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Imagine Vingadores

Por Matheus Pacheco de Andrade

Jotapê, o Espião que Entrou numa Fria

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— Gyrich, venha cá. — fala a voz do outro lado da linha.

— Certo, senhor.

A imagem do sujeito ruivo baixando o telefone ao gancho é de tédio absoluto. Este cargo de secretário do governo americano para assuntos meta-humanos tem um assustador paralelo com algo do tipo "secretário do governo argentino para assuntos britânicos" durante a crise das Falklands.

"Ah, as Falklands... Bons tempos em que a inteligência de um país se preocupava em ajudar seus pares militarmente, mesmo que isso significasse investir pesado nos dois lados de uma mesma disputa. Mas chega de saudosismo." — pensa ele, certamente ciente da inconveniência de pensamentos assim em tempos de insanidade coletiva absoluta.

Já passa de três da tarde quando Henry Peter Gyrich atinge o extremo oposto do corredor e pede ao segurança para ser anunciado ao presidente.

Sente um certo nojo ao olhar nos olhos do homem atrás da mesa e ver que não é ninguém particularmente brilhante ou dotado de alguma característica digna de torná-lo o presidente do Império. É apenas um alcoólatra depressivo e violento que teve a sorte de ter o pai e irmãos certos na hora certa.

— Senhor Presidente...

— Ah, olá, Gyrich. Como estão as coisas na Agência?

— Correndo tudo estavelmente, senhor. Como o senhor deve saber, já não temos mais a simpatia entre os metas como costumávamos no tempo de... desculpe-me, senhor.

— Não tem problema, sei que nos tempos de Clinton estes malucos eram mais obedientes e até sinto algum orgulho de ter a antipatia destes comunistas. Nada no horizonte para podermos controlá-los?

— Bem, o fato é que não temos mais a quantidade de informações de que costumávamos dispor. Nossos dossiês estão defasados e nem mesmo temos um dossiê para alguns dos meta-humanos.

— Mas como assim, "defasados"? É a CIA, porra! Não uma agência de detetives de meia-tigela!

— Eu sei, senhor. Mas nossa fonte de informações mais completa de outrora, os Vingadores e seus arquivos, já não nos respondem de acordo e mesmo sujeitos como o Capitão América parecem ter adquirido algo parecido com pensamento próprio. Infelizmente, parece que os estamos perdendo, senhor.

— Maldição. E como isto pode ser resolvido?

— Bem, senhor... para recomeçarmos a ter alguma voz real dentro da mansão, deveríamos primeiramente conhecê-los a fundo para readquirir sua confiança, e só então poderíamos tomar alguma atitude. Seria fácil exigir algo semelhante a uma psicanálise em nome de "segurança pública", mas a única pessoa que poderia tocar isto em frente desistiu de nós já há algum tempo: Leonard Samson.

— Bem, e se não podemos fazer e sem isso não podemos ir adiante, desistimos, então?

— Ainda não, senhor. Na verdade ainda há um fio de esperança. Existe mais um homem qualificado para conversar com os Vingadores e nos prover a informação adequada.

— O que está esperando, então? Chame-o imediatamente!

— Senhor, infelizmente não temos nenhum poder sobre este homem. Ele não é norte-americano e tem senso de ética. Na verdade, sua única vantagem sobre Samson é não nos odiar... ainda.

— Não é americano? Quem é este idiota?

— É um brasileiro, senhor. Psiquiatra especializado em sobre-humanos. E nunca usa seu nome real.

— E como vamos encontrá-lo?

— Contatos, senhor. É só perguntar pelo nome de... — Gyrich hesita, sussurrando o nome em seguida — ...Jotapê.

No meio de uma tarde de sexta-feira em Nova York, a mansão dos Vingadores tem sua rotina abalada por um evento incomum.

— Senhores, temos um rapaz de bicicleta tocando o interfone e pedindo para entrar em um sotaque por demais estranho.

— Ei, Jarbas! Vê se pára de assistir a estes filmes do Monty Python porque este senso de humor não combina muito contigo.

— É Jarvis, senhor Buddy. E não estou brincando, muito pelo contrário.

— Hã. Tá.

— Jarvis, transfira o interfone para o monitor da sala de estar.

— Certo, madame Natasha.

Neste dado instante, Steve Rogers olha de soslaio para a Viúva-Negra, como se desaprovando seu teor imperativo. Ao mesmo tempo, ligam-se os monitores da sala de estar da mansão. Todos podem ver a imagem de um homem de capacete aerodinâmico, óculos de abelha, sobre uma bicicleta e muito sorridente, falar em um sotaque macarrônico.

