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Aquaman # 06

Por Eduardo Regis

Dois Elos de Uma Só Corrente

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O Arraia desce velozmente em direção ao corpo de Aquaman. Ele o agarra pelas correntes e o encara face a face. Os ferimentos profundos do tridente continuam a jorrar sangue. (*)

— Vai se juntar ao seu filho, e em breve mandarei Mera para junto de vocês.

Aquaman não responde, claro, o que frustra um pouco o Arraia. A vitória não terá o mesmo gosto sem o desespero dele, mas, de qualquer maneira, uma vitória sem graça é melhor do que vitória nenhuma.

— Eu e você tínhamos uma longa história, Aquaman. Mas sabíamos que não poderia terminar de outra maneira, um de nós acabaria matando o outro, e você, ah, você teve suas chances de acabar com a minha vida. A moral, no entanto, não o permitiu fazer o que era preciso, e agora você colhe os frutos da bondade. Meu tridente entrará em seu coração e meus raios laser queimarão sua carne e, então, não restará dúvida: Aquaman estará morto e ninguém mais irá se levantar para defender os oceanos e mares!

O vilão encosta as pontas do tridente na direção do coração de Aquaman.

— Morto, esquecido e odiado.

Ele força as pontas, que lentamente começam a ferir a carne.

O barulho de alguém se aproximando velozmente assusta o Arraia. Ele vira seus olhos para a direção de onde vem o som, apenas em tempo de ver um homem de barba negra e cabelos desgrenhados atingindo-o com um poderoso soco. O Arraia é jogado por muitos metros pela água e, quando para, consegue reconhecer seu agressor.

Namor!

O ex-monarca de Atlântida se posiciona para um novo ataque.

— Você não irá matar este homem, Arraia Negra. Eu o mandarei de volta para o inferno de onde saiu para garantir a segurança de Aquaman.

— Sua memória anda ruim, Namor? Este homem que está tentando salvar destruiu sua vida, arrancou-lhe o reino de Atlântida! (**)

— Eu me lembro de tudo. Por isso mesmo que você não vai matá-lo, eu irei! — tendo dito isso, Namor parte para cima do Arraia Negra, encaixando mais e mais socos. O Arraia reage com um disparo preciso de seus raios óticos, o que dá tempo suficiente para que ele nade velozmente para longe, em direção a Attuma, procurando por ajuda. Namor, porém, não está interessado em lutar com o Arraia ou Attuma, e segura bem forte o moribundo Aquaman enquanto nada veloz como nunca para longe dali.

Metrópolis...

Carros buzinam alucinados. Os motoristas xingam em cadeia, até perceberem o motivo do engarrafamento. Um homem barbudo vestindo uma sunga verde carrega nos braços um loiro com um gancho no lugar de uma das mãos, e o loiro sangra sem parar.

Namor caminha com calma pela cidade, destruindo com chutes os carros que ousam tentar lhe atrapalhar.

O guardião de Metrópolis finalmente aparece, cara a cara com Namor.

— O que isso significa, Namor?

— Ele é todo seu. O Arraia e Attuma fizeram isso a ele, espero que a Liga possa colocá-lo em pé novamente.

Namor passa Aquaman para os braços do Super-Homem.

— Você acaba de me surpreender, Namor.

— Não melhore sua estima por mim. Avise a ele que assim que ele estiver pronto, terá um encontro no oceano comigo. E só um sairá vivo.

— Namor, eu sei que o Aquaman cometeu erros imperdoáveis, mas se vocês apenas tentassem...

— Esqueça, Super-Homem. É a guerra. Assim que eu acabar com Orin, a superfície será declarada inimiga do reino de Atlântida. Os humanos serão proibidos de usar os mares e oceanos para qualquer fim, seja pesca, transporte ou exploração de bens. — Namor começa a caminhar de volta para o mar.

— Calma lá, Namor. — o Super-Homem o para.

Namor o olha sério e retira a mão dele de seu peito.

— Não há nada que você possa fazer. E se eu fosse você, me preocuparia mais com Aquaman agora...

O Super-Homem olha os ferimentos de Orin e, sem falar nada, voa depressa para a base da Liga.

Torre da Liga...

O Doutor Estranho observa o monitor enquanto anota algumas coisas na ficha médica de Aquaman. À sua frente, um tanque com água marinha estéril abriga o corpo ferido do monarca de Poseidônis.

— Fico feliz que tenha podido vir ajudá-lo, Strange. — Wally West fala, enquanto se aproxima do tanque.

