hyperfan  
 

Ciclope e os Piratas Siderais # 02

Por Rafael 'Lupo' Monteiro, com Conrad Pichler

Evolução

:: Sobre o Autor

:: Edição Anterior
:: Voltar a Ciclope e os Piratas Siderais
:: Outros Títulos

Planeta Kyzzo. Um planeta gelado, nas periferias do sistema Shiar.

— Jean? — Scott se aproxima de sua mulher, lhe ampara pelo ombro, ela golfa sangue.

— Estou bem Scott... ung!... mas acho que tinha algo de errado naquela bomba!

— Eu vou te levar pra enferma...

Nisso, uma luz vermelha começa a piscar no Cruzador Pirata. E pelo alto-falante, ouviu-se a voz do Corsário:

— Filho, Jean, venham para a ponte!

— Jean...

— Não, Scott, quem fez aquilo com Lilandra e Charles é muito perigoso... vocês vão precisar de mim! Da minha telepatia... — Jean beija seu esposo e eles deixam a sala.

No planeta abaixo, um alienígena vestido de amarelo e vermelho, desliga um equipamento.

— Eles estão entrando pela atmosfera! Chegam a superfície em duas ponto quatro marcas... — outros seis se embrenham nas sombras e somem num labirinto de cavernas sobre as montanhas encobertas de gelo. — Vamos, Sonhador... você precisa chegar a sua posição...

— A nave terá problemas pra descer na neve... — diz grosseiramente, Chod, o co-piloto da nave corsária.

— Chod, Raza, pousem naquela montanha. É de onde vem os sinais de vida captados por Jean.

— Foi uma boa idéia termos trazido o Cérebro Portátil. — disse Ciclope.

— Sim, filho!

A nave pousa, a neve abafa o impacto, mas pequenas avarias piscam no painel de Raza. Mesmo assim, eles descem e caminham por uma planície até a abertura da caverna. Um caminho escuro que logo se divide numa trifurcação.

— Vamos ter que nos dividir, Ciclope.

— Eu vou com Jean! — diz o primeiro pupilo de Xavier.

— Scott, não... precisamos estar juntos deles, quem tem mais experiência nesses terrenos alienígenas.

— Mas você...

— Se eu ficar com o trio, eu tenho menos possibilidade de me envolver numa briga...

— Então façamos assim... — interrompe Corsário — Vamos em duplas e um trio: Ciclope e Raza; Guardião e Hepzibah; Chod, Jean e eu.

— Sim, vamos... — o Guardião toma a frente e Hepzibah o segue.

— Jean...

— Vamos, Scott — Raza toma o líder dos X-Men pelo braço e some nas sombras do buraco à direita.

No interior da caverna central.

— Está muito frio aqui, mulher. — diz o Guardião, abrindo a capa vermelha.

— Sim. Mas, eu não me preocupo com isso. Eu sou imune as temperaturas extremas.

— Isso porque você não enfrentou o sol de Thanagar... — diz com desdém o Guardião.

De repente, uma pedra de titânio, ou metal alienígena semelhante, cruza a câmara, acertando o peito do Protetor Shiar.

Guardião!?! — Hepzibah salta no ar e atira rumo ao fundo do túnel... iluminando uma câmara maior cheia de gelo e uma criatura obscura...

— Estou bem, mulher. — dizendo isso, ele voa para outra câmara, seguido de Hepzibah.

Ala leste das cavernas

Ciclope e Raza seguem, quando são extenuados por uma sensação de calor extremo. Até darem de frente com...

— Quem são vocês? — pergunta Raza, erguendo a espada.

— Somos filhos do Kree-pai, traidor. — quem fala é o guerreiro de um olho só, o Caolho.

Morte aos Shiar!

O que vem atrás lança uma rajada poderosíssima de luz branca contra Raza e o enterra numa pequena duna. Ciclope reage, derrubando o Caolho.

Na outra câmara

Jean tosse muito e treme febril, mas continua. Corsário e Chod percorrem um espaço alagadiço, quando de repente são tragados por um redemoinho violento.

— Chod! Jean! — berra o Corsário.

— Corsário... — Jean se concentra na sua telecinésia, para manter-se fixa, quando, por sua telepatia, percebe que, na verdade, tudo a sua volta é uma ilusão!