— Vingadores? Oi, eu sou Jotapê. Acho que Gyrich, ou acho que era este o nome dele, avisou vocês que eu viria. Posso entrar?

O som de um tapa espalma-se ao fundo da sala. Todos se voltam à origem do ruído apenas para ver o Capitão América, mão à testa, murmurando.

— O psiquiatra!

— Senhores, este é o senhor... hã... Jotapê.

Em toda a sua vida como mordomo, foram raras as vezes em que Jarvis teve tanta dificuldade de manter a pompa devida à profissão.

— Prazer, pessoal. Eu sou psiquiatra, venho do Brasil e seu governo me pediu para ter uma conversa com cada um de vocês para avaliar riscos e fazer algum tipo de seguro em nome da coletividade. Ou algo assim, pelo que entendi...

Os presentes olham para a figura de pé diante deles totalmente embasbacados. Alto, careca, com um insistente sorriso jovial no rosto, de roupa colante de ginástica de cores berrantes e capacete aerodinâmico, falando um idioma pouco compreensível sobre um assunto demais delicado, com uma familiaridade que alguns deles não teriam consigo próprios. Ao ver os rostos de seus "pacientes", o sujeito nota o constrangimento que causa e, ao rir nervosa e incontrolavelmente, tenta remediar algo da situação.

— Err... Eu acho que estou meio suado e tal. Pedalar por este trânsito não é moleza. Aliás, vocês sabiam que não se deve falar ao celular pelo telefone? Isto dá cinco pontos na carteira e multa de... ahnn... Desculpem-me, é o costume. Onde posso tomar um banho e me vestir adequadamente?

Jarvis olha para Steve Rogers, que não consegue desviar o olhar da figura. Desvia-se então para Natasha Romanoff que, com as mãos na testa em visível espanto, sinaliza desanimadamente para que o mordomo ajude o estranho.

— O que diabos é aquilo? — pergunta o príncipe submarino.

— Ao que me parece é um psiquiatra brasileiro, mas não tenho certeza. — responde o Capitão América — Se bem que aquilo realmente parece algo perto de uma fantasia de Carnaval.

— Não, já estive no Brasil e as pessoas são completamente normais, na medida do possível.

— É verdade, Namor. Já estive por lá em algumas situações digamos... limites... e, no que vi de áreas urbanas, este sujeito é único.

— Pois digo-lhes: não submeter-me-ei a um reles mortal com sérias dificuldades de caracterização cronológica.

— Deixe de bobagem, Thor. Lembre-se de nossa barganha com Gyrich. Só nos fará bem, eu acho.

— Mas é nitidamente uma tentativa de infiltração por parte do governo! — fala a Supermoça.

— Eu sei, Linda. Mas somos obrigados a dá-los esta peça em nome da estratégia.

— Sei lá, Capitão. Estou com medo.

— Todos estamos, Linda. Mas dará certo. Sempre dá.

— ...

Um estranho e constrangedor silêncio toma conta da sala. Tal clima só é quebrado pela entrada do mesmo Jotapê de antes, só que ainda mais jovial que há alguns minutos. Calças jeans desbotadas, tênis coloridos e uma camiseta preta com o rosto de Miles Davis estampado, ele acaba por derrubar definitivamente as defesas dos precavidos Vingadores.

— Pessoal, deixa eu só dizer que sei o quanto estão constrangidos pela minha presença aqui. Para deixar a coisa mais confortável eu fiz duas exigências quando seu governo me contatou.

— Pode nos dizer quais foram?

— Claro, Vanda. Posso te chamar assim, certo? A primeira foi saber como diabos vocês me aceitaram aqui...

E eles disseram?

— Disseram, Capitão. Acho que estavam bastante desesperados para barganhar o fim do bloqueio comercial a Cuba com vocês. E também por me liberar esta informação confidencial.

— Ah, meu Deus! E qual foi a sua segunda exigência?

— Bem, eu pedi para usar algum tipo de embaralhador de sinais enquanto estivesse aqui.

— E como poderemos saber que não lhe forneceram um falso?

— Pensei nisso e exigi que Henry McCoy desenvolvesse e me entregasse pessoalmente o aparelho.

— Henry McCoy?

— É, eu estive em Westchester antes de vir pra cá, hoje pela manhã. Belo lugar, e devo dizer que as pernas da Tempestade...

— Espera aí! Você está dizendo que sabe da existência dos X-Men e tudo o mais?

