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Por
Matheus Pacheco
Why
Does It Always Rain On Me?
"Beleza. Já
faz uma boa semana que eu estou na boa, sem encrencas e com servicinhos
moleza. Continuando assim, acho que nem vou largar mão
da coisa. Depois que entrou aquela graninha do pôquer deu
pra pagar o aluguel e sobrou um tantinho pra eu dar uma escolhida
em alguma moça por aí."
"Hmm... Sei lá. Ainda não tou tão seco
por uma bocetinha, acho que vou dar mais um tempo. Além
do mais com essa onda de incomodação me saltou caspa
por tudo quando é pêlo do corpo e saiu umas feridinhas
lá no... bem, lá mesmo. Tenho, definitivamente,
que ver um médico. Mas nem adianta me preocupar com isso
agora. O dia já acabou. E foi, aliás, um belo de
um dia. Descolei um esquema bom pra Metrópolis na semana
que vem. Se tudo der na boa, vai dar pra passar um mês de
férias, só coçando o saco."
"Só o que tem me incomodado um pouco é a Bobbie.
Porra, eu gosto dessa guria. Mas eu não sei mais o que
fazer. Ela me acha um cara gente boa e grande companheiro pra
conversar. E só. Que merda será que um cara tem
de fazer pra deixar de ser 'amiguinho' de uma gata e ficar com
ela? Além do mais eu vou ter de falar pra ela do meu 'emprego'
se eu tou a fim de ficar numas mais fixo. Ah, foda-se. Vou levando
e pronto. Eu prometi pra mim mesmo não sofrer mais por
mulher nenhuma deste mundo desde aquele lance com a Kay e não
importa o que aconteça eu vou manter a porra da promessa."
"O foda é ficar andando por Nova York à noite.
Eu odeio este monte de rua escura, sem uma viva alma pra jogar
um papo fora. Neste frio dos demônios, a mendigada toda
corre pros abrigos e só sobram os presuntos de quem não
descolou vaga. Azar o deles. Eu tenho uma vaguinha garantida no
abrigo da Mansão Tucão e é pra lá
que eu vou. Mas apesar de ser ruim e dar um certo medo andar na
rua a esta hora, acho sensacional sair pra rua no inverno. Esta
fumacinha que sai da boca é legal. E mais legal ainda é
quando o cara vai mijar. Falando em mijar..."
— Ahhhhhhhhhhhh... Que coisa boa!
— Tucão?
— Calmaí, porra! Não tá vendo que eu tou
mijAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!
"Pronto, tava demorando. E que porra é essa? Deve
ter uns 3 metros de altura. Parece um bicho, sei lá. Deve
ser algo tipo o Homem-Mariposa ou o Texugo Vingador."
— Q... Q... Q... Quem..?
— Não é da sua conta. Preciso de informações.
Um conhecido meu disse que você era a pessoa indicada.
— Conhecido? Posso tentar adivinhar? Aposto que este teu conhecido
tem chifres, usa vermelho e anda por aí com um pau na mão.
Acertei?
"Ai, caralho. Acho que deixei o cara bravo. Acho não,
tenho certeza."
— P... Pode largar meu pescoço, seu moço. Eu sou
do bem!
— Escute aqui, marginal. Não tenho tempo para as suas
gracinhas. Agora... bem... vista as suas calças e fique
quieto. Limite-se a responder o que eu vou perguntar.
— Tábom, maspeloamordedeusnãomemachuque. Nãoprecisamaisapertarmeupescoçoqueeuvoucolaborarcomosenhor.
Peloamordedeus.
"Puta que o pariu. Esse doente vai me matar. E essa voz cavernosa?
Aposto que fica ensaiando na frente do espelho o dia todo..."
— Você
conhece Joe Bala?
— Joe Bala? Não, acho que nunca ouvi falar neste no...
GAHCK!
— Não brinque comigo, animal! Sei que você tem
negócios com ele. Fale!
— Ungh! Tá bom, car... errr... senhor. Eu conheço
ele, sim.
— Até que ponto?
— Trabalhei pra ele algumas vezes. Eu sou segurança pessoal,
voc... errr... o senhor sabe.