— Não há muito o que fazer por ele, os antibióticos que adicionei à água vão cuidar das infecções, de resto, é preciso deixar que o equipamento trabalhe. Eu nem mesmo consigo interpretar estes ecocardiogramas. — Stephen Strange amassa os exames e os faz desaparecer.

— Deveria tentar ver os meus, doutor. — Wally sorri.

— Acho melhor nem tentar. Faça o seguinte, Flash, passe aqui, de vez em quando, e dê uma olhada nele. Se algo mudar durante a noite, avise-me.

— OK, doutor!

O Doutor Estranho recita um antigo encantamento e desaparece sem deixar vestígios.

Wally dá uma boa olhada em Aquaman e volta ao monitor. A noite passa serena, nada de excepcional acontece. O Flash passa diversas vezes pela sala médica, até que em uma das vezes ele se depara com o tanque vazio e um rastro de água pelo chão. O rastro o leva direto até a sala dos teletransportadores. O Flash chega no exato momento em que Aquaman, parecendo ainda muito debilitado, é teletransportado.

— Que mancada, sou o homem mais rápido do mundo e deixo um cara machucado fugir! Mas... peraí! O código dele não tinha sido desativado? — Wally ativa seu comunicador — Super-Homem, aconteceu uma coisinha...

Poseidônis, agora.

Mera tenta se acalmar ao ver Namor, de cabelos longos e barba espessa, entrar no palácio real, após ter subjugado os guerreiros mais fortes da guarda da cidade.

— Finalmente teve bom senso e permitiu minha entrada, Mera. — diz Namor.

— Orin não está aqui, se é o que quer saber.

— Ah, eu sei. Eu o entreguei há poucas horas aos cuidados da Liga da Justiça. O Arraia teria conseguido matá-lo, se eu não tivesse chegado na hora certa.

— Você? Você o salvou? E acha que agora lhe daremos o trono por conta disso?

— Não, Mera. Eu espero o retorno de Orin. Assim que ele voltar, travaremos nossa batalha final e eu irei recuperar meu trono e ganhar o dele. — os olhos de Namor inspecionam a glória do salão real, com suas muitas obras de arte e ostentação — Belo lugar.

Dezenas de guardas entram como um estrondo no salão real.

— Conselheira Mera, deixe-nos expulsar esse maldito de nossa cidade! — um dos capitães fala.

— Retornem para seus postos. Não há nada que nenhum de nós possa fazer agora. — Mera abaixa a cabeça enquanto fala.

— Mas...

— Obedeçam! Isso não é uma invasão. Namor está esperando o rei para uma conversa. Agora, saiam!

Desconfiados e contrariados, os guardas ficam de prontidão do lado de fora do salão real.

— Muito sensato, novamente. Agora, Mera, enquanto Orin não chega, onde está a hospitalidade de Poseidônis? Será que não me oferecerá comida e o conforto de um corte de cabelo?

Mera se retira do salão.

Pouco tempo depois...

Namor contempla sua imagem no espelho. Cabelos curtos e sem barba. Pelo canto de olho, ele vê Aquaman entrando no salão. Orin veste apenas sua calça e seu tronco todo está enfaixado.

— Não o esperava de volta tão cedo. Fugiu? — Namor fita Aquaman.

— Sim, Namor. Não posso ficar parado enquanto o Arraia e Attuma planejam destruir a superfície.

— É esse o plano deles?

— Claro. E depois vão se tornar os reis do mundo.

— Isso eu não posso permitir.

— Mas pode deixar que eles destruam toda a vida terrestre? É isso que está dizendo?

— Estou dizendo que vou dar à superfície a mesma atenção que eles dão a nós: nenhuma.

— Preciso de você para impedir Attuma e o Arraia. Não estou em condições de fazer isso sozinho.

— Peça aos outros. Eu e você temos outro assunto.

— Você sabe que nenhum deles pode com os dois aqui em baixo e acredito que você tenha, sim, interesse em detê-los, afinal eles estão mantendo sua prima prisioneira.

Namor olha sério para Aquaman. Ele se aproxima de Orin, desconfiado.

— Porque eu acreditaria em você? — Namor e Namorita dividem uma ligação empática, que em teoria, o permitiria saber se a prima está realmente em perigo. Mas após tanto tempo fora d'água, essa ligação parece ter enfraquecido. Namor não sente nada.

— Porque é verdade.

— Fala aquele que se aliou ao Arraia Negra.