— Claro, Buddy, posso te chamar assim, né? Eu sei muito mais de vocês do que vocês jamais imaginariam.

— Como assim?

— Eu... Eu sei... Só andei uns tempos afastados. Estive por aí assistindo a corridas de vacas e ajudando a desvendar uma série de assassinatos em Londres, entre outras coisinhas.

Não é todo dia que uma figura tão estranha aparece diante de seus olhos, mesmo sendo eles os Vingadores e tendo visto praticamente de tudo em suas vidas. Só lhes resta uma opção diante de tamanha surpresa, e a iniciativa é tomada por Linda Danvers.

— Senhor... uh... Jotapê?

— Fale, Linda! Pena que você não fala português para entender a ironia e verdade do seu nome.

— Eu... Eu falo, sim... — diz a vingadora, enrubescida.

— Ups... aham, o que você queria dizer?

— Quer um chá?

E assim começa o mais estranho final de semana da história dos Vingadores.

Capitão América

— ...E eu não sei se realmente vale a pena todo este esforço que fiz tentando defender minha pátria. Quero dizer, estive em lugares por todo o mundo e vi pessoas tristes e pessoas felizes, exatamente como aqui. Mas vi muito mais solidariedade e menos mesquinharia que na América. Eu tenho me perguntado da validade deste "sonho americano" em que me ensinaram a acreditar.

— Sei... Steve, posso fazer uma pergunta pessoal, fora dos registros? Mais para tentar te ajudar do que para "traçar sua personalidade".

— Claro, Jota. Você é quem faz as perguntas aqui.

— Você tem trepado recentemente?

Viúva Negra

— Certo, Natasha. Até agora entendi tudo o que você me disse. Princesa russa, treinou com a KGB, veio para os Estados Unidos, trabalhou para a CIA, SHIELD e o que mais havia de agências... Mas onde entra Matt Murdock nisso tudo?

— Eu... como diabos você sabe?... ah, deixa pra lá... eu... eu o amei muito. Muito mais que amarei qualquer homem por vir. Mas, diabos! Não houve recíproca. Ele me amou e ponto. Nunca nada a mais que isso. E me ama como amiga hoje. E é difícil isso de se ver alguém que se ama e não poder tocar e eu... tá... na verdade, já tive outros namorados, mas tenho muita dificuldade em esquecer o Matt...

— Todos da... digamos... mesma área?

— Os mais importantes eram... Teve o Tony, o Clint, teve também o ... não, não... o Ollie foi só um casinho... (*)

— Sei. Todos fantasiados. Quase uma tara...

— Como?

— Esqueça...

— Mas eu só gostaria que entendesse... não sou exatamente volúvel... minhas amigas implicam comigo, não sei se entendem... eu sou uma mulher independente... não quero apenas...

— Natasha, pelo amor de Deus, pare de se explicar. Só me deixe perguntar uma última coisa...

— O quê?

— Você tem trepado recentemente?

— Bem, eu...

Com qualidade?

Feiticeira Escarlate

— Eu acho que tudo o que ocorreu na minha vida culminou nesta confusão que estou hoje. Sabe como é? Filhos imaginários, ser filha de uma vaca, depois ser filha de um mestre do mal, depois ser vilã, depois lutar pelo bem. Viver com um robô e depois me apaixonar por uma assombração e todas estas coisas que eu acho que definitivamente não devem fazer parte da vida de uma garota normal hoje em dia.

— Bem, não fazem, com certeza. Mas você não é uma garota normal, certo?

— Não, eu acho que não... Mas... Mas...

A linda mulher vestida de vermelho diante de Jotapê desata a chorar, apoiando seu rosto no ombro do calvo psicanalista. Emocionado, só resta ao brasileiro tentar ajudá-la com um arremate preciso.

— Vanda...

— Sim?

— Você... tem trepado recentemente?

Mercúrio (**)

Jotapê olha novamente para o sujeito devorando o décimo quinto pão de queijo (gentilmente trazido pelo psiquiatra como sinal de gentileza) consecutivo.

— Você realmente gostou disso, não é?

— Claro! É macio... E crocante ao mesmo tempo. E tem um sabor sensacional. De onde você disse que isso vem mesmo?

— De Minas Gerais, um estado do Brasil. É comida típica por lá.

— Legal...

— Mas você estava dizendo sobre o trabalho...

— Ah, eu achei uma boa idéia entrar para os Vingadores porque... sabe como é, né? Este é o meu trabalho de verdade. Não conseguiria viver com um outro emprego, em uma segunda identidade ou algo assim. Então é legal ganhar dinheiro com isso... honestamente. Só acho que... Ah, deixa pra lá...

