar dessa porcaria!

O Homem-Aranha se prepara para bater com toda a sua força no braço congelado, mas para.

— Não... não... meu braço vai se partir em pedaços... talvez se eu... se eu conseguir apertar o lançador de teias... talvez ele faça pressão e rache o gelo por dentro.

Ele encosta-se a uma parede e tenta ignorar a dor. Por instantes faz o máximo para se concentrar no lançador de teias, mas é impossível. A dor é muito forte, o formigamento é incômodo, a raiva é intensa e a vergonha o desespera.

— Como fui pego desse jeito? Eu nunca fui pego tão fácil!

Com um braço imobilizado pelo gelo, ele corre pelas paredes e salta por entre os prédios em direção a segurança da sua casa. Gritos cortam a noite de Nova York, gritos de dor.

Assim que chega em casa, Peter pula pela janela para dentro de um cômodo. Ele cai desajeitado e derruba uma cadeira e um telefone. A dor está muito pior, ele já quase não sente mais o peito. O coração parece que vai parar, o gelo toma conta do braço todo e não parece querer derreter. Ele se levanta, desesperado, tomado pelo medo e pela raiva. Ele grita:

M.J.! M.J.!

Em dor ele se contorce e sussurra:

— Só você pode me ajudar... M.J., meu amor. Meu amor. Meu amor. Meu sentido de aranha, ele me abandonou. Você não vai me abandonar. Não vai me abandonar!

Sentindo seu peito formigar muito forte, ele se joga contra uma parede, rachando-a, e começa a se debater. Ele sofre um ataque de espasmos de dor. Finalmente, Peter Parker cai desmaiado.

Mary Jane sai do quarto de dormir correndo e se encontra com a Tia May assustada no corredor.

— O que houve, Mary? — a tia May pergunta, acuada.

— Nada, tia. Peter caiu no quarto e derrubou tudo. Sabe como ele é. Acordou a noite para ir ao banheiro e tropeçou nos próprios chinelos. — Mary Jane sorri.

— Ah, que susto. — May Parker entra em seu quarto com um sorriso e dando tchauzinho para Mary Jane.

A esposa do Homem-Aranha abre a porta do escritório. Seus olhos se enchem de lágrimas quando ela vê seu marido caído em meio aos móveis quebrados. Ela entra lentamente, assustada, e se desespera ao reparar no grande bloco de gelo que toma conta do braço esquerdo de Peter.

— Peter, o que foi dessa vez? — M.J. corre o coloca em seus braços. Ela arranca a máscara e encara a face derrotada de Peter, lágrimas mancham o rosto do herói.

— Deus! O que fizeram com você? Você está todo gelado... — Ela encosta a cabeça no peito do marido, e quase desiste. No entanto, Mary Jane já passou por muita coisa. De tanto ficar ao lado do marido em momentos extremamente difíceis, ela ganhou uma força impressionante para ajudá-lo nestas situações. Ela levanta a cabeça, ajeita Peter no chão e corre para a cozinha.


Continua na próxima edição.




 
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