— Até parece que você já não fez coisas piores, Namor.

— Ainda assim você não é confiável.

— Eu não brincaria com a vida alheia, disso você sabe.

— Mas faria de tudo para me arrastar junto de você nessa sua empreitada, Orin!

Mera interrompe os dois, aparecendo no salão.

— Ele fala a verdade, Namor.

O príncipe submarino desvia o olhar para Mera.

— Pela vida de meu filho, eu juro que ele está falando a verdade.

— E você estava ouvindo nossa conversa, Mera? — Namor indaga.

— No tom que vocês discutem, toda Poseidônis está.

Namor se aproxima da conselheira.

— Você fez um juramento muito sério, mulher.

— E não é só isso, Namor. Se você quer ser o rei de Poseidônis, não vai adiantar me matar e tomar o trono, é preciso que você prove seu valor, ou o povo jamais o aceitará como tal. Se você não se provar para o povo, eles sempre serão rebeldes, uma pedra em seu caminho. As rebeliões serão constantes e com a distância entre Poseidônis e Atlântida, ficará muito difícil para você controlar a situação. — Orin fala.

Mera olha espantada para Aquaman.

— O que você está dizendo? — ela fica perplexa.

— Escute-me, Namor! Você sabe que eu tenho razão! Se você quer o respeito do nosso povo, traga o Arraia Negra para as masmorras!

Namor dá as costas para Mera.

— E então Poseidônis aceitará os termos de Atlântida?

Aquaman olha para Mera.

— Sim. Poseidônis será anexada ao reino da Atlântida, mas não será considerada colônia e sim apenas um território distante, com os mesmos deveres e poderes. — Orin fala.

Namor se vira novamente para Mera, surpreso.

— Sua esposa realmente desperta algo em você, Orin. Eu aceito esses termos, mas só se eu tiver, ainda assim, a chance de acertar as contas com você, de uma vez por todas.

Aquaman respira fundo, contendo sua raiva.

— Está bem, mas você não lutará com o rei, pois eu renunciarei ao posto de governante assim que o acordo for selado. Quero que Garth assuma o governo de Poseidônis, como seu embaixador.

Namor sorri e estende a mão para Orin.

Os dois se cumprimentam.

— Encontre-me aqui em uma hora, Namor, para sairmos em busca de Attuma e do Arraia Negra. Preciso pegar algumas coisas e ter uma conversa com Mera.

Orin sai do salão puxando Mera para os aposentos reais.

— Orin, por Poseidon...

— Pare, Mera. Essa guerra sem fim com Atlântida nos destruiria. Aproveitei-me do orgulho ferido de Namor para achar a melhor solução para Poseidônis. Além do mais, eu não posso deter Attuma e o Arraia sozinho, e se o plano deles der certo, significa o fim da superfície e da liberdade nos mares.

— Orin, você não deve lutar com Namor. Por favor!

— Se for preciso, farei.

— Orin... mas você não...

— Não posso com Namor? Talvez não, mas se esse é o preço que terei que pagar para que a superfície seja salva e para que Atlântida e Poseidônis não se destruam, então eu pagarei.

— Perdoe-me... eu...

— Pare de se culpar, Mera. Não há por quê. Você sempre me deu forças e por isso eu te amo mais. Agora é hora de eu pensar em meu povo e em você. O Arraia Negra será trazido até você.

Mera se aproxima de Orin pronta para beijá-lo, mas no último instante ele a repele.

— Não. Não reavive sentimentos por mim. Ou estarei morto ou longe daqui a pouco tempo. Sua vida agora deve seguir outro rumo.

— Então retornarei para minha terra natal, Orin.

— Que seja.

— Esse pode ser nosso último adeus. — ela diz, chorosa.

— Me perdoe. — Aquaman se dirige à saída dos aposentos — Garanta que joguem fora as chaves da cela do Arraia.

Orin para do lado de fora do quarto, se encosta a uma parede e suspira. As decisões da realeza sempre lhe custam mais do que pode suportar.

Enquanto isso, na superfície...

— Mas como você conseguiu deixar ele escapar? — Super-Homem pergunta para o Flash.

— O que eu posso dizer? Ele se aproveitou da minha hora do lanche! — o velocista responde, totalmente sem jeito.


Continua...


:: Notas do Autor

(*) Leia a edição anterior. voltar ao texto

(**) Na saga "Guerra Atlântida x Poseidônis", em Liga da Justiça # 27 a # 33. voltar ao texto




 
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