— Como assim? Continue!

— Bem, é que... Eu sou acostumado a trabalhar em equipe, sabe? Desde os tempos de meu pai, eu sempre andei com mais gente por aí. Mas eu não tenho muito saco pra aturar ordens de generalóides como o Rogers. Ou como Natasha. Eu ando por mim mesmo, sabe? Então não sei se vai dar pra continuar aqui. Tipo, eu adoro minha irmã, Linda, Buddy e o pessoal. Mas eles são muito desligados do trabalho. Enquanto os dois generaizinhos são absolutamente autoritários e incoerentes. Eu não consigo lidar com isto, sabe?

— Sei, sei... Mas e no resto? Como você tem visto a vida?

— Bem, eu acho que os Vingadores poderiam ser mais atuantes, mais ágeis. Do tipo "o tempo todo em todo lugar". Algo do tipo Liga da Justiça Antártida. Deveríamos nos desligar do governo americano e nos ligar à ONU ou algo assim. Seria mais eficiente, no fim.

— Sei, sei. Você já disse isso... "Umas seiscentas vezes!" — pensa Jotapê — E na vida pessoal? Como andam as coisas?

— Como eu disse. Eu adoro Vanda e tal. Mas não sei bem lidar com estas coisas de vida pessoal. Já tinha dificuldades de encarar com seriedade meus sobrinhos, você sabe, eles atrapalhavam bastante o desempenho da Vanda, e não consigo ainda compor uma unidade. Nem com a Vanda nem com mais ninguém.

— Ahnnn... Uma última pergunta, pode ser?

— Manda! Apesar de que vai ser uma pena parar de comer estas bolinhas deliciosas. — diz o vingador, abocanhando seu vigésimo oitavo salgadinho.

— Você tem trepado recentemente?

Thor

— ...Pois é como te digo, ó mortal. Não é fácil andar por entre diferentes sabendo-se mestre de todos eles... de todos vocês.

— Sei, sei... Não é brinquedo, não...

— Como dissestes? Não compreendi sua assertiva.

— Ah, nada. Continueis, please.

— Pois. Tenho-me sentido por demais acanhado diante de tamanha grandiosidade que ínfimos sereis débeis tais como você puderam criar. Vislumbro hoje em Midgard estruturas de esplendor só comparáveis à grandiosa Asgard, a mãe de todas as nações, o lugar mais belo que jamais poderíeis...

— Tá bom, Yoda. Eu já entendi a opressão. E a vida pessoal?

— Sim, como ia continuar a explanar-te, tem sido difícil relacionamento com os midgardianos, pois me é difícil cunhar amizade com inferiores. Pois senão como imaginas que seria uma amizade tua com um ser tal como um guaxinim?

— Guaxinim? Guaxinim?

— Dentre vós, mortais, só guardo respeito e quase igualdade com um, aquele que atende pela alcunha de Capitão América. Pois que então me é difícil ter sérias conversações sobre massacres e grandes lutas com um pacifista que não bebe do grande néctar que só a fermentação da cevada pode conceber.

— Entendo, falta a você um parceiro de boteco.

— Em reles termos mortais, sim. Já se vão os tempos de meu amigo Hércules, este sim um homem igual, apesar de não ser deus, quando poderíamos beber até que nossa infinita visão começasse a turvar tal qual as águas do terrível rio de...

— Entendi, velhinho. Entendi... Mas... Eu estou detectando uma falha nesta sua tentativa de adaptação.

— E qual seria, pois, esta sepulcral falha?

— Ahnnn... você... tem trepado recentemente?

Namor

— Pois que a Atlântida, em todo seu esplendor, torna esta civilização ínfima e reles. Só os ajudo, habitantes da superfície, porque estes lixeiros também contribuem para o ecossistema do planeta. E...

— Ecossistema do planeta, é? E o que mais? Você meio que interrompeu uma frase.

— Eu... tenho pessoas... aqui... que eu não... eu não gostaria que sofressem... sofressem com o fim disso tudo... pessoas que... importam...

— Noffa! Quanta hesitação! De quem você está falando?

— Hã... pessoas... bem... ah, não importa! Sou o príncipe dos atlantes e devo pensar realmente nos meus súditos ao invés de vocês, secos e ignorantes!

— Me diz uma coisa, majestade...

— Sim?

— Você não tem trepado muito, né?

Supermoça

— ...E como meu primo. Bem, ele não é meu primo, saca? Mas eu chamo ele assim do mesmo jeito porque os pais dele me deram uma força legal, saca?

