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Starman # 05

Por Matheus Pacheco

Funeral de Theodore Knight

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Opal City, 27 de agosto de 2000 - dia de Luto oficial em todo o país.

Reed Richards

— Muitos podem se perguntar o que faço aqui. Qual foi meu grau de intimidade com Ted Knight e o que me habilita a falar neste momento?

— Nunca fomos amigos íntimos. Nunca freqüentamos a casa um do outro. Nunca conheci sua família. Mas isso nunca impediu que fôssemos tão afins quanto possível. Nunca me impediu de vê-lo como um parente, um pai, uma inspiração.

— Antes de me tornar meta-humano, eu era um cientista. Ainda sou um cientista — ainda antes de ser um 'herói'. E como cientista, minha inspiração máxima sempre residiu em três figuras-chave: Isaac Newton, Albert Einstein e Theodore Knight. Cada um destes, a seu tempo e a seu modo, contribuiu decisivamente para o avanço da humanidade — seja como uma civilização científica, seja como espécie.

— Cada um destes, a seu tempo, contribuiu para que este mundo fosse melhor. Não apenas melhor pelos avanços científicos, pelas melhorias tecnológicas em nossos lares, mas por mudar o pensamento do ser humano. Grandes pacifistas, grandes cientistas, grandes pessoas.

— Quando por acidente ganhei certas habilidades especiais, meu primeiro espelho — e que continuou a me guiar até o presente — foi Ted, que ensinou que um 'super-herói' não precisa ser necessariamente um truculento descerebrado. Ele me ensinou que a atividade de defender o cidadão e a atividade de criar podem ser praticadas concomitantemente. Devem ser praticadas concomitantemente.

— É nossa responsabilidade dar tudo o que temos — física ou mentalmente — para tornar este mundo um local melhor para se viver. Se vamos conseguir eu não sei, mas devemos tentar.

— É isso o que Ted nos trouxe: a coragem de tentar, a coragem de ousar. E é isso que ele nos deixará. Obrigado.

Super-Homem

— Foi pedido a mim que representasse a ONU nesta cerimônia. Não sei se posso. Não sei se conseguirei agir como representante institucional num evento que toca tanto em nossa parte mais humana.

— O falecimento de uma pessoa tão próxima — e sim, ele era próximo mesmo sem ser íntimo — sempre nos toca profundamente, sempre nos emociona.

— O falecimento de uma pessoa tão digna — e sim, ele era dos mais dignos seres humanos que se possa encontrar por aí — sempre nos deixa com um lacuna na alma, sem possibilidade de se preencher.

— O falecimento de uma pessoa tão importante ao povo — e sim, e ele era das mais importantes figuras de Opal City e mesmo dos Estados Unidos — sempre deixa um espaço a se preencher na comunidade.

— O falecimento de um gênio tão grande — e sim, ele era dos maiores gênios que já pisaram nesse planeta — sempre deixa a humanidade mais iletrada.

— O falecimento de tão grande pacifista — e sim, ele era um dos mais atuantes pacifistas da comunidade científica internacional — sempre nos aproxima um pouco da barbárie.

— Pois é assim que me sinto: triste, vazio, desorientado, iletrado e bárbaro.

— Desculpe-me, Jack, quando eu digo que nunca haverá um Starman como ele foi. Desculpe-me, Reed, quando digo que cientista de verdade foi ele. Desculpem-me, todos vocês, quando digo que não haverá humano tão digno quanto ele. E desculpe-me, Deus, quando digo que foi uma decisão precipitada a se tomar.

Alan Scott

— O mundo pede um genial cientista. O povo perde um grande protetor. Jack perde seu pai. Eu perdi um grande, enorme amigo.

— Perdi uma das pessoas que me inspiraram a ser o que sou. Perdi um ombro amigo, uma mão amiga. Perdi um companheiro de momentos tristes e felizes. Perdi um pouco de minha vida, mas isso todos nós perdemos. Me desculpem, eu não posso mais continuar...

William Clinton (direto de Washington, por videoconferência)

— O povo americano acaba de perder seu máximo gênio científico. O povo americano chora ao ficar sem um protetor. Ted Knight era figura paterna para todos nós, americanos. Apesar de sua aversão à publicidade e à mídia, todos tivemos alguma oportunidade de ler ou ouvir falar sobre seu gênio científico, sobre sua personalidade, sobre seu pacifismo. Ele nos ensinou e nos inspirou.

— Falo por mim — e creio que por todos nós — quando digo que este é um dos mais tristes dias de minha vida. Um anjo se foi. E que Deus nos ajude a todos...

Stephen Jay Gould

— Venho aqui falar em nome da Sociedade Americana de Ciências. Venho aqui falar em nome da Real Academia de Ciências de Estocolmo. Venho aqui falar em nome de toda a comunidade científica. Mas, antes de tudo, venho falar em meu próprio nome.

— Vim aqui falar sobre o quão genial era Ted. Sobre o quanto era um bom amigo. Sobre o quanto era nobre.

— Desisto... O que falar além do que todos os outros já disseram?

— Pois deixem-me falar sobre o quanto Ted era ingênuo. Ingênuo gênio, Ted nunca se conformou com a criação da bomba A. Sempre acreditou que se não fossem pelos seus cálculos, ela nunca teria sido criada. Pagou com a própria sanidade mental. Por noites a fio ele chorou a morte de cada vítima de Hiroshima e Nagasaki. Mal sabia ele que tudo teria acontecido da mesma forma não fossem seus conhecimentos. O projeto Manhattan estava já em estado avançado, e seus estudos só vieram para evitar dezenas de testes que poriam a vida de ainda mais pessoas em risco. E cada uma destas pessoas, e cada americano vivo hoje pode agradecer a Ted por evitar centenas de mortes.

— E mesmo que seu temor fosse justificado e ele tivesse realmente sido o responsável por todas aquelas mortes, sua ajuda nos anos posteriores foi essencial para que todos os tratados atuais de desarmamento atômico fossem assinados. Tudo isso sem mencionar seu projeto inédito de reaproveitamento de ogivas tornar possível a geração de energia barata e pacífica a partir dos arautos da destruição.

— Obrigado Ted. Todos sentiremos a sua falta.

Jack Knight

— Todos vocês estão aqui para chorar a morte de um grande cientista. Todos estão aqui para chorar a morte de um herói. Alguns estão aqui para chorar a morte de um grande amigo.

— Meu pai foi tudo isto, com certeza. Mas eu, diferentemente de vocês, não consigo chorar a morte do herói, do cientista ou do amigo. Eu choro a morte de meu pai.

— Choro o fato de nunca ter me dado a oportunidade de lhe dar um abraço, um beijo e dizer o quanto o amava, o quanto o admirava. Choro pelo fato de que as únicas palavras que lhe disse por muito tempo eram alusões depreciativas ao fato dele dedicar grande parte de sua vida — até mesmo em detrimento de sua família — a sair pelas ruas com collant lutando contra 'vilões'. O quanto isto me parecia ridículo! O quanto me parecia errado deixar a família de lado e dedicar-se à humanidade. Pois cheguei a uma conclusão: era errado mesmo. Mas não importa. Não tenho o direito de lamentar o fato de ele ser tão importante para vocês quanto para mim. Importa que não pude dizer a ele o quanto o admirava.

— Sinto muito, não consigo mais falar, não consigo mais pensar em nada. Obrigado a todos pela presença...

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