— diz ela, telepaticamente. —

Nisso, ela desmaia e Chod a pega.

— A mamífera está muito quente, chefe, e inconsciente...

— Ponha-a naquela pedra, Chod. Se tudo isso era uma ilusão, há alguém manipulando nossa mente... isso é uma armadilh-argh! — Corsário é atacado pelas costas e quase cai. Quando um robô entra pela câmara.

Na primeira câmara, fria cheia de neve, Guardião soca a cara de um ser que parecia um dragão azul, com antenas de inseto por todo corpo.

— Morram! Krees!!! — Guardião torce o pescoço da criatura, que cai de lado, mas ainda viva.

Num canto mais apertado, Hepzibah, digladia contra um habilidoso lutador. Até que ele transforma as roupas da mulher em metal sólido, aprisionando-a.

Hepzibah! — gritou o Guardião.

— Ela não te atenderá, criatura vil. — o "dragão" se transforma num gigante com uma carapaça cheia de pontas. — Você se ajoelhará diante do Genengenheiro Kree!

Não! — após ser socado diversas vezes, o Guardião não para de esmurrar a carapaça da criatura, que é destruída por completo. O Transmorfo é devolvido a sua forma humanóide, desmaiado.

Amedrontado, o Transmutador, fica paralisado.

— Me diga, cria de Kree: quem é o Genengenheiro? — pegando o kree pelo colarinho.

— Nunca direi, verme Shiar!

Então morra! — sem qualquer pudor, o Guardião quebra o pescoço do Kree rebelde e o deixa cair no chão...

Nesse instante, Hepzibah, volta a liberdade. A ação do Transmutador morre com ele.

No grande salão desértico, Ciclope e o Iluminado trocam disparos de rajadas atrás de uma pequena duna. No outro lado dela, Raza e o Caolho demonstram todas as suas habilidades com as artes da luta corpo-a-corpo:

— Kree, tu és poderoso, mas eu sou Raza! — dando uma volta no ar, Raza desfere com todo poder, um golpe contra o inimigo, tirando deste, um cajado que carregava.

— Você não pode impedir o desejo da força suprema do Genengenheiro, pirata. — ele fita-o com seu único e enorme olho.

— Talvez não, mas a Guarda Imperial virá pra cá, se eu não chegar a ele, eles chegarão! — talvez a voz metálica do pirata tenha feito com que o Caolho baixe a guarda. Raza golpeia-o na nuca e ele cai.

Nesse mesmo instante, precipitadamente, Iluminado levanta e corre contra Ciclope. O mutante dispara sua rajada ótica em potência de concussão e o derruba. Nesse instante, as dunas vão rarefazendo-se, até que o solo da câmara vira uma superfície lisa.

Na última câmara, Corsário jaz caído e Chod é derrubado pelo grande robô.

— Vamos levá-los até o Genengenheiro, Viajante?

— Não, Espadachim, devemos matá-los! O nosso líder não quer prisioneiros, quer a morte de todos os Shiar.

— Mas e a humana?

— Mate-a, também. — dizendo isso, o Viajante abre uma fenda e devolve o robô a sua dimensão originária.

— O Genengenheiro foi muito generoso com você, Viajante... por ser o primeiro... o filho dele!

— Cale-se, Espadachim, antes que minha ira se volte contra você! — gritando, o Viajante abre outra fenda e tira uma arma Srkull dela.

— Sim... vamos acabar com... — Uma rajada rubra cruza o ar, derretendo uma das lâminas de Espadachim.

— Viajante!

— Não fui eu... — surpreendidos por Ciclope e Raza, o Viajante não pode abrir outra fenda... logo já estava no chão.

— Venha, Kree imundo! — Raza pega sua lâmina e o Espachim digladia com ele...

— Jean! — Scott vê sua esposa caída numa pedra, desacordada. — Jean... Meu Deus! — ela ferve de febre e seu nariz sangra. — Não!!! — de onde está, Ciclope dispara uma rajada violenta contra o Espadachim, que caiu no chão uns quinze metros mais longe.

— Ciclope, o que há?

— Raza... é Jean... ela...

Com o grito do filho, Corsário acorda. Chod já tenta levantar quando Jean, finalmente, acorda.

— Scott... me-meu a-amor... e-eu... coff! coff!

— Não fale nada, meu amor... vou te tirar daqui.