— Saco sim. Saco...

— Então... eu não tenho as manhas para ser nobre e justa como o meu primo. Eu tento, de algum jeito, seguir a linha dele e ser o melhor que eu puder, mas...

— Mas...?

— Bem, eu pensei em outra coisa aqui que foi meio nóia, saca?

— Nóia. Saco...

— Então... quando eu estava com Lex. Bem, eu nem sei se você sabe quem é o Lex, já que é de outro país...

— Sei, sim. Saco...

— Então. Tudo era mais fácil. Porque ele... tipo assim... me dava uma puta força, me mostrando o que fazer. Assim, nem sempre era certo, mas pelo menos era uma seta, saca?

— Seta. Saco...

— E depois... tipo... eu fiquei com os Kents... e eles me deram uma força. Mas, tipo, era numa fazenda no meio do nada, não tinha nada nem parecido com o que a gente costuma chamar de diversão, de vida, saca?

— Vida. Saco...

— E então eu acho que fiquei meio perdida, saca? Como se eu não tivesse nenhuma convicção, como se eu ainda não tivesse opinião própria, saca?

— Opinião própria. Nenhuma. Saco...

— E a Linda... ahnnn... eu... tipo assim... tinha, tenho... ops... hehehehe.... minhas idéias... mas... agora é diferente. Eu não sou só a Linda, saca?

— Linda, saco...

— E, tipo assim... como o Kurt falava, né? "Tou tão feliz porque hoje achei meus amigos"... foi legal ser chamada pros Vingadores, fazer parte de uma equipe, ter a minha opinião considerada, saca?

— Sua opinião. Saco...

— E eu acho que vai me ajudar a me adaptar. Porque eles têm, tipo assim, uma estratégia. Eles tentam mesmo fazer coisas legais... como o meu primo fazia, saca?

— Super-Homem. Saco...

— Não, Superman. Mudou em Abril, saca?

— Abril. Saco...

— Você ia dizer alguma coisa, tio?

— Tio? Arghh! Eu... só quero te fazer uma última pergunta.

— Ah, legal. É legal falar com você, tipo... não tem muita gente pra conversar e, tipo assim, me divertir, né?

— Isso mesmo... me diga, Linda... você... já trepou alguma vez na vida?

Visão

— Eu gostaria de desligar meus sensores de emoção, mas são eles que me possibilitam o raciocínio não-lógico e a previsão de eventos imprevisíveis. Não sei como expressar, não deveria acontecer, mas estou confuso comigo mesmo.

— Sei, meio que um adolescente, correto? Mas porque esta vontade de fugir, de desligar os sentimentos?

— Eu... eu sinto falta de algo... deve ser Vanda, mas ela continua próxima e... eu não sei...

— Já sei...

— Diga, por favor, doutor!

— Diga-me, Visão... você não tem... ahnnn, seja lá o que isso for pra você... trepado ultimamente, não é?

Homem-Animal

— Ah, cara. Depois que eu dei um jeito neste lance de ser querer saber de onde vêm meus poderes e coisas do gênero, eu fiquei mais relax. Tenho ficado bem com a família, as crianças adoram pintar aqui na mansão e ver o Thor e o Cap.

— Sei. Alguma insatisfação?

— Nada. Depois que o grupo começou a deixar o governo preocupado, e me desculpe que eu sei que você está em nome deles...

— Não precisa se desculpar...

— Ah, valeu... bem... o velho Tio Sam não anda muito satisfeito com a gente... acho que talvez esse mandato queira mais um capacho, algum tipo de pau-mandado... respeito o Capitão por tentar botar rédeas nisso, apesar de saber que isso gera muitos problemas. Acho que seria legal eu usar minha posição em nome de alguma causa e fazer uma ONG, sei lá... estou bolando algo do gênero.

Jotapê olha para aquele sujeito sorridente e extremamente relaxado na cadeira à sua frente, visivelmente o único vingador realmente são, e vislumbra finalmente a causa e a cura da psicopatia dos outros membros do grupo.

— Buddy, posso te fazer uma pergunta pessoal?

— Manda bala, velho!

— Bem... Você... tem trepado bastante recentemente, certo?


:: Notas do Autor

(*) Veja quando isso aconteceu em Imagine Arqueiro Verde por Josa Jr.!

(**) Essa história se passa pouco antes das últimas edições de Vingadores, nas quais Mercúrio foi preso por excesso de violência em suas investigações e atividades como vingador.



 
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