hyperfan  
 

Lanterna Verde # 12

Por Igor Appolinário

Korugar — Novo Setor Espacial 001

— Aaaahhhhh! Uuurrgghhh!

Um humanóide se contorce em uma cela escura, a pouca iluminação natural invadindo o local pela pequena janela e refletindo em sua pele de cor magenta. Passos percorrem o corredor adjacente e um par de pernas esguias surge pelas grades, que se abre e a pessoa se posta ao lado do prisioneiro. Algumas pílulas são jogadas no chão e o moribundo as pega e engole a seco, respirando aliviado.

— Obrigado, Dra. Natu. Seu trabalho tem sido excelente — diz Sinestro, o terrível ex-Lanterna Verde, sentando-se nu na cela.

— Não me agradeça — diz a Dra. Soranik Natu, olhando para ficha médica e ignorando o paciente — Não fui a responsável pela reconstrução da sua coluna vertebral, só o mantenho vivo pelo tempo necessário do Governo o julgar com Justiça. Se fosse um simples humano, já teria morrido a muito tempo, como devia...

— Não, Doutora — diz ele, seus olhos reluzindo a luz do exterior — Você me mantém vivo pelo tempo que eu preciso para me vingar...

A Nova Tropa do Imperador — Parte II
Ameaças do Passado

:: Sobre o Autor

:: Edição Anterior
:: Próxima Edição
:: Voltar a Lanterna Verde
:: Outros Títulos

Conselho dos Lanternas Verdes — Nova Oa — Setor 001

Hal Jordan observa os pátio exterior do Quartel-General dos Lanternas Verdes através das grandes janelas da Sala do Conselho. Dezenas de novos recrutas preenchem os pátios, desde Dominions a Linguafoeda acheronsis, da mais estranha a mais pacífica raça estelar foi reunida ali.

Em torno de uma grande mesa redonda, uma dúzia de Lanternas se reúne e espera Hal, um pouco inquietos com a cena logo abaixo que também presenciaram. Furtiva, Ferrin Collos, Merayn Dethalis, John Stewart e Kyle Rayner sentam-se lado a lado, tendo logo ao lado o jovem Skrull Mgun Am'yr e Jean Grey. Nos outros lugares restantes, cinco dos mais novos e habilidosos Lanternas completam a mesa. Uma guerreira Kree, com um olhar de soslaio ao companheiro de mesa Skrull, toma a palavra.

— Guardião Jordan — diz ela, escolhendo as palavras — Por que todo o Conselho foi reunido, alguma má notícia?

— Não, In-Magg — diz Jordan, se virando para a mesa e tomando a décima-terceira cadeira — Na verdade é um anuncio que beneficiará a todos nós, a todo o Universo. Eu acho que devemos montar um exército de base.

— Como? — pergunta Ferrin olhando incrédulo para o Guardião do Universo — Nós já somos uma Tropa! Para que um exército? Não somos uma nação soberana ou algo do tipo...

— Eu creio que entendo o que o Guardião Jordan quer dizer — diz a Lanterna Fah’Zur, aprumando o uniforme que recobre seu esguio corpo Shi’ar — Não podemos estar em todos os lugares do Universo ao mesmo tempo. Nem impedir os milhares de conflitos galácticos que existem.

— Mas os Lanternas Verdes não interferem nas culturas locais — diz John Stewart — Nós sempre supervisionamos e impedimos a perda de vidas inocentes, mas não podemos interferir em conflitos.

— E eu acho que é hora de mudarmos essa mentalidade ancestral e ultrapassada — diz Hal, levantando-se da cadeira e batendo as mãos na mesa — Vocês não viram o que eu vi no Sistema Kariss. (*) Enquanto discutimos aqui, milhões de vidas podem estar sendo destruídas neste momento. Isso é inaceitável!

Jordan olha para os presentes, que permanecem quietos. Kyle faz menção de se pronunciar, mas ele o corta.

— Eu criei isto — diz Hal, erguendo a mão e mostrando algo parecido com uma pílula grande, brilhando de energia esmeralda — Permite que uma pessoal que a engula tenha poderes temporários de um Lanterna Verde, muito limitados, basicamente disparos e campos de força. Mas o suficiente para uma força tarefa, comandada por um Lanterna Verde experiente.

— Me desculpe, Hal — diz Kyle — mas eu acho isso uma loucura. Eu entendo que o que aconteceu em Kariss... em Coast City... poderia ter sido evitado se tivéssemos mais contingente, mas ainda sim... um Exército?