— Sei... E o quanto você sabe das operações
dele?
— O quanto ele precisa que eu saiba pra trampar pra ele. Eu não
sou metido não, sabe? Eu gosto é de pegar o serviço
e fazer dando o melhor de mim. Não sou daqueles caras enxeridos
que ficam tentando descobrir as coisas sobre o chefe pra depois
sair por aí falando. Ah, não senhor! Quando eu pego
um serviço é porque...
— CHEGA, marginal! O que você sabe sobre os negócios
dele em Gotham?
"Gotham,
ele disse? Gotham? Peralá! Eu tou reconhecendo o
figura. Pete já me falou sobre ele, mas achei que era brincadeira.
É o tal do Morcego, eu acho. Parece que ele pode voar e
chupa o sangue de quem atravessa o caminho dele. Puta que o
pariu, tou fodido!"
— Gotham? Por
um acaso o senhor não é o Super-Morcego, é?
— Super-Morcego?
— É, aquele herói de Gotham que tem conchavo com
os meganha e que chupa sangue de trafica...
— Eu não perderia meu tempo chupando o sangue de drogados
como você, mas terei muito prazer em quebrar todos os ossos
do seu corpo se continuar brincando comigo.
— Não! Desculpa aí, excelência, por favor!
É que eu fiquei nervoso em saber que eu tou praticamente
morto. O senhor me deixa vivo se eu contar o que sei?
— Veremos...
— Bem, o Joe Bala... Ele... Ele manda muito bem com este lance
de droga. Eu não gosto muito, sabe? Mas dizem... dizem...
que o que ele tem é o que há de melhor no mercado.
Mas ele também trabalha com lance dos outros e parece que
tá puxando Speed pra Gotham. É só isso que
eu sei, juro!
"Ih, acho
que o cara ficou brav..."
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAI!
— É só o que você sabe?
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA... é sim... AAAAAAAAAAAA... ele
nunca conta nada pra quem só faz bico pra ele... AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!
— Sei... Ele ainda está baseado no Queens?
— AAAAAAAAAAAAAAAAA... tá, eu acho... AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA...
se bem que o tal de homem-aranha... AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA...
andou atrás dele... AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!
— Certo.
"Ai, o
cara finalmente largou meu braço. Caralho, não consigo
sentir nada, nem mexer a porra do braço. Ai, que merda
de dor, ou dor de merda! Aiaiaiai."
— Moço?
— O que quer, animal?
— Posso te pedir um favor... GUNNNNCKH?
— Você OUSA me pedir um favor?
— GAHCK! GHUCK! GUUUUUUHHHH... Eu... ACKH... só queria
pedir... NNNNGH... pra não dizer que eu te disse isso...
OOOOOOOGGGH... por aí... NNNGH.
— ...
"Ai, minha cabeça...
Que será que houve? E por que diabos eu estou jogado atrás
desta porra de hospital? Tá quente aqui, este lance de
metal deve ser o incinerador. Eu lembro quando levava seringas
das festas do Rei pro St. James pra queimar."
"Que merda.
Aquele cara me fodeu com o humor. Chega. Agora chega! Vou parar
com esta merda toda. Só mais o lance em Metrópolis
e eu caio fora. Vou sair de Nova York, vou sair desta vida. A
gente tenta viver na boa, fazer um tráfico honesto, sem
enganar os clientes e é nisso que dá. Aquele porra
do Jotapê por exemplo vive de misturar tranqueira no pó
dos outros. Vai lá ver se ele fica tomando (ai, minha cabeça)
porrada de maluco fantasiado por aí."
"Maldição,
agora até maluco importado vem me encher o saco. É
só o que me faltava mesmo.
"Aí,
sabe que tá quentinho aqui? Eu nem vou pra casa não,
vou é me encorujar aqui e passar o resto da noite, até
porque tá mais quentinho que lá em casa que não
tem calefação. Nham..."
"Amanhã
eu resolvo minha vida..."
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extra de Tucão, com a versão original desta história
que, felizmente, se passa numa realidade muito, muito distante.
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Notas do Autor
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