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Homem-Aranha # 40

Por Eduardo Regis, sobre um plot de Eduardo Regis e Conrad Pichler

Algo Que Fica de Alguém

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Andando um pouco apressado pelas ruas da cidade, Peter Parker se perde entre um cruzamento e outro enquanto tenta resolver equações de equilíbrio químico em sua cabeça. Ele pára e olha as placas: agora, já sabe para onde ir. Seguindo a rua certa, Peter sabe que não demorará muito mais. Logo, logo ele chegará ao seu destino, e, graças a Deus, na hora certa. Ele confere o relógio. Ao conferir o relógio ele se lembra de outro detalhe: dinheiro. Afobado, ele abre a carteira: 13 dólares. Não é muito, mas o suficiente para pagar um refrigerante e um sanduíche.

— Eu podia dar umas aulas particulares para ganhar mais dinheiro. — pensa pra si — Humph... quem eu estou enganando? Eu nem consigo trocar minhas calças sem ter que disparar um ou dois fios de teia, é um milagre eu ter chegado tão perto da lanchonete em tempo.

Ele vira a esquina e ao longe ele já a vê pelo vidro da lanchonete. Ela está sentada, serena, olhando o cardápio e pensando no que vai pedir. Provavelmente já está preparada para um atraso de Peter, e tem todas as razões para isso.

A fita no cabelo está lá, como não poderia deixar de ser. Ela a adora. Certa vez Peter tirou a fita, de brincadeira, e ela nem mesmo permitiu que ele a olhasse sem o acessório.

— Meu cabelo fica parecendo palha! — disse ela. Até parece.

Cabelos loiros e vivos como o de Gwen Stacy não poderiam jamais parecer palha. Peter sorriu ao pensar no carinho de estar com ela.

— Muita sorte um cara como eu ter ganhado o coração de um estouro como Gwen. — reflete — Vai ver os heróis ganham mesmo a princesa no final da história.

Peter vem fazendo o caminho da rua todo sorrindo. A expectativa de que ela virasse o rosto e o visse caminhando só aumenta a cada instante. Seria tão bom. Ela abriria seu sorriso e daria um "tchauzinho", seus cabelos balançariam e, sem dúvida, Peter ficaria um pouquinho mais apaixonado — se é que isso é possível!

Repentinamente, um formigamento na cabeça. Um zumbido esquisito e o rosto de Peter se vira para a calçada do outro lado da rua.

— Oh-oh. Sentido de aranha!

De um carro, sai a figura inconfundível do Cabeça-de-Martelo acompanhado de três capangas. Os bandidos batem a porta de uma pequena loja de antiguidades e, quando são atendidos, empurram alguém para dentro e entram violentamente.

— O Cabeça-de-Martelo visitando uma loja a esta hora? Só pode ser encrenca da braba. O Aranha precisa fazer alguma coisa, mas Peter Parker tem um encontro com a garota dos seus sonhos, e agora? — Peter olha agoniado para a pequena lanchonete.

Gwen continua lá, linda.

— Uma vez nessa vida Peter Parker vai levar a melhor. — ele pensa.

Peter dá dois passos em direção à lanchonete, mas pára e corre de volta pela esquina, procurando um beco que tinha visto mais adiante.

— Não posso fugir. Tenho que me lembrar da lição que meu Tio Ben me ensinou: com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades. Preciso agir. Ninguém vai se ferir por que eu fui egoísta. — Peter some na esquina.

Gwen Stacy sorri e faz um sinal quando vê Peter chegando perto da lanchonete.

— Pete! — ela acena.

Seu sorriso se desmancha quando Peter dá as costas para a lanchonete e corre de volta pelo caminho de onde veio.

— Pete! Meu Deus, ele foi embora correndo quando me viu! O que isso pode significar? Será que Peter finalmente desistiu do nosso namoro? Será que aconteceu alguma coisa? — Gwen se levanta e sai da lanchonete, ela vai atrás de Peter em busca de respostas.

Uma sombra que atravessa a rua pelos ares, no entanto, a faz parar. O coração dela dispara quando ela identifica o Homem-Aranha balançando em sua teia pela rua. Ele cai em frente a uma porta do outro lado da calçada.

Curvado, com as duas pernas esticadas no chão, uma mão aberta apoiada no início da escada da loja de antiguidades e a outra para trás, curvada, a cabeça do Homem-Aranha balançou para os lados, como se ele olhasse ao seu redor.

— O assassino de meu pai! Eu o odeio! Sempre agachado, curvado, sempre esquisito. Ele não pode ser humano. Não imagino quem poderia estar por trás daquela máscara horrível. — Ela vai andando pelo outro lado da rua, afastando-se do Aranha. — Ele vai assaltar aquela loja! Preciso chamar a polícia... Mas e Peter? Será que ele correu porque viu o Homem-Aranha? Eu já falei para ele parar de tirar fotos deste monstro!

Gwen começa a vasculhar a rua, em busca de um Peter Parker escondido tirando fotos.

O Homem-Aranha abre a porta sem dificuldades. Com um salto, ele se adere ao prédio do lado de fora, em cima da porta. Um dos capangas vem conferir o que houve com a porta e o aracnídeo o acerta um soco na cara, o homem desmaia.