— Eu não tenho muitos argumentos sobre a história dos Lanternas Verdes, Hal — se pronuncia Jean Grey — Mas eu sei o que é ser transtornada por um poder grande demais.

Hal olha para o seu jovem substituto e a mutante, tentando sondar qualquer atitude hostil deles. Ele se senta novamente e diz, calmamente:

— Quem é a favor da criação de um Exército para os Lanternas Verdes?

Os cinco novos membros do Conselho levantam as mãos, Mgun Am’yr timidamente concorda com eles. John, Kyle, Jean e os outros permanecem quietos, encarando Hal.

— Um empate então — diz Jordan, se levantando — E com o Voto de Minerva eu determino que seja criada a Armada Esmeralda.

— Você tem certeza do que está fazendo, Hal? — diz John enquanto caminha ao lado do Guardião de Nova Oa pelos corredores da fortaleza — Um exército é algo muito grande para uma pessoa líder, mesmo alguém quase onipotente.

— Eu sei, John — diz Hal, parando em frente a uma janela aberta, logo abaixo dezenas de novos recrutas são reunidos e pílulas esmeraldas são distribuídas a eles — E por isso eu quero que você me ajude com isso.

— O que?

— Eu quero que você se torne um Guardião de Nova Oa junto a mim, John Stewart. Juntos podemos fazer algo grande e maravilhoso para o universo.

— Eu... eu não posso, Hal.

— Mas, por quê? Você seria um líder perfeito, e dividindo os poderes que eu recebi dos Guardiões nos tornaria formidáveis.

— Sim, e é exatamente isso que eu temo, Hal. Eu já fui formidável uma vez, e isso causou a destruição de Xanshi. (**) Me desculpe, mas não posso aceitar.

Hal olha para o colega, desapontamento retinindo em seus olhos cansados. Ele dá as costas para John e parte de Nova Oa, sem rumo.

Lua da Terra — Novo Setor 001

— ...E ele sumiu... O segui até essa região, mas não consegui encontrá-lo — diz John Stewart, conversando com Kyle Rayner quanto os dois observam a Terra de seu satélite natural.

— Você deveria ter aceitado, John. É muito poder para uma pessoa só. Hal pode... enlouquecer de novo. Você não acha?

— Você teme que Parallax ressurja? Eu não sei...

— Não é isso, eu confio no Hal. E eu sou o único que pode impedi-lo — diz ele dando tapinhas no próprio anel — Mas nunca é bom uma única pessoa com tanto poder.

Ruínas de Coast City — Terra

Hal Jordan sobrevoa as ruínas de Coast City. Levitando sobre os destroços de prédios e parques e ele começa a se recordar dos momentos felizes em que passou ali.

Ele e seu irmão, pequenos correndo pelo parque com o cachorro. A mãe passeando com eles pela calçada quente, grandes sorvetes em suas mãos. As namoradinhas do colégio, a vida como piloto de testes, Carol Ferris...

Os pensamentos de Jordan são interrompidos quando ele chega perto à costa e ouve o som de uma caminhonete derrapando no cascalho. Hal se aproxima dos destroços da estátua em sua homenagem e vê Carol Ferris chorando sobre a grama do memorial.

Korugar — Novo Setor Espacial 001

Dois corpos de pele magenta se envolvem e ofegam em sincronia, o suor escorrendo pela pele. Ao mesmo tempo Sinestro e Soranik chegam ao êxtase, desfalecendo no chão da cela.

— Eu... eu não deveria ter feito isso — diz Soranik, tremendo na cela, se cobrindo com um lençol encardido.

— Não se preocupe, cara Dra. Natu. Você será recompensada — diz Sinestro, se lançando sobre ela e apertando seu pescoço. Ela se debate, mas é dominada e após alguns minutos jaz imóvel, apenas sua respiração fraca perceptível — Eu a deixarei viva, para se lamentar por isso pelo resto da vida.

Sinestro sai da cela, batendo a grade atrás de si. Sua forma reconstituída desaparecendo na escuridão.


Na próxima edição: O encontro com a mulher da sua vida pode ser o ponto de virada de Hal Jordan em sua empreitada em garantir a segurança do Universo. Ou não...


:: Notas do Autor

(*) Na edição anterior. voltar ao texto

(**) Na saga Odisséia Cósmica, publicada no Brasil pela Editora Abril e republicada pela Panini. voltar ao texto




 
[ topo ]
 
Todos os nomes, conceitos e personagens são © e ® de seus proprietários. Todo o resto é propriedade hyperfan.