— Nã-não... pre-precisamos... ung!... continuar... precisamos levar o Genen-argh!... levá-los ao juizado... em Shiar... posso sentir o ódio do Guardião... ele quer matar todos!

— Mas... — Ciclope vê, novamente, aquele olhar de Jean e sabe o que era certo a fazer: continuar!

— Eu levo sua esposa, Ciclope. — diz Chod, aconchegando Jean no seu colo.

— Obrigado, Chod... eu ajudo meu pai!

Um grupo de Krees, raça subjugada após a Guerra contra o Império Shiar, deseja destruir seus subjugadores matando sua Imperatrix Lilandra. Por isso, aqui, quilômetros abaixo da superfície gelada de Kyzzo, no centro de uma montanha, o Genengenheiro Kree reune um grupo de revoltosos pra atingir seu objetivo a qualquer preço.

Quando o Guardião deixa a caverna escura e chega a essa grande câmara interna, não imagina o que teria acontecido com seus amigo. Ele quer vingança.

— Vamos, mulher. Não podemos deixar com que se comuniquem e fujam da lei da Guarda Imperial.

— Calma, Guardião. Precisamos dos outros. — enquanto fala isso, ela observa que o grande salão, parcamente iluminado, está quase todo vazio. Apenas algumas macas, uns instrumentos médicos e alguns computadores, cujas telas estão fora de sintonia.

— Eu vejo, ali no canto, um esquife. — diz o pretor voando, para onde aponta. Hepzibah o segue.

Na outra ponta do lugar, um grande ruído:

— Prepare-se mulher! — mas, daquele túnel, sai o grupo liderado por Ciclope e Corsário.

Guardião! Hepzibah!

Mas eles foram surpreendidos, mais uma vez, por disparos. É o Genengenheiro, vestindo uma armadura do império Kree, porém, mais farta de ornamentos, e no peito o símbolo da inteligência Suprema totalmente visível. Ele voa num mono-flyer, de guerra, cheio de armas laser.

Protejam-se! — grita Corsário.

— Scott... ali... no... esquife...

— Jean?

— O Sonhador... o que projeta as ilusões... o deserto... a geleira... o oceano... — ela desmaia.

Desesperado, Scott corre para o esquife e destrói a tampa com suas rajadas. No interior: muitos fios e tubos são conectados a cabeça do Kree, o Sonhador.

— Raza!

— Sim! — o pirata corre até onde está Scott, para fugir das rajadas que sobram — O que posso fazer?

— Desconecte-o! — uma micro bomba explode, o Guardião cruza a sala e cai sobre Chod, arrastando as macas e espalhando-as. Hepzibah e Corsário dão combate ao Genengenheiro, protegendo Jean, Scott e Raza.

— Rápido filho!

— Ciclope, destrua esses fios... e esse painel... — Scott o faz e o Sonhador acorda, como de um pesadelo, desesperado!

— [O que houve? Por Kree-lar! O que houve?] — pergunta o alienígena na sua língua natal.

— [Você foi aprisionado... manipulado... pelo...] — balbucia Raza.

— [O Genengenheiro Kree!]

— Quem é ele? O Genengenheiro? — pergunta Scott.

— Ele é a voz do desejo da Inteligência Suprema... ele é a vontade de evolução de nosso guia...

— Mas a Inteligência Suprema está morta! — diz Scott.

— Toda nossa raça foi morta... pelo desejo de nosso Kree-pai, a Inteligência... seu desejo de nos fazer mais fortes, evoluídos... os guerreiros mais fortes do universo!

— Por isso essa loucura, essa loucura de transformar Krees revoltosos em máquinas de guerra! — Scott, sem querer, lembra de Wolverine, das atrocidades que o canadense havia passado, para também ser transformado em uma máquina de morte.

O Genengenheiro salta do seu veículo, que vai em direção ao Corsário, Hepzibah e Jean, ainda desfalecida. O Genengenheiro ergue-se com suas armas e começa a lutar com Raza.

Jean! — berra Ciclope, disparando uma rajada que destrói o mono-flyer, antes de atingir os seus companheiros.

Do meio dos entulhos, o Guardião se ergue, seus olhos estão vermelhos de ódio. E voa contra o Genengenheiro. A luta está esgotando Ciclope e os Piratas Siderais que, mesmo em face da fúria do Guardião, nada podem fazer.