Ele ouve o barulho dos homens engatilhando suas armas. Com um movimento rápido, ele entra com meio corpo para dentro da loja e acerta as armas com um fio de teia cada. Ele as arranca das mãos dos capangas e encara o Cabeça-de-Martelo, que está estrangulando o dono da loja com uma das mãos.

— Ora, ora! Acho que eu entrei num show do Cabeça-de-Marmelo e os pregos havaianos! — ironiza o herói. — Larga o homem, Cabeção!

— Sempre se metendo aonde não é chamado! — o Cabeça-de-Martelo larga o homem e pega sua metralhadora, que repousava numa cadeira ao lado. — Quero ver se consegue se desviar dessas balas.

O vilão aperta o gatilho e a arma cospe balas para cima do aracnídeo.

Em espaço fechado, o Homem-Aranha não consegue fazer muito, mas instantaneamente ele se solta da parede e cai agachado no chão, sua mão direita dispara um fio de teia que entope o cano da arma.

— Ops! Desculpa aí, Cabeça-de-Caramelo! Era pra acertar tua verruga! — o aracnídeo salta, acertando um soco em cada capanga, tirando-os de cena, e pára em frente ao vilão.

— Você fez sua última burrada! — o Cabeça-de-Martelo tenta acertar um soco no aracnídeo, mas erra.

— Não mesmo! Eu aprendi que não posso deixar você muito longe, assim você não pode correr e me acertar com essa sua cabeça torta! Ah, e eu ainda tenho muuuuitas burradas pra fazer. Eu saio pela rua vestido num pijama, esqueceu? — o Aranha começa a aplicar uma série de socos e chutes no Cabeça-de-Martelo, até que o vilão desmaia.

— Você está bem? — o aracnídeo olha para o dono da loja, que, assustado, responde que sim com a cabeça. — Legal! Chama a polícia. Tô com pressa!

Gwen ouviu barulho de tiros dentro da loja e correu para bem longe. Por mais que ela tenha procurado por Peter, não conseguiu achá-lo. Resolveu que era melhor ir para casa e esperar para ouvir alguma notícia dele.

Ainda que ela tentasse convencer a si mesma que Peter tinha corrido para tirar fotos do Aranha, para ganhar dinheiro e ajudar a Tia May a pagar as contas, no fundo, ela estava magoada com a atitude dele. Já fazia tempo que ela se sentia rejeitada, sempre colocada em último plano. Ela até podia entender as razões de Peter, mas aquilo não estava certo. Não mesmo. E esse era o melhor cenário, ela ainda tinha suas dúvidas se realmente o Aranha tinha sido a causa da fuga de Parker. Gwen limpa um pouco das lágrimas com a manga da camisa antes de entrar em casa.

Peter tira as partes do uniforme do Aranha mais rápido que nunca. Ele pega sua camisa e sua calça, no topo de um prédio. As duas estão amarrotadas.

— Droga! Agora vou ficar parecendo lixo. Meu cabelo deve estar todo despenteado também. — imagina.

Ele veste suas roupas e salta para o beco. Em seguida, corre para a lanchonete, esperando vê-la na janela.

— Não foi um atraso tão grande assim! Só uns vinte minutos, fora que eu já estava um pouco atrasado. Ela vai estar lá. Eu vou dizer a ela que a Tia May me pediu para comprar uns remédios, eu tinha esquecido e passei na farmácia antes de fechar, como eram urgentes tive que ir entregar eu mesmo. Isso. Parece uma boa desculpa. — Ele vê a loja ao longe.

Gwen não está mais lá.

A mão de Mary Jane cai sobre a cara de Peter e o acorda.

Ele abre os olhos assustado. Tem impressão que teve um sonho, mas não lembra bem dele. Acontece. Algumas vezes, ele só vai se lembrar dos sonhos três dias depois de tê-los sonhado.

Ele se espreguiça um pouco e o choro da pequena May enche seus ouvidos. Ele se levanta, tentando não atrapalhar MJ e vai até o berço. A menininha está balançando as mãozinhas e fazendo caretas.

Peter olha para MJ: dormindo. Ele pega a pequena May e faz sinal de silêncio para ela. Ele a adere em suas costas e salta para o teto.

Mary Jane abre os olhos e vê a filha presa as costas de Peter enquanto ele anda de cabeça para baixo no teto do quarto.

— Meu Deus! — Ela se assusta.

Seus olhos miram a expressão da pequena e MJ sente um pouco de inveja. Nunca antes ela viu a menina tão calma. Rapidamente ela parece adormecer. É uma parte da vida das duas pessoas que ela mais ama que ela não pode entender, uma parte na qual ela não se encaixa e, por mais que isso seja natural, magoa um pouquinho. Mary fecha os olhos e finge se espreguiçar. Peter desce da parede com um salto e coloca May em seu colo. Ela abre os olhos e sorri.

— Bom dia, gatão e gatinha.

— Bom dia, mozão. Vai querer seus ovos mexidos ou estrelados? — Peter deita a menina no berço.



 
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