Guardião! — grita o Corsário — Não!

Mas já é tarde.

— Ele morreu, Shiares. O desejo do Kree-pai morreu... e eu... e eu?

— Você será levado até a Imperatrix e o juizado do Império Shiar...

— Sim, é o preço! — apesar de Kree, as mudanças cerebrais feitas pelo seu mestre, transformam o Sonhador em alguém mais propenso ao equilíbrio que sua natureza...

Abraçando Jean, Scott percebe que sua respiração está muito fraca.. e a febre tem dado lugar a um frio intenso.

— Chod, me ajude a levar, Jean, rápido!

— Sim, mamífero! — o gigante, ainda tonto, agarra Jean e a leva pelos corredores, seguidos dos demais Piratas Siderais.

Menos Corsário, que volta-se para o Guardião, parado diante dos restos mortais do Genengenheiro, imerso nas sombras.

— Sua justiça está feita, Guardião, como se sente, agora?

— Eu... — o Guardião não pode terminar sua frase, apenas levanta os olhos para o Corsário, que dá as costas e se vai. — Eu... me sinto escravo... do meu ódio...

Quando já estão na atmosfera de Kyzzo, o Sonhador desaparece de sua cela, mas ao rastrear o planeta nada é acusado. Corsário ordena o retorno a Shiar; e, a contrário do que imaginava, o Guardião nada fala.

Numa pequena nave, em rota de fuga, o Pensador conecta-se a uma máquina, e na sua mente ele revisita todos os planos do Genengenheiro Kree, o desejo de evolução do Kree-pai.

Horas depois da chegada, Scott ainda não havia tomado um banho, não comeu, nem dormiu, cheio de esparadrapos e hematomas. Ele fica ao lado da maca em que Jean está.

— Scott... vá descansar. — disse Charles Xavier, tocando seu primeiro aluno pelo ombro.

— Não, Professor. Eu não vou deixá-la... Ela foi contaminada radiativamente pela bomba que teria matado Lilandra e você... (*) — quando Scott olha para Xavier, este está em transe.

— Scott... Ororo... ela me contatou telepaticamente... Meu Deus, a mansão, os alunos... muitos mortos... (**) — sem parar, Xavier repete, palavra por palavra, o que ouvira de Tempestade e sem parar, chora a morte e a destruição. Chora os olhos poderosos de Scott.

O Corsário entra na sala e vê os dois desolados.

— Filho... não se alarme, eu chamei uma ajuda... que talvez você não concorde... mas...

— Quem, pai? Quem? — diz Scott, recolocando seu visor de quartzo-rubi.

— Eu chamei o Guardião do Universo... aquele que foi Parallax... o humano, o antigo Lanterna Verde (***) ...

— Hal Jordan? Mas ele enlouqueceu... — diz Xavier, tentando se desviar de um pensamento mais cruel.

— Sim. Mas agora ele está reconstruindo a Tropa... em dois dias ele chegará aqui...

— Mas pode ser tarde, pai!

— Os médicos afirmam que o envenenamento radioativo e virótico dela está sob controle, mas só um instrumento de tanto poder como um anel de Oa poderia livrar sua esposa dessa terrível doença! E agora Hal virá!

— Ciclope, não posso esperar... os X-Men precisam de mim... e de você!

— Não! Eu não posso deixar Jean... não! — Corsário se aproximou e abraçou o filho.

— Sei que fui um péssimo pai pra você... mas me deixe cuidar de Jean, por você... como se fosse minha filha... se os X-Men precisam de você, vá, eu serei o protetor dela.

— Mas... — antes de balbuciar qualquer coisa, ele vê o olhar de Xavier. — Pai, enquanto cuidar da vida dela, estará mantendo a minha. Vamos, Professor. O mais rápido possível... como o Império Shiar precisou, os X-Men precisam de nós.


:: Notas do Autor

(*) Na edição anterior. voltar ao texto

(**) Isso tudo aconteceu em X-Men # 01 a # 04, aqui no Hyperfan. voltar ao texto

(***) Acompanhe o destino de Jean Grey nas próximas edições de Lanterna Verde, aqui no Hyperfan! voltar ao texto




 
[ topo ]
 
Todos os nomes, conceitos e personagens são © e ® de seus proprietários. Todo o resto é propriedade hyperfan.